Este ano voltei aos Trilhos
Termais e novamente na distância mais longa de 20km.
A decisão de participar deu-se
apenas há duas semanas … neste momento ando focado em estrada e nuns objectivos
que tenho até final do ano. Praticamente não tenho feito nada em trilhos a não
ser uma ou outra investida no nosso quintal para preparar os Trilhos dos Pernetasdo próximo dia 1 de Maio.
Mas andava com os Trilhos Termais
na mira … se tivesse disponibilidade ia … e há duas semanas falei com o meu “Mister”
para ver o que ele achava. “Aquilo é bastante corrivel e pouco técnico, não
vejo porque não …” … não foi preciso dizer mais nada, nesse mesmo dia
inscrevi-me e paguei logo para não haver cá desculpas.
No ano passado tinha lá feito uma prova muito boa e este ano, achando que estou em melhor forma, a ideia era de
melhorar um pouco. A grande questão seriam as subidas … quem treina em Santa
Maria da Feira faz desnível nem que não queira, mas assim umas rampas jeitosas
não tenho feito nada … essa era uma das minhas dúvidas… como é que iria reagir
ao carrossel de sobe e desce do percurso. Este ano o Lopes decidiu inverter o
percurso … a distância e a altimetria são iguais, mas as subidas e descidas
irão ser diferentes … para mim o que iria contar seria a média km/h … no ano passado
fiz 5,29m/km … este ano gostava de conseguir um pouco melhor, o que não é nada
fácil para mim … acreditem.
Não houve grandes poupanças no
treino da semana anterior, uma adaptaçãozita ou outra mas pouco mais. E que belo treino de series fiz na 4ª
feira … saiu muito bem.
A previsão do tempo para a hora
da prova apontava para um cocktail explosivo de chuva e vento. É o que é … e
nos dias anteriores tb não houve tréguas. Vai estar tudo bem encharcado … ainda
questionei quem treina por lá se havia zonas muito escorregadias – o meu
cérebro bloqueia quando começo a escorregar muito – mas sossegaram-me … tirando
as pontes em madeira o resto seria mais ou menos tranquilo. Maravilha … vai ser
para dar tudo!!!
No dia cheguei cedo para fazer o
meu aquecimento … uma corridita, uns sprints e sigaaa para a zona de partida.
Nada de grandes convívios … não chovia àquela hora mas era apenas uma questão de tempo. Eram
19h … céu carregado, pouca luz … levo já o frontal na cabeça … não deve demorar
muito a precisar dele.
Encontrei alguma malta conhecida
e enfiei-me na box de partida mais ou menos a meio. Deixa cá ver quem é que está
cá do meu escalão … vi o Renato do Caldas, o Bastos do Ronda … bem, sendo assim, na melhor das hipóteses só se for
3º 😉
… mas estava ali muita gente que eu não conhecia com cara de velho como eu, e
mais magros, e bem equipados … vou dar ao pedal e no fim logo se fazem as contas.
Ainda “fui encontrado” pelo Bruno
e pela Raquel com quem fiz um treininho fixe pela Marão há uns anitos atrás e
pouco depois estávamos a arrancar para dar uma primeira volta ao quarteirão
antes de nos enfiarmos nos trilhos junto ao rio.
Tentei não perder muito tempo e
mesmo não exagerando fiz o primeiro km a 4,30m/km e fui ultrapassando alguns
atletas. Sabia que ali perto do 2ª km iriamos enfrentar talvez a maior subida
de todo o percurso. Fiz 5,04m/km no 2º km a incluir já alguma dessa subida.
Entre o km 2 e o 6 vamos subir quase 200m em
duas rampas … pelo meio algumas zonas planas e uma ou outra descida
íngreme onde mais uma vez levava uma abada com quem vinha comigo na altura. Estas
subidas estavam a custar mais do que eu esperava, mas eu metia um serra trote e aguentei firme … não há
milagres, ou se treina e sofre, ou não se treino e sofre-se na mesma. A média
ao fim dos 6km estava dentro do “objectivo” … ali perto dos 5,30m/km … se
conseguir aguentar assim ou até um pouco mais alto até por volta dos 12/13km
a parte final será muito mais rolante e posso recuperar. Pois … mas há factores
que não controlas.
Tinha começado a chover copiosamente … com isso, a já fraca visibilidade ficou ainda pior … levar com a chuva nos olhos não ajuda nada. Estava naquela fase em que ligar o frontal não adiantava de nada pois havia ainda alguma luz … o que vale é que o piso, apesar de estar alagado, ainda era estável na maior parte dos sítios.
Entre o km 7 e 11/12 foi um
carroçel autêntico … ora subia, ora descia … não de forma muito prolongada, mas
sempre bem inclinado … intercalado com rectas onde dava para abrir os pulmões e
a passada. Nesta fase já ia sozinho … de vez em quando via alguém à minha
frente mas sempre a 150-200m de distância
e para trás deveria ter a mesma vantagem em relação ao seguinte.
Curiosamente já estava no lugar onde iria ficar no fim.
Ali por volta dos 8km reconheço à
minha frente uma camisola dos Bravos e pelo estilo de corrida era o Nelson.
Anda Perneta … ou ele está muito mal, ou hoje afinal estou uma máquina … era a
primeira opção … quando o apanhei ele estava agarrado à barriga com uma dor de
burro daquelas … mas veio comigo, começou a melhorar e não tardou a zarpar por ali fora e
nunca mais o veria … como sempre 😉
A partir daqui fui sempre sozinho
… a chuva não dava tréguas … o piso já estava a ficar demasiado alagado, muitas
zonas enlameadas …. a tracção das minhas Asics Trabucco não era nada má, mas
era preciso estar muito atento, levantar mais as pernas do que o habitual e
fazer um esforço extra de estabilização. Tinha que travar em algumas zonas e
depois voltar a acelerar … isso baixava a média mas estava a sentir-me bem e
ainda assim não muito longe do objectivo. Lembro-me de estar ali nos 5,36m/km na
zona onde corremos junto à via rápida que dá acesso à A32.
Agora teoricamente vinha a parte
onde podemos fazer uns km a abrir … tirando a parte dos single-tracks junto ao
rio em Pigeiros e o último monte 2km antes da meta era para ser sempre a dar gás.
Pois …só que não ...
Grande parte dos estradões estavam completamente alagados, muito enlameados … a chuva continuava a não dar tréguas. Já levava o frontal ligado há algum tempo, mas como ainda não tinha escurecido completamente a visão não era grande coisa e a chuva coma a luz do frontal eram mais uma dificuldade.
Aos 13km mandei um tralho daqueles … quando me aparecia uma poça de água eu optava por atravessar pelo meio, reduzia a passada e com algum cuidado, as travessias lá se faziam bem… não me perguntem porquê, mas houve uma poça grande em que vi pela direita uma zona “seca” onde decidi colocar o pé … nem tive tempo de dizer ai … escorreguei e dei um grande mergulho numa poça de água suja … o braço direito ficou ali meio para trás e podia ter corrido mal … sacudi a água e sigaaa … tudo bem …
O que era para ter sido a parte
mais fácil tornou-se numa luta de concentração, equilíbrio e força para manter
mais ou menos o ritmo e não me esbardalhar novamente. Mesmo tentando forçar nas zonas
onde ainda conseguia correr a bom ritmo, a média mantinha-se nuns teimosos
5,36m/km … já não vai dar. ... Csafoda …
Foi ali por volta dos 16km em que
“atirei a toalha ao chão” … foi na junção de provas … apanhei primeiro a malta
mais atrasada dos 13km, logo no single track antes do Parque de lazer de
Pigeiros … e fomos ali em filinha indiana a 6,30 … e ainda bem … aquilo não
estava para brincadeiras … tudo enlameado, cheio de raízes e muito perigoso … apesar
de alguns sustos consegui manter-me sempre de pé.
Na ponte do parque aparece vindo
de trás o Domingos do Guisande … “tenho que aproveitar a vossa luz” … o frontal
dele estava com uma luz muito fraca. Parecia eu em Sicó 😉
Finalmente um trilho em terra
onde dava para correr … e como ainda tinha força .. aproveita Perneta … mas não
era fácil … tb ia ali muita malta da caminhada … tudo junto, a ritmos muito
diferentes … “com licença” …. “direita” …. “esquerda” … a malta até coopera,
mas não se evitam travagens, desvios e até um ou outro encontrão … um deles não
me mandou ao chão por sorte.
Entrava agora na última subida para
depois descer para a meta … já não olhava para o relógio, a média já não me
interessava, mas queria gastar a energia que ainda tinha e chegar o mais
rapidamente possível à meta. “Vou fazer esta subida a trote ….” … não demorei
muito a desistir da ideia … porra que esta merda é inclinada …e as forças nas
perninhas afinal tb já não eram assim tantas … mesmo assim alternei caminhada
vigorosa com passos de corrida …. e começou a descer … muita lama escorregadia,
muita gente da caminhada e corrida curta no trilho …. alguns sustos a colocar um travão
na vontade em zarpar por ali abaixo … mesmo assim desci a correr … acredito que
se a minha visão fosse a 100% iria descer a caminhar … como não via um caralho
onde metia os pés, olha, que seja o que Deus quiser … mais ou menos 😉
Quando me vi cá em baixo novamente
junto ao rio a faltar menos de 1km para a meta, piso mais ou menos estável, nem
queria acreditar … safaste-te Perneta … acelerei a fundo … era até não dar mais
… só que …
… ali antes de passar por baixo
da ponte, num sitio onde teoricamente não havia perigo nenhum, aqui o vosso amigo
esbardalhou-se feio … não sei a que velocidade iria … mas perto dos 4min/km,
talvez … mais uns 50m e os fotógrafos tinham de certeza apanhado o “voo” … “foda-se”
…. novamente a asa direita na zona do ombro muito dorida … levantei-me e segui,
agora com mais cuidado a tentar sentir se me tinha lixado muito ou pouco …
Último pontão em madeira e estava
de volta ao à zona das termas das Caldas … acelera até á meta e tá feito ….
1h59 e uns pozinhos para 20,7km … média 5,45m/km …. com as peripécias dos
últimos 7km pensava que iria ser bem pior. Olha … foi o possível …
Nem me lembrei de ir à mesa da lap2go ver
em que lugar fiquei no meu escalão … que se lixe … tentei sacar do telefone
para ligar para casa e avisar que tinha chegado como combinado com a Pikinita.
Mas tinha o telefone bloqueado por 47min …ora fodaice.
Estava todo molhado, cheio de lama e com frio … ela não me deixa entrar em casa assim … vou tomar banho cá … e fui. Tomei dois banhos … um ainda com água quente, vestido para tirar o máximo de lama possível da roupa … e outro nú, mas com a água já fria … caralhes páh … custou mas esticou-me as peles ;)
Quando vou a sair para vir embora
liga a Dora para saber de mim … estava a estranhar não lhe ligar … aproveitei
para pedir para ela dar uma vista de olhos na classificação … “olha, foste 3º
M50” …
Voltei para baixo e lá fui todo
contente receber o meu acrílico … tenho que aproveitar que não é todos os dias.
Vale o que vale, e sei que só é possível quando aparecem poucas “trutas velhas”,
mas que sabe bem sabe …. e ainda eram quase 20 velhos como eu.
Só no dia seguinte é que tive a
oportunidade de analisar um pouco os resultados
e chegar à conclusão que todos gastaram mais tempo do que no ano
passado. Acabei por fazer uma excelente prova para o meu nível … o facto de não
ver nada de jeito ajudou-me muito pois o meu cérebro não bloqueou como habitualmente
quando os meus olhos veem um “spot” que pode oferecer perigo de escorregar e
cair. Não me senti tão forte a subir como habitualmente mas acho que desci
melhor que o habitual. No fim estava impecável das pernas … mesmo.
Hoje, passado dois dias, tenho os
posteriores numa lástima. Ontem diz 30m de corridinha lenta. Hoje volto para
mais 8km de corrida lenta … ver se amanhã consigo ter pernas para fazer umas
series.
Dia 25 de Abril volto às Corridas
de Estrada … vou correr em casa, por Fiães … ca.9km, sendo 3 a descer, 3 planos
e 3 a subir … vai doer!!!
Uma palavrinha para a organização
… mais uma vez tudo impecável, simples e bem marcado. A medalha deste ano é bem
bonita. Olhem que não é qualquer prova que consegue atrair mais de 1000
participantes. Uma bifana e uma mini no fim e era perfeito 😉Parabéns
Lopes & equipa.
Ahhh … eu ia todo vaidoso com a
camisola dos Trilhos dos Pernetas 7.10 para meter nojo …. mas a chuva e o frio
obrigaram-me a levar o impermeável vestido … azar … a camisola está
espectacular mesmo…
Se ainda não te inscreveste, ainda
estás a tempo … neste momento ainda há umas 50 vagas … aproveita … link aqui ...
Lap2Go - Trilho dos Pernetas 7.10 - Inscrição
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