segunda-feira

Regresso aos treinos

Depois de 8 dias sem fazer um único metro a correr hoje fiz um treino, o primeiro depois da Maratona de Madrid. Estou na Austria com uma temperatura a rondar os 30 graus durante o dia, mas nem isso me demoveu a regressar ás corridas ao fim da tarde. Já andava cheio de vontade em treinar, mas não foi possivel antes. Como é normal, as pernas hoje estavam pesadas...mesmo assim fiz 12,6km e consegui fazer os últimos 500m bem abaixo dos 4,30min/km. Adorei e amanhã de manhã devo ir outra vez, devo fazer menos kms e mais lento (só rodar). A única coisa que me anda a afligir é uma dor no pé esquerdo, que por acaso sinto mais quando não estou a correr. Vamos lá ver se passa.
Próxima prova é a Meia Maratona de Cortegaça a 13 de Maio - o objectivo é bater o meu recorde pessoal que está em 1h36min - vamos lá ver se recupero até lá (ainda faltam quase duas semanas)

CAL - Clube de Atletismo de Lamas

No sábado passado houve reunião em Lamas para ultimar os pormenores para se avançar com a criação do nosso CAL (Clube de Atletismo de Lamas). Os estatutos e regulamentos estão praticamente prontos e a lista de nomes para os diversos cargos dos orgãos sociais foi proposta e aprovada pelo pessoal que compareceu. Eu vou ser Secretário do Conselho Fiscal - gente fina é outra coisa :D
Já falta pouco para o nosso CAL ser uma realidade.

sábado

MARATONA MADRID 2012 - crónica de um fim de semana bem passado - incompleto


A IDEIA
Esta aventura começou há uns meses atrás, no dia 6 de Novembro 2011, depois de ter concluído a minha primeira maratona no Porto. No regresso a casa de carro, os meus amigos Zés (Bad e Martins) que tinham ficado á minha espera na meta, manifestaram a vontade em, tb eles, concluírem a primeira maratona da vida deles. Ficou logo ali combinado que iriamos fazer uma Maratona juntos, só ainda não sabíamos nem onde nem quando. Não demorou muito a tomar a decisão…umas semanas mais tarde estava decidido que seria em Madrid, a 22.Abril de 2012 – ao grupo inicial juntou-se o Nuno e o Bruno. Inscrições feitas em Janeiro, plano de treinos e toca a dar corda às sapatilhas.

Foram 12 semanas de treinos intensos, em que se passa por várias fases. Depois de um início cheio de vontade e motivação (a melhor forma de o descrever é em calão - “tesão de mijo”), existe uma fase de “obrigação”, onde não apetece treinar mas que tem que ser. Com o aproximar da data e com a forma a subir volta a motivação, mas tb alguma ansiedade e nos casos de menos experientes como eu algumas dúvidas (será que fiz o plano correcto?).
No meu caso escolhi um plano com o objectivo de fazer a Maratona em 3h45min – optei por um plano com menos treinos, mas mais intensos, com muitos dias de descanso – nestas 12 semanas fiz 47 treinos (4 por semana) tendo percorrido ca.650km. De uma forma geral gostei do plano, acho que atingi uma forma como nunca tinha tido, embora, se fosse agora, tivesse incluído mais 2 ou 3 treinos longos de 30-35km para ganhar resistência (o ritmo anda bom) – acho que o minha forma do momento é ideal para uma meia-maratona (a comprovar já daqui a 3 semanas em Cortegaça se até lá conseguir recuperar). Mais Maratonas virão para aperfeiçoar o plano.

Durante a fase de preparação, felizmente não tive qualquer problema com lesões. Os meus colegas de aventura já não podem dizer o mesmo – todos menos o Nuno (que eu saiba) tiveram problemas em fases cruciais da preparação – o Zé Bad nos músculos e o Bruno e o Zé Miguel nos joelhos – que os obrigou a parar. No caso do Zé Miguel a dúvida se ia poder participar ou não colocou-se até poucos dias antes da partida para Madrid. Mas como sabemos, a malta do CAL não se deixa abater assim sem mais nem menos, e como vão ver mais á frente, mais uma vez provamos de que fibra somos feitos – para descrever a força de vontade desta malta cito Mourinho – “não somos os melhores do mundo, mas não existe ninguém melhor do que nós!” – tá tudo dito.
Como nem só de correr vive o homem, aproveitamos a ida a Madrid tb para fazer algum (pouco) turismo.  Fomos na 6ª feira logo depois de almoço, passamos lá o sábado e voltamos domingo ao fim da tarde, após a maratona.

A VIAGEM

Como já referido, juntou-se o útil ao agradável o que fez com que o grupo aumentasse para um total de 8 pessoas:
Os maratonistas ou aspirantes a maratonistas do CAL: Nuno, Bruno, Zé Badolas, Zé Miguel e Carlos. As Roadies (responsáveis pelo apoio moral e logístico, mas tb por manter a ordem no grupo): Sónia e Samanta  e o  futuro maratonista que foi correr os 10km: Joel (tb conhecido como “acompanhante”)

A organização da viagem ficou entregue a quem sabe, ou seja, ao nosso amigo Badolas e á sua agência ROTA PONTUAL na Feira (ó amigo, esta publicidade não é gratuita – espero uma contribuição generosa para o CAL). Os voos seriam na Ryanair - quer dizer, voos na Ryanair só para os pobres, pois os 2 VIPS (não digo nomes) foram de TAP – tem a mania que são mais do que outros, um deve ser por correr a maratona abaixo das 3h e o outro por só ir correr os 10km como acompanhante – como dizia a minha querida avó “gente fina é outra coisa”. O Hotel escolhido foi o Aparthotel dos Recoletos, um magnífico resort de 2* mesmo no centro de Madrid. Ele era suites, piscinas interiores e exteriores, SPA, massagens, health club, ….preço - 60 euros por noite, para duas pessoas com pequeno-almoço continental incluído. Tudo impecável menos um pequeno pormenor, que ao inicio não me fez grande confusão mas com o aproximar da data da viagem, cada vez mais me afligia a mente….a divisão do pessoal pelos quartos:
Quarto 1 – Bruno e Samanta
Quarto 2 – Zé Miguel e Sónia
Quarto 3 – Nuno e Joel
Quarto 4 – Badolas e Carlos

Porquê eu no quarto 4? Ainda tentei contestar a escolha nos últimos dias mas o Badolas insistiu que estava tudo na legalidade, que tinha feito um sorteio, tipo Liga dos Campeões com bolinhas e tudo, e que agora não havia volta a dar. Passei as últimas noites antes da viagem sem dormir por causa disto – será que estou seguro? Quais seriam as intenções reais dele? Será que eu, de alguma forma não intencional, lhe tinha dado algum tipo de esperança? Será que quando lançou a ideia de correr a Maratona de Madrid o interesse dele seria só na Maratona ou seria o objectivo dele outro? Como não sou de desistir arranjei solução – numa obra perto de minha casa roubei uma “prancha” de madeira dos andaimes com 2m de comprimento e 1m de largura para levar comigo – a ideia era amarra-la (a prancha) ás minhas costas antes de ir dormir…..se mesmo assim ele viesse com falinhas mansas a mesma prancha serviria para lhe dar umas pancadas na moina. Com esta ideia sentia-me seguro, mas mesmo assim pedi a garantia por escrito que as camas do quarto nr.4 seriam twin.
Sexta-feira dia 20 de Abril 2012 – ca.10.15h em frente á agência Lei em Fiães juntou-se o pessoal que iria de Ryanair. Fomos em 2 carros para o aeroporto, a ala chique (Badolas, Zé e Sónia) de BMW e a ala rasca (a minha pessoa, Bruno e Samanta) no meu Lancia velhinho com a prancha de madeira amarrada ao tejadilho. Uns minutos antes tinha ido buscar o Bruno e Samanta a casa deles – o meu primeiro contacto com o Bruno nesse dia assustou-me….o gajo arrastava a fala de uma maneira esquisita…estaria ele com uma bebedeira logo de manhã? Não me estranharia nada, estes gajos do Porto são meninos para isso e muito mais….o que descobri depois não me deixou mais aliviado….afinal não era bebedeira, era “apenas” a primeira viagem dele de avião e como estava um pouco ansioso o gajo da farmácia aconselhou-o a tomar uns ansiolíticos menos potentes (imagina se fossem potentes) antes da viagem……bem, uma coisa era boa, o gajo estava menos chato do que o costume – infelizmente a “duração” da coisa não foi de 3 dias, só umas horas – quando passou ele recuperou a forma e para aturá-lo foi um ver se te avias.

A caminho do aeroporto o Lancia teve que abrandar bastante a velocidade para que o BMW conseguisse acompanhar e para que não se perdessem. Lá chegados, foi entregar as viaturas a uns senhores simpáticos do Low Cost Parking …… a Samanta como não está muito habituada a sair de Fiães e arredores, pensava que estava no drive-in do Mc Donalds de Lourosa e pediu um Happy Meal (tenho que dizer que parecia mesmo). Não havia malas para despachar e o check-in já estava feito via net pelo Badolas -tudo muito bem organizado pela ROTA PONTUAL da Feira (já tinha dito isto? Mais 10 € para os cofres da CAL).
Primeiro problema – o controle de segurança no aeroporto foi apertado – pudera, com um gajo de um bairro problemático do Porto na equipa (não digo nomes), a falar alto e a enrolar as palavras, queriam o quê? Resultado – eu tive que explicar ao simpático senhor segurança que 90g eram inferiores a 100ml e lá me deixou passar com o gel energético que levava para a corrida. O meu amigo Badolas como compra Gel energético rasca que não menciona a quantidade na embalagem teve que deixa-los lá – quer dizer, não deixou, tomou um e deu outro ao Bruno. O Zé Miguel ficou sem o gel (este para o cabelo) para fazer a crista – o segurança tb não se ficou a rir – gastou-o todo, de tal forma que daqui a uns meses quando as cristas no cabelo estiverem totalmente “out” ele vai ter que gramar com a dele durante mais uns anos – aquilo ficou tão duro que não há tesoura ou máquina que corte aquilo – talvez de rebarbeaderia. E a Sónia, coitadinha, com a sua calma toda a aturar isto tudo.

Depois de sermos roubados no aeroporto com café a €1,10, água pequena a € 1,75, etc, etc – nunca percebi porque é que não se pode levar água para dentro do aeroporto e depois de passar a segurança já a podemos comprar, 5x mais cara….enfim….. lá fomos para a porta de embarque – acho que deveríamos ser quase os últimos da fila. Primeiro colocamo-nos na fila errada (para Barcelona) – bem pelo menos seria no mesmo país de destino, mas depois o nosso sempre perspicaz organizador lá deu pela falha, prontamente corrigida. O embarque deu-se normalmente, quer dizer quase….um senhor mau (como o Bruno lhe chamou) não nos deixou tirar fotos a entrar no avião, mas como bons portugueses tiramos na mesma.
A viagem até Madrid demorou 51min e 5 segundos – pelo menos foi o que disse o nosso chefe de cabine. A palhaçada do costume numa viagem da Ryanair, com piadas do gajo sobre a maternidade Alfredo da costa, espancamentos, easyjet, com venda de lotaria e cigarros sem fumo e claro a sempre tradicional música da cavalaria quando aterramos em Barajas. O Bruno portou-se bem (na medida do possível) e a Samanta não vomitou.

Já no aeroporto, e depois de mudar as águas às azeitonas avançamos firmemente para a estação de metro – foi o primeiro momento onde os nossos conhecimentos de línguas estrangeiras brilharam a grande altura. Eu como mais velho do grupo, com sentimento de grande paternidade avancei para uma senhora simpática e falei-lhe em inglês….. e ela respondeu na mesma língua…. até nos estávamos a entender quando o Badolas se mete ao barulho e “desembrulha” o seu castelhano ….  Bem, escusado é dizer que a senhora já não quis saber de mim, apenas tinha olhos para a sapiência linguística do magnânimo organizador de viagens. Não levei a mal……compramos um ticket para 3 dias (€ 13,-), que dava para usar em toda a extensão do metro de Madrid até domingo. Para chegar á zona do Hotel tivemos que mudar uma vez de linha….meia hora depois estávamos a sair na estação de metro de Serrano. Chegar ao Hotel foi fácil (500m) – tal como esperado, o prédio era magnífico (para restaurar). Já no check-in do Hotel deu-se um dos principais episódios desta nossa aventura – a transformação do Zé Badolas em Rosée Badollas. Não, não se trasvestiu (se isso acontecesse eu teria vindo embora, juro!) eu explico….
Era preciso identificar uma pessoa por quarto….. quem se chegou á frente para mais uma vez dar largas ao seu “espanhol”….o Badolas claro…..no alto dos seus 2 anos de estudos da língua de nuestros hermanos disse ao senhor ao balcão:
“este és Bruno Pinho, este és José Martins e yo soy Rosée Badollas…” …disse enrolando a língua no Rosééeeeee Badolllllas.

Depois de 1 minuto de silêncio a olhar uns para os outros nada mais ficou como antes….conter as gargalhadas era o mais difícil….ficou marcado….a sua vontade seria feita…..seria Rosée Badollas até voltar a Portugal.

Os quartos não surpreenderam…..como esperado eram mesmo maus, velhinhos, ouvia-se de uns quartos para os outros (o que até era bom, pois se o Rosée se quisesse chegar para mim, a prancha falhasse por algum motivo, sempre havia uma percentagem maior de possibilidade de alguém ouvir os meus gritos por socorro). Ahhh, mas ofereciam shampoo e as camas do nosso quarto eram mesmo twin (yuppiiii!!!). Tudo era compensado pela localização do hotel, mesmo no centro de Madrid ao lado da Biblioteca Municipal.
 Deixamos as malas nos quartos e fomos almoçar num restaurante perto…um Sportsbar chamado “Marca”, com uma radio em directo a transmitir – comeu-se razoavelmente bem e até nem se pagou muito.

Depois do almoço a ideia era encontrar um supermercado para fazer umas compras – foi uma aventura – acho que andamos uns 5kms á procura – fomos “enganados” por uns miúdos que nos mandaram dar uma volta enorme e se não fosse EU a descobrir o supermercado do Corte Inglês ainda hoje andávamos lá às voltas. Olhando pelo aspecto positivo da coisa, deu para conhecer a zona. Depois de feitas as compras regressamos ao Hotel. Por volta das 20h chegaram o Nuno e o Joel que vieram no voo da TAP (upss….descaí-me). Pouco depois saímos para jantar massa num restaurante italiano que tínhamos visto quando andamos às voltas á tarde – o pessoal precisava de hidratos de carbono. Após o jantar, e ao contrário do que um desportista deve fazer, fomos para um Irish Pub ver o Elvis – sempre quis ir ver o Jim Morrison, o Jimi Hendrix ou o Curt Cobain….agora o Elvis por acaso até nem estava nos meus planos, mas até foi giro – o gajo até nem canta mal, e o facto de lá ter ido até se pode considerar uma obra de caridade – com os meus quase 40 anos era um dos mais novos e posso dizer que o ambiente era quente e animado, com os velhadas todos aos saltos…..muito giro tb foi o facto de todos terem bebido a tradicional Guiness menos um bacano que bebeu meio litro de água com gás – até o empregado ficou desconfiado, e pela demora deve ter ido ao supermercado comprar uma garrafa para satisfazer o pedido do individuo. Não digo quem fui. Pronto, depois disso vinha a parte que eu mais temia….mais um regresso ao hotel, desta vez para dormir (esperava eu)….antes de subir aos quartos ainda combinamos um treininho leve no parque para o dia seguinte, com saída do Hotel ás 8.15h….dizia o Nuno “quem estiver está, quem não estiver que estivesse”….e pronto lá fomos para os quartos….. lá amarrei a prancha, mas mesmo assim não preguei olho a noite toda…..não fosse o diabo tece-las……o diabo dormiu a noite toda e ainda bem.

No dia seguinte ás 8.15h estavam no hall do Hotel, equipados a rigor o Bruno, o Zé Miguel, O Rosée e a minha pessoa. Faltava quem? O gajo que organizou o treino e o Joel….esperamos cinco minutos e como “quem está está, quem não está que estivesse” lá arrancámos e deixamos os faltosos apeados.
No parque demos uma corrida ligeira e fizemos 3 ou 4 acelerações para destravar os músculos. Apenas duas situações de destaque….um casal de franceses que me interpelou a pedir informações sobre a maratona….ainda estava eu a pensar como comunicar com este pessoal e adivinhem quem se meteu para resolver o problema? Em cheio, não podia ser outro que não Rosée Badollas a puxar de um francês que até deixou o Bruno espantado com tanto “poliglotarismo” – um espectáculo o nosso Rosée. A outra situação já teve outro protagonista….esperem lá…não teve não….outra vez Rosée no seu melhor – no parque andavam dois quenianos, atetas de elite, daqueles profissionais que ao contrário da nossa malta, não fazem outra coisa que não correr e são pagos para isso…..ao aproximarmo-nos um deles decidiu acelerar um bocadinho (para ele uma espécie de caminhada mais célere)…e adivinhem quem foi atrás dele? Quem mais que não o magnifico, omnipresente Rosée lá meteu a quinta….haviam de o ver atrás da gazela, até os calcanhares lhe batiam na parte de trás do pescoço…. A sorte dele é que aquilo só durou uns 60 metros. Depois do treininho, uma banhoca e estava pronto para um pequeno almoço daqueles que toda a gente imagina num hotel…..já me estava a ver, suminho de fruta natural, croissants fresquinhos, uma variedade de pão, queijos, bolinhos, manteigas, compotas, iogurtes….ia ser um espectáculo, mas não foi, ou até foi….imaginem um Hotel que deve ter no mínimo uns 100 a 150 quartos….agora imaginem uma sala com no máximo 30m2 e uns 20 lugares….sim, era a sala para o pequeno almoço e quando lá chegamos estava cheia…ficamos á espera e pouco depois fomos entrando e ocupando as mesas que iam ficando vagas…..tínhamos café, leite, pão de forma e croissants, uma espécie de margarina e compotas…..era tudo.  Aquilo é que foi fazer torradas, gastamos um pão de forma inteiro (deixamos os cús) e a única empregada que lá andava não dava vazão a tanto croissant que a gente comia. Só me lembro de um tuga que veio de acompanhante estar a olhar para o pão de forma e dizer “fogo, só deixaram os cús” – ó Joel, viesses mais cedo. O pequeno-almoço não seria história se o artista principal desta viagem não cometesse das suas……sim, tou a falar do Rosée, quem mais…..estávamos em pleno pequeno almoço quando entram 4 moçoilas na sala….duas gémeas vestidas de tigreza e outras duas que não me lembro muito bem…..curiosidade é que eram tugas e não demorou que o nosso charmoso e galã organizador de viagens metesse conversa….coisa e tal, são de Penafiel, vieram passar o fim de semana mas iam embora já naquele dia……o homem entusiasmou-se tanto que nem deu por ela de o pessoal todo sair da sala para se por a andar para a feira da maratona. Como bons samaritanos, e porque era ele que tinha as confirmações das inscrições do pessoal, lá esperamos por ele. Haviam de o ver de peito inchado, tipo galo de crista….á grande galã.

Com as barriguinhas compostas, lá nos pusemos a caminho da feira da Maratona (Expodepor), que se realizou na Casa de Campo. Mais uma viagem de metro – fiados na nossa estrela Rosée apanhamos não sei quantas linhas de metro, infindáveis estações….acho que corremos toda a rede de metro de Madrid  antes de chegar ao destino (minimo uma hora) – pelo circuito correcto dava meia dúzia de estações e uns 20 minutos…..ai,ai ai Rosée. Tb nesta viagem o nosso amigo Rosée Badollas tinha que fazer das suas…..em plena carruagem de metro decide fazer o jogo das cadeiras com uma simpática chinesa e “perdeu” – a miúda foi mais rápida e agarrou o lugar ao meu lado. Fica na retina a tirada do Rosée – “ai a Badalhoca!”…..risota geral.
Na feira fomos logo levantar os dorsais (estava muito bem organizado) – demoramos apenas uns 15 minutos (lembro-me que no Porto a coisa demorou para cima de uma hora). Depois de confirmar se o nosso chip estava a funcionar em pleno fomos levantar os brindes, que incluía uma bela camisola técnica azul, alusiva ao evento – um espectáculo, da Adidas um dos principais patrocinadores. Acabamos por andar por    a passear pelos diversos stands a micar os produtos e as promoções, especialmente as borlas – a minha saca pesava pra aí uns 10kgs. Destaque para os óculos que todos compramos – o verdadeiro óculo da Marca (um jornal + os óculos = 1 €) – olhem o estilo –“it’s only Rock ‘n Roll but i like it”:

Estava na hora da grande Pasta Party – começava às 13h e nós para fugir á confusão queríamos ser dos primeiros. Bem, quando lá chegamos a fila já era enorme, mas até foi rápido a chegar á nossa vez – foi aqui que o Joel ficou com a alcunha de “acompanhante”….. eu explico….. a inscrição para a Maratona incluía um convite para a Pasta Party para o atleta e um convidado. Os atletas dos 10km estavam fora disto…..A Samanta acompanhou o Bruno, a Sónia acompanhou o Zé Miguel, eu e o Rosée recusamos convidar fosse quem fosse (somos egoístas, pronto), só sobrou o Nuno que além de correr para caraças tem um coração de manteiga e se comoveu com o choro compulsivo do Joel (tinha fome) e o convidou para o acompanhar (só no almoço, que fique bem claro). A ração até nem estava má de todo, sabia melhor do que parecia….tivemos direito a um prato de massa (mais um), uma fatia de pão, uma laranja e bebidas. Escusado era a barulheira que uns gajos andavam lá a fazer com uns tambores e um velho de microfone na mão que não se calava nem um segundo (Madrid isto, Madrid aquilo….porra, cala-te homem que a malta que comer sossegada). Mal devoramos o almoço pusemo-nos logo a andar e foi á saída que descobrimos o porquê do sabor delicioso da massa que tínhamos comido…..estavam dois cozinheiros gordos ao ar livre, com uns panelões (tipo os das histórias do Asterix, onde o druida faz a poção mágica) a mexer a massa com as mãos – tinham luvas de plástico, mas os braços peludos e os relógios “entravam” na massa (bem, pelo menos eram Rolex o que poderia explicar o sabor apurado…hmmmm….nhammmm). Ainda fomos tomar um café numa esplanada e até nesta simples meia hora de descontracção o Sr.Badollas tinha que meter a garfada…..não sei se era o pólen das árvores que o afectava, mas ele consegui-o naquele bocadinho, repetir por duas vezes o que o Joel tinha dito uns 5 minutos antes, e com um enfase como se tivesse descoberto a pólvora……incrível, só estando lá. Já vi gajos que não entendem certas piadas, ou que reagem um pouco tarde, agora um efeito tão retardado nem com Alzheimer. Isto era sinal de regresso ao Hotel para deixar os sacos. Lá fomos de volta de metro, desta vez pelo caminho correcto que demorou apenas 20 minutos. O pessoal combinou ir dar mais umas voltas pelo centro de Madrid mas eu não acompanhei – com a minha idade já não tenho condição física para estas coisas e fui dormir umas duas horitas (aproveitar que o Rosée não estava). Consta que o nosso menino fez mais algumas das dele, mas como não estava presente não escrevo sobre isso – toda a gente sabe que eu apenas relato a realidade, e que não acrescento nem invento nada.
Saímos pelas 20h para jantar – entretanto tinha chegado mais um colega – o Luis – um portista benfiquista – não me perguntem como isso pode ser possível que eu não sei. O rapaz (ex-CAL) veio de propósito a Madrid no sábado ao fim do dia, para correr no dia seguinte os 10km – como já não havia quartos no nosso hotel ficou num outro a uns 2 ou 3 kms de distância, o que não o impediu de privar com o pessoal.

Jantamos mais uma vez num restaurante italiano e mais uma vez para comer massa – neste jantar juntou-se ainda mais um amigo – desta vez um amigo meu dos bons velhos tempos da Cinca – o Luis Trigo, que numa viagem de trabalho a Espanha aproveitou para fazer uma perninha tb nos 10km. Nesta noite de sábado jogou-se o Barça-Real Madrid, jogo do ano em Espanha que podia decidir o título caso o Real não perdesse – acontece que até ganhou e como podem imaginar a festa foi de arromba. Depois de jantar fomos até á Praça Cibeles (que ficava a 500m do nosso hotel) ver os festejos dos adeptos do Real – foi giro, mas daqui a 2 semanas no Porto vai ser mais giro ainda. Até nem gosto muito do Real, mas sou grande fã do Mourinho e do Ricardo Carvalho e estou farto de ver o Barcelona a ganhar.  Regressados ao Hotel combinamos o pequeno-almoço no nosso quarto para as 6.45h de domingo – tínhamos de fazer a digestão antes da corrida, não fosse nos dar a volta durante o esforço da Maratona. Antes de deitar ainda organizamos tudo para o grande dia….equipamento, dorsal, relógio, as drogas….tudo pronto.

O  GRANDE  DIA – MARATONA  DE  MADRID  2012
São 6.30h da manhã de domingo, 22 de Abril 2012…..toca o despertador do telemóvel mas não era preciso, já estava acordado. Tal como esperava a noite foi mal dormida, sempre a acordar….o meu principal problema não eram os 42,195km que me aguardavam – estava convicto de que tinha treinado bem – o que eu receava era outra coisa – na última 3ª feira após um dos últimos treinos tinha constipado e ainda não tinha recuperado – andei nos últimos dias com tosse e expectoração, e pior com dores no corpo e uma vezita ou outra com febre (pouca) – aliás foi isto que no dia anterior me obrigou a regressar ao Hotel para descansar um pouco (dores de cabeça e estado febril)  - embora estivesse um pouco melhor não estava a 100% e não sabia como o corpo ia reagir a um esforço tão longo – mas estava decidido a acabar a prova nem que fosse a rastejar. A decisão se ia correr para as 3h30 ou 3h45h já estava tomada há uns dias – não ia arriscar nas 3h30 (decisão muito sensata).

Equipei-me e pouco depois á hora combinada começaram a chegar os “convidados” para o pequeno-almoço. O que tem imensa piada é que o pessoal (aqui falo por mim) anda o tempo todo a cometer autênticos “assassinatos” alimentares durante o ano inteiro e chega a uma altura destas e é só comidinha saudável – era torradas com mel, nozes, iogurte natural com cereais integrais, fruta (bananas como fonte de magnésio)….deve fazer toda a diferença, deve deve…. Bem nem todos, o Rosée não altera a sua filosofia…..”pode ser saudável mas tem que ter chocolate”. A cozinha que tínhamos era minúscula e mal equipada – mas a tropa manda desenrascar…..só como exemplo - o pão não foi torrado, foi esturricado numa frigideira sem qualquer gordura.
Já viram alguém tomar leite com cereais numa assadeira? Não é possível? Ai não que não é, ou não se chamasse Rosée Badollas…..

Depois do vasto repasto veio o pior…….o pessoal todo a usar a mesma casa de banho…..só me lembro do Bruno gritar “saiam da frente…..vou soltar o Javali”…..já ouvi várias versões “mandar um fax”, “largar o calhau”, etc mas “soltar o Javali” foi a primeira vez – estamos sempre a aprender. Uns a seguir aos outros lá “soltamos os javalis”…. No meu caso foi mais um “ouriço caixeiro”…..devem imaginar a miscelânea de odores que corria naquele apartamento…..olha, nem sei se foi isso, mas acho que até fiquei melhor. Desculpem estes pormenores, mas quem quer saber tudo sobre as nossas peripécias tb tem que levar com as mais nojentas. “Quem come a carne que coma os ossos“. Outra coisa que aprendi, é que da próxima este tipo de evento não vai ser na minha casa de banho com certeza.
Depois disso fomos dar uma voltinha até á zona de partida que era a 200m do Hotel, na Praça dos Recoletos. Estava frio, pelo que não ficamos lá muito tempo – decidimos voltar ao Hotel para descontrair um pouco.

Faltavam apenas 15 minutos para o tiro de partida quando fomos para o nosso “curral” – havia 4, onde se dividiam as atletas por tempos. Antes ainda tiramos a foto de equipa e despedimo-nos do Nuno que foi para o Curral 2, logo a seguir aos Prós da Elite.

A minha ideia era ir para o Curral 3 para seguir o balaõ das 3h45, mas entramos no 4 todos juntos (eu, o Zé, o Bruno e o Rosée)…..o balão mais próximo era o das 4.30h. Conseguia ver o das 4h, mas estavam umas milhares de pessoas mais á frente. O das 3h45 nem vê-lo…..mas não me preocupei, estávamos ali em grupo e tínhamos todo o tempo do mundo para o apanhar (pensava eu). Outra particularidade é que não fizemos nenhum tipo de aquecimento…..por um lado não gastamos energia, mas por outro uma corrida leve e uns alongamentos não teriam feito mal nenhum –o aquecimento seriam os primeiros kms da prova.
Nem dei pelo tiro de partida (no Porto fizeram um contagem descrescente de 10 segundos que foi o máximo), ali só me apercebi pelos repelões das pessoas a tentar chegar á frente. Para imaginarem a quantidade de pessoas que estavam á nossa frente (estavam inscritas 20.000 – 12.000 na maratona e 8.000 para os 10kms), entre o tiro de partida e nós passarmos a linha de partida passaram mais de 5 minutos.

A avenida da partida é larga, ideal para este tipo de eventos…..não houve grande confusão, e rapidamente conseguimos entrar num bom ritmo.

KM 1 a 10
Quase sempre a subir (já sabíamos), ao km 3 passamos ao Santiago Barnabéu… pouco depois despedíamo-nos dos atletas dos 10km, nós para a esquerda e eles para a direita….muito giro esta parte, com todos os atletas a aplaudirem-se. Seguimos até Plaza de Castilla (ca.5km) e mais á frente finalmente começava o terreno a ficar plano. A passagem aos 10kms era na Calle Principe de Vergara. Até aqui tudo em cima, íamos os 4 num ritmo bom e mais ou menos constante – apenas uma excepção para o Zé Miguel que num acesso de “loucura momentânea” deu uma aceleradela logo que começaram as descidas. Pouco depois ficamos juntos de novo. Nesta fase os abastecimentos eram de 5 em 5kms – fui a todos, mesmo não tendo ainda sede e em todos levei uma garrafa de água comigo para ir molhando a boca. Tb usei o primeiro gel energético aos 8kms (fazia parte da minha estratégia – 1 gel de 8 em 8kms). Este troço da prova é o que tem menos público – penso que é por ser ainda cedo e ser a parte menos histórica do percurso.

KM 11 a 21
Este troço é fantástico…..o terreno é mais a descer do que plano, as pernas ainda estão “frescas” e começa a aparecer muito público (que seria uma constante e sempre a aumentar) nas ruas de Madrid a apoiar. Destaque neste troço para a zona do Tribunal, Praça De Espanha, a Gran Via e as Portas del Sol……uma subida curta (uns 300m) mas ingreme com um abastecimento a meio pouco antes de atingir a meia maratona, faz-me sentir os primeiros sinais de cansaço nas pernas, mas nada de grave. Continuávamos todos juntos, num ritmo bom (nesta altura íamos todos já dentro do ritmo para 3h45min). Foi neste troço que o nosso amigo Rosée protagoniza um dos episódios mais caricatos da nossa corrida…..o rapaz vinha a chagar-nos há pelo menos 5kms, a dizer que estava com vontade de “mijar”, sempre que se passava num chafariz a vontade aumentava naturalmente…….Decidiu tentar aguentar, e quando finalmente se decidiu a parar (numa rua no centro), se encostou num prédio e sacou da “ferramenta” abriu-se a porta ao lado e saiu uma freira….ups….não demorou 10 segundos a chegar outra vez á nossa beira. Outra situação que me ficou na memória foi uma rapariga caída ao km 20, com os médicos de volta dela – tinha a máscara de oxigénio colocada – espero que não tenha sido nada de muito grave. Os abastecimentos agora passavam a ser de 2,5 a 2,5km – continuava a cumprir o meu plano religiosamente – não falhava um e mais um gel por volta dos 16kms.

KM 22 a 34
Mais um troço fantástico, com passagem por zonas diversas alternando ruas do centro da cidade (existe uma Avenida de Portugal), zonas históricas e o parque Casa de Campo. Não havia zonas em que o público não estivesse presente, sempre em larga escala e sempre a incentivar – ambiente fantástico. Quanto á nossa correria foi tb o troço em que houve maiores mudanças…..continuávamos a bom ritmo, a recuperar tempo e ca. do km 23/24 passamos o balão das 4.00h…. um pouco antes tínhamos “perdido” o Bruno, que reduziu um pouco o ritmo e se deixou ficar para trás. Ao km 24 “perdemos” tb o Zé Miguel, que devido a uma cãibra num gémeo tb teve de reduzir o ritmo – pouco antes lembro-me de lhe ter perguntado se estava tudo bem ao que ele respondeu que sim – isto para ver que numa prova destas passar de bem a “lixado” é uma questão de minutos. Ficava “só” com o meu amigo Rosée e lá seguimos o nosso caminho sempre num ritmo certo, mas o cansaço já se fazia sentir e as dores nos músculos estavam a aumentar. Lembro-me de passar os 32km e dizer “só faltam 10”.

KM 35 a 39
Aqui é que a “porca torce o rabo”…..quando saímos do Parque da Casa de Campo começa logo a subir – e que subida para umas pernas massacradas por 35kms de correria. A partir daqui as subidas eram constantes, alternando com uma ou outra parte mais plana. Decidimos abrandar um pouco o ritmo para poupar energia para o que ainda aí vinha. Esta fase voltava a ser na cidade e a cada km que passava as pernas ficavam mais pesadas – eu estava mais ou menos bem (na medida do possível e comparativamente á maratona do Porto onde ia mesmo em sofrimento). O meu amigo Rosée estava já a entrar em grandes dificuldades com os kms a passar – decidimos baixar mais um pouco o ritmo – já não ia dar para as 3h45, mas aqui o importante era chegarmos ao fim e se possível juntos. Continuava a beber em todos os abastecimentos e sempre a carregar uma garrafa de água comigo – aproveitava tb os chuveiros que a organização colocou para refrescar um pouco. O último gel não o tomei todo de uma vez, fui racionando e tomando aos poucos de km em km. As pernas estavam duras, doía-me o estômago (já enjoava o gel e o isotónico) e um pouco a cabeça, mas estava a aguentar-me bem.

KM 40 a 42,195km
A parte mais difícil mas ao mesmo tempo a melhor. A fase final da maratona de Madrid é sempre a subir, da zona da Atocha com o Parque do Bom Retiro sempre do lado direito – a estrada estreita com tanto público (eram milhares de pessoas) a aplaudir e a incentivar dos dois lados da rua. Aqui vimos a Samanta e a Sónia – placa especial de apoio ao Rosée “Força Badalhoca!” e mais á frente o Joel.

Aquilo dá-nos a força necessária para o que resta…..continuava num ritmo mais lento mas certinho. Km 40 - o meu amigo Badollas diz que lhe está a dar “a breca” num dos gémeos e que vai ter que parar….lembro-me de lhe berrar “quem aguenta até aqui vai até ao fim”…. ele com uma força de vontade incrível, todo curvado e com uma máscara de dor ia aguentando, reduzimos mais um pouco o ritmo…..km 41 (uma eternidade este último km)….o Rosée diz-me que já não aguenta e vai parar….lembrei-me de sacar de uma bandeira de Portugal (tinha comprado nos chineses…
 – era para ser desfraldada apenas na recta da meta, mas a situação obrigava a alteração de plano), disse-lhe “agarra desse lado” e lá seguimos lado a lado, agarrados á bandeira de Portugal por ali acima….eu a “puxar” (na realidade não puxava) e ele sempre a seguir….não sei se foi psicológico ou não, mas acho que ajudou, ele aguentou-se heroicamente e quando entramos no parque, o terreno ficou plano tive a certeza que íamos acabar a corrida…..de bandeira em punho, a ver a meta ao longe (400 a 500m) já nada nos detinha……o ambiente estava ao rubro (um mar de gente) e a sensação única de cortar a meta com um companheiro de aventura (até estou com um arrepio na espinha a escrever e a reviver a situação) – é fantástico, uma experiência que aconselho a todos (qualquer um é capaz se tiver força de vontade).

Após alguns minutos a recuperar algumas forças, recebemos a nossa medalha (muito bonita) e pusemo-nos a caminho do Hotel. Tive pena não poder ficar á espera dos restantes companheiros de corrida, mas estava combinado encontrarmo-nos no Hotel para tomar banho e seguir para o aeroporto – não havia tempo a perder.
Já a caminho do Hotel chegaram as boas noticias, o Zé Miguel tinha conseguido acabar – depois de lhe ter dado cãibras num gémeo aos 24kms, começou a ter cãibras pelos músculos todos das duas pernas e foi a sofrer até ao fim – diz que as dores eram tantas que até chorou mas aguentou-se e passou a meta em bicos de pés, pq não conseguia dobrar as pernas. Ganda Zé Miguel – não tinha dúvidas da tua força de vontade – imaginem que ele esteve as últimas semanas sem treinar por causa de uma lesão no joelho – no último mês tinha feito apenas 36km (o normal é 50 a 70km por semana) de treinos e esteve em dúvida se ia correr ou não quase até ao último dia. E era a primeira maratona dele.

O Bruno foi outro herói – não consta que tivesse tido tantos problemas musculares como o Zé mas a mim surpreendeu-me muito. Foi o que menos treinou corrida, quase não fez treinos longos e começou a prova de uma forma “suicida” acompanhando-nos até quase aos 25km. Estavam reunidas as condições para levar com o “muro” mas aguentou-se firme e hoje é mais um que pode orgulhosamente ostentar o título de maratonista.
Falta 1…..o Nuno…..não há palavras para descrever a performance dele…..é o nosso ídolo…..mesmo “gordo”, voou autenticamente durante os 42,195km chegando ao fim em 2h57min – não, não me enganei…fez  equivalente Fiães-Porto, Porto-Fiães a correr em menos de 3h!!!!! Em 12.000 ficou no lugar 202 e foi o 6º ou 7º melhor português….é obra.

Ahhh….falta referir os tempos do pessoal…..como podem reparar é a última coisa que importa. Primeiro é chegar ao fim. Todos nós fizemos a nossa melhor marca de sempre na Maratona, uns por ser a primeira e eu e o Nuno na 2ª:
Nuno    - 2h57min16seg (lugar 202)
Rosée   - 3h51min35seg (lugar 4785)
Carlos   - 3h51min35seg (lugar 4783)
Zé Miguel – 4h06min56seg (lugar 6412)
Bruno   - 4h14min01seg (lugar 7021)

Relembro que estavam inscritos 12.000 pessoas na Maratona e que chegaram ao fim quase 9.959. Nada mau.
Aqui os meus dados estatísticos durante a prova:

Datos personales/Personal data
Dorsal/Bib
Año Nacimiento/Year of Birth
Categoría/Category
País/Country
Com. Autónoma
6991
1972
E-M
POR
Puestos/Places
General /Overall
Hombres/Male
Categoría/Category
Campeonato de Madrid
4783 / 9959
4610 / 8944
1074 / 1941
No participa
Puntos de Control /Timing Points
Control /Timing Point
Oficial/Gross
Neto/Net
Ritmo/Pace
Velocidad media/Average Speed
Posición/Place
Km 5
0:32:13
0:26:57
5:23 min/Km
11,13 Km/h
5710
Km 10
0:59:14
0:53:58
5:23 min/Km
11,11 Km/h
5484
Km 15
1:25:26
1:20:10
5:20 min/Km
11,22 Km/h
5428
Km 20
1:51:56
1:46:40
5:19 min/Km
11,25 Km/h
5470
Km 21.097
1:58:13
1:52:57
5:21 min/Km
11,20 Km/h
5454
Km 25
2:18:25
2:13:09
5:19 min/Km
11,26 Km/h
5316
Km 30
2:45:52
2:40:36
5:21 min/Km
11,20 Km/h
4890
Km 35
3:13:35
3:08:19
5:22 min/Km
11,15 Km/h
4767
Km 40
3:43:17
3:38:01
5:27 min/Km
11,59 Km/h
4580
Km 42.195
3:56:51
3:51:35
5:29 min/Km
10,93 Km/h
4610
Intervalos /Intervals
Km 10
Km 15
Km 20
Km 21.097
Km 25
Km 30
Km 35
Km 40
Km 42.195
Km 5
0:27:01
5:24
min/Km
11,10
Km/h
0:53:13
5:19
min/Km
11,27
Km/h
1:19:43
5:18
min/Km
11,29
Km/h
1:26:00
5:20
min/Km
11,23
Km/h
1:46:12
5:18
min/Km
11,30
Km/h
2:13:39
5:20
min/Km
11,22
Km/h
2:41:22
5:22
min/Km
11,15
Km/h
3:11:04
5:27
min/Km
10,99
Km/h
3:24:38
5:30
min/Km
10,90
Km/h
Km 10
0:26:12
5:14
min/Km
11,45
Km/h
0:52:43
5:16
min/Km
11,38
Km/h
0:58:59
5:18
min/Km
11,28
Km/h
1:19:11
5:16
min/Km
11,36
Km/h
1:46:39
5:19
min/Km
11,25
Km/h
2:14:21
5:22
min/Km
11,16
Km/h
2:44:03
5:28
min/Km
10,97
Km/h
2:57:37
5:31
min/Km
10,87
Km/h
Km 15
0:26:31
5:18
min/Km
11,31
Km/h
0:32:47
5:22
min/Km
11,15
Km/h
0:53:00
5:17
min/Km
11,32
Km/h
1:20:27
5:21
min/Km
11,18
Km/h
1:48:10
5:24
min/Km
11,52
Km/h
2:17:52
5:30
min/Km
10,88
Km/h
2:31:26
5:34
min/Km
10,77
Km/h
Km 20
0:06:17
5:43
min/Km
10,49
Km/h
0:26:29
5:17
min/Km
11,33
Km/h
0:53:56
5:23
min/Km
11,12
Km/h
1:21:39
5:26
min/Km
11,34
Km/h
1:51:21
5:34
min/Km
10,77
Km/h
2:04:55
5:37
min/Km
10,66
Km/h
Km 21.097
0:20:13
5:10
min/Km
11,59
Km/h
0:47:40
5:21
min/Km
11,20
Km/h
1:15:23
5:25
min/Km
11,76
Km/h
1:45:05
5:33
min/Km
10,79
Km/h
1:58:39
5:37
min/Km
10,67
Km/h
Km 25
0:27:28
5:29
min/Km
10,92
Km/h
0:55:11
5:31
min/Km
10,87
Km/h
1:24:53
5:39
min/Km
10,60
Km/h
1:38:27
5:43
min/Km
10,48
Km/h
Km 30
0:27:43
5:32
min/Km
10,82
Km/h
0:57:25
5:44
min/Km
10,45
Km/h
1:10:59
5:49
min/Km
10,30
Km/h
Km 35
0:29:43
5:56
min/Km
10,10
Km/h
0:43:16
6:00
min/Km
9,97
Km/h
Km 40
0:13:34
6:10
min/Km
9,71
Km/h
Uma palavrinha tb para os colegas dos 10km que conseguiram fazer excelentes tempos para uma prova destas, em que devido á quantidade de pessoas envolvidas oferece muita dificuldade para conseguir entrar no ritmo certo – nesta prova eram quase 8.000 inscritos tendo chegado ao fim 5405 atletas:

Luis Trigo             - 44min16seg (lugar 336)
Joel Santos         - 48min32seg (lugar 801)
Luis Conceição  - 1h01min46seg (lugar 3026)


O REGRESSO
O reunir de tropas deu-se no Hotel…..tínhamos um quarto (outra vez o nosso) com um late check-out, para que pudéssemos tomar banho antes de seguir para o aeroporto. Aos poucos íamos chegando, tomando banho, arrumando as malas. Por volta das 15.30h saímos do Hotel para apanhar o metro – todos ostentando orgulhosamente ao peito, a medalha conquistada umas horas antes……as pernas pesavam, o cansaço era muito mas a boa disposição pelo feito alcançado compensava tudo. Uns 40 minutos mais tarde lá chegamos a Barajas e o grupinho voltou a separar-se…..os pobres para o Terminal 2 para regressar pela Ryanair e os finos (não digo nomes, mas eram 2, um corre como um desalmado e faz a maratona abaixo das 3h o outro era seu acompanhante ) para o Terminal 1 para a TAP. Fomos comer umas sandes, tomar um café e lá apanhamos o avião de volta. O voo de volta já não teve a mesma piada, de referir apenas um chefe de cabine do mais panasca que pode haver. Eu dormi quase todo o voo. Giro tb foi, já depois de aterrados no Porto, sair do avião…….descer aquelas escadas ingremes com as pernas no estado em que estavam as nossas deu para rir (para não chorar).

Depois foi apanhar o shuttle para ir para o Low Cost Parking, apanhar os nossos carros e lá regressamos a casa. Em casa já tinha a família á espera, esposa e filhota – é sempre bom regressar – foi jantar, descansar e reviver na mente tudo o que tinha conseguido.

RETROSPECTIVA E AGRADECIMENTOS      
Agora, que se passaram alguns dias, arrisco afirmar em nome de todos os envolvidos, que arranjar um grupinho melhor para esta aventura seria difícil. A harmonia e o companheirismo existiram desde o primeiro minuto (aliás, já durante a fase de preparação se notava isso) – passamos momentos de grande diversão e embora a esticar um pouco a corda em algumas situações, penso que nunca passamos o limite. O resultado final não podia ter sido melhor, todos sem excepção conseguiram atingir os objectivos e mais uma vez afirmo (por todos) que ficamos tão contentes com o nosso próprio feito como com os dos colegas – isto é o verdadeiro espirito da coisa, o que conta verdadeiramente.

Queria agradecer:
- a minha família, particularmente Inês, Maria e aos meus sogros – todos eles tem que aturar esta minha “maluquice” que muitas vezes rouba tempo familiar. Sem o apoio deles não seria possível.

- aos colegas desta aventura – os momentos que passamos juntos, desde planear ao executar. Foram fantásticos. Espero que esta seja a primeira de muitas – a ideia será fazer uma maratona internacional por ano.

- á ROTA PONTUAL – e ao nosso mais-que-tudo José Coelho (Rosée Badollas em espanha) – pela organização impecável. Praticamente não tive que me preocupar com nada. Sempre que alguém precisar de organizar uma viagem, marcar um voo, um hotel um rent-a-car, fvr contactar com:

Rota Pontual - Agência de Viagens e Turismo, Lda.
Morada: R. 25 Abril 19 - C Santa Maria da Feira, SANTA MARIA DA FEIRA, AVEIRO 4520-161
Tel: 256365504

Contacto – Sr.José Coelho (rota_pontual@sapo.pt)
(Mais 20 € para a caixa do CAL)


 PRÓXIMOS CAPITULOS

No que diz respeito a provas, espero estar em condições para bater o meu recorde pessoal na Meia Maratona em Cortegaça a 13 de Maio 2012.
Em relação a Maratonas, a próxima será a do Porto a realizar em 28 de Outubro deste ano. Ainda é um pouco cedo para me colocar objectivos, mas primeiro acabar e depois melhorar o meu tempo de Madrid serão de certeza dois deles.

O sonho de ser Ultra-Maratonista (distâncias acima da maratona) continua de pé –acho que será um belo objectivo para atingir em 2013.

Para acabar, gostaria de deixar aqui uma frase que li algures na semana passada, frase essa que na minha opinião resume exactamente o que se sente numa empreitada destas, que é correr uma maratona:

“o Sofrimento é temporal, a Glória é eterna….”


Um grande abraço
Carlos