quarta-feira

Na Freita com a Seita

(uma das fotos escandalosamente roubadas ao Paulo)

E lá se passou mais uma semana e não foi uma semana qualquer. Foi a semana em 2019 em que fiz mais km e mais desnível acumulado.  Quase 86km, mais de 3.000 D+ e outro tanto de D-. Isto tudo em 4 corridas, 3 dos quais por trilhos. Bem bom J
A organização dos Trilhos dos Pernetas entrou na fase de stress – entre os muitos afazeres este ano houve alterações de percursos de última hora que obrigaram a fazer os percursos todos por estes dias para termos os tracks definitivos – e coube-me esse trabalho. Poderia dizer-se que é juntar o útil ao agradável, mas não é bem assim – uma coisa é ter tempo e organizar-se … outra coisa é não ter tempo e organizar-se na mesma J E assim foi.
Depois de no domingo anterior ter feito o percurso dos 10 (que são 13km), na 3ª ao fim do dia fui experimentar os 18km (que são mesmo 18km J) … e sábado passado foi dia de fazer o grande, os dos 30 (que dá quase 32) J … é assim que se somam km e desnível … mesmo que não queiras o que não era o caso J
inkipinha que fez os 32km … com uma paragem obrigatória na D.Alice com 12km feitos (seriam 9h da manhã)

Mas o ponto alto da semana foi na 6ª feira Santa … fui participar num evento solidário que já se realiza há uns anitos na Serra da Freita e ao qual nunca consegui ir. Foi desta que participei no “Junta-te à Seita e anda treinar à Freita” organizada pela malta dos Arcorun. Esta malta participa sempre nos nossos eventos e ainda por cima iam sortear um sempre apetecível e um muito raro dorsal dos Pernetas J
passamos os 1000 inscritos e com isso esgotamos as vagas que tínhamos … algo extraordinário para um trail caseirinho como o nosso

E foi muito fixe … fui com a Pikinita e mais alguma malta dos Montemorrows ou lá como se chamam e a coisa foi feita na descontra a ritmos muito comedidos, digamos que passeio J … havia que poupar forças para o dia seguinte no Quintal dos Pernetas que se previa bem duro.
 




é muito SWAG...







aproveito para agradecer aos fotógrafos as belas recordações e a paciência tb


a famosa Frecha da Mizarela


"anda daí home!!!" … 

bchiu bchiu bchiu … gatinho lindo ...

os Montemorrows ou lá como se chamam com o seu fotógrafo pessoal

a começar a recuperação para o dia seguinte…a caminho do UTDP 

obrigado pela companhia 

E foi isto … um belo de um fim de semana com mais de 50km e 2500 D+ em pouco mais de 24h (10 destas passadas em trilhos). Correu bastante bem, de tal forma que no dia seguinte fiz uma corridinha de estrada de 8km com bastante pujança … a coisa está a ir.
Mas esta semana teve também um acontecimento triste. A corrida e o blogue deram-me a conhecer muitos amigos – pessoas com quem nos identificamos mesmo sem nunca os termos conhecido ao vivo e a cores. Com o passar dos anos vamos tendo oportunidade de nos encontrarmos por aí numa corrida qualquer o que nem sempre é possível. Foi o caso do Egas Branco – um dos fundadores do blogue UK – e de quem falei aqui neste cantinho
O Egas faleceu esta semana e deixou a corrida popular mais pobre, pois o Egas foi um dos impulsionadores da corrida para todos nos tempos em que a corrida não era para todos, no tempo em que a corrida não estava na moda como hoje. Fica aqui a minha singela homenagem a um homem que aprendi a admirar sem o ter conhecido pessoalmente, mas com quem tive a honra de partilhar algumas mensagens. Um grande abraço e votos de muita força aos familiares e amigos, um muito especial ao Jorge Branco. Muita força Jorge.
Egas a concluir a Maratona Spiridon em 1985

Jornada dupla em trilhos



No domingo fiz uma sessão dupla em trilhos com uma meia horita de intervalo entre elas.
Primeiro fui participar em mais uma etapa do Circuito de Trail de Santa Maria da Feira, desta vez pelos Trilhos da Mamoa em Milheirós de Poiares. Com partida e chegada na praia fluvial da Mamoa que dá o nome ao evento.
Foram 14km com quase 800m D+ … tinha decidido imprimir um ritmozinho mais forte do que o habitual de passeio. Primeiro para servir de treino mais puxadinho e depois porque ainda queria ir para o Quintal dos Pernetas de seguida e não queria perder demasiado tempo..
E nos primeiros 6,5km até que puxei bem pela maquina, sem entrar em exageros mas correndo quase sempre, mesmo quando a coisa inclinava. E olhem que inclinava a sério … o percurso foi todo praticamente por uma serra que está rodeada de localidades. Foi um constante sobe e desce que, não parecendo, vai moendo e moendo e quando dás por ela já é tarde e levaste uma porrada daquelas J … eu gosto J


ca gordoooooo… 

Acontece que um pouco antes de metade da prova dá-se um incidente com um gajo do downhill que foi tudo menos simpático. Ao subir por um single-track aos “S” que pelos vistos é uma pista usada pelo pessoal das bicicletas ouço mais acima uma malta aos berros, a avisar dois ciclistas para terem cuidado que vinha gente por ali acima na corrida. 

Pelos vistos (eu estava perto mas esta parte não vi) quanto mais avisavam mais um deles acelerou e como o espaço para escapar era diminuto um dos corredores colocou as mãos para se proteger tendo feito o ciclista cair. Podem imaginar a confusão que se instalou … o ciclista parecia um touro enraivecido, houve insultos, empurrões e não houve verdadeiramente vias de facto porque alguns ainda tem juízo. Vi-me envolvido nesta confusão e o meu papel foi o de tentar acalmar o homem das bicicletas que queria enfrentar tudo e todos … fartou-se de dizer que aqueles trilhos eram deles, que tinham autorização dos donos dos terrenos .. ainda lhe disse que estávamos num evento devidamente licenciado e que fosse embora pq não valia a pena armar uma confusão por causa disso, que a serra dava para nós todos …  chamou-nos fdp a todos, antes de pegar na bicicleta e se mandar feito doido novamente pelo trilho abaixo … enfim … um episódio triste e que na minha carreira já com alguns anos disto nunca me tinha acontecido … bem, já fui perseguido por um lenhador furioso de motossera em punho, mas isso são outros quinhentos J
Isto fez com que aquela pica em puxar pelo físico se fosse, o que não invalida que tenha feito o resto com gosto. E digo-vos que fiquei agradavelmente surpreendido com o percurso que o Agostinho conseguiu desenhar ali … embora restringido a uma serra pequena, puxou do conhecimento que tinha da zona (nascido e criado ali) e espremeu todo o sumo que era possível espremer daquela laranja … e que sumo. 


Para começar, mais de metade do percurso é em single-track … a variedade de pisos e ambientes é enorme para tão poucos km. Floresta densa, minas, pedra … muito bom, a sério. A única questão é que sentes que andas ali às voltas, mas abstraindo disso tens aqui um excelente trail que te parte todo se não jogares um pouco à defesa. 



Muitos parabéns Agostinho e resto da malta organizadora … está excelente. Tenho pena de não poder estar presente quando for a doer – dia 9 de Setembro estarei numas bem merecidas férias bem longe da Mamoa. Mas aconselho a quem puder ir que vá experimentar. Vão gostar de certeza absoluta. 
Quando acabei fui abastecer, dar duas de letra e meti-me no carro. 10 minutos depois estava em Canedo para a segunda dose. A Pernetada tinha estado a dar no duro, a abrir um novo troço junto ao Rio Inha que vai evitar quase 1km de alcatrão J … e eu estava ali para fazer o percurso dos 12km dos Trilhos dos Pernetas para ficar com o track definitivo que é necessário para organizarmos os detalhes finais da prova. Treino e Trabalho – no fundo juntar o útil ao agradável.

Mas custou-me muito arrancar … a Mamoa tinha dado cabo do coirato … a paragem tinha feito o resto. Mas lá fui pelo percurso que conheço como a palma das minhas mãos até ao lugar do Inha … 6km para chegar ao troço novo que desconhecia completamente … ia mesmo muito curioso e fiquei maravilhado … aqueles 1,2km junto ao rio são muito bons e serão uma grande mais valia para os Trilhos dos Pernetas … muito bom trabalho da malta que andou ali sábado e domingo a dar no duro enquanto outros como eu andaram a laurear a pevide. Parabéns pessoal!!!

7km e estava debaixo da Ponte do Inha, na zona ribeirinha do Rio Inha. Apenas 170m D+ … é quase sempre a descer e plano junto ao rio. Mas a prova vai ter quase 13km e  mais de 500m D+. É só fazer as contas e ver o que me faltava fazer. Subir ao Marco Geodésico subindo quase 250m em menos de 2km, para depois ter algum plano e voltar a subir até à Capela. Estava sol, tinha fome, tinha as pernas massacradas e o mindinho esquerdo pisado … mesmo nas calmas não foi fácil. Tal como a prova tb não vai ser fácil … quem se entusiasmar nos primeiros 7km vai levar uma pancada forte … ai vai vai … mas faz parte J


E assim acabei uma semana razoável … 68km em 4 treinos, algum D+ e um treinito onde voltei a meter umas series à volta dos 4m/km. 
Despedi-me destas companheiras com estes dois treinos … 1400km depois … ponto alto os Caminhos do Tejo do ano passado … não serão embalsamadas, nem vão para o lado dos troféus e medalhas ou mesmo camisolas de lutas passadas … estas vão direitinhas para o …. lixo … tralha já tenho eu muita …

Ahh… e fiquei moreno … ou seria sujo??? 

A próxima semana promete J

E a grande aventura para este verão é......



Não é o TDG, não é  PT281 … esses nem entraram na discussão para substituir o GTPE, vá se lá saber porquê :)

A escolha tb não recaiu no Oh Meu Deus nem na Freita ou em mais um ou outro trail no estrangeiro que chegamos a ponderar. Da lista elaborada vários critérios faziam cair uma por uma. Os critérios eram apertados, além do orçamento ($$$), a janela temporal onde se poderia realizar é estreita (fim de Junho e Julho). A distância e o grau de dificuldade não podiam ser extremos … ainda se "sonhou" com 3 dígitos mas embora eu ache que ela é capaz, a Pikinita tem toda a razão … a paragem foi longa e é um salto grande para quem já fez uma ou outra Ultra mas nunca chegou perto dos 3 dígitos. 50 é "pouco" … algo ali entre 60 e 70 é que era.

Á final chegaram os 65km da Freita e os 68km do Ultra Douro e Paiva. 

And the Winner is ….


A decisão pelo UTDP foi essencialmente por causa da data … é uma semana mais tarde, e como eu estava praticamente inscrito nos Caminhos do Tejo dava 3 semanas para recuperar em vez de duas. Foi esse o argumento final que fez pender o prato para o Douro, fizemos a inscrição e estamos muito felizes com a escolha.

Estive na primeira edição desta prova, em 2014, logo na distância maior. Adorei, mesmo com algumas falhas, e como vaticinei na altura, esta prova tinha tudo para se tornar numa referência nacional. E acho que não falhei no prognóstico … zonas maravilhosamente lindas, dureza q.b., diversidade muita e uma organização de atletas. 




Não vai ser nada fácil … além da distância e do desnível, ainda me lembro bem do calor que tive que suportar. Normal … é Julho. Depois tem um tempo limite algo apertado para atletas como eu e a Pikinita. 12h de limite o que pode parecer muito mas não deixa grande espaço para "desleixos" (leia-se fotos, mergulhos nos rios, contemplações das paisagens, interacções com os animais que vamos encontrar por caminho, mortes e ressurreições, etc) …  mas havemos de arranjar espaço para isso também, gerir de forma a que dê para tudo.

esta carinha diz tudo :)

se não te pões fino é isto ….

Pronto . Faltam menos de 3 meses, a forma de ambos os dois está a voltar. Nos entretantos vamos correndo por aí, entre alcatrão e trilhos, sempre que possível com desnível.