sexta-feira

P.I.R.O.C.A. - vamos experimentar a grande?

 

por extenso :D ... quase que não havia espaço no panfleto

Depois de sábado ter ido fazer o pequeno estava no plano ir experimentar o P.I.R.O.C.A. maior com a pernetada 😉.

Mas houve um imprevisto e tive que alterar os planos … em parte .., não fui correr, mas estive lá, a acompanhar a malta de perto para eles não se perderem.

queria ver era a pegar em mim

txiiii ... fodeu-se

a preparar o material de mergulho ... entendedores entenderão

a prova como tb lá estive 

Apareceu um grupinho jeitoso que se dividiu em 2 … uns foram reconhecer o percurso dos 10km e os outros iriam experimentar o maior para ver o que dava. Sigaaaa ….

Até aos 6,5km ambos os dois percursos são iguais … está tudo no post de ontem (aqui) .

como a subida para Serralva

ou as travessias de rio  ... é permitido mergulhar :D ... entendedores entenderão

Aos 6,5km junto ao rio Inha dá-se a separação .. o percurso maior corta à direita e começa logo a inclinar … é o ataque ao Camouco … quem conhece já sabe como é, quem não conhece que se prepare porque a coisa não é nada meiga … serão quase 5km, mas a dificuldade está nos primeiros 2km que chegam a ter troços com 20% de inclinação e a subida final ao Camouco que é bruta … pelo meio há um “descanso” de 2km em estradão de terra e até algum alcatrão para passar o lugar de Monte de Meda para esticar as pernas e recuperar um pouco. O desnível positivo neste troço deve rondas os 400 a 450m, sendo que a maioria é feita em 3km.

aqui na zona onde dá para esticar as pernas

se na aldeia de Monte de Meda encontrarem o Hoki façam-lhe uns mimos ... ele ladra muito mas só quer festas


tb fui ao Camouco e levei companhia especial

Perneta em formação

Houve abastecimento organizado pelo "je" ... minis, sandes de queijo e presunto, batatas fritas ... dia 26 não há nada se não ninguém quer sair dali ...

Conquistado o Camouco é altura de ficar ali um bocadinho a apreciar a paisagem, tirar umas selfies, meter os pulmões outra vez para dentro, antes de iniciar o regresso. A descida até ao rio Inha, exceptuando os primeiros 500m que são muito empedrados e inclinados, será feito por estradões largos em terra com pouca inclinação, sempre a descer e sem grandes dificuldades técnicas. É a altura para dar verdadeiramente gás durante quase 4km … haja pernas.

Eis que não quando estão no rio Inha novamente, aprox. 15km nas pernas e prontos para regressar ao estádio das Valadas. Estes últimos 3km voltam a ser iguais ao percurso mais pequeno. São 250m D+ … primeiro em estradão até ao abastecimento (16km), depois o “Bosque do Carlinhos” com os seus castanheiros seguido da descida até à “Ponte dos Pernetas” para depois encarar as subidas finais, primeiro até à Etar e depois até ao Estádio do Canedo Futebol Clube.

foto escadandalosamente gamada à malta que foi levar com a pequena

Está feito … 18km com ca. 900D+ e outro tanto de D-. Venha a bifana e a mini fresca!!

Parece fácil mas olhem que é um belo de um empeno!!!



quinta-feira

P.I.R.O.C.A. - fui experimentar a versão curta

No dia 26 deste mês vamos organizar o treino aberto Pernetas International Running Organization ao Camouco e Arredores, ou vulgo P.I.R.O.C.A para encurtar a coisa 😉

Depois de treinos épicos do passado, como o F.O.D.A. e o P.I.T.O., temos agora este que segue a mesma linha de parvoíce.

Mas é o primeiro que entra no conceito dos treinos abertos do concelho com o apoio da Camara Municipal da Feira, que existem já há vários anos e nos quais sempre estivemos presentes com treinos organizados por nós – aliás, os Pernetas fazem parte desde a primeira hora deste conceito o que muito nos orgulha. No entanto sempre o fizemos com nomes mais conservadores tipo “Trilhos do Inha” ou “Trilhos Marco dos 4 Concelhos” … este ano decidimos pelo dois em um e foi giro fazer passar isto na Camara Municipal … conseguem imaginar as reuniões com o P.I.R.O.C.A. na mesa??? 😉

No flyer oficial da Camara colocaram por extenso ... ainda não percebi porquê?

No passado temos tido quase sempre uma grande participação nos treinos que organizamos … a não ser quando chove e está frio, aí só aparece metade porque os outros tem medo de se constiparem. Mas nada fazia prever o que veio a acontecer desta vez … as 200 inscrições que tínhamos previsto voaram literalmente em menos de 24 horas … as 50 que abrimos excepcionalmente foram em 30 minutos … depois de alguma discussão interna para decidir se alargávamos mais um pouco lá nos decidimos por mais 50 … 300 e já é muito … acontece que nos distraímos um pouco e quando demos por ela a coisa já estava bem acima dos 350 … acabou! Nem mais um … chupem Coldplay!!!

“Mas qual é o problema de serem 300 ou 1000, é apenas um treino!!!” É uma forma simples de ver a coisa … mas há que ver por trás da coisa … nós encaramos isto como encaramos as nossas provas, onde a malta paga para participar. Existe toda uma logística por trás, abastecimentos e por fim tb bifanas e minis que saem literalmente do nosso bolso ou do bolso de um ou outro patrocinador que conseguimos angariar… capice??? Queremos fazer as coisas bem … é por isso …

Pronto … já divaguei que chegue … vamos ao percurso mais pequeno, dos 10km? Oupas …

Partimos do estádio das Valadas, casa do Canedo Futebol Clube, e não demora muito a entrar no monte, primeiro a descer para depois fazer logo a primeira subidinha em single track para aquecer os motores – são “só” uns 300m . O início dessa “rampa” obriga a alguns cuidados porque temos que saltar um pequeno muro e as pedras escorregam, e os primeiros 2 metros tem que ser escalados usando mãos e pés e mais o que for preciso … existem árvores que podem ajudar mas atenção que tb há mato que pica as mãozinhas 😉

fui muito feliz aqui em 19XX... há uns poucos anos atrás



não parece muito inclinado pois não???

Depois é descer o “trilho do gato morto” que ao contrário de anos anteriores até que está bem transitável sem que tenhamos que arranhar (muito) as pernocas. Tb era melhor, depois da auto-estrada que abrimos no ano passado 😉 … atravessamos a estrada junto à ETAR de Canedo e voltamos a entrar no monte para mais uma subidinha jeitosa, seguida de uma descida para chegarmos à entrada do lugar de Serralva … 3km estão feitos …

Agora é 1km de alcatrão para atravessar Serralva … mas não pensem que é para descansar … nos primeiros 700m sobem 70 (10% em média) .. fixe não é? O desafio que lanço é fazerem isso a correr, pq logo de seguida entram no monte e um bocadinho mais à frente vão dar com a tromba no abastecimento … 4,5km e 200m D+ até aqui.

vão passar 2x aqui, aos 4,5 e aos 8km

Agora é estradão em terra sempre a descer até ao rio Inha. É ca. de 1km com o terreno a ficar mais empedrado à medida que chegam mais perto do rio.

Siga para 1,5km sempre junto ao rio Inha, tudo planinho … quem conhece sabe que terá 3 travessias de rio … o caudal está calmo, a água está super transparente e por acaso achei que ia estar mais fria … é procurar os sítios menos fundos 😉 … fiquei um bocadinho decepcionado com o cenário … sempre foi uma das zonas mais bonitas do nosso quintal e já não passava ali há uns mesitos … com o mau tempo do fim do ano e inicio deste ano o cenário mudou, muita árvore caída … as fortes chuvas fizeram o rio transbordar e arrastaram da serra todo o tipo de paus, troncos e até lixo … os trilhos continuam bem definidos e é preciso apenas algum cuidado em algumas zonas porque os pauzinhos passam rasteiras a quem não tiver atento 😉 … agora é esperar que as limpezas e a natureza se encarreguem de voltar a transformar a zona num pequeno paraíso …




tava molhada

Por volta dos 6,5km há a separação entre o P.I.R.O.C.A. grande e o pequeno. O grande terá um corte à direita para enfrentar a subida ao Camouco … se tiverem vontade em apreciar uma vista fantástica não se acanhem e sigam o percurso dos 18km… vale mesmo a pena … se preferirem ficar sossegadinhos é melhor seguir em frente junto ao Inha.


Por volta dos 7km acabou-se o passeio junto ao rio e está na hora de voltar … lembram-se dos 200m D+ que tinham no abastecimento? Aqui aos 7km está igual … faltam um pouco mais de 3km para chegar à meta … ainda vão subir + 250m 😉 … o primeiro km é um estradão com alguma pedra aos “S” que nos leva até ao abastecimento novamente … só tem uma dificuldade … a inclinação …

Depois do abastecimento já cheira à meta … nos últimos 2km vão passar o “Bosque do Carlinhos” com os seus castanheiros, descer em single-track até à “Ponte dos Pernetas” com a sua cascata … para depois atacar a última subida …. primeiro até à ETAR e depois até ao Estádio das Valadas por um single track que me arranhou todo pois o mato está crescido e bravo … vamos tentar dar um jeito nisso antes do dia 26 porque vocês são umas florzinhas de estufa 😉








a malta gosta de tatuagens???



Pronto é isto … ca.10,3km com 450 D+ e outro tanto de D- … é uma voltinha engraçada.




No fim há uma bifana by Chefe Badolas e um mini fresquinha … e depois é andar pra casa que a gente não está para vos aturar.

Amanhã explico o que podem esperar do P.I.R.O.C.A. grande.

quarta-feira

Aventuras em Marraquexe - Pernetas on tour

e fodeu-se mesmo ...

"Bem... amanhã vou para a minha sei lá agora quantas maratona de estrada, a Maratona de Marraquexe A ideia é acabar... sem ambições de tempo.

O que queria desta maratona já tive... dois dias fantásticos com a familia calense/Perneta onde a diversão e as histórias para contar são já mais que muitas e isto ainda não acabou

Vamos lá tentar pôr a cereja no topo do bolo e concluir mais uma

Nota: já estou a escrever agora pq daqui a uns minutos vamos todos jantar, depois beber um copo e se for como ontem não sei se terei "condições" . Sigaaaa...

#pernetasontour

#maratonademarraquexe

#tábonito


Foi este o meu post anterior à Maratona de Marraquexe … a verdade é que os dois dias anteriores à Maratona foram qualquer coisa de espectacular, cheios de boa disposição e diversão com tantas, mas tantas cenas surreais que vivemos que daria para escrever um livro.

Não sendo a primeira vez que fomos assim em grupo passar uns dias ao estrangeiro, nunca tinha sido num grupo tão alargado – eramos 24, incluindo crianças de várias idades … eu tinha sérias dúvidas que a coisa funcionasse em pleno para um grupo tão grande … mas funcionou 😉 … outra situação que me deixava na dúvida é que a viagem era a Marrocos … até à data tinha sido sempre em cidades europeias (Madrid, Paris, Roma, Berlim, Sevilha) … como seria num país africano??? Foi de arromba … mais à frente conto algumas coisas … mas agora vamos ao que foi a Maratona mais surreal da minha carreira de corredor, a 17ª concluída com sucesso.

Viajamos para Marraquexe em voo directo do Porto na 5ª feira à noite … pouco mais de 1h30 de voo. Do programa inicialmente previsto, na 6ª iriamos visitar Marraquexe com um guia durante todo o dia, ficando o levantamento do dorsal e a visita à Expo Maratona para sábado. O que acontece é que dava chuva para 5ª feira (um dos 3 dias em que chove anualmente por lá) e decidimos trocar os dias.

aqui vamos nois ...

em Marrocos sê marroquino ... Mr.Moustache 

5ª de manhã, pequeno-almoço, e lá vai o grupo todo para a Expo-Maratona … eu na minha inocência não tinha levado géis, achei que os podia comprar lá. Só v/ digo uma coisa … nunca, mas nunca mais se queixem de organizações das provas em Portugal.

A “feira” estava instalada numa praça ao ar-livre e tinha dois palcos montados, uma coluna a botar música marroquina, um pórtico ainda a ser montado por meia dúzia de gajos que se fartavam de discutir uns com os outros e não se entendiam, e claro, um poster grande com o Rei de Marrocos. De resto havia uma dúzia de stands pequenos à volta da praça que seriam dos patrocinadores … apenas dois ou três estavam a funcionar, os outros estavam vazios.

Levantar os dorsais era em dois locais, dependendo com que intermediário tinhas feito a inscrição. O controle era feito à mão, com uma listagem impressa onde umas raparigas entregues à sua sorte, e arranhando um inglês manhoso, tentavam desenrascar os ainda poucos atletas que tentavam levantar os seus dorsais. No meu caso que ia prevenido com o mail de confirmação que me tinham enviado e até que foi fácil, mas houve compinchas que tiveram alguma dificuldade em que fossem encontrados os seus nomes nas listagens. Estavam inscritos mais de 10.000 pessoas entre Maratona e Meia Maratona – nem quero imaginar como terá sido na 6ª feira, dia onde normalmente há mais afluência de gente.


Até ali para mim a Maratona iria começar às 7h30 conforme programa, conforme regulamento e conforme site da prova … num poster com o percurso por ali afixado vi que o inicio afinal era às 8h30. Questionada a moça, ela confirma que seria às 8h30, que tinham mudado … pronto, avisar que é bom tá quieto. Tb perguntei à menina se iria haver bengaleiro onde pudesse depositar a roupa antes da corrida … o olhar da moça a tentar perceber o que eu queria já dizia tudo … diz ela” eu acho que não, mas eu vou estar cá… “ … “deixa lá ….” … estava mesmo a ver 10.000 pessoas a entregar casacos e calças antes da corrida à moça e ela a gerir aquilo tudo 😉 … vamos ter que nos desenrascar …

O meu primo Elisio, que se esqueceu de inscrever na Meia Maratona conseguiu fazê-lo na hora … e 5 euros mais barato do que os que se inscreveram online a tempo e a horas … incrível 😉

E os géis? Não havia ninguém a expor absolutamente nada … os stands estavam montados mas vazios. Nem o patrocinador principal, uma marca de cremes e óleos marroquinos, tinha o seu stand ocupado … atenção que estamos a falar da 33ª edição desta Maratona, uma Maratona internacional. Bem-vindos a Marrocos!!!

e aproveitamos para promover o nosso evento 

O que vale é que a malta estava bem disposta e a levar tudo na boa … sem stress, a gente desenrasca, afinal estamos ali para nos divertirmos. E foi o que fizemos … primeiro ainda ali, com fotos, vídeos e danças marroquinas e depois pelo primeiro périplo pelo centro de Marraquexe, incluindo a Medina, durante o resto do dia. Mas já lá vamos … avancemos dia e meio.

No sábado à noite deitei-me com dores de cabeça … já íamos em dois dias sem grande descanso. O efeito do Benuron que tinha tomado antes do jantar tinha sido anulado pela barulheira de um músico marroquino que actuou no Bar do Hotel enquanto víamos o Porto a malhar o Sporting na final da Taça da Liga. As pernas estavam bastante razoáveis para quem tinha andado dois dias a calcorrear as ruas da cidade … preparei o equipamento e fui dormir.

O despertador tocou eram 6h20 da manhã … desliguei rapidamente e levantei-me tentando não acordar a Pikinita – a malta que ia à meia-maratona iria mais tarde. Equipei-me na casa de banho e senti a barriga estranha … um largar de javalis confirmou o receio … a coisa estava um pouco para o liquido (que querem? Querem saber dos pormenores fofinhos tb tem que levar com os mais nojentos) … “ó diabo … tu queres ver?” … tive tanto cuidado, não comendo nada nas ruas da cidade, evitando legumes e frutas, comendo o máximo de coisas cozinhadas. Até os dentes lavei com água engarrafada para que as histórias que ouvi da boca de malta que já tinha estado em Marrocos não se repetissem comigo. Nos 15 minutos que estive no quarto fui 3x à sanita … “tou fodido”. Desci e encontrei-me com os meus dois companheiros de Maratona, o Fontes e o Américo, para o pequeno-almoço.  


carinha de sono ...

O Taxi apanhou-nos a horas (o que é de estranhar) pelas 7h15 não sem eu antes voltar a fazer uma visita à sanita da casa de banho do hall do Hotel. Tal como previsto estava o chamado “frio do caralho” … 1 grau … dado não haver bengaleiro decidi-me a levar o impermeável e correr com ele amarrado à cintura. O problema seria como é que nos iriamos manter minimamente confortáveis durante a hora em que teríamos de ficar à espera. Mal o táxi nos largou na rotunda que dava acesso à zona de partida/chegada vi a nossa salvação … um “Costa Coffee” aberto … foi um alívio que nem imaginam … estivemos até 15 minutos antes da partida no café, resguardados do frio de rachar que estava lá fora. No meu caso tb deu para ir mais 2 vezes à casa de banho … 6 vezes no total …

o Costa Coffee foi a nossa salvação


vamos a isso ...

O ambiente na zona da partida estava tranquilo … não seria mais de uns 700/800 participantes na Maratona. Havia um speaker que de animar pouco percebia, gente a assistir eram poucos e até a tribuna do rei estava completamente vazia … não lhe deve ter apetecido acordar cedo 😉 … a partida tb foi chuchinha, nem uma contagem descrescente e quando dei por ela já estava a correr … csafoda … vamos a ela.

Não levava nenhum objectivo de tempo pois não me preparei minimamente para correr uma Maratona … treinos longos não fiz, fiz pouco mais de 30km em Dezembro no 3h Resistência e 2 ou 3 vezes vinte km nas últimas semanas  … acho que nunca tinha estado tão “desinteressado” com uma prova como desta vez … só no dia anterior me preocupei um pouco com o percurso e pormenores desses. Gostava de fazer a prova toda a correr, apenas isso…  

Decidi ir com o Fontes e com o Américo até onde desse, aproveitar a boa companhia … e assim foi … o percurso da maratona é um percurso chato … resume-se a andar na periferia da cidade, rectas muito longas, de perder de vista, com muitos e muitos km.

havia mais tugas ... aqui com o João Ricardo na sua 11ª Maratona

ao inicio é tudo sorrisos

Os primeiros 10km são a descer para fora da cidade e vale-nos a boa disposição entre atletas … nas ruas, além das hordas de carros e motas, presos por policias e gradeamentos nas rotundas e cruzamentos onde passamos não se passa nada ou muito pouco. O dia ainda está a “arrancar”, tal como a nossa Maratona. Embalados pela emoção de estar numa Maratona e pelo facto de o percurso ser a descer acho que se exagerou um pouco… especialmente o Americo … várias vezes tive que travar a mota à malta pois facilmente os ritmos baixavam os 5min/km … já temos muita experiencia em Maratonas para não embarcar em euforias, mas a verdade é que nos esquecemos facilmente disso.

"sinto-me tão leve que não posso acreditar...
voa, voa, voa... " 

Por volta dos 10km o sentido inverte-se e começam a subidas que em algumas partes deixam de ser meigas … numa das partes mais ingremes passamos um senhor numa cadeira de rodas a participar na maratona, mas não era uma cadeira de rodas adaptada, era uma cadeira de rodas normal … estava com muitas dificuldades … estava vestido com um fato de treino normal, levava 3 bananas e umas garrafas de água no colo e ia super focado na missão dele, de tal forma que não ligou nenhuma aos meus gritos de incentivo … foi tb a subir que passamos um atleta vestido de calças de ganga e T-Shirt – espreitei para ver se levava dorsal da maratona e efectivamente estava na prova … personagens destas eram mais que muitas… tb havia matilhas de cães vadios à solta, que se fartavam de nos ladrar … felizmente só ao longe … era cada besta grande …

O regresso à cidade irá ser a parte que eu mais gostei de toda a maratona … foi nos bairros periféricos e mais pobres de Marraquexe que tivemos mais gente na rua e um entusiasmo enorme para com nós os 3 … o equipamento do CAL é vermelho e verde, as cores de Portugal e de Marrocos tb … não nos perguntem como nos identificavam mas começou tudo a chamar por Portugal e por Cristiano Ronaldo …. os gritos “Siiiiiiiiiiii ..” eram uma constante, especialmente pelas crianças e jovens …. um deles juntou-se e correu uns 3 km connosco …  o que me ficou na retina deste miúdo que não entendia patavina do que lhe dizíamos foi o sorriso rasgado…

Siiiiiiiiiiiiiii ....


topem este sorriso

… foi espectacular ver ali aquela gente de sorriso fácil e simpático a meter-se e a puxar por nós … mas foi tb duro e desgastou um pouco pois foram 10km sempre a subir … passamos a meia maratona com uma média de 5,10m/km … eu sentia as pernas um pouco pesadas mas até que estava melhor do que pensaria. O Américo tinha-me cedido um dos géis mas ainda não tinha usado, tinha-me limitado a ingerir água e banana nos abastecimentos que estavam de 5 em 5km. Quanto ao “problema” dos intestinos nem sinal … aos 17km tinha ido à casa de banho mas apenas para mudar a água às azeitonas 😉

O Fontes e o Américo já me pareciam mais desgastados … várias vezes me disseram para eu seguir mas eu ainda não me sentia com confiança para tal. Ainda faltava meia prova e eu continuava a achar que ia levar uma marretada daquelas.

Foi nesta altura que passaram por nós os primeiros da meia-maratona … caputa … deviam levar metade da prova … o primeiro já ia bem isolado, o grupo perseguidor de 3 ou 4 atletas ia já a uns bons 200m … depois iam passando a conta gotas mas tudo a um ritmo alucinante … que balas …parece fácil.

Até à meia-maratona tínhamos feito uma prova de trás para a frente, ultrapassamos muita gente … a partir dali a coisa estagnou e até começamos a ser ultrapassados por alguns atletas. Tínhamos baixado um pouco o ritmo … até aos 30km atravessamos Marraquexe por uns bairros mais centrais, nunca na parte histórica, mas uma parte mais moderna … o percurso peca por não nos levar como em outras maratonas, aos sitio mais icónicos ou históricos … depois de conhecer a cidade é de facto praticamente impossível fazer isso acontecer … é demasiada gente a viver do pulsar da zona histórica … não é possível cortar o acesso e criar as condições de segurança necessárias para uma maratona nesses locais. Íamos vendo as torres das mesquitas ao longe e já era um pau …

a última foto juntos durante a Maratona

… aos 30km o Américo perde um pouco o contacto e eu segui com o Fontes … pouco depois o Fontes começa a dizer-me para eu seguir e eu a insistir com ele para ele vir comigo … o Fontes é muito melhor corredor que eu mas desde o inicio da pandemia que deixou de treinar com regularidade e isso paga-se … não tarda muito, com um bocadinho de treino volta tudo à normalidade e só o vejo na partida e depois na chegada já com o banho tomado 😉

Facto é que ele aos 32km deixou-se ficar para trás e eu enchi o peito de coragem e acelerei … sentia-me bastante bem e passei a ter um objectivo final … chegar abaixo das 3h40.

Pelas minhas contas um ritmo ali pelos 5min/km daria para esse objectivo e estava a andar abaixo disso. Motivei-me com a malta à minha frente, a ir buscar um por um … os que nos tinham passado nos últimos km e outros também. Nestes 10km só me lembro de ser ultrapassado por um que passou por mim como uma bala … nem a matrícula lhe consegui tirar 😊 … ali pela placa dos 35km (eles só tinham placas de 5 em 5km, e nem sempre) é que reparei que já levava um décalage de 300m, ou seja, levava 35,3km, ou seja, ou metia uma abaixo ou chegar abaixo das 3h40 ia ser difícil.

Passei a fazer km abaixo dos 4,50m/km … 2km mais à frente em “luta” com um outro atleta que tinha apanhado, deu-me a primeira “fraqueza” e tive que o deixar ir … foi a primeira e única vez que senti aquela coisa do “csafoda … quero é chegar” … ainda pensei em tomar o gel do Américo, mas decidi-me por uma das bananas que levava no bolso … ainda estava a mastigar o último pedaço com o moço já a uns bons 100m quando decidi que iria tentar apanha-lo novamente … era a descer e lá à frente no cruzamento já se via um montão de gente da meia  … quando nos juntamos a esse mar de gente que vinha da direita já ia na corda do moço … e mal nos misturamos com a multidão fugi-lhe de vez …

Até sensivelmente aos 40km foi a chamada confusão do caralho … era tanta mas tanta gente na meia maratona a corrinhar e a caminhar tb … um pelotão bastante divertido, mas que para nos obrigou a um esforço extra para os zigue-zaguear … estão a ver as partidas de provas numerosas … era parecido. Por outro lado, distraía-me … havia pessoas vestidas como no dia a dia, vi gente com o chinelinho de dedo enfiado a dar um passito de corrida, etc, etc, etc…   além disso, nas rotundas e cruzamentos o caos com carros e motas era muito maior …. houve veículos no meio da corrida, imaginem … surreal … estávamos a voltar para o centro …

… a dois km da meta dá-se a separação das duas provas e volta o sossego … cá estamos de volta à longa Avenida Mohamed 6 …. já vou de faca nos dentes … a não ser que a décalage aumente vou conseguir mas não posso abrandar … passo mais 3 atletas em dificuldades, um a seguir ao outro … vejo uma camisola da Lituânia uns 50 metros mais à frente … “este já não consigo” … vou muito cansado … mas demoro apenas alguns segundos para mudar o chip para o “vamos tentar” … para meu espanto consigo com alguma facilidade … olha o Costa Coffee novamente … faltam 500m … passei tão rápido que o Paulo Fortunato nem teve tempo de pegar no tlm 😉 … ainda correu comigo uns bons metros e conseguiu tirar-me duas fotos em que estou impecavelmente magro … agora só quero fotos do tlm dele 😉

gosto deste tlm, põe um gajo magro

Recta da meta … é não baixar o ritmo que ainda consigo baixar das 3h39 … na recta da meta dois grupos da nossa malta … primeiro Bruno, Samanta e companhia (a malta que foi para Marraquexe às compras) e um pouco mais à frente a festa dos nossos que correu a meia maratona, Pikinita incluída … com este esforço final ainda passei mais um ou outro atleta, um deles a 10m da linha da meta, algo que não costumo fazer … mas ele ia a morrer e eu não queria travar … 3h38m13s … muito bom para quem não treinou nada de jeito, não fez treinos longos … é evidente que fiquei a mais de meia hora do meu melhor tempo nesta distância, mas uma Maratona é uma Maratona e não costuma fazer prisioneiros … e eu fiquei bem satisfeito com esta 😊


não foi mau de todo

T-shirt muito fraca, a medalha tb pró fraquinho ... mas o que interessa é o significado

Depois foi juntar à malta, aplaudir o Fontes e o Américo que, entretanto, tb chegaram … mais umas fotos de grupo e regressar ao hotel para um banhinho bom, um almoço bom e umas duas horitas a apanhar um solzinho de inverno bom junto à piscina à espera do transfer para o aeroporto …


a Pikinita tb fez uma boa meia, ajudando o Flávio a bater o RP dele

A viagem de regresso correu bem … cheguei a casa e nem malas desfiz … xixi cama 😉

Foi mais uma daquelas viagens que superou as expectactivas … depois de várias viagens dentro da europa foi o norte de Africa que teve que levar connosco. Encontramos uma realidade completamente diferente à qual nos adaptamos muito rapidamente … o tempo era curto e aproveitamos mesmo muito … foi de manhã à noite e não foi o facto de ter uma prova que nos fez poupar o que fosse … ficou muito por ver com certeza, mas vimos e vivemos o possível em Marraquexe …

Devia ter feito uma lista com os acontecimentos surreais que vivemos em grupo …foram tantas que um caderno de apontamentos não iria chegar.

Ainda hoje não sei como é possível em 3 dias de transito infernal e caótico, não só nas estradas como dentro da própria Medina com as bicicletas e motoretas a dividir as ruas estreitas com as pessoas, não termos visto um único acidente, nem um toque, nada, zero.



Fizemos uma visita organizada a uma ervanária, onde um senhor de bata branca, nos fez uma apresentação de 3535 produtos em 10 minutos … num espanhol aportuguesado … curavam tudo, até Alzheimer … como é que é possível todos estarem com aquele pensamento “a mim não me enganas” … e todos sem excepção terem comprado produtos que ainda vamos ver se funcionam de alguma forma.

alguns produtos davam para chorar de emoção

outros dava para arregalar os olhos

ou até expulsar as doenças atravês de espirros

Os manuais dizem que devemos marralhar os preços nas lojas … a coisa foi levada ao extremo, com a malta a discutir com os locais nas barracas até não dar mais … foi divertido … comprou-se muita coisa, umas boas, outras nem por isso … uma coisa é certa … o marroquino nunca saiu a perder 😉

a ostentar marcas é comigo

as casas de banho públicas tb são uma aventura

Para mim um dos acontecimentos mais engraçados foi um gajo numa motoreta, de perna cruzada, a conduzir só com uma mão … até aqui nada de novo … mas a olhar para trás ao mesmo tempo que mandava uma assobiadela pela falha dos dentes da frente chamando uma ovelha que o seguia a correr e aos pinotes toda contente … foi hilariante … não dá para explicar por escrito, nem deu para gravar em vídeo, infelizmente …




marroquinas jeitosas

Tb tivemos algumas abordagens mais agressivas … um cego que se mandou para cima da Lia, uma vidente que nos abordou 2x na praça e com a nossa recusa nos chamou de “filhos da puta”, numa zona da Medina, menos turística foram bastante agressivos a reclamar a dizer que não podíamos tirar fotos, os encantadores de serpentes, ou os que sismavam que tínhamos que tirar fotos com macacos amarrados a correntes ou músicos de de rua … todos eles passavam de super simpáticos a agressivos caso não lhes desses dinheiro … mas bastava seres firme ou até lhes dares um berro que a coisa normalizava.





Estão a ver uma carrinha tipo Renault Traffic, tipo 9 lugares … havia uns meios de transporte assim para os comuns dos mortais de lá. Chegamos a contar 13 pessoas a sair de dentro de uma e ainda lá ficaram pelo menos 5 … não faço ideia como conseguiam meter tanta gente dentro dos carros e das carrinhas.



Atravessar ruas era de uma adrenalina que nem as montanhas russas mais radicais nos conseguem dar.

Mas nem só na cidade houve histórias para contar … as viagens de ida e volta nos táxis eram autenticas aventuras. Pelo transito e os respectivos sustos mas tb com a boa onda de quase todos os motoristas … aqui o rei foi o nosso Fontes que entre muitas outras coisas ia arranjando casamento com uma velha pedinte com quem se meteu num cruzamento … viu a vida dele a andar para trás …

Como viram no video anterior a música popular portuguesa, vulgo PIMBA, chegou em força a Marraquexe … ao fim de um dia já os motoristas de táxi conheciam e cantamavam e dançavam os maiores hits da Agáta, do Toy entre outros. Já nós, no bar do Hotel tínhamos acabado a noite com o DJ de serviço a colocar os mesmos hits tugas e acabando com a festa num animado “Apita o Comboio” …



Ai o Bar do Hotel!!! Estávamos num hotel de 4* com Tudo Incluído … quer dizer, quase tudo … tínhamos sido informados que as bebidas alcoólicas eram por fora e como é normal seriam caras. Haviam de ver a azáfama no aeroporto para comprar umas bebidas no duty free … vinho do porto, whisky, licor beirão … não há-de faltar nada. No 1º dia, uns ficaram por Marraquexe durante a tarde (eu fui um deles), outros vieram para o hotel … não tardou a começar a receber fotos no WhatsApp do grupo com a malta do hotel a enfardar cerveja e cocktails à borliú … afinal estavam incluídos … imaginam a estragação 😉

quem descobriu a pólvora ... ó pra eles todos contentes

Também no bar do Hotel assistimos à final da Taça da Liga com o Porto a enfardar o Sporting à grande. Eram uns a ver a bola e outros a ouvir um marroquino a tocar órgão e a cantar umas músicas marroquinas … no fim houve merda porque a malta do Hotel era muito rigorosa com os horários e às 23 em ponto desligavam a luz … isto fez com que um dos nossos (não vou dizer nomes), tenha armado a puta porque queria a todo o custa ver a entrega da taça … não digo quem foi para proteger o moço, mas se o Bruno voltar a portar-se assim  não vai a mais nenhuma 😉


marroquinas giras

E perguntam vocês …”e as garrafas que levaram?” … vá perguntem? Houve um fim de noite no quarto do Fontes e do Nuno para se tomar um copo … foi a noite antes da Maratona … depois a ideia passou a ser oferecer o que sobrou (2 garrafas inteiras de vinho do Porto, uma inteira de Beirão e uma ainda com ¾ de Whisky) aos guias e motoristas de táxi que nos andaram a aturar estes dias. Belo gesto que iriam apreciar com certeza. O problema foram aquelas duas horas de espera entre almoço e a chegada do transfer para o aeroporto … bem, o Abdul ainda levou meia garrafita de whisky 😉

estas fotos são montagens ...

passar o tempo, inicio de recuperação ... lá se foram as garrafas para os guias 

… pelo menos na viagem de regresso não houve histórias … espera lá … tirando o Martim ter armado uma birra não deixando ninguém no avião adormecer, nós termos armado a puta com uma canção para o distrair e uma hospedeira da Ryanair, de mal com a vida, com uns lábios de botox que mais pareciam as beiças de um gajo que levou nas trombas mas a sério, nos ter dado uma desanda que nem aos putos da primária se dá, acabando com um estridente e completamente exagerado “BE QUIET!!!”   … tivemos que segurar o Fontes que ficou indignado porque com ele ninguém fala assim, muito menos em francês 😊😊😊

No fim tudo acabou bem … menos a hospedeira botox, que à saída do avião continuava com umas trombas que nem vos digo … a vida não lhe estava a correr bem … paciência!!!

Família calense/perneta … obrigado do fundo do coração por estes dias maravilhosamente maravilhosos. Passou tudo muito rápido, o que é bom sinal, é sinal de que se adorou!!! Ao mesmo tempo pareceu muito mais tempo, pela quantidade de histórias que vivemos nesta viagem. Foi tudo intenso, foi divertido, foi espectacular. Como costumamos dizer … pode até haver uma família igual, mas melhor é impossível. Para quando  a próxima?

Marrocos já foi ... qual a próxima?