e fodeu-se mesmo ...
"Bem... amanhã vou para a minha
sei lá agora quantas maratona de estrada, a Maratona de Marraquexe
A ideia é acabar... sem ambições de tempo.
O que queria desta maratona já
tive... dois dias fantásticos com a familia calense/Perneta onde a diversão e
as histórias para contar são já mais que muitas e isto ainda não acabou
Vamos lá tentar pôr a cereja no
topo do bolo e concluir mais uma
Nota: já estou a escrever agora
pq daqui a uns minutos vamos todos jantar, depois beber um copo e se for como
ontem não sei se terei "condições"
. Sigaaaa...
#pernetasontour
#maratonademarraquexe
#tábonito
Foi este o meu post anterior à Maratona de Marraquexe … a
verdade é que os dois dias anteriores à Maratona foram qualquer coisa de
espectacular, cheios de boa disposição e diversão com tantas, mas tantas cenas
surreais que vivemos que daria para escrever um livro.
Não sendo a primeira vez que fomos assim em grupo passar
uns dias ao estrangeiro, nunca tinha sido num grupo tão alargado – eramos 24,
incluindo crianças de várias idades … eu tinha sérias dúvidas que a coisa funcionasse
em pleno para um grupo tão grande … mas funcionou 😉 … outra situação
que me deixava na dúvida é que a viagem era a Marrocos … até à data tinha sido
sempre em cidades europeias (Madrid, Paris, Roma, Berlim, Sevilha) … como seria
num país africano??? Foi de arromba … mais à frente conto algumas coisas … mas
agora vamos ao que foi a Maratona mais surreal da minha carreira de corredor, a
17ª concluída com sucesso.
Viajamos para Marraquexe em voo directo do Porto na 5ª
feira à noite … pouco mais de 1h30 de voo. Do programa inicialmente previsto,
na 6ª iriamos visitar Marraquexe com um guia durante todo o dia, ficando o
levantamento do dorsal e a visita à Expo Maratona para sábado. O que acontece é
que dava chuva para 5ª feira (um dos 3 dias em que chove anualmente por lá) e
decidimos trocar os dias.
em Marrocos sê marroquino ... Mr.Moustache
5ª de manhã, pequeno-almoço, e lá vai o grupo todo para a
Expo-Maratona … eu na minha inocência não tinha levado géis, achei que os podia
comprar lá. Só v/ digo uma coisa … nunca, mas nunca mais se queixem de
organizações das provas em Portugal.
A “feira” estava instalada numa praça ao ar-livre e tinha
dois palcos montados, uma coluna a botar música marroquina, um pórtico ainda a
ser montado por meia dúzia de gajos que se fartavam de discutir uns com os outros
e não se entendiam, e claro, um poster grande com o Rei de Marrocos. De resto
havia uma dúzia de stands pequenos à volta da praça que seriam dos
patrocinadores … apenas dois ou três estavam a funcionar, os outros estavam
vazios.
Levantar os dorsais era em dois locais, dependendo com
que intermediário tinhas feito a inscrição. O controle era feito à mão, com uma
listagem impressa onde umas raparigas entregues à sua sorte, e arranhando um
inglês manhoso, tentavam desenrascar os ainda poucos atletas que tentavam
levantar os seus dorsais. No meu caso que ia prevenido com o mail de
confirmação que me tinham enviado e até que foi fácil, mas houve compinchas que
tiveram alguma dificuldade em que fossem encontrados os seus nomes nas
listagens. Estavam inscritos mais de 10.000 pessoas entre Maratona e Meia
Maratona – nem quero imaginar como terá sido na 6ª feira, dia onde normalmente
há mais afluência de gente.
Até ali para mim a Maratona iria começar às 7h30 conforme
programa, conforme regulamento e conforme site da prova … num poster com o
percurso por ali afixado vi que o inicio afinal era às 8h30. Questionada a
moça, ela confirma que seria às 8h30, que tinham mudado … pronto, avisar que é
bom tá quieto. Tb perguntei à menina se iria haver bengaleiro onde pudesse
depositar a roupa antes da corrida … o olhar da moça a tentar perceber o que eu
queria já dizia tudo … diz ela” eu acho que não, mas eu vou estar cá… “ …
“deixa lá ….” … estava mesmo a ver 10.000 pessoas a entregar casacos e calças
antes da corrida à moça e ela a gerir aquilo tudo 😉 … vamos ter que
nos desenrascar …
O meu primo Elisio, que se esqueceu de inscrever na Meia
Maratona conseguiu fazê-lo na hora … e 5 euros mais barato do que os que se inscreveram
online a tempo e a horas … incrível 😉
E os géis? Não havia ninguém a expor absolutamente nada …
os stands estavam montados mas vazios. Nem o patrocinador principal, uma marca
de cremes e óleos marroquinos, tinha o seu stand ocupado … atenção que estamos
a falar da 33ª edição desta Maratona, uma Maratona internacional. Bem-vindos a
Marrocos!!!
e aproveitamos para promover o nosso evento
O que vale é que a malta estava bem disposta e a levar
tudo na boa … sem stress, a gente desenrasca, afinal estamos ali para nos
divertirmos. E foi o que fizemos … primeiro ainda ali, com fotos, vídeos e
danças marroquinas e depois pelo primeiro périplo pelo centro de Marraquexe,
incluindo a Medina, durante o resto do dia. Mas já lá vamos … avancemos dia e
meio.
No sábado à noite deitei-me com dores de cabeça … já
íamos em dois dias sem grande descanso. O efeito do Benuron que tinha tomado
antes do jantar tinha sido anulado pela barulheira de um músico marroquino que
actuou no Bar do Hotel enquanto víamos o Porto a malhar o Sporting na final da
Taça da Liga. As pernas estavam bastante razoáveis para quem tinha andado dois
dias a calcorrear as ruas da cidade … preparei o equipamento e fui dormir.
O despertador tocou eram 6h20 da manhã … desliguei
rapidamente e levantei-me tentando não acordar a Pikinita – a malta que ia à meia-maratona
iria mais tarde. Equipei-me na casa de banho e senti a barriga estranha … um
largar de javalis confirmou o receio … a coisa estava um pouco para o liquido
(que querem? Querem saber dos pormenores fofinhos tb tem que levar com os mais
nojentos) … “ó diabo … tu queres ver?” … tive tanto cuidado, não comendo nada
nas ruas da cidade, evitando legumes e frutas, comendo o máximo de coisas
cozinhadas. Até os dentes lavei com água engarrafada para que as histórias que
ouvi da boca de malta que já tinha estado em Marrocos não se repetissem comigo.
Nos 15 minutos que estive no quarto fui 3x à sanita … “tou fodido”. Desci e
encontrei-me com os meus dois companheiros de Maratona, o Fontes e o Américo,
para o pequeno-almoço.
carinha de sono ...
O Taxi apanhou-nos a horas (o que é de estranhar) pelas
7h15 não sem eu antes voltar a fazer uma visita à sanita da casa de banho do
hall do Hotel. Tal como previsto estava o chamado “frio do caralho” … 1 grau …
dado não haver bengaleiro decidi-me a levar o impermeável e correr com ele
amarrado à cintura. O problema seria como é que nos iriamos manter minimamente
confortáveis durante a hora em que teríamos de ficar à espera. Mal o táxi nos
largou na rotunda que dava acesso à zona de partida/chegada vi a nossa salvação
… um “Costa Coffee” aberto … foi um alívio que nem imaginam … estivemos até 15
minutos antes da partida no café, resguardados do frio de rachar que estava lá
fora. No meu caso tb deu para ir mais 2 vezes à casa de banho … 6 vezes no
total …
o Costa Coffee foi a nossa salvação
vamos a isso ...
O ambiente na zona da partida estava tranquilo … não
seria mais de uns 700/800 participantes na Maratona. Havia um speaker que de
animar pouco percebia, gente a assistir eram poucos e até a tribuna do rei
estava completamente vazia … não lhe deve ter apetecido acordar cedo 😉 … a partida tb foi
chuchinha, nem uma contagem descrescente e quando dei por ela já estava a
correr … csafoda … vamos a ela.
Não levava nenhum objectivo de tempo pois não me preparei
minimamente para correr uma Maratona … treinos longos não fiz, fiz pouco mais
de 30km em Dezembro no 3h Resistência e 2 ou 3 vezes vinte km nas últimas
semanas … acho que nunca tinha estado
tão “desinteressado” com uma prova como desta vez … só no dia anterior me
preocupei um pouco com o percurso e pormenores desses. Gostava de fazer a prova
toda a correr, apenas isso…
Decidi ir com o Fontes e com o Américo até onde desse,
aproveitar a boa companhia … e assim foi … o percurso da maratona é um percurso
chato … resume-se a andar na periferia da cidade, rectas muito longas, de
perder de vista, com muitos e muitos km.
havia mais tugas ... aqui com o João Ricardo na sua 11ª Maratona
ao inicio é tudo sorrisos
Os primeiros 10km são a descer para fora da cidade e
vale-nos a boa disposição entre atletas … nas ruas, além das hordas de carros e
motas, presos por policias e gradeamentos nas rotundas e cruzamentos onde
passamos não se passa nada ou muito pouco. O dia ainda está a “arrancar”, tal
como a nossa Maratona. Embalados pela emoção de estar numa Maratona e pelo
facto de o percurso ser a descer acho que se exagerou um pouco… especialmente o
Americo … várias vezes tive que travar a mota à malta pois facilmente os ritmos
baixavam os 5min/km … já temos muita experiencia em Maratonas para não embarcar
em euforias, mas a verdade é que nos esquecemos facilmente disso.
"sinto-me tão leve que não posso acreditar...
voa, voa, voa... "
Por volta dos 10km o sentido inverte-se e começam a
subidas que em algumas partes deixam de ser meigas … numa das partes mais
ingremes passamos um senhor numa cadeira de rodas a participar na maratona, mas
não era uma cadeira de rodas adaptada, era uma cadeira de rodas normal … estava
com muitas dificuldades … estava vestido com um fato de treino normal, levava 3
bananas e umas garrafas de água no colo e ia super focado na missão dele, de
tal forma que não ligou nenhuma aos meus gritos de incentivo … foi tb a subir
que passamos um atleta vestido de calças de ganga e T-Shirt – espreitei para
ver se levava dorsal da maratona e efectivamente estava na prova … personagens
destas eram mais que muitas… tb havia matilhas de cães vadios à solta, que se
fartavam de nos ladrar … felizmente só ao longe … era cada besta grande …
O regresso à cidade irá ser a parte que eu mais gostei de
toda a maratona … foi nos bairros periféricos e mais pobres de Marraquexe que
tivemos mais gente na rua e um entusiasmo enorme para com nós os 3 … o
equipamento do CAL é vermelho e verde, as cores de Portugal e de Marrocos tb …
não nos perguntem como nos identificavam mas começou tudo a chamar por Portugal
e por Cristiano Ronaldo …. os gritos “Siiiiiiiiiiii ..” eram uma constante,
especialmente pelas crianças e jovens …. um deles juntou-se e correu uns 3 km
connosco … o que me ficou na retina
deste miúdo que não entendia patavina do que lhe dizíamos foi o sorriso rasgado…
Siiiiiiiiiiiiiii ....
topem este sorriso
… foi espectacular ver ali aquela gente de sorriso fácil
e simpático a meter-se e a puxar por nós … mas foi tb duro e desgastou um pouco
pois foram 10km sempre a subir … passamos a meia maratona com uma média de
5,10m/km … eu sentia as pernas um pouco pesadas mas até que estava melhor do
que pensaria. O Américo tinha-me cedido um dos géis mas ainda não tinha usado,
tinha-me limitado a ingerir água e banana nos abastecimentos que estavam de 5
em 5km. Quanto ao “problema” dos intestinos nem sinal … aos 17km tinha ido à
casa de banho mas apenas para mudar a água às azeitonas 😉
O Fontes e o Américo já me pareciam mais desgastados …
várias vezes me disseram para eu seguir mas eu ainda não me sentia com
confiança para tal. Ainda faltava meia prova e eu continuava a achar que ia
levar uma marretada daquelas.
Foi nesta altura que passaram por nós os primeiros da meia-maratona
… caputa … deviam levar metade da prova … o primeiro já ia bem isolado, o grupo
perseguidor de 3 ou 4 atletas ia já a uns bons 200m … depois iam passando a
conta gotas mas tudo a um ritmo alucinante … que balas …parece fácil.
Até à meia-maratona tínhamos feito uma prova de trás para
a frente, ultrapassamos muita gente … a partir dali a coisa estagnou e até
começamos a ser ultrapassados por alguns atletas. Tínhamos baixado um pouco o
ritmo … até aos 30km atravessamos Marraquexe por uns bairros mais centrais,
nunca na parte histórica, mas uma parte mais moderna … o percurso peca por não
nos levar como em outras maratonas, aos sitio mais icónicos ou históricos …
depois de conhecer a cidade é de facto praticamente impossível fazer isso
acontecer … é demasiada gente a viver do pulsar da zona histórica … não é
possível cortar o acesso e criar as condições de segurança necessárias para uma
maratona nesses locais. Íamos vendo as torres das mesquitas ao longe e já era
um pau …
a última foto juntos durante a Maratona
… aos 30km o Américo perde um pouco o contacto e eu segui
com o Fontes … pouco depois o Fontes começa a dizer-me para eu seguir e eu a
insistir com ele para ele vir comigo … o Fontes é muito melhor corredor que eu
mas desde o inicio da pandemia que deixou de treinar com regularidade e isso
paga-se … não tarda muito, com um bocadinho de treino volta tudo à normalidade
e só o vejo na partida e depois na chegada já com o banho tomado 😉
Facto é que ele aos 32km deixou-se ficar para trás e eu
enchi o peito de coragem e acelerei … sentia-me bastante bem e passei a ter um
objectivo final … chegar abaixo das 3h40.
Pelas minhas contas um ritmo ali pelos 5min/km daria para
esse objectivo e estava a andar abaixo disso. Motivei-me com a malta à minha
frente, a ir buscar um por um … os que nos tinham passado nos últimos km e
outros também. Nestes 10km só me lembro de ser ultrapassado por um que passou
por mim como uma bala … nem a matrícula lhe consegui tirar 😊 … ali pela placa
dos 35km (eles só tinham placas de 5 em 5km, e nem sempre) é que reparei que já
levava um décalage de 300m, ou seja, levava 35,3km, ou seja, ou metia uma
abaixo ou chegar abaixo das 3h40 ia ser difícil.
Passei a fazer km abaixo dos 4,50m/km … 2km mais à frente
em “luta” com um outro atleta que tinha apanhado, deu-me a primeira “fraqueza”
e tive que o deixar ir … foi a primeira e única vez que senti aquela coisa do
“csafoda … quero é chegar” … ainda pensei em tomar o gel do Américo, mas
decidi-me por uma das bananas que levava no bolso … ainda estava a mastigar o
último pedaço com o moço já a uns bons 100m quando decidi que iria tentar
apanha-lo novamente … era a descer e lá à frente no cruzamento já se via um
montão de gente da meia … quando nos
juntamos a esse mar de gente que vinha da direita já ia na corda do moço … e
mal nos misturamos com a multidão fugi-lhe de vez …
Até sensivelmente aos 40km foi a chamada confusão do
caralho … era tanta mas tanta gente na meia maratona a corrinhar e a caminhar
tb … um pelotão bastante divertido, mas que para nos obrigou a um esforço extra
para os zigue-zaguear … estão a ver as partidas de provas numerosas … era
parecido. Por outro lado, distraía-me … havia pessoas vestidas como no dia a
dia, vi gente com o chinelinho de dedo enfiado a dar um passito de corrida,
etc, etc, etc… além disso, nas rotundas
e cruzamentos o caos com carros e motas era muito maior …. houve veículos no
meio da corrida, imaginem … surreal … estávamos a voltar para o centro …
… a dois km da meta dá-se a separação das duas provas e
volta o sossego … cá estamos de volta à longa Avenida Mohamed 6 …. já vou de
faca nos dentes … a não ser que a décalage aumente vou conseguir mas não posso
abrandar … passo mais 3 atletas em dificuldades, um a seguir ao outro … vejo
uma camisola da Lituânia uns 50 metros mais à frente … “este já não consigo” …
vou muito cansado … mas demoro apenas alguns segundos para mudar o chip para o “vamos
tentar” … para meu espanto consigo com alguma facilidade … olha o Costa Coffee
novamente … faltam 500m … passei tão rápido que o Paulo Fortunato nem teve
tempo de pegar no tlm 😉 … ainda correu comigo uns bons metros e conseguiu
tirar-me duas fotos em que estou impecavelmente magro … agora só quero fotos do
tlm dele 😉
gosto deste tlm, põe um gajo magro
Recta da meta … é não baixar o ritmo que ainda consigo
baixar das 3h39 … na recta da meta dois grupos da nossa malta … primeiro Bruno,
Samanta e companhia (a malta que foi para Marraquexe às compras) e um pouco
mais à frente a festa dos nossos que correu a meia maratona, Pikinita incluída
… com este esforço final ainda passei mais um ou outro atleta, um deles a 10m
da linha da meta, algo que não costumo fazer … mas ele ia a morrer e eu não
queria travar … 3h38m13s … muito bom para quem não treinou nada de jeito, não
fez treinos longos … é evidente que fiquei a mais de meia hora do meu melhor
tempo nesta distância, mas uma Maratona é uma Maratona e não costuma fazer
prisioneiros … e eu fiquei bem satisfeito com esta 😊
não foi mau de todo
T-shirt muito fraca, a medalha tb pró fraquinho ... mas o que interessa é o significado
Depois foi juntar à malta, aplaudir o Fontes e o Américo que,
entretanto, tb chegaram … mais umas fotos de grupo e regressar ao hotel para um
banhinho bom, um almoço bom e umas duas horitas a apanhar um solzinho de
inverno bom junto à piscina à espera do transfer para o aeroporto …
a Pikinita tb fez uma boa meia, ajudando o Flávio a bater o RP dele
A viagem de regresso correu bem … cheguei a casa e nem
malas desfiz … xixi cama 😉
Foi mais uma daquelas viagens que superou as
expectactivas … depois de várias viagens dentro da europa foi o norte de Africa
que teve que levar connosco. Encontramos uma realidade completamente diferente
à qual nos adaptamos muito rapidamente … o tempo era curto e aproveitamos mesmo
muito … foi de manhã à noite e não foi o facto de ter uma prova que nos fez
poupar o que fosse … ficou muito por ver com certeza, mas vimos e vivemos o
possível em Marraquexe …
Devia ter feito uma lista com os acontecimentos surreais
que vivemos em grupo …foram tantas que um caderno de apontamentos não iria
chegar.
Ainda hoje não sei como é possível em 3 dias de transito
infernal e caótico, não só nas estradas como dentro da própria Medina com as
bicicletas e motoretas a dividir as ruas estreitas com as pessoas, não termos
visto um único acidente, nem um toque, nada, zero.
Fizemos uma visita organizada a uma ervanária, onde um
senhor de bata branca, nos fez uma apresentação de 3535 produtos em 10 minutos
… num espanhol aportuguesado … curavam tudo, até Alzheimer … como é que é
possível todos estarem com aquele pensamento “a mim não me enganas” … e todos
sem excepção terem comprado produtos que ainda vamos ver se funcionam de alguma
forma.
alguns produtos davam para chorar de emoção
outros dava para arregalar os olhos
ou até expulsar as doenças atravês de espirros
Os manuais dizem que devemos marralhar os preços nas
lojas … a coisa foi levada ao extremo, com a malta a discutir com os locais nas
barracas até não dar mais … foi divertido … comprou-se muita coisa, umas boas,
outras nem por isso … uma coisa é certa … o marroquino nunca saiu a perder 😉
a ostentar marcas é comigo
as casas de banho públicas tb são uma aventura
Para mim um dos acontecimentos mais engraçados foi um
gajo numa motoreta, de perna cruzada, a conduzir só com uma mão … até aqui nada
de novo … mas a olhar para trás ao mesmo tempo que mandava uma assobiadela pela
falha dos dentes da frente chamando uma ovelha que o seguia a correr e aos
pinotes toda contente … foi hilariante … não dá para explicar por escrito, nem
deu para gravar em vídeo, infelizmente …
marroquinas jeitosas
Tb tivemos algumas abordagens mais agressivas … um cego
que se mandou para cima da Lia, uma vidente que nos abordou 2x na praça e com a
nossa recusa nos chamou de “filhos da puta”, numa zona da Medina, menos
turística foram bastante agressivos a reclamar a dizer que não podíamos tirar
fotos, os encantadores de serpentes, ou os que sismavam que tínhamos que tirar
fotos com macacos amarrados a correntes ou músicos de de rua … todos eles
passavam de super simpáticos a agressivos caso não lhes desses dinheiro … mas
bastava seres firme ou até lhes dares um berro que a coisa normalizava.
Estão a ver uma carrinha tipo Renault Traffic, tipo 9
lugares … havia uns meios de transporte assim para os comuns dos mortais de lá.
Chegamos a contar 13 pessoas a sair de dentro de uma e ainda lá ficaram pelo
menos 5 … não faço ideia como conseguiam meter tanta gente dentro dos carros e
das carrinhas.
Atravessar ruas era de uma adrenalina que nem as
montanhas russas mais radicais nos conseguem dar.
Mas nem só na cidade houve histórias para contar … as
viagens de ida e volta nos táxis eram autenticas aventuras. Pelo transito e os
respectivos sustos mas tb com a boa onda de quase todos os motoristas … aqui o
rei foi o nosso Fontes que entre muitas outras coisas ia arranjando casamento
com uma velha pedinte com quem se meteu num cruzamento … viu a vida dele a
andar para trás …
Como viram no video anterior a música popular portuguesa, vulgo PIMBA, chegou em força
a Marraquexe … ao fim de um dia já os motoristas de táxi conheciam e cantamavam
e dançavam os maiores hits da Agáta, do Toy entre outros. Já nós, no bar do
Hotel tínhamos acabado a noite com o DJ de serviço a colocar os mesmos hits
tugas e acabando com a festa num animado “Apita o Comboio” …
Ai o Bar do Hotel!!! Estávamos num hotel de 4* com Tudo Incluído
… quer dizer, quase tudo … tínhamos sido informados que as bebidas alcoólicas eram
por fora e como é normal seriam caras. Haviam de ver a azáfama no aeroporto
para comprar umas bebidas no duty free … vinho do porto, whisky, licor beirão …
não há-de faltar nada. No 1º dia, uns ficaram por Marraquexe durante a tarde
(eu fui um deles), outros vieram para o hotel … não tardou a começar a receber
fotos no WhatsApp do grupo com a malta do hotel a enfardar cerveja e cocktails
à borliú … afinal estavam incluídos … imaginam a estragação 😉
quem descobriu a pólvora ... ó pra eles todos contentes
Também no bar do Hotel assistimos à final da Taça da Liga
com o Porto a enfardar o Sporting à grande. Eram uns a ver a bola e outros a
ouvir um marroquino a tocar órgão e a cantar umas músicas marroquinas … no fim
houve merda porque a malta do Hotel era muito rigorosa com os horários e às 23 em
ponto desligavam a luz … isto fez com que um dos nossos (não vou dizer nomes),
tenha armado a puta porque queria a todo o custa ver a entrega da taça … não
digo quem foi para proteger o moço, mas se o Bruno voltar a portar-se
assim não vai a mais nenhuma 😉
marroquinas giras
E perguntam vocês …”e as garrafas que levaram?” … vá
perguntem? Houve um fim de noite no quarto do Fontes e do Nuno para se tomar um
copo … foi a noite antes da Maratona … depois a ideia passou a ser oferecer o
que sobrou (2 garrafas inteiras de vinho do Porto, uma inteira de Beirão e uma
ainda com ¾ de Whisky) aos guias e motoristas de táxi que nos andaram a aturar
estes dias. Belo gesto que iriam apreciar com certeza. O problema foram aquelas
duas horas de espera entre almoço e a chegada do transfer para o aeroporto …
bem, o Abdul ainda levou meia garrafita de whisky 😉 …
estas fotos são montagens ...
passar o tempo, inicio de recuperação ... lá se foram as garrafas para os guias
… pelo menos na viagem de regresso não houve histórias …
espera lá … tirando o Martim ter armado uma birra não deixando ninguém no avião
adormecer, nós termos armado a puta com uma canção para o distrair e uma
hospedeira da Ryanair, de mal com a vida, com uns lábios de botox que mais
pareciam as beiças de um gajo que levou nas trombas mas a sério, nos ter dado uma
desanda que nem aos putos da primária se dá, acabando com um estridente e completamente exagerado “BE
QUIET!!!” … tivemos que segurar o Fontes que ficou
indignado porque com ele ninguém fala assim, muito menos em francês 😊😊😊
No fim tudo acabou bem … menos a hospedeira botox, que à
saída do avião continuava com umas trombas que nem vos digo … a vida não lhe
estava a correr bem … paciência!!!
Família calense/perneta … obrigado do fundo do coração
por estes dias maravilhosamente maravilhosos. Passou tudo muito rápido, o que é
bom sinal, é sinal de que se adorou!!! Ao mesmo tempo pareceu muito mais tempo,
pela quantidade de histórias que vivemos nesta viagem. Foi tudo intenso, foi divertido,
foi espectacular. Como costumamos dizer … pode até haver uma família igual, mas
melhor é impossível. Para quando a
próxima?
Marrocos já foi ... qual a próxima?