terça-feira

Mâmoa River Trail - a culpa é do Toy

Tinha percorrido uns 500m e já estava com os bofes de fora e o coração a querer sair-me pela boca ... olhei para o relógio ... 4,25m/km ... a sensação era de ir a 3,30 ... deve ser do arranque a frio, só pode ...

Vamos puxar o filme umas horitas atrás. Perto das 2h da manhã estava a estacionar em frente ao meu prédio, o tempo estava fresco mas seco. Eu e a Pikinita estavamos a chegar a casa depois de uma noite de farra (não dessa farra, seus tarados ... ) ... tinhamos ida a Canedo ver o Toy com o Fontes, Amércio, o Bruno e respectivas familias.

Não é que o Toy seja própriamente do meu gosto músical, mas como era a convite do Bruno do Intermarché de Canedo e como se conseguiu reunir um grupo divertido de Pernetas, porque não? Como é lógico e evidente tinhamos que jantar antes ... como é lógico e evidente marcamos jantar em Canedo ... como é lógico e evidente não era por termos uma prova no dia seguinte que nos iamos poupar nos comes e bebes ... e assim foi ... começamos com um fininho (ou dois) com as entradas, segui-se um vinho (tinto ou branco, ou ambos os dois) com o jantar e um xiripiti caseiro bebido de penalti oferecido pelo dono do tasco. Teve sorte que estavamos com pressa 😉


Chegamos em cima da hora ao pavilhão de Canedo ... mesmo a tempo de beber uma cervejita antes do arranque de um concerto que não defraudou as espectativas. Quer dizer ... a gente divertiu-se à brava ... dançou-se, cantou-se e não levamos na tromba de alguns senhores menos bem dispostos porque não calhou 😊 ... e como é lógico e evidente isto tudo dá cá uma sede que nem é bom... o concerto durou hora e meia ... não sei quantas bejecas foram, mas umas 4 ou 5 talvez... mas eram pequeninas 😉




fodeu-se ...

Há uns videos feitos em directo na página dos Trilhos dosPernetas ... deixem lá, esqueçam ...

O soninho foi curto, mas o suficiente ... levantamos um pouco antes das 7h. Quer dizer, a Pikinita já tinha andado a pé por volta das 5h com uns dessaranjos intestinais, problemas que se foram mantendo enquanto estivemos em casa, de forma que o pequeno-almoço dela foi uma chã, 2 bolachas e um imodium 😉 ... ahhh ... e pouco antes de sair „virou o barco“ o que aliviou, mas fez tomar uma decisão importante. Ia mudar dos 25 para os 15km e meter o „modo passeio“ on. Não estava em condições de se matar. Eu pelo contrário continuava com vontade de ir à „gadelha“... mesmo com a boca seca que nem um cortiço.

O tempo ainda estava seco. Previa-se chuva forte, S.Pedro até foi amigo e deixou-nos sequinhos durante o tempo que antecedeu a partida e até quase meio da prova. 13 calenses Pernetas em prova ... jasus ...


E lá se deu a partida ... saí forte .. sabia que este percurso é na sua grande maioria em single tracks ... tinha que ganhar o máximo de lugares ao início para evitar o máximo de aglomerados nos primeiros km. Tinha uma noção do que me esperava ... já fiz treinos abertos com a malta que organiza e sei que o Agostinho não faz prisioneiros com os seus percursos ... mais de 1000m D+ em 23km, em pequenas serras que vão pouco acima dos 400m ... um mói pernas daqueles. Também sabia que tinha zonas com bastante tecnicidade e inclinações fortes, a subir e a descer ... o que me preocupava eram as descidas, como sempre.

Ao meu nivel, o ponto forte são as subidas ... a minha intenção era ganhar o máximo de terreno a subir para compensar o que perco nas descidas. Nos planos era imprimir um ritmo forte mas controlado. Simples.

Vamos lá então .... tinha percorrido uns 500m e estava com os bofes de fora e o coração a querer sair-me pela boca ... olhei para o relógio ... 4,25m/km ... a sensação era de ir a 3,30 ... deve ser do arranque a frio, só pode ...


Primeiras partes mais onduladas ... corro nas subidas mas sinto as pernas muito cansadas, a coisa não ia. Fonix!!! Nos primeiros km vou insistir na táctica pré-definida ... chateia-me não conseguir fazer algumas subidas a corrinhar ... chateia-me ainda mais fazer as descidas mais técnicas a passo e ser ultrapassado constantemente pela malta que tanto me custou deixar para trás ... ó Toy!!! A culpa é tua ...

Ainda nem 1/3 da prova tinha feito e já ia em modo Gru Maldisposto ... não me sentia cansado, não me faltava energia, pura e simplesmente as pernas não queriam andar nas subidas. Faz uma semana tinha feito umas rampas bem mais longas e difíceis em treino, sempre a correr, e sempre controlado. A culpa era do Toy, só podia!!

Mais uma descida daquelas, mais 3 ou 4 a passar por mim a grande velocidade e a desaparecer ...  ta que pareu páh, desisto de andar à „gadelha“, assim não dá ... finalmente um estradão com piso onde posso dar corda às sapatilhas ... e é o que faço, recupero bastante ... hmmm, já me sinto melhorzinho ... temos de contornar um campo de mirtilos numa colina ... uma subida bem acentuada do lado direito ... olho para cima e vejo meia dúzia de companheiros a caminhar lá no alto ... „é agora“ ... e meto o modo corrinhanço pela colina acima ... o aproximar dos companheiros dá aquela motivaçãozinha extra ... lá em cima vejo-os a cortar à esquerda e a começar a correr, sinal de que o terreno ficou mais plano ou a descer ... e era mesmo, e em estradão ... toca a abrir a passada ... tenho que apanhar aquela malta ... ia de tal forma distraído que falhei um corte à direita ... desci toda a colina dos Mirtilos até quase à parte em que tinha começado e só dei por ela bem lá em baixo ... foda-se ... tenho que voltar para trás ....

... acabou-se ali a „gadelha“ definitivamente ... conformado, saquei meio gel que me tinha sobrado da maratona do porto, bebi um pouco de água, mudei a água às azeitonas, respirei fundo e voltei para trás a caminhar colina acima, à procura do corte que tinha falhado por falta de atenção minha. Ali estava ele, o tal corte ... estaríamos talvez com ca 10km .. aproveitei a boleia de uma atleta do feirense ... viríamos a passar-nos um ao outro durante quase todo o resto da prova ... eu fugia nas subidas e nos planos e ela davam-me uma abada nas descidas ...

Foi assim também com um grupo de meia dúzia de atletas de várias equipas, entre os quais tb o Vitor e o Jorge dos Outlaws ... alguns troços juntos, alguma converseta ... curiosamente senti-me bem melhor na segunda parte da prova e nem reduzi muito o ritmo ... continuava a aproveitar para ganhar algum terreno a subir (embora já caminhasse em boa parte) para voltar a perder esse terreno nas descidas.

Perto dos 15km a subida da escadaria do S.Marcos, com um abastecimento no topo ... vinha com um grupinho e um deles desafiou-me a subir a escadaria a trote ... ele desistiu a meio e eu logo de seguida ... fiquei com as pernas a tremer ... no abastecimento apenas enchi o flask e comi meia banana ... já chovia bem há algum tempo e estava vento ... sigaaa ...


"onde anda o Agostinho crlhes..."


... um pouco mais à frente apanho a Pikinita e a Samanta num abastecimento ... beijoca e sigaaa ... faltariam ca. 5km ... a tipologia de percurso continuava a ser a mesma, muito sobe e desce, quase tudo em single-track ... para passar de umas serras para as outras era por estradas e estradões entre aldeias e campos ... nestes últimos km já comecei a apanhar muita gente dos 15km , sempre malta simpática e sempre com uma palavrinha de incentivo uns com os outros.

Uma última grande e ingreme subida que reconheci de outros treinos ... forcei um bocadinho ... depois aproveitei uma das poucas descidas em estradão para correr o máximo que consegui, antes de entrar novamente em single tracks até ao rio ... estes foram os mais escorregadios que apanhei e os cuidados foram redobrados ... quando parecia que a prova estava feita, mesmo a chegar ao rio, escorrego e dou o único tralho de toda a prova ... um bate-cu daqueles ... ao tentar segurar-me torci o braço esquerdo e tenho a noção que o podia ter partido ... o dedo indicador da mão esquerda tb sofreu ali qualquer coisa ... não me apercebi o que provocou ao certo, mas a verdade é que ainda hoje está um pouco inchado e dorido. Mas não há-de ser nada....

... ali estava a praia fluvial da Mâmoa ... continuava a chover intensamente, e ali estava o Bruno Gonçalves, speaker de serviço e tal como eu administrador da página Trail Runners pela Verdade ... tinha dito que quando o visse na meta que dava a volta e ia para trás para não o aturar… só ameacei 😉 … cheguei 3h16 depois de ter partido, 23km e mais de 1200m D+ feitos ... molhado, cheio de lama, com frio … banho quente? Mudar de roupa? Náhhhh … beber uma cervejinha com o meu menino Bruno que esteve firme e hirto durante toda a manhã a acompanhar a malta.




Bem … foi uma manhã bem passada, um belo de uma prova num tipo de percurso que não é ao meu gosto e que me deixou empenado. Não sei onde estava com a cabeça para me inscrever aqui (outra vez) … não fui ao engano, já tinha noção do que me esperava, mas mesmo assim quis vir e tentar andar à gadelha … não foi possível e a culpa deve ter sido do Toy 😉 (pois, pois …)

Parabéns à malta que organiza o Mâmoa River Trail, especialmente ao Agostinho que consegue retirar todo o “sumo” desta zona … trilhos muito desafiantes que nos levam pelas serras da redondeza (Milheirós e Romariz), ligando praticamente todos os pontos de interesse que existem por aqui (destaco a nascente e o próprio rio Úl, a Capela de S.Marcos e aquela colina dos Mirtilos que quando passei estava com uma luz fantástica). No mínimo 70 ou 80% são em single track e muitas partes bem técnicas … os 2400m de desnível acumulado são conseguidos pelo constante sobe desce num autêntico parte pernas com muito poucas zonas onde se pode esticar o andamento. Como já referi, não é propriamente um percurso ao meu gosto e para as minhas características, mas não é por isso que não tenha sido organizado de forma impecável, não falhando em nada, muito menos no essencial como marcações impecáveis e abastecimentos nos sítios certos.

De referir ainda que na semana passada comprei umas Asics Fuji Trabucco Terra por 53 euros… tinha experimentado no treino molhado de há uma semana atrás com umas excelentes primeiras impressões. Na Mâmoa foi a prova dos nove, pois teve lama, pedra, muita água, pisos irregulares, inclinações curtas mas brutas que não constituíram qualquer problema de maior. Excelente conforto e muito boa tracção. Falta saber como se comportam em provas ou treinos mais longos e ver tb qual a durabilidade (à primeira vista parecem ter alguns materiais menos duráveis). Uma coisa é certa … excelente relação qualidade/preço.

Próxima paragem … treino de Natal Perneta!!! Até a barraca abana 😉

Ahhh … Toy, se me estiveres a ler … vai pró carlhes, que por tua causa não ganhei páh …



segunda-feira

Regresso aos Trilhos - Maravilha!!!

Que inkipinha !!!

Com tantos meses dedicados ao alcatrão, entre meados de 2021 e primeiros meses de 2022 não houve montes para ninguém. Depois quando estava a começar a fazer uns trilhos, uma pubalgia afastou-me desse prazer por mais uns meses e o regresso à Maratona do Porto voltou a adiar a coisa por mais umas semanas valentes.

Foi finalmente na semana passada, na ressaca da Maratona do Porto, que voltei ao quintal dos Pernetas com a Pikinita ... foram apenas 1h30 de um treininho muito descontraído que soube pela vida. 

vamos lá dar uso a isto....









Não subimos ao Camouco desta vez (o tempo estava contado) mas percorremos os trilhos junto ao Inha e as encostas do lado de Canedo do nosso quintal. Tivemos direito a tudo, subidas, descidas, travessias de rio, partes mais e menos técnicas e eu comprovei que ainda não perdi o jeito para uma coisa em que sou de topo a nível mundial .... largar javalis no monte 😉

Acho que nem chegou aos 10 minutos de treino quando de pronto apliquei todo o conhecimento de anos e anos de experiência nesta matéria ... mal senti os „primeiros picos“ ao fundo das costas nem hesitei ... postura direita, olhar de raio-x em volta, concentrado (leia-se „desesperado“) em redor para descobrir aquele spot perfeito para adubar a zona ... tauuuu, vai ser ali atrás daquela árvore, encoberto pelo mato alto q.b (bem ditos tugas que não limpam os seus terrenos)... enquanto me desloco para o local, ágil como um felino (embalsamado), mando um aviso à navegação para que não estranhem o meu „desaparecimento“ repentino (leia-se que me sai um estridente „vou cagar“, em dó menor, em direcção à Pikinita que já não estranha nada do que venha da minha parte) ... enquanto num último salto à Sergei Bubka (entendedores entenderão, os outros vão ao google), aínda no ar, retiro o pacotinho de lenços da parte de trás do cinto com a mão direita enquanto com a esquerda baixo o calção (e baixaria a cueca se a usasse) ... o aterranço é apenas perfeito - se tivesse que dar uma nota seria igual à da Nadia Komaneci nos Jogos Olimpicos em 1976 em Montreal (entendedores entenderão, os outros vão ao google), com as pernas ligeiramente afastadas em posição de agachamento, fazendo um ângulo de 90º perfeito (afinal fui uma vez à box com o meu menino Bruno para quê?) .... o resto é história ... antes que me começem a crucificar, os lencinhos eram biodegradáveis (ou se não eram, pareciam) ... 2 aspectos a corrigir na próxima ... tentar evitar mijar em cima das próprias sapatilhas e dar high-fives aos colegas de treino com a mão direita 😉 ... acho que já chega de merdices por hoje ... siga com o post ...

belo treininho ...

Durante a semana e com os dias a escurecer muito cedo já não voltei aos trilhos. Mas corri em estrada ... muita subidinha para acumular desnivel e até umas series com velocidades como há muito não fazia (6x800m a 3,40m/km ... estou um maquinão (a gasóleo dos antigos)) 😊

Para acabar a semana, no domingo, mais uma ida aos trilhos ... o tempo era escasso pelo tinha que ser perto de casa ... 20km pelos trilhos de Santo André ... ir à Big Cansil e voltar,  650m D+ ... Pikinita tb estava on. Mensagem no grupo dos Pernetas no whatsapp e tauuuu ... mais uns quantos se juntam à festa. Maravilha. Quando acordamos no domingo, chovia pra carlhes ... sigaaaa ... ponto de encontro junto à Capela, a 500m de casa ... não faltou ninguém, tudo bem disposto menos um ... mas isso tb não é novidade nenhuma e tb não lhe adianta de nada, é aguentar ... não é Flávio???

Pikinita ... giraça

O GPS humano ... Américo

Xô Presidente Lucidios Dias ... 74 anos e está como o aço...

Teresa ... "The smile"

Frei Fontes ... que bom estares de volta moço

Casalinho de Nunos ... o velhadas do Lima e o Pereira que gosta de se atirar para o chão nas Maratonas

euuuuuuuuu ....

Flávio ...

Avisei a malta que a chuva parava às 9h, e como nunca me engano, choveu o tempo todo ... e ainda bem porque assim o treininho foi maravilhosamente bom. Já me tinha esquecido o quanto sabe bem andar no monte com pessoal amigo bem disposto (menos um), ainda por cima com chuva e lama ... pareciamos miúdos a chapinhar nas poças ... bem, uns chapinharam mais que outros ...

... eu tive direito a mandar um tralho numa poça de água barrenta, de cabeça ... encantei-me com um salmo do Frei Fontes que me apaziguou a alma e me distraiu do caminho (tipo um charrito dos bons) ... catrapumba, catrafoda-se ... mas tudo está bem quando o telemóvel fica bem, não é?


sempre sérios e focados ... 

Deu para tudo, para um gajo se enganar no percurso e virmos parar à estrada Nacional Nr.1 ... fazer trail na nacional não é para qualquer um 😉 ... como tinha dito, eu nunca me engano, só quando não acerto ... o tempo de chuva durante todas as 3h que o treininho durou fez com que poucas fotos tirassemos ...





O MOMENTO DO JOGO

Foram 22km com 650mD+ ... desengane-se quem pensa que foi só brincadeira ... fiz umas belas rampas em modo „treino on“... senti-me tão mas tão bem que acredito que esta época sou sério candidato a não ganhar nada mais uma vez .... deu para tudo ... chegamos a casa todos encharcados ... banhinho quente, roupa confortável e almocinho bom ... maravilha!!!

Domingo haverá mais trilhos ... desta vez em prova ... vamos andar à „gadelha“ em Milheirós de Poiares, nos Trilhos da Mâmoa preparados pelo Agostinho. Seremos 13 Pernetas ... 10 nos 25km e 3 nos 15km ... eu vou aos mais longo ... vai dar empeno na certa ... e vai chover ... maravilha 😉

afinal há Flávio....



terça-feira

A Maratona da Pikinita - Porto 2022 - dedicada ao meu menino Bruno

 


Saímos de casa ainda de noite, com frio e a chover ... aquela chuva molha tolos, chata. Apanhamos o Américo e o Fontes e seguimos para o Porto – chegamos um pouco antes da 7h e quase que pudemos escolher onde estacionar. Nada a ver com a confusão habitual em dia de Maratona do Porto o que fazia antever um número de participantes bem abaixo do habitual o que se veio a confirmar - menos que metade de finishers que o habitual.

Todo o ambiente habitual à volta do Queimódromo estava como o tempo ... frio, molhado, ventoso. Fiquei a pensar para os meus botões „vai ser uma Maratona tristonha e dificil“. O cafézinho onde costumávamos ir estava fechado ... porra ... único remédio foi refugiar numa entrada de um prédio e aguardar a hora da partida que este ano seria às 8 horas.

Com o aproximar da partida o tempo melhorou, parou de chover, diminuiu o vento e abriu um pouco. Tb aumentou a azáfama pelas ruas, conviveu-se um pouco e tirou-se as fotos de equipa da praxe. Faltam 5 minutos ... siga para as boxes.


é fãs por todo o lado 

Embora tivesse dorsal para o bloco A, enfiei-me no B com a Pikinita ... afinal ia fazer a prova com ela, tentar ajudar o que pudesse para um novo RP. Juntaram-se a nós o Fontes e o Américo.

Quase não tínhamos tempo de entrar na box, ainda deu para uma última selfie já o pelotão avançava para o pórtico para iniciar mais uma Maratona do Porto, a minha 10ª.

a equipinha dos 4

isto ao início é só boa disposição ...

Os primeiros km eram muito importantes ... o que me preocupava era a Pikinita ... a juntar ao problema muscular que a impediu de treinar nas últimas 3 semanas ela carregava com ela uma forte dor abdominal que lhe tinha aparecido de véspera, combatida com medicação entrou em modo estável, mas incómoda. Estava combinado que se evoluísse alguma destas situações que seria para parar.

Se nada disso tivesse acontecido teríamos as 3h30 como objectivo ... sendo assim era preciso reformular ... um recorde pessoal seria 3h45, 3h40 seria fantástico.

Os primeiros km foram para entrar no ritmo, ligeiramente acima dos 5min/km, sempre com a bandeira das 3h45 perto e que aproveitamos para ultrapassar na descida para voltar à Rotunda da Anémona ali por volta dos 3km. Agora era tentar colocar entre as bandeiras das 3h30 e das 3h45 e estabilizar.

E assim foi pelas ruas de Matosinhos, Porto de Leixões, até ao retorno na marginal de Leça ... ali íamos os 4, bem-dispostos, frescos e muitas vezes a andar rápido demais com aqui o velhote sempre a refrear os ânimos. Mais importante ... a Pikinita, mesmo com algum desconforto, ia bem.

10km um pouquinho de nada acima dos 50min ... perfeito. Foi a correr para sul na marginal de Leça a única vez que me lembro de ter sentido um pouco o vento contra. Sigaaaa....

correr e tirar fotos ... pétaculo

E foi por volta dos 14km a subir para a ponte em Leça que senti a Dora a arfar pela primeira vez 😉. Os ritmos mantinham-se estáveis embora continuasse a ter que travar a mota aos meus companheiros algumas vezes. Aquela voltinha em Matosinhos ao longo do Porto de Leixões é chata ... os paralelos, o facto de ser ligeiramente a subir não são agradáveis ... valha-nos a boa disposição do Fontes que via „primos“ em todo o lado e nos retornos haver sempre incentivos de um lado para o outro da malta conhecida ... sigaaa de volta à zona de partida ...

aqui aínda os 4 juntos, a ferrar os calcanhares ao Mike

O tempo tinha aberto ainda mais e estava óptimo para correr ... a passagem pela zona das praias de Matosinhos é qualquer coisa e sem dúvida um dos pontos altos. Uma montanha de gente de ambos os lados a „carregar“ quem passa, então nós tivemos uma sorte do caraças com tanta gente a chamar pelos „pernetas“... aliás, isto foi uma constante durante toda a prova (Obrigado 😊)... as pernas ganham asas e é preciso muita cabecinha para não entrar em exageros.

Um pouco depois voltamos a passar na zona onde tínhamos partido há ca. de 19km atrás, Castelo do Queijo e Avenida Brasil onde sensivelmente a meio passamos a meia-maratona .... 1h47 e uns pózinhos ... x2 daria qualquer coisa como 3h35 ... mas sabemos perfeitamente que uma Maratona não são 2 meias-Maratonas. Não é?

Até ali, tirando os primeiros 6km que foram lentos ao início e depois rápidos para estabilizar, todos os outros km foram corridos entre os 4,58 e os 5,07m/km.

„como estás? “ .... „com as pernas pesadas e algum desconforto, e doí-me as costelas...“ responde a Pikinita.... „aguenta até aos 25km e depois baixamos um pouco“... aos 25km teríamos a nossa claque e o Bruno com a garrafinha com bebida energética à espera ... já se notava cansaço em todos nós ... o Fontes dizia que já estava a ficar „fodido“ 😉, o Américo mais calado o que tb era sinal de desgaste, e eu tb já sentia as pernas a ficar pesadotas.

Por volta dos 24km o Fontes diz que vai ficar por ali e que esperava por nós na meta. O Fontes não treinou para a Maratona, na semana passada ofereceram-lhe um dorsal e ele veio até ao Porto – ele tem algumas Maratonas no CV, tempos ali à volta das 3h ... sentiu que não fazia sentido ir até ao fim e fez o que achou melhor. E está muito bem assim.

E passamos a ser 3 no nosso grupo. Um pouco mais à frente lá estava a nossa claque .... que maravilha, que bem que sabe ter ali a nossa familia no apoio ... não dá é para grandes convívios, uns high-fives e siga a camioneta ... entre a meia Maratona e o km 26 mantivemos o ritmo entre os 5,01 e os 5,08m/km.

Mas vendo que a Dora já estava a entrar naquela luta da Maratona, e lembrando-me do que me aconteceu exactamente na mesma zona no anopassado, estava na hora de reduzir um pouco o andamento. Estávamos perfeitamente dentro do objectivo, havia que gerir o máximo possível.

Os ritmos baixaram ... não apenas pelo desgaste, mas também porque o percurso agora entrava na Ribeira, com piso irregular e com aquela subidinha para o tabuleiro da Ponte D.Luis que é bem durinha nesta fase e para finalmente chegarmos ao Freixo que para mim é sempre das zonas psicologicamente mais difíceis.

KM 27 – 5,15

KM 28 – 5,21

KM 29 – 5,19

KM 30 – 5,05

Chegamos aos 30km com 2h33min ... na teoria, agora era fazer os 12k finais numa hora e pronto 😉 ... mas é agora que a Maratona normalmente começa e hoje, para nós, já tinha começado há 5 km atrás.

No retorno do Freixo o Américo ficou para trás ... apareceram as cãibras ... e assim fiquei sozinho com a Pikinita que estava mesmo com muitas dificuldades...“como estás? “ ... „doí-me tudo...“ .... „a barriga? “ ... „o desconforto continua aqui, mas não aumentou...“ ... ainda faltava tanto ... olhando para a Pikinita só me apetecia dizer para caminharmos um pouco, que se fodesse o rp ... era o mais fácil ... mas ao mesmo tempo eu conheço a raça da minha moça e sabia do que ela é capaz. Vamos indo e vamos vendo ...

Ainda antes do km 31 passamos pelo abastecimento da Lina e dos seus escuteiros ... a Lina é uma grande amiga nossa e fez a festa à nossa passagem 😊 ... quem corre a maratona sabe o boost que estes gestos dão ...

obrigado Lina

... o problema é que tão depressa nos abstraímos como depressa voltamos a sentir as dores da Maratona. Próximo objectivo aguentar até aos 35km ... nova passagem pela Ponte D.Luis, Túnel da Ribeira, os terríveis paralelos desde a saída do túnel até à Igreja de S.Francisco ... vão valendo os incentivos do público, em especial de muita gente que não reconheço e gritam „Vamos Perneta“ou „ Vamos Pikinita“ ... e houve tantos ... depois o piso melhora ...

KM 31 – 5,18

KM 32 – 5,18

KM 33 – 5,20

KM 34 – 5,17

KM 35 – 5,28

Como podem ver, o objectivo de não baixar ritmo até ao km 35 foi conseguido ... aqui foi a primeira vez que a Pikinita me disse que „só me apetece caminhar“... eu ignorei, custou-me, sou sincero ... ninguém gosta de ver os seus a sofrer e ela estava a passar mesmo um mau bocado ... „baixamos um pouco o ritmo, estás a fazer uma prova excelente, dentro do tempo ...“ ... foi o que fizemos.

Cada km agora era uma eternidade com os olhos sempre à procura da próxima placa ... já se apanhava muita gente a caminhar ... mas tb começamos a ser ultrapassados por colegas que iam bastante bem. Neste troço apareceu o nosso Nuno Silva que acompanhou um pouco de bicicleta e devido ao nosso ritmo „fortíssimo“ se viu grego para nos tirar uma foto ... ou foi isso, ou a falta de jeito ou então o telefone que não vale um caracol, ou tudo junto 😊 ... lá fomos andando assim até à entrada da Foz onde sabia que iriamos ter uma zona critica ... estão a ver aquela subidinha ligeira em paralelos junto ao Forte na Foz? Doi não dói? ... aquilo tem umas guias em granito na berma ... passei para a frente da Pikinita e mantive o passo de corrida em cima dessas guias ... e ela manteve-se firme atrás de mim ...



KM 36 – 5,32

KM 37 – 5,38

KM 38 – 5,42

KM 39 – 6,01

O KM 39 coincide com o final desta subida e com a chegada à Foz, foi o único km acima dos 6min/km ... „tenho que caminhar um pouco“... nem tive tempo de reagir, paramos e caminhamos ... foram apenas uns 20 ou 30 metros, para tomar um gel e beber um gole de água ... „vamos, estás perfeitamente dentro para um excelente tempo“... pelas minhas contas entre 3h42 e 3h43 se conseguíssemos manter os ritmos ... mas todos sabemos o que pode acontecer nestes últimos km. Nada é garantido ...

Voltamos a correr ... a minha dúvida era saber como iriamos reagir após paragem ... mas voltamos aos ritmos com que vínhamos ... a infindável Avenida Brasil que coincide com a chegada dos 40km ... já nem peguei em água no abastecimento ... usamos o resto da água que traziamos para beber e despejar o resto pela cabeça para tentar refrescar um pouco. O tempo tinha aberto, o céu estava azul e o sol já fazia mossa tb ...

KM 40 – 5,29

Agora era subir um pouco a Avenida da Boavista .... „vamos, agora é aguentar até ao retorno, depois descansamos na descida“... e assim foi, a moça arfava e cerrava os dentes, mas venceu aquela subida terrível com mestria (num treininho qualquer aquela subida parece uma descida 😉) .... aqueles 500m a descer souberam que nem ginjas ...

KM 41 – 5,42

Foi feito com tranquilidade ... não é para estragar agora ... muita gente a caminhar, muita gente com espasmos musculares nas bermas ... não vamos arriscar ... já no fim do edifício transparente, antes de iniciar a subida para a zona da meta, uma surpresa enorme ... ali estava o Afonso (um miúdo de quem a Dora cuidou desde muito pequeno) juntamente com os pais, Francisco & Márcia ... fizeram-nos uma enorme festa (Obrigado 😊) ... o Afonso correu uns metros connosco e entregou isto à Dora ....

grande Afonso

... ó páh ... fico a suar dos olhinhos com isto ... a sério ... agora era „só“subir para a meta ... ali estava o nosso Presidente, o Xô Dias ... já o tinha visto logo no início da prova no Castelo do Queijo ... ali com a malta desde o início ... um exemplo!!!


Naqueles últimos centenas de metros e embora seja a subir o ritmo aumenta por vários factores ... já sentes a meta, e a ajuda das pessoas que estão ali a dar-nos aquela forcinha final ... montes de „Anda Perneta“... „ Anda Pikinita“ ... oh páh ... peço desculpa por não dar aquela atenção, muitas vezes só ouço, nem vejo quem foi, de onde veio ... mas adoro, mesmo ... obrigado!!

KM 42 – 5,22

Aqueles pórticos, aquela curva à direita para entrar no Queimódromo ... ali está a claque do CAL/Pernetas com o meu menino Bruno de megafone em punho a receber-nos ... que orgulho nesta família 😊


... o que se sente nestes últimos metros? Não sei descrever por palavras, quem corre a Maratona sabe .... mas desta vez tenho um vídeo que fiz questão de fazer ... vejam e sintam ...

 

... espetáculo de Maratona ... espetáculo de Pikinita guerreira de raça. Aquele abraço longo depois de cortar a meta soube tão, mas tão bem e disse mais que um milhão de palavras. Só nós sabemos 😉

3.41,54 ... ca. 5 minutos abaixo do recorde anterior e nas condições em que estava. Muito, muito bom ... Parabéns Pikinita ... agora é desfrutar do resultado e recuperar bem. 

Quem diria que um dia que começou tão tristonho iria acabar desta forma? Fantástico ...

Cervejinha, receber a medalha e ir ter com os nossos, encontrar quem já tinha chegado, esperar e apoiar quem ainda faltava chegar. Maravilha!!! Parabéns a todos!!!

as "manas" ... grande prova tb da Raquel

as "manas" e eu 

grande Fontes ... na cerveja ninguém lhe ganha


com os velhadas Lima & Américo

Gostaria de destacar aqui os dois estreantes e agora oficialmente Maratonistas!!! O Álvaro, meu companheiro de treinos para esta aventura e que se estreou com um tempo fantástico, ainda por cima para primeira (3h26) e o Ricardo que vem do andebol e corre apenas de vez em quando. Bem-vindos ao clube!!!

Agradecer a todos o apoio que nos deram antes e durante a prova, fosse de que forma fosse ... é mesmo impressionante a quantidade de gente que tem a amabilidade de chamar por nós durante a prova.

Família CAL ... obrigado ... nunca falham ... e não foi pela francesinha que fomos morfar no final 😉 Pode haver igual, mas melhor não existe mesmo!!!

quem não é para comer não é para correr

o Badolas para correr tá quieto, mas para comer ...

Dizer tb que mais uma vez a organização esteve em grande nível. Ainda não esqueci as garrafinhas de vinho do Porto que ofereciam há uns anos atrás, que eram abertas e partilhadas nuns treinos com amigos, mas pronto. No essencial nunca falham. A verdade é que a Maratona do Porto é de grande nível e oferece muito a um custo baixo. Parabéns Runporto!!!

Quanto a mim ... foi a minha 16ª Maratona de estrada (com a de 11km de Roma são 17 😉) ... com tanta atenção focada na Pikinita ajudou a abstrair-me das minhas „dores“... lembro-me de começar a sentir as pernas pesadas antes da meia-maratona, algo que nunca foi deteriorando demasiado ao longo da prova como muitas vezes acontece. Isso não quer dizer que não tenha empenado ... empenei e bem. Vamos ver como corre a recuperação nos próximos dias ... se tudo correr bem regresso aos trilhos e às S.Silvestres até final do ano.

Por fim uma dedicatória ... esta Maratona é para o meu menino Bruno ... nunca mais, mas mesmo nunca mais nos faças isso, ouviste? Estás proibido ... está dito e quem manda sou eu!!!

TEAM "RUMO às 3h40" ... Eu, Pikinita, Álvaro e Bruno