sexta-feira

GTSA 2016: O derradeiro desafio do ano para uma iniciante em trail - by Ana Santos


5h00: toca o alarme. Não me custou acordar, pois chegou o dia. A prova durinha para a qual me inscrevi como sendo a aventura do ano, depois de ter reiniciado a corrida e encontrado uma nova paixão no trail. Um desafio de superação que imergiu após ter compreendido que nos trails curtos e longos estava a adaptar-me bem e que queria testar a dureza de outras distâncias e desníveis, ao mesmo tempo testar a minha capacidade de resiliência.
Dos relatos e experiências de companheiros de corrida, e exemplos portanto, surgiram algumas provas-chave que diziam que não podia perder…tendo em conta a minha evolução, queria testar um ultra, mas não queria ultrapassar muito os 50 km para esta proeza. Algumas já tinham passado e, tendo em conta que estava em meados de Junho quando fiz esta decisão e que precisava de tempo para preparação, decidi por uma prova a cargo do Carlos Sá que, além de ser um gigante neste âmbito, todos me diziam que a organização era exemplar. Finais de Setembro…Serra D´Arga, 53km, 3000D+…Norte? Melhor não podia J
Foram 3 meses e pico de conciliação entre treinos curtos e longos no “quintal dos pernetas”, treinos de estrada ocasionais, participação em provas sem grande sentido competitivo (embora tivessem corrido melhor do que ia à espera de concretizar) e recolha de informação entre internet e casos pessoais mais próximos (destaco aqui o Carlos – o perneta que me emprestou o blog para este post J - que foi incansável. obrigada!).
5h30: (caramba, meia horita deu para esta reflexão toda…eheh) Saio de casa, pois tenho 1h30 de viagem e não conheço bem a zona. Falta alguma coisa? Apesar de ter verificado tudo ontem, sinto alguma desorientação por aquele nervosinho miúdo que vai surgindo pela manhã…e até dormi bem! A caminho de Dem, Pearl Jam para acompanhar e de repente: chinelos!! Shit! Esqueci-me dos chinelos…nem pensar em voltar para trás. Bom, café! Café…estação de serviço…fechada!! O quê?! Como é que pode ser?? Ok, segue para o destino, lá terá café. Chegada a Dem; que recepção…ao longo da estrada que precedia o centro da freguesia, ladeavam carros e atletas em preparações para as provas, uns com um sorrisinho nervoso e aquele tique nas pernas como quem “estou a aquecer” ou então “estou com vontade de fazer xixi” e outros em estado de gargalhadas, espalhando a boa disposição logo pela manhã. Paro no campo de futebol onde acabo de verificar todo o equipamento…só falta mesmo o café! Passo pelo controlo zero: check! Encontro a Susana e o Fernando (os “outros pernetas”), sempre bem-dispostos! Café malta, volto já! Ora…estão a ver aquela cena típica da bolsa americana onde só se vêm mãos no ar e não se apanha uma? Era mais ou menos isso que se passava…Ups, mas agora deu-me vontade de fazer xixi!! Xixi, café….café, xixi…necessidades humanas básicas, é claro! Fila no WC…quando saio já está perto do momento da partida…café, vejo-te no final!
8h00: a partida é precedida pelas badaladas do sino; a prova começa neste momento…fiquei de tal forma em êxtase com a partida que nem me percebi do que estava em redor. O primeiro momento serviu para alargar o pelotão…basicamente foi dar “uma volta ao bilhar grande”, mas que foi útil pois serviu para avaliar o estado das minhas pernas que na semana passada estavam, por esta hora, a completar 42km nas 24h de Vale de Cambra e que no final, depois de mais 15 km, deixaram um valente empeno e uma semana só para recuperação…uma aventura em forma de loucura, mas que soube bem no final pelos resultados da equipa J.

Voltando à Serra d´Arga, voltamos a passar o ponto de partida e começamos a subir (eu gosto de subir J)  - trilhos de pedra e arvoredo médio, uma parte queimada L já começávamos a ter contacto com este flagelo…
10h00: Primeiro abastecimento, Mosteiro de São João de Arga; uma buchinha e umas fotos do local, que era mágico.

Entro num bosque ao estilo de uma história de encantar; os pés pareciam que calcavam em nuvens de moliço, emanando um odor fresco e o som da água criava um ambiente reconfortante. J

Sobe-se mais um bocadinho, onde se volta a encontrar outra zona queimada… :/, e então inicia-se uma descida que me surpreende pela positiva: as pernas não se acusaram ao desnível; a natureza e pessoas com que me cruzava descentrava-me de qualquer incómodo que pudesse aparecer – formações rochosas que detinham poças de água (tão fresquinha!!) e apoiantes que se iam espalhando ao longo da estrada e junto à povoação. Continuava em êxtase! Veio de seguida uma subidita (!) que me pôs a caminhar até ao próximo abastecimento. Tempo para foto e buchinha J

Preparei os bastões para a subida que se adivinhava íngreme, apesar de curta. Vamos lá! O ânimo continua.
11h30h – Chegada ao “spot das fotografias”...lol. Sim, era impossível não parar aqui! (pelo menos para quem se principia). Direito a selfie e a confraternizar com outros atletas.



Vá, agora é a descer…tira o pé do travão e aproveita! E assim foi até ao próximo abastecimento, onde parei por mais um bocadinho; aproveitei para verificar pernas: check, água: check; fotos: check, melancia: muita se faz favor… :P



12h15: Podes ir! Agora é quase sempre a subir até lá cima! (ou será descer?!...eheh). aqui corre-se e caminha-se para gerir o esforço; mais zona ardida…as eólicas no topo a marcar o fado e presencio outra surpresa: garranos selvagens!! Quase que não os via…obriguei-me a parar mas nem lhes tirei foto – são selvagens por alguma razão, a máquina fotográfica não tem o direto de os capturar!! Não…é mesmo porque o raio da mochila complicava as manobras de recurso ao telemóvel…yep…). Chegada ao topo marcada no solo por sinalética colorida…só vi edifícios, nem quis parar, foi seguir caminho!!! Quem disse que a partir daqui seria mais fácil?! É a descer, é fácil…sim, seria se a partir daqui a perna direita não começasse a pesar e algum cansaço a acumular…e, para ajudar, uma passadeira rochosa até s. Lourenço da Montaria; eu queria saltar, pinchar de rocha em rocha, mas as minhas pernas não deixavam e eu não insisti…queria fazer mais do que isto! Desistir não está normalmente no meu vocabulário e eu não ia ficar nos 33km. No último km de descida encontrei um companheiro de 65 anos (!) que se sentia a abater…puxei um bocadinho por ele, ainda me acompanhou em quase todo o caminho final, tendo pedido para refrear; perdi-o de vista, mas terminou de certeza! J soube bem e fez-me esquecer as dores da descida por momentos.
13h30: Estou nos 33km. No início desta semana pensei que esta seria uma possibilidade; de ficar por aqui na prova se não conseguisse perdurar fisicamente. Mas cá estava eu, com algumas dores, mas com uma vontade inabalável de chegar à outra meta. Tive uma ajuda preciosa no abastecimento, permitindo que ficasse o tempo suficiente para verificar a água para o resto da viagem, comer e ficar a perceber que os 53km previstos provavelmente sofreriam um imposto de valor acrescentado (não percebi foi a percentagem…); bom, de qualquer maneira segui pelo percurso, saindo do ruído da euforia de quem já tinha chegado aos 33km e dos apoiantes que se aglomeravam. J
Entrada em campos e trilhos que nos levam para longe da povoação; a partir daqui uni forças com o Sergio (um companheiro de La Guardia) que seguia com um compasso muito próximo do meu e prometemos passar juntos a meta! Quando dava para conversar, hablábamos un poquito, puxando um pelo outro e relacionando com os atletas com quem nos íamos cruzando. O bom espírito deu para progredirmos sem deixar de aproveitar as maravilhas que nos apareciam:
15h20: cascata do rio Âncora – percurso magnífico que o curso de água nos ofereceu a partir daqui.


Ao logo do curso ainda deu para emergir as pernas na água fresquinha!! Só faltava a mini! Eheh. Bom, mais uma subida…Vamo Sergio, falta poco! (o no…). Passamos um parque de merendas, onde estava um grupo de malta descontraída mas não descurou do apoio aos atletas! Foi fixe! Mais uns trilhos técnicos e umas subidas…apesar de cansada, estava a gostar muito do percurso J
Paragem para hidratação e um gel, antes de uma subidita (!!) até ao próximo e último abastecimento. Vamo Sergio, falta poco! A minha intuição viria a revelar-se certa; não é que aparece uma donzela a ligar para o namorado a encomendar uns chinelos (se por acaso tiveres dois pares…só por acaso…) e diz: “o quê? Ainda me faltam 8km?”…eu sabia que por esta altura só deviam faltar 5 km…mais 3??ai ai ai ai…o Sergio percebe e trocamos olhares como quem diz “estamos f(j)od%”&s”…chegada ao abastecimento para tirar umas pedritas do calçado e nem pensar em parar muito tempo…agora, mais do que nunca, não parar!!
17h10: finalmente, terminaram as subidas! Mas, espera…vem a descida…como será?? Começo a recolher os bastões e iniciamos a correr devagar…de repente surge uma dor aguda no pé esqº…que ardor…que bolha!! Puff, fez-se um empecilho para o resto da jornada…Ahhhhh! E agora, que dói mais? Ah, a perna direita – eu já nem sabia se era o músculo “piridisforme” (nesta altura normal é que não estava…), se era da fáscia lata ou do cá#&7&o…as lágrimas espreitavam mas eu cobria com as persianas, pois agora era para aguentar até ao fim!! Agora era o Sergio: Ana, lo siento…falta poco. Engraçado como a partir daqui já não era eu a puxar por ele, mas ele por mim. Ao começar a avistar alguns adeptos da prova próximos da meta e a sentir o apoio e a finalização de um objetivo senti como que uma leveza inexplicável – tudo deixa de doer! Será adrenalina, será incredulidade? Esta ultima não será certamente e acredito que a adrenalina bata assim!! J Passo a meta com o Sergio e os filhotes dele, reencontramos companheiros de prova com quem fomos cruzando ao longo destes 57,5Km e ouvem-se os aplausos de quem por lá passou ou quem simplesmente compreende o esforço que se trilhou até ali! É uma sensação boa! Agora tenta disfarçar o andar até ao carro…lol
Foi uma prova durinha, apesar de ter perdido em desnível, ganhou em distância…foi justo! Completei e fico com a resolução de cá voltar, para recuperar tempos e as paisagens da serra na sua vertente salutar. Bem ao jeito das pequenas flores que se insurgiam no meio das zonas ardidas fico com a impressão de que ainda há esperança, para a Arga e para a Ana J

Maratona do Porto 2016 - estou "in"



Eu ir à Maratona do Porto não é propriamente novidade nenhuma. A novidade é que o objectivo a que me queria propor está completamente fora de hipótese.

A minha intenção era não só atacar o meu RP na distância (3h24) que data de 2013 no Porto, como tentar baixar as 3h15. Facto é que depois do CCC a recuperação foi pior do que esperava - não a nível muscular, onde até recuperei razoavelmente bem, mas um vírus e depois uma tosse de cão (que ainda dura) deitaram-me completamente abaixo e não me deixaram retomar os treinos como pretendia - aliás, tirando uns "aquecimentos" não tenho feito nada.

Com a participação nas 24h do fim de semana passado, e mais uma recuperação longa, não resta tempo para uma preparação minimamente adequada para o que pretendia fazer. Estamos apenas a 6 semanas e as duas últimas não contam. Mas não há problema nenhum, não faltarão outras oportunidades.

Á Maratona vou na mesma, mas vou numa de desfrutar ao máximo, ver amigos, participar na festa. Será a minha 6ª Maratona do Porto consecutiva - foi no Porto que me estriei na prova Rainha e desde aí que não a troco por mais nenhuma.

Entretanto este fim de semana volta o GTSA - é uma das provas de trail referência em Portugal e eu nunca pude participar, pois calha sempre na altura em que eu vou para Itália em trabalho. Este ano terei lá uma pessoa muito especial a participar, uma estreia em Ultratrail e logo na Serra D'Arga é de grande coragem - não tenho dúvidas nenhumas que o vai conseguir - com aquela garra e determinação que lhe reconheço, em condições normais, com maiores ou menores dificuldades está no papo. Quanto a mim, um dia tb vou ter esta prova no meu CV.

terça-feira

24h Portugal a Correr 2016 - alma cheia


Tal como prometido o CAL invadiu Vale de Cambra durante este fim-de-semana, quer dizer, não foi Vale de Cambra inteiro, nem sequer metade, mas apenas e só o Parque de Lazer dessa bela localidade … bem, tb não foi todo o parque, nem metade, foi um bocadinho dele ali ao lado do rio e a pista de mais ou menos 2,15km onde se disputou a edição deste ano das 24h Portugal a Correr J
No total eramos 16 elementos, divididos por 4 equipas de 4. A ideia de participar com um grupo foi minha, depois de ter servido de cobaia no ano passado. Quando há uns meses atrás sondei o pessoal para ver quem queria participar nunca pensei que a adesão fosse assim tão grande. Confesso que a minha primeira intenção era fazer a prova em individual, mesmo sabendo que só havia 3 semanas de descanso depois da CCC. Quis a sorte* que fossemos 16 interessados no total, o que me “obrigou” a inscrever numa equipa de 4 para bater tudo certo.
*foi mesmo sorte – no estado em que eu estava ia andar a arrastar-me por ali às voltas. Fiquei mesmo contente por não me ter inscrito individualmente. Tinha-me arrependido. Os Deuses da corrida estiveram comigo J
A lista inicial de inscritos sofreu várias alterações durante os meses que antecederam o dia D. Houve lesões e imprevistos que obrigaram a tal. O bom é que foi sempre possível colmatar as falhas com novos elementos e nenhuma equipa ficou “manca” … quer dizer, olhando que havia Pernetas em todas as equipas, elas eram “mancas” por natureza J … com o coordenar da coisa não tive cuidado especial na altura de fazer as equipas, a não ser com uma. Olhando aos resultados do ano anterior (que valem o que valem), eu achava que a nossa equipa mista mais forte poderia lutar por um lugar no pódio. Por isso, foi a única equipa escolhida a dedo por mim – todas as outras foi por escolha aleatória. O que a malta queria mesmo era pura e simplesmente passar um bom bocado, entre convívio e corrida – se viesse algo mais por acréscimo seria então perfeito J
Há umas poucas semanas o Nuno Silva (um dos nossos craques), numa reunião do clube, chegou-se à minha beirinha a dizer que preferia não fazer parte da equipa mais forte, pois queria concentrar-se num outro objectivo lá mais para o início de Novembro. Queria participar, mas sem o “stress competitivo” J. Ok, não há problema que aqui o “Mourinho” e “Mestre da Táctica” do CAL resolve o problema, e pimba …. quem ficou com a responsabilidade de substitui-lo??? Quem??? Pois, euzinho J … coitados dos meus companheiros de equipa – notei neles um desgosto muito grande, além de ficarem meios mancos, iriam ter que me aturar ainda mais de perto. Não lhes gabo a sorte J
E lá chegou o dia …maior fatia da logística à responsabilidade do Bruno e um bocadito à minha, e lá estávamos todos na Pastelaria Laurita em Fiães (já alguma vez disse que tem as melhores natas do mundo J) e pouco depois em Vale de Cambra. O que poderia correr mal? Nada!!! Ok, a tenda que o Bruno arranjou emprestada nunca tinha sido montada por nós … mas caraças páh, tínhamos vários elementos que já foram escuteiros, outros que foram à tropa, um ou outro que andou em seminários e o Américo, que não sendo engenheiro, parece J
o nosso craque alentejano a mostrar o que é que se deve comer e beber ao pequeno-almoço antes de uma prova

quando tenho uma missão, levo a coisa a sério 

Pastelaria Laurita ... se um dia passarem em Fiães vão lá, experimentem o Pastel de Nata e o "mau" humor do Beto... 

Ao ver como a coisa se estava a desenrolar, preferi oferecer-me como primeiro corredor … é melhor levar com quase 30 graus durante 2 horas do que aturar a malta a “armar a tenda” J Vamos mas é dar à perna …
os 4 magníficos que se voluntariaram para correr no primeiro turno, e assim evitar "armar a tenda"


E começou … a nossa equipa tinha decidido fazer turnos de 2h. Era um bocadito puxado, mas dava 6 horas de descanso entre turnos o que era bom. O meu primeiro turno correu bem – levava o firme objectivo de correr uma meia-maratona por cada um, o que daria 10 voltas. Estas primeiras duas horas ficam marcadas por um calor imenso, que me “obrigou” a parar nas boxes em quase todas as voltas para beber qualquer coisa, e refrescar a cabeça e pescoço com água. Único problema era a “tosse de cão” que carrego há umas semanas e que não me deixava respirar em condições. Acabei por fazer 11 voltas (quase 24km), sempre com um ritmo certinho. Bem bom. Estava na hora de passar o testemunho à Ana. Lembram-se dos marmanjos a montar a nossa tenda? Contei 5 voltas antes que se vislumbrasse algo parecido com uma tenda J
..isto foi na primeia volta ... não se esqueçam desta por fvr..

 hehehe.... tantos a "armar a tenda" ... hehehe

as "miúdas" trataram da delas num tirinho...

isso Perneta, tu salta enquanto podes ...


e vão 4 voltas e a tenda continua por "armar" ... hehehe


isso Perneta, tu ri-te ... isso já te passa ... 

olha, parece que conseguiram ... 

ai o car@.., um gajo a matar-se e eles na festa...

mas foi merecido ... ficou bem catita o quartel general do CAL

para terem uma ideia como se passava o testemunho...

Impressionante como as 6 horas seguintes passaram rapidamente. Entre almoçar, converseta com os amigos e conhecidos, beber umas mines e comer umas bifanas, mandar uns “mergulhos” no rio e tentar descansar um bocadinho, o tempo passou a voar e estava na hora de voltar à pista. Eram 20h e os meus colegas de equipa tinham-se portado lindamente colocando a nossa equipa em 8º lugar na geral e 2º nas equipas mistas. Foi a chamada prova de trás para a frente.



já fumega... 
 



nham nham


bem boa....


O meu 2º turno correu muitíssimo bem – tempo fresco e as pernas a responder muito melhor do que o esperado. Só a tosse me incomodava, mas em relação a isso nada a fazer. Fiz as mesmas 11 voltas (quase 24km) que no primeiro turno, com a diferença que fui quase 5 minutos mais rápido. Mais uma vez chegava a vez da Ana …


a correr e a atender o tlm ... segundo o Orlando Duarte esta é inédita... 


E eu fui tomar um banhinho e mudar para uma roupa quente … é que já estava frio. O problema é que a água tb estava fria!!! Mas tomei banho na mesma e fiquei muito confortável depois com as roupinhas quentinhas J … jantar, conviver com a malta e agora dormir umas 3 horitas para acordar fresquinho para o último turno. Querias ó Perneta! Mas quem é que dorme com este pessoal por perto … entre os que estavam em pista a correr (que precisavam de apoio), os que estavam à espera para o turno seguinte e os outros que estavam de visita para o convívio, não havia sossego. Se passei meia horita pelas brasas foi muito J … o que passou bem pelas brasas foram não sei quantos kg de fêveras, barriga, coxinhas de frango e entrecosto desde o meio da tarde até de madrugada e depois ao meio da manhã até ao final da coisa. E a sede tb foi sempre muita J


E num piscar de olhos eram 4h da manhã e estava na hora de entrar no meu último turno. Mais uma vez os meus companheiros de equipa estiveram espectaculares, colocando a nossa equipa em 5º da geral e em 1º nas equipas mistas, com uma vantagem de pouco mais de 12min para o segundo. O problema é que estava desfeito, os músculos das minhas pernas estavam duros e eu muito sinceramente não sabia o que iria conseguir fazer. Vesti um corta-vento, recebi o testemunho do Luís Lobo e comecei a correr sem pensar muito para ver se a coisa ia. A madrugada fria e a pouca gente na pista não davam muito com o que me distrair. O ritmo estava mais baixo, mas se o conseguisse aguentar iria fazer as 10 voltas que considerava o mínimo que tinha que fazer – não esteve nada fácil aguentar correr sem caminhar – ainda por cima a tosse estava a atacar forte e feio (talvez estivesse igual, talvez agora reparasse mais … e que farto estava eu de tossir, já me doía o peito). Aguentei 5 voltas e meia sem parar, e nas 4 seguintes comecei a meter 2 pequenos troços de 200m a caminhar – era tipo um prémio que me dava a mim mesmo – sempre a controlar para que a média desse para fazer as 10 voltas (21km), o que deu. Entreguei o testemunho pela última vez à Ana, que tb estava bastante debilitada e com dores. Mantínhamos o 5º lugar mas a concorrência estava mais próxima.
Fui tomar novo banho, nova muda de roupa e quando saio do balneário a luz do dia já nos presenteava, embora continuasse bem fresco. Tomei o pequeno-almoço, arranjei uma cadeirinha, cobertor nas pernas e um chazinho quente e fui para a pista dar apoio ao nosso pessoal (e aos outros tb), especialmente à Ana que estava numa luta titânica ali às voltas a resistir heroicamente às dores. O Filipe Fontes dormia e seria o próximo a entrar em cena … quando o fui acordar ele disse-me que estava completamente empenado, que não sabia se ia conseguir correr. Quando o Filipe entrou em cena, mantínhamos as posições, agora apenas com 2 minutos de avanço. Havia duas lutas … uma pelo quinto lugar da geral com duas equipas, e a luta pela vitória nas equipas mistas com uma dessas duas. O giro era que estávamos os 3 exactamente na mesma volta, apenas com uns poucos minutos de diferença.
lembram-se do Perneta aos saltos ... não parece, mas este "velhinho" é o mesmo ...hehehe .. ri-te agora...

que soninho... a PDI é do car@...ças.. 

mas não era o único.... 

mais uma troca... vai Filipe ... 

grande Aninhas ... grande mesmo ... 


O Filipe foi um herói, aguentou, aguentou até não poder mais, acabando 10 minutos mais cedo o turno dele completamente de rastos… mesmo tendo feito um pouco menos em relação aos dois primeiros turnos dele, chegou ao fim mantendo as posições e as distâncias – os outros tb se cansam J. Curioso como ao fim de quase 22h havia 3 equipas tão iguais – um pormenor engraçado é que nunca soubemos quem era a equipa que estava na luta pela vitória connosco, sabíamos o nome mas nunca conseguimos identifica-los durante a prova. Entrava agora o Luís Lobo em cena, o nosso craque alentejano, que segundo as próprias palavras estava bem e com vontade de correr com calor … que não seja por isso, sigaaa… J
Filipe nas lonas mas sempre a rir


E foi um guerreiro autêntico, até dava gosto vê-lo ali às voltas a um ritmo impressionante depois de tantas horas e com aquele calor abrasador. Espectacular, com os fones nos ouvidos, concentrado sempre a abrir caminho ... nunca pensei que as outras duas equipas continuassem a dar tanta luta – só a uns 15 ou 20 minutos do fim é que a distância começou a aumentar significativamente e ficamos com a certeza que iriamos vencer o escalão e ficar em 5º na geral. Bela forma de comemorar mais um aniversário - pois é, o homem fazia anos!!!



Deslocamo-nos até à entrada da meta e esperamos pelos nossos que estavam em prova – a ideia foi cortar a meta todos juntos fazendo a festa e foi isso que fizemos com a bandeira do clube puxada pelo Bruno e pelo filhote dele, o “nosso” Renatinho J … foi bonito, foi sim senhor!!!
 



281km não é muito mau pois não???



Seguio-se a entrega dos prémios, onde pela primeira vez desde que corro tive a oportunidade de subir a um pódio sem ser a brincar. E logo ao ponto mais alto. Agradeço ao pessoal da minha equipa que correu, Ana, Filipe e Luís – grandes máquinas. No meu lugar deveria ter estado o Nuno Silva – essa era a melhor equipa, mas quis o destino que eu o tivesse que substituir e mesmo assim foi suficiente para trazer um caneco J



Por falar em Nuno Silva e para terem uma noção das diferenças para mim – ele correu por uma das outras equipas do CAL – sabem que a volta mais rápida de todas as 24h (entre individuais, por equipas, pessoal das provas mais curtas de 3h, e coiso e tal) foi dele? À pois é bebé … imaginem ele no meu lugar. Não sei se não daria para um pódio na geral tb. Mas pronto foi assim e esteve muito bem.
Parece uma gazela ...

sim, cada volta tinha 2,15km .. é só fazer as contas


Mas muito mais importante do que pódios e prémios, foram estas 24h (e mais uns pozinhos) que passamos em convívio entre amigos, não só do CAL pois temos muitos amigos em outras equipas também. Foi verdadeiramente espectacular e o tempo passou num ápice. Foi a corrida que nos levou até Vale de Cambra, mas venho (acho que posso dizer vimos) todos de coração cheio a todos os níveis. Não me canso de dizer que sinto um enorme orgulho em fazer parte do CAL, de termos este espirito contagiante de boa disposição – é uma satisfação enorme ver isto reconhecido por tanta gente fora do nosso clube, que apenas se cruza connosco de vez em quando. E estamos a crescer em gente boa … sinceramente, estou mesmo muito orgulhoso de todos nós, mas mais ainda de alguns dos nossos que responderam positivamente ao desafio e se “atreveram” a participar – amigos que correm há pouco tempo e que apenas fazem distâncias mais curtas, enfrentaram o “touro” pelos cornos e superaram-se à grande – deu-me um prazer enorme ver as “lutas” da Samanta, da Lurdes, da Albina e do Filie Moreira – grandes guerreiras (o) J
não faltou a festa supresa ao Luis Lobo, aniversariante do dia ...

o Xô Presidente não se esqueceu de trazer um bolinho e tudo ...


banhinhos de rio... viva o luxo

Brunage... 

friinho e soninho ... 

e sede...muita 

 depois admiram-se que os caixotes enchem ... 

pois ... isto foi antes do 2º turno... 

isto já foi depois do 2º turno... lol 

Luis Trigo ... não é do CAL mas é como se fosse...

Que dupla ...  

outra dupla ...


e mais uma dupla..


Para a história aqui os que participaram activamente na prova, a quem agradeço me terem proporcionado um dia em cheio:
Luís Lobo

Jorge Bernardino 

Nuno Silva 

Samanta Maia 

Nuno Lima 

Badolas  

Albina Dias

Bruno Pinho o "meu menino"

Filipe Moreira

Filipe Fontes 

Xô Presidente Lucidio Dias a dar o exemplo

Zé Miguel 

Américo Gomes 

Lurdes Tavares 

Ana Santos


Uma palavra de carinho especial a quem nos veio dar apoio mesmo não correndo. Desculpem-me os outros, mas destaco o Zé Alexandre e o Joel que estavam inscritos desde a primeira hora e não puderam participar por estarem lesionados. Mesmo não estando dentro do “ringue”, é como se tivessem estado e são sempre parte integrante da equipa.
Ganda Joel

Ganda Zé Alexandre


A organização esteve ao nível habitual. Excelente!!! Espero que tenhamos ajudado a desmistificar um pouco estas provas de 24h ou 100km a correr às voltas num circuito – a maior parte dos corredores acha que somos malucos, até podemos ser um bocadinho, mas não é nada deste mundo. Experimentem participar um dia e vão adorar de certeza absoluta.
Uma palavra de agradecimento especial ao Orlando Duarte, que mais uma vez não podendo correr, esteve presente durante todo o tempo, de máquina fotográfica em punho para nos dar a todos umas excelentes recordações deste evento. Espero que recupere bem da operação ao joelho para voltar a participar como corredor e deixar a paixão da fotografia para outros. Perdemos umas fotos giras mas ganhamos a companhia do Orlando “lá dentro” J
Não consigo transmitir assim bem o que foi para mim estas 24h na companhia da minha gente … quem acompanha o meu cantinho e convive comigo, sabe que as 24h do ano passado foram para mim uma das maiores histórias da minha vida de corredor, foi épico, adorei a luta, foi uma grande vitória e superei-me a todos os níveis – ainda hoje é de longe a maior distância que eu percorri até à data. Se tivesse que escolher entre as duas, escolhia esta deste fim de semana … e não foi pelo pódio J
Até pró ano ...