sexta-feira

PT281+ Penha Garcia a Idanha-a-Nova



Uns poucos minutos depois das 21h saímos de Penha Garcia com destino a Idanha-a-Nova, percurso com 33km a fazer praticamente durante a noite, a 2ª noite desta empreitada, algo completamente novo para mim.

Os primeiros km ainda foram feitos a apanhar a última luz do dia ... e que lindo final de dia apanhamos com uma paleta de cores apenas magnifica. O percurso logo após a saida de Penha Garcia levou-nos para caminhos campestres em terra com pouco desnivel o que nos fez correr.

A motivação estava bem lá em cima, a boa disposição era comum aos dois ... como é possível eu ainda há pouco estar tão mal humorado e agora estar assim, cheio de ganas? Não se explica ... sente-se...


Depois de uns bons 15 a 20 minutos a caminhar de forma vigorosa a meu pedido, para „assentar“ as bolhas dentro das sapatilhas e para „assentar“ tb a comidinha boa que tinha metido no bucho, começamos a correr. E de que maneira ... houve alturas em que corremos a 5m/km ... era um inicio de noite abafado mas tínhamos que aproveitar o facto de estarmos bem para avançar o mais possível.



Os primeiros 7 ou 8km passaram muito rápido ... depois entramos num estradão em terra largo que subiu durante uns bons 4 ou 5km ... o estranho é que aquilo tinha um pó muito fininho que enterrava o pé quase na totalidade. E não havia forma de fugir. Quando ficava plano ou descia ligeiramente continuávamos a caminhar para não levantar ainda mais pó no ar – já estávamos a comer pó o suficiente assim 😊. Já estava a ficar farto daquilo, notava-se bem as pegadas do pessoal que passou antes de nós.  

foi nesta etapa que batemos o nosso recorde distância … a partir daqui cada km a mais era novo recorde pessoal


Chegamos a uma primeira localidade (não me lembro o nome) ao fim de uns 18 ou 19km onde paramos num fontanário para encher os flasks e refrescar as „ideias“. Apetecia-me um café mas embora ainda fosse cedo (ainda não seria 1 da manhã) já estava tudo fechado ... ainda fomos ao tasco do clube desportivo onde havia luzes ligadas mas já estavam a arrumar e não serviam ninguém. Paciência ... siga.

Sentamos num degrau de uma casa para tirar pedrinhas das sapatilhas e sacudir o pó antes de seguir viagem. Nessa altura recebemos uma chamada do Américo e fomos a falar durante uns bons 15 minutos enquanto subiamos umas estradas para voltar ao monte.

Não tardou muito entramos numa estrada nacional em alcatrão que nos iria levar direitinhos a Idanha-a-Nova. E voltamos a correr. A boa disposição ainda reinava apesar de acusar já algum cansaço. Mas não havia calor, não passava sede ... comparado com a etapa anterior era o paraíso.

o gajo é bom ...

A coisa corria mesmo bem ... acho que nesta etapa devemos ter passado uns 7 ou 8 companheiros de viagem. Um deles foi o Jorge Bastos (dos Pernetas genéricos) ... já nos vínhamos a cruzar praticamente em todos os abastecimentos, nós a chegar e ele a partir. Em Penha Garcia confessou-me que tinha feito uma contractura na zona do gémeo e só conseguia caminhar. Ali ia ele, a arrastar-se por ali fora numa descida em alcatrão com Idanha-a-nova já à vista mas ao mesmo tempo ainda a uns bons km (talvez 4). Paramos, falamos um pouco mas nada podiamos fazer por ele. Disse-nos que iria tentar chegar a Idanha, descansar e ver o que poderia fazer para continuar em prova. Grande Jorge ... uma força de vontade ferrea e sem atirar a toalha ao chão mesmo sabendo que as possibilidades fossem minimas.

já se vê Idanha lá ao fundo

Sou contactado pelo Miguel, amigo do Jorge, via messenger a dizer que estava em Idanha e que se precisasse de alguma coisa que dissesse. Agradeci e recusei ... estávamos bem, não precisávamos de nada, Aproveitei para o avisar do estado do Jorge. Boa gente!!!

Chegamos ao sopé de Idanha .. tinhamos que subir para o Castelo ... mais uma inclinação brutal, mais umas estradas empedradas mas desta vez não nos queixamos. Havia reservas de força e foi um luxo a forma como subimos, de tal forma que passamos mais 3 colegas até lá acima onde encontramos o Miguel Barros e a Bitinha ... sabe sempre bem ver gente conhecida. Dois dedos de conversa e siga que ainda faltavam 2km até escola secundária do outro lado da Vila onde estava instalada a BA.

Fizemos esta última parte a caminhar. Não me lembro que horas eram, talvez umas 2h30 ... excelente ... depois da etapa anterior ter sido onde mais sofri, esta foi se dúvida a que me correu melhor até à data.

grande etapa companheiro … fossem todas assim

Estava com sono e disse ao Lima que ia tentar dormir 30m ... encontrei a Flor Madureira que, como sempre, foi super prestável e me arranjou logo as duas águas com gás que pedi. „Onde posso dormir?“ ... „tem duas tendas lá fora, uma está ocupada mas podes usar a outra“ ... „xau ... já volto“...
antes da soneca … foto tirada pela Flor 

... despertador para daqui a 30min e já nem me lembro de mais nada, apenas me lembro do despertador tocar e de me custar pra caraças levantar. Que moca 😊, que dores nas cruzes meu Deus ... mas tem que ser e aquele bocadinho soube que nem ginjas - o meu primeiro soninho há 44 horas.

Quando voltei a entrar no pavilhão a melhor surpresa do dia ... a Pikinita estava ali 😊 ... não esperou por sábado de manhã, acabou o trabalho meteu os pés ao caminho e veio apanhar-nos a Idanha.  A minha Pikinita é a maior!!!

Vamos às rotinas, desta vez com ajuda da dela. Esperava-nos outra grande empreitada ... 46km até Lentiscais, com o famoso Vale da Morte na 2ª metade ... grande preocupação com a hidratação ... tinha colocado no saco para esta etapa uma botija extra de 2ltr ... com os flasks que tinha seriam 4,5 ltr de capacidade ... parece muito não é? Não é nada ...

Outra preocupação eram os meus pés ... cada vez mais massacrados ... pomada para cima deles. 

topem a cara de sono de um deles???

que cabelo é esse moço???

a minha Pikinita dormiu no carro e alimentou-se a cerelac … bem bom

Já passa das 4 da matina … respira fundo … vamos ...

quarta-feira

PT281+ - Penamacor a Penha Garcia



Saímos de Penamacor seriam 10 horas da manhã com o pico do calor a chegar com enorme rapidez. A etapa tinha ca.37km pelo que sabíamos que iriamos apanhar as horas de mais calor do dia. A disposição era excelente, a motivação estava em alta ... queria chegar o mais tardar por volta das 17h30 para poder dormir umas duas ou trés horas. Era essa a ideia. Estava tão enganadinho.

Mal saimos levamos logo com aquele bafo sufocante. O percurso leva-nos por caminhos que rasgam campos agricolas e de pasto de animais. Corre uma ligeira brisa que nesta altura sabe como um euromilhões. Vamos a um excelente ritmo, sentimo-nos bem e vamos a progredir de forma excelente ... 9km em 1h15 ... espectáculo ... a andar assim chegaremos 1 hora mais cedo que o previsto. Santa inocência!!!

Hmmm… cheira-me que isto vai dar merda


Chegamos a uma aldeia e alapamos no primeiro café – ando desejoso de um café desde Sabugal, além disso quero uma cola gelada com gelo e quero água gelada para repor os flasks que neste momento contém um chã quente horrível. „Já não temos água fresca, os vosso colegas raparam tudo“ ... olha foda-se, só faltou dizer, „andassem mais rápido“. Mas deu para o cafezinho e para duas águas das pedras geladas. Siga ...




Mal saimos da localidade passa a Rute de carro e diz que há um outro café um pouco mais abaixo na terriola seguinte ... voltamos a parar no tasco e desta vez conseguimos comprar água fresca. „Queria um calipo por fvr“ ... „não temos gelados, devem chegar hoje“ ... „ora foda-se“

Com sensivelmente 1/3 da etapa feita pusemos novamente os pés ao caminho mas a paragem deve ter-nos feito mal. Ou então era o facto de serem 12h e estar o pico do calor, a brisa já praticamente não existir, de termos quase 15km pela frente até Monsanto por um terreno árido e sem qualquer ponto de água, praticamente sem sombras, os líquidos que levava serem autênticas sopas de tão quentes que estavam e a nossa língua colar no céu da boca mesmo quando bebias 200ml de uma só vez. No meio disto chegamos aos 100km, com ca.18h45m o que não era nada mau. 

100km feitos ...


A coisa não estava fácil para nenhum de nós, mas comecei a achar o Artur a ir-se abaixo. Eu não ia muito mal tirando a sede constante e o ter que racionar água. Tentava urinar de vez em quando só para ir controlando a cor da urina e não estava a gostar da evolução que a coisa estava a levar – Dyoralite para dentro do bucho, uns géis (com aquele calor são ainda mais horríveis) ... era o tudo por tudo para evitar a desidratação.




Começamos a ficar resmungões ... víamos Monsanto do nosso lado em esquerdo bem lá no alto mas o percurso levou-nos para o lado contrário ... iamos contornar e subir do outro lado. „Foda-se, cabrões do caralho ... isto é alguma coisa??? Isto faz-se???“ ... a progressão agora era lenta, ainda se corria uma vez ou outra. O Artur estava a fazer um esforço enorme para acompanhar. „Então Artur, como estamos?“ ... „tou fodido do gémeo“ ...

Interminável aquela fase, nem uma pequena poça de água que nos permitisse molhar a cara, o pescoço, beber água quente é horrivel mas não temos outra hipotese. Esperamos chegar a Monsanto o mais rapidamente possivel.


„Então Artur? Estive a pensar, se calhar ficavas a descansar duas horitas em Monsanto e depois ias ter conosco a Penha Garcia ... combinamos saída às 21h“ ... ele estava mesmo muito desgastado e era a forma de poder recuperar. „Não se preocupem comigo, vocês seguem, amigo não empata amigo“ ... isso é verdade, mas nunca na vida iriamos deixar alguém para trás nesta situação. A coisa estava mesmo perigosa. Pelo menos até Monsanto vamos juntos.

olhem lá em cima daquele monte … aquela aldeia é Monsanto 

Finalmente chegamos a uma estrada em alcatrão e Monsanto começou a aproximar-se. Sabem que existem Anjos? Não sabem ficam a saber. Íamos nós a caminhar pela estrada fora num estado lastimoso passa um casal de carro, estavam a acompanhar alguém que devia vir mais atrasado que nós. Dão meia volta e param ao nosso lado ... „precisam de água?“ .... nem imaginam como me soube aqueles golos de água natural (pq fresca tb já não tinham) ... estou a escrever e estou emocionado pq foi mesmo mesmo um gesto enorme ... uns autênticos anjos que nos apareceram naquela hora. 

Estava na hora de subir a Monsanto ...  puta que pareu, a sério ... que puta de inclinação, por uns trilhos de pedras enormas que escaldavam os pés, com calor, cansados, esmurrados, abatidos a arrastar-nos por ali acima. O Lima a reclamar como nunca, o Artur coitado estava morto – uma eternidade para chegar lá acima. 


Finalmente entramos em Monsanto

Finalmente uma fonte de onde a água saía morna mas sempre era melhor  do que a que tinhamos. Cabeça debaixo da torneira ... ai que bom ....

Café??? Onde há um café??? O meu reino por um café??? .... Cola Zero gelada, 3 litros de água fresca para beber e repor todos os flasks e um calipo. Acho que exagerei pq até fiquei indisposto mas csa foda ... antes indisposto do que morrer desidratado.

Estava na hora de seguir viagem ... o Artur iria ficar por ali. A Rute estava à espera dele para fazer companhia. „descansa bem ... 21h em Penha Garcia para seguir viagem, ok?“ ... „não se prendam por mim, eu depois digo qualquer coisa“ ... fiquei com a sensação que ele ia ficar por ali, mas poderia ser só do momento – podia ser que saisse do fundo do poço. Temos que seguir.

Quando pensava que os 10km que faltavam até Penha Garcia iam ser mais fáceis bem que me enganei. Tirando o inicio em que refrescados até andamos bem, com um ou dois enganos no percurso – faltava o Artur que era quem dominava melhor a cena dos GPS – depois foi novo descalabro, calor, secura constante, xixizinho a ficar amarelo escuro, dores nas pernas e nos pés, as horas a passar e eu a ver a minha hora de soninho a reduzir drasticamente – tudo isto fez soltar o „Gru Maldisposto“ mais maldisposto que há em mim.7

a recta interminável com alcatrão a queimar-nos os pés que nos levava a Penha Garcia

a última foto desta etapa … "foda-se, acabaram-se as fotos, querem fotos? Venham para aqui vocês tira-las" … eu queria era matar alguém ...lol

Caralho, aquela malta da organização deve ter ficado com as orelhas a arder de tantos nomes que lhes chamei, principalmente por já em Penha Garcia nos terem feito subir até ao Castelo, passar por trás da Igreja, descer umas escadas em pedra para ver a praia fluvial espectacular que eles lá tem e dar a volta a toda a aldeia antes de aterrar na Junta de Freguesia ou lá o que era aquela merda a poucos metros onde tinhamos estado antes de ir dar a volta de merda à Vila.

Vinha há mais de 3km sem água com os lábios gretados, já nem salivava. Pensava que Penha Garcia tivesse vários cafés e queria parar no primeiro que encontrasse, mas não ... o percurso fez com que a zona dos cafés fosse a 100m da BA ... puta que os pareu a todos, gozar com o caralho ... não quis saber, parei na mesma e bebi um cola zero com gelo, umas pedras salgadas geladas quase de penalti ... foda-se caralho .... agora já posso morrer, foda-se!!!

Eram quase 19h30 ... mais duas horas do que o planeado o que queria dizer que o tal soninho ia ser reduzido ao minimo. Nem quis saber de comer ... peguei no meu saco e fui para os balneários tomar uma banho rápido. E que bem que soube 😊, muito retemperador. Agora 1 hora de soninho vai saber pela vida ... estendi a toalha de banho no chão de um palco e deitei-me, coloquei o despertador do telemóvel para as 20h40 e adormeci em 2 segundos ... mas acordei 2 ou 3 minutos depois por causa das moscas ... eram mais que muitas e não paravam de pousar e levantar em tudo o que era pele livre ... tentei ignorar, ainda assassinei duas ou trés deixando-as à vista das outras para ver se servia de exemplo e as outras tivessem medo mas não adiantou nada. Não me deixaram dormir ... ainda fiquei uns 20 minutos a descansar, depois levantei-me para tratar das rotinas habituais. Os meus pés estavam uma lástima ... „Bolhas Alert vermelho“ ... envolvi-os numa cama de pomada com a esperança de evitar as temidas bolhas. Comi um valente prato de massa com atum que estava uma delicia e bebi uma sopa de tomate fria que tb estava muito boa. Barriguinha composta, pernas tratadas, um banhinho e um bocadinho de descanso.

Eram 21h ... do Artur a mensagem esperada ... a PT281+ tinha acabado para ele em Monsanto.

Para mim e para o Lima começava a etapa até Idanha a Nova ... 33km ... a mais curta até agora.

Vamos?

PT281+ Sabugal a Penamacor



Saímos da BA do Sabugal seria perto da 1 da manhã. Pela frente a etapa mais longa de todas com quase 50km.Tinha como objectivo fazer 8 horas.

upa que se faz tarde...


A primeira parte da etapa é no seguimento da etapa anterior, grande parte em alcatrão, passagens por várias pequenas aldeias.

Vou um pouco melhor das pernas, a paragem fez-me bem. O Lima parece outro, bem disposto, com energia, falador. Também o Artur me parece bem. Esta trilogia está em sintonia. Corre-se sempre em plano e a descer, e caminha-se a cada subida, mesmo nas de pequena dimensão.

no meio do nada esta placa … enfim, não me larga





não pode ...


Nesta etapa viríamos a cruzar com pouca gente durante o período da noite, a malta já estava bem dispersada. Mas houve um francês que entrou na nossa história desta etapa. Lembro-me de o ver sentado na BA do Sabugal, sozinho num canto, parecia um pouco perdido. Já lá vamos.

O segundo terço desta etapa é em zona florestal, com muito sobe e desce, muitas vezes com água mesmo ao lado do percurso, fosse em forma de rio ou como barragem (acho que foram 3) ou mesmo como levada de água para regadio dos terrenos. Raramente tivemos oportunidade de ver essa água, apenas a ouvíamos e estava pertíssimo, algumas vezes a menos de 10m ... dá para imaginar a escuridão – desligando o frontal não vias nada a mais de meio metro de distância. Assim foi com umas eólicas ... apenas ouvias os sons das pás a girar e só conseguias ver umas formas quando estavas mesmo ao lado e apontavas o frontal para lá. 

foram umas horas a ver isto, ou a luz do frontal, ou uma horda de mosquitos atraídos pela luz … ingeri proteína com fartura mesmo sem querer

Foi nesta fase que o tal francês nos ultrapassou ... ia a bom ritmo. Dois km mais à frente numa zona onde cortamos à direita vemos uma luz em sentido contrário ... era o moço que se tinha enganado e voltou a passar por nós. Passados uns poucos km, talvez uns dois ou trés, já com os primeiros raios de luz entramos numa estrada em alcatrão com o GPS a indicar um corte á direita mais à frente. Como vimos um atleta um pouco mais abaixo nenhum de nós os 3 esteve atento ao GPS e seguimos o moço ... era o Francês e tinha-se enganado outra vez e nós fomos atrás. Lá demos pela falha e voltamos todos para trás a subir uma rampa que tinhamos acabado de descer.

Lá demos com o corte que estava bem visivel e que nos iria fazer seguir ao lado de uma levada durante alguns km ao mesmo tempo que o dia nascia de vez ... que lindas cores, a sério. A malta ia bem, de tal forma que corremos grande parte do tempo, voltamos a passar o Francês que se juntou um pouco a nós. Era a terceira vez que participava e nunca tinha conseguido acabar. Da primeira vez lesionou-se e da segunda desistiu aos 220km por desidratação. Pouco depois voltava a fugir-nos.

absolutamente lindo o nascer deste dia

ao contrário deste espécimen :)

Apenas o voltamos a ver por volta dos 35km na companhia de mais 3 outros atletas numa aldeia a reabastecer de água. Fizemos o mesmo – seriam 6 da manhã. A temperatura estava a subir a grande velocidade – não tardaria nada e o sol estaria a massacrar-nos. 





Queríamos chegar o mais rapidamente possível a Penamacor para descansar. Continuávamos bastante bem e a correr quase sempre, mesmo em pequenas subidas.

Á saída de mais uma aldeola vemos o grupo de 4 uns 200m à nossa frente ... uma algazarra ... tinham-se enganado. Porquê? O francês tinha ido em frente em vez de cortar à direita e foram todos atrás 😊 ... eu acho que o gajo desiste porque não consegue fazer 10km sem se enganar.

À medida que a etapa ia chegando ao fim o cansaço começou a apoderar-se de nós. Penso que o factor psicológico de querer chegar à BA, aliado aos quase 85km que já tinhamos nas pernas e ao calor que pelas 9h já estava bem acima dos 30 graus são factores mais que lógicos para estarmos assim.




Chegamos à BA de Penamacor seriam umas 9.15h – aceitável porque não punha em causa a vontade em chegar cedo a Penha Garcia para descansar (leia-se „dormir“) mais ao fim do dia.

A BA estava montada à saída de Penamacor, numas tendas improvisadas na beira da estrada. Não era o sitio ideal mas pronto, as coisas são como são.

Ao espreitar para dentro de uma das tendas vi que tinha colchões para a malta descansar. Num desses colchões estava deitado uma cara conhecida ... „Atão Silvério... o que aconteceu?“

O Silvério tinha desistido por desidratação aos 50km. Ele é da minha zona, tem um currículo muito interessante olhando aos poucos anos que corre. Inscreveu-se na PT281 por minha „culpa“ ... a 6 de Junho deste ano, quando organizamos o evento Alimente esta Corrida e eu aproveitei para fazer um treino longo, ele foi lá entregar um donativo e aproveitou fazendo-me companhia durante meia horita ... naturalmente falou-se na PT281 e eu mostrei-me convicto que a prova se iria realizar, ele entusiasmou-se e aproveitou a reabertura das inscrições. Teve azar ... o corpo dele não quis ajudar e fustigou-o com vomitos e diarreia logo desde os 20km. São coisas que acontecem.

Sentamos numa mesa à sombra de uma das tendas. Ritual habitual, comer, beber, reabastecer, gelo nos músculos, etc, etc, etc. Juntou-se a nós a Rute que andava a acompanhar o Artur e ainda deu para cohecer o Ricardo Batista do Blogue „aguenta-te sempre“ – um daqueles do antigamente que me marcou por ter lido, entre outras aventuras, sobre os 100km de Bienne na Suiça onde eu um dia quero participar.

tratar dos chispes

enfardar

cumbibere (grande Silvério)

não sei se já tinha mencionado … tratar dos chispes

Lembram-se do Francês que passava a vida a perder-se. Chegou um pouco depois de nós a Penamacor. Foi a última vez que o vimos – estava com cara de chateado, iria desistir.

Eram 10h quando arrancamos com destino a Penha Garcia ... na ementa 38km e muito calor. A intenção era chegar cedo, mais tardar às 17-17h30 ... prémio era um banho e uma soneca retemperadora.

NOTA DE AGRADECIMENTO: ao João Ricardo Russo, um amigo do João Lima que desconhecia ... veio de Lisboa acompanhar o primeiro dia da PT281+ e fez questão de esperar por nós em vários pontos das primeiras duas etapas. Sabe tão bem alguém estar ali com uma palavrinha de incentivo. Muito obrigado João!!!

Vamos seguir caminho para Penha Garcia?