Domingo
passado lá regressei talvez à minha Meia Maratona preferida … pode haver
percursos melhores, mais bonitos, com mais gente … não sei porquê, mas eu gosto
imenso desta … não é por acaso que das 31 Meias que fiz até hoje, 7 delas
tenham sido em Ovar.
Talvez
seja por continuar a ser assim “caseirinha”, simples, sem aquele espectáculo todo à
volta como as “grandes” MM das grandes cidades, organizada por gente que corre
onde se aplica o chavão “de corredores para corredores” na perfeição, onde não
falha nada de essencial, onde os voluntários são muitos e de uma simpatia
inexcedível, onde se consegue que as gentes da terra saiam à rua para apoiar
quem corre, onde se canalizam esforços nos pormenores como o design no habitual
e original Prato oferecido como prémio finisher (o deste ano está espectacular)
ou na camisola (a deste ano está muito bonita tb) ou no tradicional pão de ló
que todos os participantes levam para casa no final.
Isto
tudo sem descurar a competição … os tempos que esta MM tem no seu currículo são
qualquer coisa de espectacular, embora estejam a decrescer a nivel dos vencedores. Não faço ideia se o
prémio tem baixado, ou se é por outro motivo qualquer, mas ainda fiz algumas em
que o que havia melhor do pelotão nacional de estrada dizia presente … tipo
equipas do Benfica, Sporting, etc. Mesmo assim a competição continua forte.
Depois é em Ovar que normalmente reencontro muitos amigos destas andanças das corridas e no domingo passado não foi diferente.
Só
do CAL eramos 17 … juntar tantos numa só prova já não é muito habitual, ou
seja, pelos vistos há mais gente a ter a mesma opinião que eu tenho 😉
NOTA:
não tenho nenhum amigo na AFIS (que organiza esta prova), conheço mal alguns
atletas … só isso … por isso, é uma opinião completamente neutra 😊
Há
uns meses atrás tinha esta prova como alvo para tentar bater o meu RP na
distância. Tal como referi no meu último post, houve aí várias circunstâncias
que me lixaram nas últimas semanas e fizeram com que não estivesse em condições
nem sequer de o tentar.
Rei
morto, Rei posto … as agulhas viraram logo para outro objectivo. Acompanhar a
Dora no seu regresso às provas quase dois anos depois.
A
Dora inscreveu-se nesta MM há pouco tempo. Apenas só depois de ter feito
algumas corriditas de 5 e 6 km, e depois de saber que o Flavio e a Teresa tb
iam e incentivada por mim. Sem objectivos de tempo, apenas para voltar a sentir
“uma prova”.
A
preparação dela resumiu-se praticamente a correr ao domingo em grupo com a
Teresa e o Flávio e com mais quem aparecesse do CAL. Corridas entre 12 e 16km
ao domingo … 4 ou 5 treinos destes … os domingos eram engraçados, eu saía cedo
de casa para fazer o meu longo antes do grupo para depois ficar com a Sara e
permitir à Dora treinar … à semana nada a não ser umas aulas de pilates …
O
que esperar da MM da Pikinita nestas condições? Chegar ao fim, se possível sem
caminhar … tempos? O menos importante, abaixo das 2h seria muito bom!!
Levantamos
cedo … a coitada da Sara não tem culpa na loucura dos papás, mas tb teve que
alinhar e ir para casa dos avós. Um dia ela vai alinhar com os Pais nas
corridas … já não falta tudo … o tempo passa rápido 😉
Já
em Ovar o já tradicional café com a malta do CAL e a foto de grupo da praxe.
Normalmente tenho usado a MM de Ovar como treino longo para a Maratona e
noutros anos estaria já a fazer 7 ou 8km antes da prova. Este ano estava super
descontraído … nem aquecimento fizemos …
E
partidaaaaa….
O
habitual … muita gente, estradas estreitas, ritmo lento e muito cuidado para
não rasteirar ou ser rasteirado.
O
percurso deste ano é novo (em parte) … o local de partida e chegada voltou a
ser o original, bem no centro de Ovar e os primeiros km são a percorrer as
artérias da cidade para fora (para leste) … nestes primeiros km a Dora vai a
exagerar, com ritmos perto dos 5m/km … muita gente, pelotão bastante compacto
(havia tb a corrida do azulejo com 10km) e naturalmente o entusiasmo a fazer-se
sentir. Eu lá ia avisando “vamos muito rápido” … “olha que ainda falta muito” …
“controla” … mas pouco adiantou, não mando nada
… já estou habituado pelo que siga …
O
primeiro grande retorno era perto dos 4/5km, e para lá chegar era a subir
durante quase 1km. A média ia ligeiramente acima dos 5m/km … e aí notei a
primeira vez a falta de ritmo da Pikinita … mesmo assim ia bastante bem …
Quanto a mim não se pense que ia bem … a inflamação no tendão de Aquiles estava controlada, sentia ali qualquer coisita mas tranquilo … as pernas é que pesavam uma tonelada … trouxe uma espécie de constipação de Itália há mais de uma semana que não dá grandes tréguas fazendo com que me ande literalmente a arrastar, fazendo com que 10km pareçam uma Maratona a sprintar 😉 … mas eu aguento …
O regresso ao centro da cidade tb foi tranquilo … baixou-se ligeiramente o ritmo, mesmo sendo na grande maioria ligeiramente a descer. Perto dos 9km, junto à rotunda dos bombeiros dava-se a separação com a malta dos 10km.
Vejo o Flávio, que ia uns bons 500m à nossa frente, a perder muito terreno rapidamente … “o Flávio estourou” … fui ter com ele a perguntar se estava tudo bem … diz-me que as pulsações estavam descontroladas, a bater nos 200 e que ia virar para os 10km. Convenci-o a continuar, baixar o ritmo e ver, aproveitar que agora era a descer até ao Furadouro …se não desse então que voltasse para trás … acabou por não conseguir estabilizar mas foi até ao fim ... apesar de tudo não deixa de ser mais uma no CV..
Agora
eram uns 4km até ao Furadouro, a descer e plano … uma boa parte para deixar ir
recuperar fôlego e preparar-se para a parte mais difícil … os últimos km a
subir!!!
Nesta
fase apareceu-nos a Orquídea com uma malta do Running Esmoriz de trás … andam a
treinar para a Maratona do Porto que será a estreia da moça em Maratona … iam
muito bem e a conversa ajudou a “comer” mais uns 2 ou 3 km antes de irem à
vidinha deles.
A
Dora já demonstrava algum cansaço … o ritmo, mesmo sendo esta fase mais
“fácil”, estava mais controlado que ao inicio … a média quando chegamos ao
Furadouro estava nuns excelentes 5,08m/km … com 13km. Relembro que o único
treino semanal da Pikinita nas últimas semana eram entre 12 a 16km e a média
sempre perto dos 6m/km.
Eu
tinha-me esquecido dos géis no carro … eu não precisava, mas tinha dado uma
ajuda à Dora de certeza absoluta. Falhei nessa parte …
A
voltinha ao Furadouro, com a passagem junto à linha do mar, foi feita com o
ritmo a baixar … a passagem junto à marginal do Furadouro sempre foi um ponto
alto nesta prova, com muita gente a apoiar e a fazer um corredor por onde
passávamos. Este ano tinha alguma gente mas o apoio não se comparava às edições
anteriores. Olha a minha colega Eva da Cinca …obrigado pelo incentivo!!!
16km
… “a partir daqui é território novo” diz a Dora … a coisa está a ficar mais
preta …a Pikinita vai mesmo em esforço … o ritmo por km já anda entre os 5,20 e
os 5,30/km … não interessa … importante é não parar para caminhar … “controla”
… agora vem a parte mais difícil.
A
MM de Ovar tem uma particularidade … quem a faz sabe que mais para o final tem
uma subida longa que parece que nunca mais acaba. São quase 2km antes da
rotunda dos Bombeiros para depois entrar nos últimos 700m a descer para a meta
…
Mas
antes disso ainda há uma longa recta no Furadouro e mais uma incursão numa
paralela com um último retorno a fazer. “com calma, guarda um pouco de pernas
para a subida” … já nem era preciso dizer, a Dora já não tem força para mais do
que aquilo … “só me apetece caminhar” diz ela, mas ao mesmo tempo continua a
colocar uma perna à frente da outra em ritmo de corrida … valente esta minha
Pikinita!!! Os ritmos ao km já vão na casa dos 5,30min.
Eu
tenho os músculos das coxas como se estivesse já com 200km feitos … não sei o
que se passa … de resto tudo bem, mesmo o Aquiles estava a portar-se bastante
bem.
Ultimo
retorno feito … agora é descer até à rotunda do Furadouro para depois sim…
lutar com a dita subida final.
19km
e começamos a subir … não é muito inclinada, mas é mesmo longa e com o acumular
dos km é terrível. Depois não há forma de lhe ver o fim … a Pikinita lá
continua a sua luta … eu olho para o relógio, por incrível que pareça e mesmo
sentindo como se fossemos pouco mais rápido do que a caminhar, os ritmos
mantêm-se dentro dos 5,30-5,39m/km. Espectáculo …
“Anda que tá quase … ali já está a rotunda dos Bombeiros” … o “ali” ainda são uns bons 500m … fonix … ali está o nosso Gil na berma da estrada a bater palmas à malta ... devia estar era a correr a prova, mas um problema de saúde trocou-lhe as voltas ... não tarda nada está de regresso às coriidas ...
Quando
finalmente chegamos à rotunda digo-lhe “está feito … e muito bem feito … vamos
fazer um tempo muito bom” …
Sabem
como sei que a Pikinita deu tudo o que tinha? Faltam poucas centenas de metros
… é a descer ligeiramente … muito público a aplaudir … tens atletas a passar
por nós a um ritmo ligeiramente acima do nosso … e a Dora não acelera … mantém
o ritmo com que vinha a subir … não é habitual nela … já tinha dado tudo e
vinha a curtir o momento, o voltar a sentir uma meta … vinha feliz, notava-se
bem …
1h52m
e alguns segundos … muito, muito bom
para as circunstancias. Não parou uma única vez durante a prova para caminhar,
embora lhe tenha apetecido. Este Pikinita é um osso duro de roer caralhes!!!
E
eu fiquei mesmo muito feliz por apadrinhar este regresso, por ter assistido e
ajudado na luta e ter visto o sorriso naquele corte de meta. Aliás … olhando às
fotos da prova … há algum casal mais sorridente numa prova que nós os dois???
Talvez haja igual, mas mais não há … tá tudo dito!!!
Durante
a prova, e com tantos retornos tive a possibilidade de assistir às lutas na
frente, ver alguns amigos e conhecidos nas suas lutas contra o tempo … confesso
que algumas vezes pensei que agora poderia estar ali, na luta pelo meu RP … mas
não foi possível e agora acho que ainda bem … com certeza terei outras
oportunidades para isso.
Não
será na MM de Leiria onde vou estar no próximo dia 20 deste mês porque
infelizmente continuo meio adoentado e sem poder treinar em condições. Agora só
quero que isto passe e me deixe apenas desfrutar da prova e não comprometa a
minha participação na Maratona do Porto sem qualquer objectivo a não ser acabar
bem.
Sigaaa
a camioneta …