Encontrei-me com o pessoal em Fiães no sítio do costume, não
sem antes ter ido tomar o cafezinho da praxe no Beto. Havia uma particularidade
– havia uma estreia a ir connosco, um gajo chamado Bruno – normalmente este
caro amigo atrasa-se um bocadinho (muito) e a questão era saber se desta vez o
atraso seria o suficiente para o deixar a pé. Foi por pouco que isso não
aconteceu, para não variar atrasou-se, a saída em vez de ser às 7.15h como
combinado, foi quase às 7.30h por causa
dele (a desculpa desta vez foi que o pessoal lá de casa lhe tinha fechado as
portas e ele não podia sair…enfim). A sorte dele é que era eu a levar o carro e
eu tenho um coração de manteiga.
A viagem até Viana do Castelo foi tranquila, em menos de uma
hora já lá estávamos a perguntar a um pessoal da organização onde era a
partida…..com a explicação do homem ficamos a saber o mesmo, apenas que ficava
perto da biblioteca – pelo tom de voz agressivo do senhor nem me atrevi a
perguntar mais nada. Não fosse outra alma caridosa ainda hoje andávamos lá às
voltas. Estava um frio de rachar pelas ruas de Viana, um ventinho que parecia
que cortava. Já na zona de partida encontramo-nos com o Nuno (o atleta mais
rápido do nosso clube – um dia quando for grande vou dar-lhe luta, vão ver:D) que
já nos tinha levantado os dorsais. Decidimos procurar o “Zé Natário” – não, não
é um colega atleta com nome esquisito, supostamente seria uma pastelaria muito
famosa pelas suas bolas de Berlim com creme – lá chegados era vê-las (ás bolas)
a rirem-se para mim, mas decidi resistir não vá aquele creme me dar a volta
durante a corrida. Entramos para tomar um cafezinho e qual não é o meu espanto
quando o meu amigo Badolas decide comer uma bolinha……ai meu Deus, eu sou o
maior lambareiro que existe á face da terra e só eu sei o esforço que estava a
fazer para resistir (era um cheirinho á bolos) e este gajo amigo da onça decide
comer uma bolinha cheiinha de creme….que aspecto delicioso, tive que desviar o
olhar, contar carneiros e mais um sem fim de técnicas para voltar a resistir,
ainda pensei em pedir também uma para mim mas consegui segurar a vontade (o que
viria a ser um erro fatal como explicarei mais á frente). Depois deu-se um
episódio ao qual eu felizmente não assisti (fugi a tempo) mas que me contaram –
o amigo da bola de Berlim decidiu ir esvaziar o intestino na WC da pastelaria –
isto contado por uma testemunha credível (o Bruno claro) – dizem que o sniff
que deixou era tão horrível que o Sr.Natário teve que fechar o resto do dia,
chamar uma equipa especial de desratização e desinfecção e a sorte deles é que
a ASAE não trabalha ao domingo, se não ainda tinham o azar de ter que fechar o
negócio e lá ia uma família inteira para o desemprego, (mais uns 10 a receber
subsídios e rendimentos mínimos – já temos poucos) e os fans das bolas de Berlim ficavam sem as
bolas do Sr.Natário (salvo seja claro). Depois deste episódio fugimos de
fininho, mas não sem antes do gajo mais inteligente da malta (não, não sou eu,
é o Bruno – o gajo é do Porto carago, é da cidade, não como o resto do pessoal
que é da aldeia) comprar uma caixa cheia de bolas de Berlim.
Ó para eles tão contentes com os dorsais no Natário:
Quando saímos da
pastelaria faltavam pouco mais de 30 minutos para o início da corrida, pelo que
estava na hora equipar e fazer um aquecimento. Tivemos que voltar ao carro e
volto a frisar que estava uma brisa do caraças – só ao sol se estava bem.
Tudo pronto para o aquecimento – magrinhos e espadaúdos:
.
O aquecimento foi normal, primeiro uma ida á casa de banho
(ou arbusto mais próximo) para largar as águas, umas corridinhas e uns
alongamentos. Um de nós (não digo nomes) teve que ir duas vezes em 10 minutos á
casinha (e já tinha ido no Natário - terá sido da bola de Berlim?). Lá nos
colocamos na zona de partida – estavam inscritos 2.200 atletas para correr a
meia – muitos espanhóis, uma grande parte galegos (segundo a organização
deveriam ser uns 800). O ambiente era bom, e o tempo estava um espectáculo para
dar uma corridinha – o sol brilhava mas a temperatura estava amena. O tiro de
partida foi dado por volta das 10.30h e lá fomos nós…..aqui ainda todo
contente….
Sobre a corrida posso dizer que quando começou estava apenas
com ideia de fazer entre 1h40 e 1h 45min – um treininho mais forte para as
minhas capacidades – não me sentia com motivação para fazer melhor e pelo que
me tinham dito, esta não seria a prova ideal para fazer bons tempos (tinha
muitas subidas). Mas à medida que os primeiros quilómetros iam passando ia em
bom ritmo e a aguentar muito bem. Para isso muito contribuía a presença de 2
colegas (Zé Miguel e Badolas), pois íamos puxando uns pelos outros. Por volta
do KM 7 o Zé Miguel ficou ligeiramente para trás. Eu e o Badolas lá fomos
andando a excelente ritmo até á zona de viragem (10km – ca.46 min. – foi aqui
que pela primeira vez tive noção que poderia dar para bater o meu recorde
pessoal 1h.36min34) – sentia-me bem - um pouco mais á frente decidimos baixar
ligeiramente o ritmo para nos pouparmos um pouco para as subidas que aí vinham.
Foi aqui que me surgiu algo que até á data nunca me tinha acontecido – ca. km
11-12 comecei a sentir uma dor intensa em ambos os pés, na parte da frente –
então no pé esquerdo era como se me estivessem a cortar os dedos – só podia ser
das sapatilhas novas (já tinha feito uns 30kms com elas em treinos, mas nunca
mais de 10km seguidos, ainda não estão adaptadas aos meus pés) - ainda aguentei
mais um km com a esperança de que passasse, mas cada vez estava pior o que me
obrigou a parar pela primeira vez numa prova – disse ao Badolas para continuar
e encostei – tirei as sapatilhas, massajei os pés e andei um bocadinho descalço
– entretanto passou o Zé Miguel e eu pouco depois voltei a fazer-me á estrada –
já estava bem melhor, estava tudo quase normal com os meus pés mas tinha
perdido 3 minutos e já não consegui mais entrar no ritmo com que vinha até ali.
Aproximadamente 100m á minha frente ia o Zé Miguel, eu via-o e queria chegar á
beira dele mas não conseguia e lá fui indo no meu ritmo – a 2km da meta voltaram
as dores nos pés, decidi baixar um pouquinho mais o ritmo para ver se conseguia
chegar ao fim sem ter que parar novamente, coisa que consegui com muito
esforço. O tempo final oficial foi de 1h40min35seg, o que deu 1h39min46seg
limpinho (tiraram-me 49seg que foi o tempo que demorei a passar a linha de
partida desde que se deu o tiro de partida no inicio). Olhando ao que se passou
fiquei satisfeito com o resultado, mas ao mesmo tempo fiquei com um “amargo de
boca” e com a consciência de que se não tivesse acontecido a história com as
sapatilhas tinha batido o meu recorde pessoal. Ao ritmo que vinha, com a força
que estava a sentir e em conjunto com o meu amigo Badolas estou convicto que
1h35min tinha sido possível nesta prova. Paciência, fica para a próxima.
Quanto aos meus colegas do CAL (Clube de Atletismo de Lamas)
mais uma vez todos estiveram muito bem, finalizando todos sem excepção as suas
corridas com boas prestações:
Nome
|
Apelido
|
Sexo
|
País
|
Dorsal
|
Equipa
|
Geral
|
Escalão
|
Escalão
Lugar |
Tempo
|
Checkpoint
|
NUNO
|
SILVA
|
M
|
PT
|
1617
|
Individual
|
99
|
M20
|
44
|
01:20:11
|
00:39:13
|
HUGO
|
FERNANDES
|
M
|
PT
|
1612
|
Individual
|
488
|
M35
|
86
|
01:32:14
|
00:44:22
|
JOSÉ
|
COELHO
|
M
|
PT
|
1614
|
Individual
|
722
|
M20
|
163
|
01:37:03
|
00:46:16
|
JOSÉ
|
MARTINS
|
M
|
PT
|
1615
|
Individual
|
865
|
M20
|
196
|
01:39:48
|
00:46:42
|
CARLOS
|
CARDOSO
|
M
|
PT
|
1607
|
Individual
|
915
|
M35
|
171
|
01:40:35
|
00:46:16
|
BRUNO
|
PINHO
|
M
|
PT
|
1606
|
Individual
|
1347
|
M20
|
305
|
01:50:00
|
00:52:38
|
JOAQUIM
|
PAULINO
|
M
|
PT
|
1613
|
Individual
|
1366
|
M50
|
274
|
01:50:23
|
00:52:32
|
JOSÉ
|
PALMA
|
M
|
PT
|
1616
|
Individual
|
1367
|
M35
|
253
|
01:50:23
|
00:52:38
|
Especial destaque para os colegas que fizeram a viagem
comigo (Nr.1614, 1615 e 1606) - todos fizeram grandes corridas e bateram os
seus recordes pessoais e por larga escala. Nota de maior destaque para o atleta
com o dorsal nr.1614, que bateu o recorde dele por mais de 3 minutos – estamos
convictos que foi por causa da bola de Berlim antes da prova – devia ter comido
a bola antes da corrida (arrependi-me) – experiência que todos vamos fazer numa
próxima oportunidade. PARABÉNS PESSOAL!!!
Aqui umas fotos da chegada do pessoal do CAL:
Digam lá se não é a melhor equipa do mundo!!! Só é pena o
equipamento ser vermelho, acho que azul nos ficava muito melhor, mas já diz o
ditado “não se pode ter tudo”.
Depois da prova, de uns minutinhos de descanso, lá voltamos
ao nosso balneário (leia-se carro) para carregar as baterias, desta vez de uma
forma especial – de notar que as bolas eram boas, mas tinham um ligeiro sabor a
“pato” (obrigado Bruno):
Mais um domingo de manhã bem passado na companhia de amigos!
Venha a próxima (em principio em Ilhavo em Fevereiro).
Ahhh…e dia 30.01.2012 começo o plano de treinos para a
Maratona de Madrid que se realiza a 22 Abril deste ano. Vai ser duro.