sexta-feira

Estágio em Sintra - dia 1


Fui uns poucos dias com a Pikinita até ao estrangeiro – a moça teve que ir em trabalho dois dias a Sintra e eu, como ainda tinha o meu passaporte válido, aproveitei a embalagem para um estágio de dois dias por aquelas bandas. Quartel General instalado em casa dos sogrinhos na Amadora onde me trataram como sempre … muitíssimo bem, ou seja, não iria enfrentar os trilhos mal abastecido J

Lembrei-me de chatear o meu amigo Artur que é da zona e conhece bem os trilhos da Serra de Sintra – há uns anitos ele já me tinha servido de Cicerone por aquelas bandas. Estava na hora de o voltar a fazer J … e assim foi … 2ª feira a meio da manhã arrancámos  junto da Lagoa Azul onde a água é tudo menos azul … mas pronto, pormenores. 








Andamos quase 5h pela Serra de Sintra, fomos a sítios onde já tinha estado mas por outros caminhos, e fomos a sítios que para mim foram novidade. Peninha, Trilho da Viúva, Subida do Monge (ou será Monges), Barragem da Mula, Lagoa Azul … descemos a Malveira para beber uma bejeca fresca e almoçamos umas sandochas de presunto e queijo que levei na mochila na Pedra Amarela, que por acaso é branca … começo a achar que esta malta de Sintra é daltónica J





Peço desculpa pelo sacrilégio


Pedra Amarela que afinal é branca...

Soube que nem ginjas...


Foram 30km feitos a um ritmo tranquilo, mesmo assim e com o calor que estava, fizemos algumas belas de umas subidas a correr. Destaco a Subida do Monge que penso que não estaria no cardápio … íamos ali tranquilos a trote quando eu vejo uma picada bem acentuada do meu lado esquerdo e digo “éh lá … afinal  aqui tb há umas subidinhas jeitosas” … diz o Artur “é a Subida do Monge, os prós andam aqui muitas vezes a treinar… queres fazer?” … “Vamos” …

… fiz a Subida do Monge toda a correr (era mais corrinhar) … aquela merda engana, porque ao fim do primeiro patamar é que começas a ver o segundo, e depois mais um bocado, e mais outro bocado, nunca mais acaba. Podia dizer que tive dificuldades porque levei umas Nimbus nos pés e devido à inclinação os pés escorregavam um pouco, mas o coração na boca, os pulmões a querer estourar e as pernas a ganir são a prova que é falta de preparação ... mas fiz caralho, ferrei-me todo para não dar parte fraca e fiz … chegado ao cimo parei para tentar apanhar ar … o calor tb não ajudou, mas como o Artur estava ali fresquinho como uma alface chega de desculpas esfarrapadas J  gostei da Subida do Monge J


Azul??? 


Gostei muito da Serra de Sintra, é muito diversificada a nível de trilhos que vais encontrando pelo caminho. Não é muito alta, a Pedra Amarela fica a pouco mais de 400m de altitude ou seja, até o Camouco do nosso quintal vai mais acima (quase aos 500m). Mesmo assim fizemos quase 1200mD+. 



Senti-me bem durante o treino, a parte muscular que me andava a chatear não deu à costa. Ao fim do dia ainda fui caminhar uns valentes km em família e no dia seguinte estava pronto para o dia 2 do estágio.

Obrigado Artur pela excelente companhia – espero ver-te ali para finais de Julho pela Beira Baixa J
ahh … pazes feitas 

quinta-feira

João Lima & PT281

Como sabem tinha previsto tentar a maior loucura de todo o sempre em 2020 – depois de andar a namorar a prova bem ao longe durante anos, esteve mais próxima em 2019 mas tive juízo. No final desse mesmo ano decidi fazer-me homem, puxar as calças para cima, desabotar os 3 botões de cima da minha camisa, encher o peito de ar e avançar sem medo fazendo a inscrição na PT281. 

Foi o primeiro passo ... achar que é o mais fácil, mas olhem que carregar nos botões do pc, digitando os meus dados, escolhendo a distância não foi assim tão fácil … aquilo andou ali para trás e para a frente um bom bocado. Quando confirmei fiz logo o pagamento … está decidido está decidido … sigaaa J

Traçar um plano? Pois … inscrevi-me numa altura em que estava a recuperar de lesão. Primeiro precisava de adquirir rotina de treino, voltar a correr todos ou quase todos os dias. Arranjei um gajo fixe para me orientar, gajo esse que deve achar que eu ainda quero ir aos jogos olímpicos J

Janeiro foi bom, rapidamente criei as rotinas e fiz um primeiro mês com 300km. Em Fevereiro dei seguimento ao bom trabalho, comecei a fazer treinos mais técnicos como series e rampas durante a semana e fiz duas Ultra em Trilhos, Santo Thyrso Ultra Trail e Sicó … 410km num mês e a forma a aumentar.

Em Março apareceu o “bicho e o respectivo abrandar dos treinos. Tive um problema num pé depois de Sicó que me demorou alguns dias a debelar mas até meio do mês ainda fiz uma bela catrefada de km e um último longo de 35km no fim de semana antes de entrarmos em confinamento. A partir daí a coisa diminui, não em numero de treinos, mas em duração … raramente passava da 1h de corrida, a média terão sido uns 45 a 50min, sempre aqui ao lado de casa – umas series e umas rampas para não deixar emperrar as pernas. Resultado … 250km apenas. Começaram as provas a ser adiadas, em alguns casos anuladas – tinha uma Ultra nos Açores para final do mês, a Bravos Trail na Terceira – foi adiada para Outubro - ninguém sabia o que iria acontecer mas já se começava a dizer que provas este ano seriam para esquecer. Será?

Veio Abril … mais do mesmo. O “bicho” andava aí forte e era preciso respeitar as ordens. Saídas pequenas, perto de casa. Mesmo assim cheguei aos 300km … o treino mais longo que fiz foram 17km num treino de series longas, um treino que me demorou 1h10. Quanto às provas foram cada vez mais a cair, uma por uma, como tordos. A PT281 mantinha-se firme – ainda faltam uns meses mas a verdade é que achei que não se iria realizar – se por acaso se vier a realizar como é que a malta se prepara? Começaram as conversas semanais com o meu compincha de aventura … o Nuno era da minha opinião. Não se vai realizar, mas se realizar a gente vai na mesma, está paga e está. Vamos até onde o corpo nos levar.

Em Maio finalmente o desconfinamento que já me permitiria ir até ao Monte fazer uns treinos longos. Só fui na primeira semana fazer 30km no Quintal dos Pernetas – fiquei surpreendido com o à vontade com que os fiz e com a recuperação rápida – o velhadas do Nuno já não dizia o mesmo J. Uma forte dor toráxica que nada teve a ver com corrida deixou-me ko durante mais de uma semana e quando voltei foi uma cena muscular a deixar-me mais uns dias afastado dos relvados. Entretanto regressei e já voltei aos treinos longos. Devo conseguir fazer uns 350km este mês. Da organização da PT281 continuava a não haver dados concretos, mas percebemos que estariam a tentar tudo para que a prova se realize. Eu e o Nuno umas vezes decidíamos que íamos na boa e logo se via, e outras vezes já nem pensar … se nos deixarem passar a inscrição para 2021 a gente aproveita porque não treinamos merda nenhuma de jeito. Faltam os longos. 

Isto até que esta semana, na 3ª feira a organização do PT281 nos envia um mail … basicamente a dar-nos a escolher entre manter a inscrição e participar em 2020 (que ainda não é certo, decisão a 15 de Junho) ou a dar-nos a hipótese de passarmos a inscrição para 2021.

É páh … e agora? Sou um estarola velho com alguma experiência em provas longas mas nada desta envergadura. A preparação até à data foi a possível muito longe do que se esperaria, faltam especialmente os tão preciosos treinos longos. Ainda temos 2 meses que não são nada, pois as últimas duas semanas já não contam. Temos 6 semanas. Não será melhor deixar para o próximo ano?

O que fariam vocês?

Nós já tomamos a decisão. Tenho um amigo que me deu uma noticia muito triste este fim de semana – não poderá correr mais. Alguém que durante 15 anos desfrutou da corrida como ninguém, foi uma inspiração para muitos e prestou um incalculável serviço público ao pelotão de corrida nacional com o seu blogue, os calendários de provas, classificações de provas e estatísticas, de repente não poderá mais correr devido a uma lesão num joelho. Conseguem imaginar receber um noticia destas?

E o que é que isso tem a ver com ir à PT281 este ano? Tudo …

O João Lima escreveu no texto em que deu a má notícia à comunidade “… aproveitem ao máximo cada passada, nunca sabem se será a última…” 

É isto que vou fazer …  fazer o possível e mais um bocadinho. Se não for suficiente, não importa, nada tenho a provar a ninguém. Vou aproveitar o momento, porque sei lá se o posso tentar no próximo ano.

Fica aqui um grande e forte abraço ao João Lima, desejos de muita força neste momento difícil mas com esperança que a situação possa reverter de alguma foram, nem que seja para permitir fazer corridas mais curtas. Isto é tão injusto!!! 

Voltando à PT281 … enquanto não chega o dia 15 de Junho, dia das decisões, vou treinando o que posso…


terça-feira

Quintal dos Pernetas - O Regresso



E ao fim de mais de 2 meses regressei ao Quintal dos Pernetas para correr.

Que saudades eu tinha disto e o regresso não podia ter calhado em melhor dia. Depois de um sábado de chuva intensa e quase sem interrupção o domingo abriu com o sol a espreitar timidamente entre umas frinchas de nuvens cada vez mais brancas e a abrir.

Pouco passava das 8h quando começamos com intenção de fazer o percurso longo dos Trilhos dos Pernetas mas em sentido contrário. Apenas uma ou outra alteração para fugir a uns trilhos que sabia de antemão que iriam estar quase impraticáveis … foram muitos meses sem os calcarmos semana após semana, não chegamos a fazer as limpezas este ano e o tempo solarengo intercalado com dias de chuva tem feito as delicias do mato que cresceu como nunca … tinha tido uma pequena amostra do estado de alguns trilhos na 5ª feira anterior, dia em que levei a Bé a conhecer os Trilhos dos Pernetas numa caminhada de fim de dia que acabou por se estender durante 2h e quase 7km J








Será que terei companhia para percorrer trilhos no futuro? Eu gostava ...


Voltando a domingo … os trilhos estavam apenas perfeitos … podia ser dos meus olhos e das saudades daquilo tudo, mas juro que não era só … aqueles trilhos molhados de pedras lavadas e escorregadias, os pequenos cursos de água a escoar serra abaixo, os cheiros, o chilrear dos pássaros e a quantidade de animais que vimos pelo caminho fizeram as nossas delicias. A paleta de cores estava incrível com destaque para os diferentes verdes, especialmente o dos musgos agarrados a pedras e árvores, os diferentes tons das terras e pelo colorido das flores campestres que mais pareciam um arco iris … amarelos, branco, diferentes tons de lilás, violetas e azúis … espectacular mesmo …










Embrenhamo-nos nos trilhos junto ao Inha, molhamos os pés e as pernas na água que estava no ponto, escalamos o Camouco que estava com as vistas completamente desafogadas … 360º de vistas esplendorosas, desde os mares das nossas costas, do Porto, do serpentear do Douro, as Serras do lado de lá … Valongo, Boneca … Castelo de Paiva, São Domingos da Serra, Montemuro e Freita … mantos verdes salpicados de amarelo e lilás de perder de vista … à vista já pouco resta dos incêndios de há dois anos atrás … bem sei, só à vista … as perdas não se irão recuperar tão cedo … 



por acaso tem ali aquela pedra se não já tinha que dar cabo das cruzes...

Passamos no Marco dos 4 Concelhos e logo depois no ponto mais alto da zona … o Marco Geodésico … porreiro porreiro era a D.Alice ter serviço de Take Away … uma chamada bastou para o confirmar e 40min depois estava a chegar a Parada com os ovinhos a serem fritos na hora como sempre – Grande D.Alice J.  



Tínhamos 21km nas pernas  e já apetecia um abastecimento em condições … a sande estava divinal … o pãozinho fresco, o presunto cortado no ponto e o ovo frito na hora … que maravilha … a mini gelada escorregou pela goela que nem ginjas … comia outra mas é melhor não … vamos seguir viagem que ainda faltam uns km.


Um amigo novo … apresento-vos o Leão

4 meses e já um bezerro atrevido...refiro-me ao canito :)

Os trilhos habituais, mais um encontro com um afluente do Inha … não sei se já tinha referido, mas a temperatura da água estava no ponto também J … lugar do Pessegueiro … agora é descer para a Ponte dos Pernetas, lugar sagrado e mágico … até a força da água estava perfeita, com a cor perfeita e criando a cascata perfeita … 





O recreio já estava a acabar … a subida final de regresso à Capela da Sra.da Piedada foi em grande parte feita por alcatrão entre as casas mais periféricas de Canedo - tínhamos escapado a arranhar as pernas, não ia ser agora que o iriamos arriscar – tb foi bom, foi diferente do habitual … vimos casas velhas mas com história entre casarões super modernos longe mas ao mesmo tempo perto de tudo … 


Foram 5h para 30km … passou num ápice e isso é bom J … estava com saudades …  foi um regresso perfeito J