terça-feira

Feirense Backyard Ultra 2024 - mais uma moedinha, mais um voltinha

 

Quando a malta do Feirense organizou o primeiro Backyard eu não pude estar presente por estar de férias. É que eles tem feito a coisa em meados de Agosto, e na semana em que faço anos … por norma não estou por casa … mas este ano estive 😊

Inscrevi-me uns 2 meses antes … quis primeiro ver se havia condições mínimas para poder treinar alguma coisita, ver se a Sara (e a Dora) permitiam meter alguma rotina de treino de forma a que pudesse estar em condições mínimas para uma prova desta exigência.

A preparação como é lógico não foi nem podia ser a melhor … não é com 3 ou 4 treininhos de 40 a 50min de estrada e 3 ou 4 longos de 30 a 40km que um gajo fica preparado para este tipo de prova. Não houve uma única semana em que tivesse chegado perto dos 100km …

Como podem ver … já estou aqui a arranjar desculpas para o que virá a seguir 😉

Também poderia falar na falta de descanso por termos uma bebé, das muitas viagens de trabalho dos últimos meses, da má alimentação e hidratação que isso implica e dos respectivos 3 ou 4 kg a mais que carrego comigo (ok, ok, aqui a culpa é mesmo minha 😉) …

Chega de desculpas??? Vamos arranjar só mais algumas ….

Tudo o que descrevo acima é verdade, são factos … ainda na semana que precedeu o Backyard estive na Bélgica numa viagem que comparando com as outras que tenho feito até foi bem mais tranquila … mas andar de carro de um lado para o outro, apanhar aviões, comer todos os dias em hotéis e restaurantes, às vezes numa pressinha não é propriamente bom… na noite anterior ao evento cheguei tarde do trabalho, ainda tivemos que ir às compras e quando finalmente cheguei a casa eram 23h … foi a essa hora que comecei a arranjar as coisas para o dia seguinte … no avião tinha feito uma listinha do que achava que ia precisar … essa lista incluía Cerelac 😊😊😊

Não estava muito preocupado pois caso me esquecesse de alguma coisa tinha a Dora por perto. A prova ia realizar-se no Europarque, a 2km de minha casa.

Chega de desculpas ou posso juntar mais algumas???

Eu que adormeço fácil, naquela noite ainda demorou um bocadinho … já tenho bastante experiência em provas longas, coisas como gestão de cansaço extremo, privação de sono e outras que tais não são segredo para mim. No entanto preocupava-me como gerir isto a que chamam Backyard … uma coisa é fazer 280km ou 24h seguidas, em que tens um limite de tempo que geres como bem entendes … outra é teres que fazer voltas de 6,7km no máximo em 1 hora, repetidamente até a exaustão te impedir de continuar … como vou fazer isto? Como gerir ritmo, tempo de paragem, etc, etc, etc … deixa lá isso … amanhã logo se vê.

Agora façam o favor de esquecer todo o rol de desculpas esfarrapadas que leram até aqui, não fazem sentido nenhum para a forma como encarei este Backyard … a verdade é que não entrei nisto com aquela ambição desmedida, entrei de forma descontraída de tentar fazer “apenas” o melhor possível, essa é que é essa  … o que não quer dizer que não tivesse objectivos pessoais para a empreitada … estes eram: 

Mínimo – 7 voltas (ou seja, uma distância ultra, acima da Maratona)

Realista – 15 voltas (100km, considerava que tinha mais que condições de chegar aos 3 dígitos)

Muito Muito difícil – 24 voltas (100 milhas num dia … seria o meu recorde de distância em 24h … com a preparação que tinha, só por milagre … mas quem sabe???)

No sábado levantei-me cedo, ainda fui a Canedo buscar a Bé para a deixar na Feira … só depois é que zarpei para o Europarque … cheguei por volta das 9h30, levantei o dorsal e fui arranjar duas cadeiras para me instalar no pavilhão que já estava bem composto de gente boa e doida, prontos para a aventura. Preparei umas cenas com hidratos de carbono e proteína, dei uma golada longa na minha garrafa de água e vamos lá que a coisa vai começar.


a minha "mesa" de apoio...


o hospital de campanha estava pronto...

Volta Nr.1 – o reconhecimento

Foi a volta em que ficamos a conhecer o percurso, que era uma grande parte fora de alcatrão … também houve partes em estrada, mas penso que mais de 50% do percurso era em trilhos, variando o piso entre relva dos jardins e trilhos pelas zonas limítrofes do Europarque. Bem diversificado e aproveitando bem o que o Europarque tem de bonito como a passagem ao lado do lago a título de exemplo. No total subia 100m por volta … parece pouco, não é? Pois, mas ainda é um bocado em menos de 7km … estudei as subidas … na retina uma rampa ao lado da Escola Global… apenas uns 150m, mas bastante inclinados, onde o maior problema era a exposição ao sol abrasador e respectivo calor que fazia … nesta zona não corria nem uma ponta de vento. De resto tb aproveitei esta volta para rever muitas caras conhecidas de outras lutas, das redes sociais e tb para “estudar adversários” que não conhecia de lado nenhum.

vamos a isto carago...

tb chateei alguns colegas como o meu vizinho Porfirio ...


quem participou deve lembrar-se bem deste bocadinho ;)

No meio disto tudo tb estava a tentar perceber qual seria o melhor ritmo, onde poderia ou deveria correr, onde deveria caminhar … e cheguei à conclusão que não é nada fácil. Tentei correr a 6,30/7m/km mas sentia-me a correr de forma não natural e a cansar-me demasiado por isso. Experimentei vários ritmos e cheguei à conclusão de que ali entre 5,30 e 6m/km seria o ideal, intercalando com caminhadas.

Concluí a volta com 51m … entrei rapidamente no pavilhão e priorizei a hidratação. Preparei um flask para levar comigo na 2ª volta … estava um calor abrasador e não podia descurar isso. Estava a suar muito, a perder muitos liquidos … ainda fui à casa de banho refrescar a cabeça com água fresca e já não deu para muito mais. Estava na hora para a 2ª volta.


Volta Nr.2 – acelerar um pouco

ri-te, ri-te ...

“Fonix … 10 minutos passam rápido” … apesar do muito calor sentia-me bem. Pudera, está a começar!!! Nesta segunda volta decidi andar um pouco mais rápido, sem exagerar (achava eu) para ter um pouco mais tempo para preparar as coisas no descanso. Conversa com um, conversa com outro e a coisa lá se fez em 46min de uma forma muito tranquila … do flask de 500ml que levei comigo nada sobrou.



Os 14min de descanso deram para ir refrescar à casa de banho, voltar a misturar uns pozinhos (desta vez fiz uma dose maior, de forma a dar para pelo menos duas voltas). Ainda não tinha aquela fome, mas decidi ir comer um pouco de fruta aos abastecimentos que tinham o essencial. Fiz ainda uma chamada para a Dora para lhe dizer o que me deveria trazer …. “Pão, presunto, batatas fritas, queijo … cerveja, colas e gelo” … e lá se ouviu o aviso sonoro a chamar para mais uma volta … 

lateiro ...

Volta Nr.3 – xau xau malta da meia-maratona

sigaaaaa....

Além da Ultra havia mais duas provas dentro deste Backyard. Uma de 3 voltas chamada meia-maratona e uma de 6 voltas que correspondia (mais ou menos) a uma Maratona. Foi uma forma que a organização encontrou de dinamizar um pouco mais este evento e muito bem. Nesta 3ª volta iríamos despedir-nos da malta das 3 voltas …

Senti-me bem e queria comer qualquer coisita mais consistente no fim pelo que não poderia perder muito tempo. Mesmo tendo algum receio de estar a andar rápido demais voltei a fazer uma volta ligeiramente abaixo dos 46min.



Fui directo ao abastecimento… frutinha fresca, algumas tostas com marmelada, banana … depois fui para o meu lugar encher os flasks … “ainda quero um café” … ainda passei na casa de banho para refrescar novamente a moina e já não deu para café … estava na hora para mais a volta seguinte. Fica o café como prémio para a próxima …


Volta Nr. 4 – cumprir calendário

Foi a minha volta mais rápida … sabia que tinha iria ter a família à espera e queria aproveitar o bocadinho. Mesmo assim tentei não exagerar … já começo a ter noção real do percurso … ainda não cheguei ao ponto de dar nome às pedrinhas pelo caminho, mas já sabia perfeitamente distinguir o que vinha a seguir, que distância em que tipo de piso, as zonas de sombra e as zonas de sol, onde se apanhava um ligeira brisa e onde o sol abrasador nos dava uns socos valentes.

o Ibarra tb teve que me aturar ... um bocadinho a cada um não custa nada

Demorei apenas 44,33min a concluir a coisa e lá estava a Dora, a Bé e a Sara à minha espera. Entrei na zona de descanso, fui-me refrescar na casa de banho e soube muito bem-estar ali aquele bocadinho de “mimo” com as minhas meninas. A Cola gelada soube-me pela vida … comi apenas umas bolachitas Tuck e algumas batatas fritas para tentar repor algum sal … trouxeram-me tudo o que pedi, inclusivamente gelo para refrescar as minhas bebidas e um cubinho ou outro tb para nuca e as pernas.

MARAVILHAAA!!!!

Lá volto a ouvir a chamada para nova volta … despeço-me da família …. Elas iam ter um aniversário … “vemo-nos logo à noite, eu vou dando noticias”.

Voltei ainda à casa de banho para mais um “banho” e sigaaaa …


Volta Nr. 5 – mais uma moeda, mais uma voltinha

“é páh … esqueci-me do café” … paciência. Nesta volta decidi ir com mais calma, as pernas estavam bem, mas estava a suar mesmo muito. Era início da tarde e o sol e o calor estavam no máximo …. andava a pensar em trocar de equipamento, mas o problema é que da forma como estava a suar iria encharcar qualquer novo equipamento em poucos minutos… não ia adiantar nada.

Havia uma tendência que vinha a notar nas últimas voltas … depois do arranque, fazia a volta quase sempre com a mesma malta por perto … passava alguns companheiros mais ou menos sempre nos mesmos sítios e era ultrapassado por outros tb mais ou menos nos mesmo locais.

Selfies com os meus fãs .. a desculpa ideal para parar ....

Uma palavrinha de agradecimento para a família da Carla André, irmão, cunhada e sobrinhos … uma festa dentro da festa … era vê-los “espalhados” pelo percurso sempre a incentivar a malta, a bater palmas e com uns sorrisos rasgados que nos punham logo bem-dispostos. Muito bom!!! Sempre que passava por eles dizia “é até 2ª feira!!!, mas não para mim …” 😉 … referia-me a eles, se quisessem acompanhar o maquinão de comer km que é a Carla André!!!

Caminhei mais nesta volta … cheguei ao fim com 49min … e tinha à minha espera o Badolas, a Andreia e o Martim com umas Super Bock Sky geladinhas. “nâo bebo nada disso … isso não tem álcool” 😉 … pobre e mal-agradecido não é? … mas bebi e soube-me pela vida … geladinha, maravilha … conversa puxa conversa e quando dei por ela alguém da organização pergunta …” desistis-te???” …. “ eu não, porquê???” … “ então despacha-te porque a próxima volta vai arrancar” 

… caralho … distraí-me … sigaaa … nem tempo houve para uma foto com o Badolas & Familia

 

Volta Nr. 6 – início do fim

como te puseste moço!!!!

Quando arranquei é que notei que não levava o flask … ou seja … iria estar 50min em prova, meio da tarde com o calor que fazia, sem líquidos … Perneta de merda, sempre a mesma coisa … põe-se na letra em vez de se concentrar no que é mesmo importante.

Não há-de ser nada … sinto-me muito bem, as pernas estão excelentes para quem leva quase 35km nas pernas. A verdade é que a primeira parte da volta corre normalmente, mas a partir do antigo Visionarium a energia foi-se … não posso dizer que tenha sido uma coisa repentina … de vez em quando já vinha a sentir umas fraquezas momentâneas, mas uma pequena caminhada e umas goladas de líquidos normalizavam a coisa sempre de forma quase instantânea … agora não tinha água, e mesmo metendo uma caminhada calma a coisa não melhorou …

… quando iniciei a terrível subida junto à escola global a arrastar-me senti um calafrio que me arrepiou as peles dos braços …. “ó diabo … arrepios de frio com este calor?” … fui atrás de uma casinha de madeira que ali havia e forcei um xixizinho que confirmou o meu receio … urina castanha, estou desidratado e não é pouco …. fiz os 2 últimos km de rastos e a dosear o esforço … cheguei com 47,30min, bem mais rápido do que me tinha parecido… na volta anterior tinha reparado num chuveiro improvisado na zona da meta … ainda lá fui meter a cabeça e tronco debaixo da água fresca … que maravilha …

À minha espera o Bruno, a Samanta, o Afonso e o Renato … o Bruno já tinha uma garrafa de água com gás gelada à minha espera … desapareceu em menos de 1 segundo pelas minhas goelas … a segunda garrafa de água com gás demorou mais um bocadinho … pelo meio 2 dyoralites misturados em muita água … tratamento de choque … comi cenas salgadas e fruta, meti uns hidratos de carbono em pó com mais um pouco de água … e finalmente bebi um café …

já foste ...

Estava na hora da próxima volta … agora já sem a malta das 6 voltas da Maratona.

 

Volta Nr. 7 – objectivo mínimo cumprido

Saí bem mais fresco, pernas continuavam bem e sentia-me com a energia reposta. Desta vez não me esqueci de levar um flask para a viagem e o que tb levava comigo era um pipo do tamanho do mundo, fruto dos muitos líquidos que ingeri para tentar reverter a desidratação 😉

Já não era a primeira vez que me acontecia, e até à data tinha sempre conseguido ultrapassar estas dificuldades. Sigaaaa …


aqui com e Célia que para estreia nestas coisas fez um brilharete...

Tinha decidido ir um pouco mais comedido … caminhar mais. E assim fiz … a volta correu-me razoavelmente bem, continuava com alguma falta de energia, ainda tive um ou outro arrepio de frio mas muito ligeiro … e assim cheguei ao fim da volta com 50minutos …. Voltei a usar o chuveiro para me refrescar, passei no abastecimento para carregar na melancia e nas laranjas e já no meu spot fiz uma sandes de queijo e presunto que me soube pela vida … bebi mais uma cola gelada e alguma água e não me esqueci de encher o flask para a próxima volta …

O pior já passou!!!

 

Volta Nr. 8 – o FIM!!!

Mal arranquei não me senti confortável … as pernas continuavam impecáveis, mesmo já com quase 50km feitos … mas continuava com pouca energia, a língua sempre a colar no céu da boca mesmo hidratando bem.

Ainda não tinha 2km feitos e voltaram os arrepios de frio … foda-se … não está fácil … decidi caminhar mais nesta volta e sozinho ia mergulhado naqueles típicos pensamentos para decidir o que faço com a questão final a ser …. desisto ou continuo? … vou ligar à Dora, às vezes uma palavrinha muda tudo e faz-nos ver as coisas mais claras e ajuda a decidir … não atende …

topem a malta a aproveitar todas as sombrinhas que havia...ah pois é bebé...

Entretanto chego novamente à subida junto à escola global … estava uma autentica arrastadeira … logo no inicio da subida mais um calafrio daqueles de me por os pelos dos braços em pé (e olhem que são poucos) …. Decidi ir outra vez atrás das casa de madeira fazer um xixizinho … castanho escuro!!! 

já foste ...

Acabou … decisão tomada ali e na hora … não tive qualquer dúvida … este estado não é reversível assim em meia dúzia de minutos. Talvez se tivesse meia horita para descansar, hidratar bem, conseguisse recuperar … com 10 ou 15 minutos não consigo … pelo menos hoje.

Sabem, eu tenho uma coisa boa!! Pelo menos uma tinha que ter 😉 …. Não sou de remoer muito nas coisas … um dos meus lemas é “Siga a camioneta” ….

A partir dali só quis gerir o tempo de forma a conseguir completar a volta dentro da hora. Consegui, mas olhem que não foi fácil … estava mesmo fodido (que neste caso é a palavra certa). Foram precisos 56 minutos ….

Não disse nada a ninguém, agarrei um bocado de melancia, duas tostas com marmelada e fui-me sentar no meu cantinho a pensar na vida. Mal me sentei vi a malta que ia continuar toda a levantar-se para iniciar a próxima volta e a sala ficou vazia. Ouvi o sino a tocar para mais um arranque e não demorou 1 minuto a virem à minha procura …. “então, não vais?” …. “desisto, para mim acabou”

Os próximos minutos vão ser um corrupio de malta da organização a virem ter comigo, preocupados a perguntar se estava bem, se precisava de alguma coisa … éh páh… só mimo!!! … “deixem-me estar um bocadinho sossegado … eu já vou ter com vocês para chagar a cabeça à malta” …. E ali fiquei um bom bocado nos meus pensamentos …

… esta cena de desistir, por muito que se leve na desportiva, tem sempre um sabor amargo … não vale a pena dizer que não é assim. Mas ao mesmo tempo tinha a certeza que tinha decidido correctamente e hoje sinto que decidi bem. Se me faltassem uma ou duas voltas para os 100km talvez tivesse decidido de outra forma … mas naquela altura estava a 7 voltas desse objectivo. E tal como a grande maioria de nós, tb eu não tenho nada a provar a ninguém, certo? Certo ... e ainda foram mais de meia centena de km ...copo meio cheio😊

Ficam as experiências de umas valentes horas, bem passadas entre amigos e de uma estreia neste conceito de Backyard, que tal como desconfiava, gostei mesmo bastante. Aprendi muito e de uma próxima estarei muito mais bem preparado para gerir as voltas, os tempos de espera, os ritmos, hidratação, alimentação, etc, etc … fulcral é ter alguém no apoio, poupa tempo e preocupações e permite concentração nas voltas em si. Como dizem os brasileiros … “me aguardem ….”

estava fodininho mas ainda dava para alinhar nas brincadeiras ...

Obrigado ao Badolas, Andreia, Martim, Bruno, Samanta, Afonso e Renato por terem vindo até ali aqueles bocadinhos … sabe muito bem aquelas bebidas frescas, mas mais ainda aquela palavrinha de incentivo como o “sai daí meu menino, que já não tens idade para estas coisas ….” 😉

Obrigado à minha Pikinita, à Bé e tb à Sara … ter-vos ali por perto, por pouco tempo que fosse, dá sempre aquela força extra.

Uma enorme palavra de apreço pela malta do Feirense trail que organizou isto tudo … Tozé, Sandra Ferreira, Isabel, João, Sandra Canelha, Fabinho, Jorge, Hugo, Rolando e todos os outros  … o evento está mesmo 5 estrelas, o percurso é fixe, não me faltou nada de nada e não foi por falta de “mimo” que não consegui fazer mais. O meu respeito por vocês todos para colocar uma prova de tamanha exigência de pé … é que uma coisa é fazer um trail ou uma prova de estrada, outra é fazer algo deste género que te obriga a dias inteiros ali, sem dormir e estar disponível para apoiar quem necessita. Já sabem … para o ano nada de “nuestros hermanos” … o Pastor fez 39 voltas … foda-se!!! 😉 Obrigado por tudo, e se houver edição 2025 e eu puder, aí estarei para dar mais uma data de voltas.

Obrigado Gente Boa ...

Agora é virar as agulhas para a organização da 2ª edição das 24h de P em Santa Maria da Feira … mais um evento de voltas e voltinhas … é já dia 7 e 8 de Setembro … ainda há vagas … é só escolher entre:


24h Individual

24h em equipas de 4

Ou quem quiser experimentar

3h Individual

Inscrições aqui neste link.

Além disso, dou como oficialmente aberta a preparação para a Meia Maratona de Ovar onde gostava de voltar a fazer um bom tempo para a minha realidade 😉 … tenho 5 semanas para me preparar!!! Siga a camioneta … 😉

Bravos Challenge 2024

 

Inscrevi-me nos Bravos Challenge com o meu menino Bruno. Foi a minha 3ª participação… nas outras sempre conseguimos juntar um grupo para fazer estes 10km com obstáculos de forma divertida em equipa. Este ano não foi possível … muitos dos habitués deixaram praticamente de correr e consequentemente de vir a provas … depois houve mais alguns que costumavam vir em grupo que se juntaram a outras equipas, participaram por exemplo nos ginásios onde andam … no total eram 6 ou 7 calenses.

Eu acabei por ir sozinho … o meu menino inscreveu-se sem se lembrar que estava de férias nesta altura … enfim.

E no sábado lá me apresentei para arrancar na partida das 10h … encarei isto como um treino para o Backyard do dia 10 de Agosto no Europarque.

Não arranquei a dar tudo, fui nas minhas calmas sem no entanto ir a “comer sono” como era habitual quando íamos em equipa. Os obstáculos seriam para fazer se não me obrigassem a grandes esforços … não me quero lesionar e no domingo seguinte havia treino longo 😉

Mal cheguei ao à zona do rio a coisa bloqueou como é habitual … naqueles primeiros obstáculos já dentro do rio, a encher-nos de lama, os grupos começam a juntar-se é uma confusão danada … confusão boa porque ninguém vai ali para ganhar nada … a boa disposição impera, tal como alguma surpresa de quem vem a primeira vez …  depois da lama vem o rio onde dá para tirar a lama novamente …

Sobe rede … desce rede … pega em pneu para fazer um percurso em trilho antes voltar a a largar  o pneu … rastejar por baixo de um arame farpado … mais uma corridinha … escorrega para dentro de uma piscina de lama … passar um fosso e a siga …

Agora já se podia correr mais, a confusão já tinha passado, já não havia tanta gente no percurso … aproveitei para meter uma andamento mais forte e certinho … a correria apenas era interrompida por passagens de rio que fiz com todo o cuidado e um outro obstáculo tipo passar por cima e um monte de madeira, ou por baixo de tractor … e assim cheguei ao abastecimento no parque de Pigeiros … só bebi um copo de água e comi uma fruta e siga para a 2ª parte que foi muito mais de corrida que de obstáculos … e eu aproveitei … mesmo uma subida bem íngreme foi feita sempre a correr …

Foi assim até ao fim … o escorrega final (talvez o mais icónico dos obstáculos) quando eu passei não estava a escorregar assim tanto quanto isso o que para mim é bom … tinha feito todos os obstáculos até ali … na entrada para a recta da meta falhei o único … não tenho força de braços para aquilo, nem tentei, mas pelo que vi, praticamente ninguém o fez.

Reta da meta e lá estava o Joca a meter-se comigo … ainda trocamos umas palavritas e siga para o banho, tirar a lama, vestir uma roupa seca e voltar para casa que há meninas à minha espera.

Sinceramente não estava assim muito motivado para participar pelo facto de ir “sozinho” … este tipo de eventos é para um gajo se divertir com os amigos, pelo menos eu. Mas mal arranquei posso dizer que gostei muito … diverti-me, vi muita gente conhecida, esforcei-me e fiz um belo de um treino de trás para a frente o que me deu um prisma diferente do evento. Toda a gente bem divertida, muito bom ambiente mesmo … na minha opinião, e comparando às outras edições em que participei, esta foi a melhor de todas … muitos parabéns aos Bravos & Bravitas pela organização deste evento que mete 1500 pessoas ano após ano, o que por sí já prova que a malta gosta disto.

Eu fiz os ca. 12km em 1h44 e nem sabia que não havia classificação … só quem se inscreve como elite é que conta para a classificação. Imaginem que só na minha 3ª edição é que me apercebi deste pormenor 😊. Olhando o tempo que estive em fila na primeira parte do percurso fiz um bom tempo e sem me esforçar muito … mas o importante mesmo era não me cansar demasiado para o treino longo do dia seguinte e isso foi conseguido.

Parabéns Bravos & Bravitas