Caminhos de Santiago (32km) - Etapa 7 ou "dia de praia"

Mais uma noite tranquila ... nos quartos individuais o que falta em convívio com outras pessoas ganha-se em sossego para descansar bem J  … se tudo correr bem, mais logo voltaremos aos convívios. O destino da jornada de hoje é Vigo e a pernoita será num Hostel que reservamos ontem. Para lá chegar espera-nos uma jornada com 27km (que iria ser bem mais).

Primeiro teremos uns 5km para chegar a Ramallosa.

Depois existem duas alternativas, a mais comum que percorre uma zona um pouco mais afastada da costa que deduzo seja tipo a que tivemos no dia anterior, sempre com o mar no horizonte e vistas mais desafogadas e um caminho mais junto à costa com passagens directas junto às praias da ria de Vigo. A decisão recai sobre esta última … com a reserva de pernoita feita estamos mais tranquilos, podemos chegar tarde e a jornada não sendo curta também não é nenhum exagero. 

Rotina matinal feita, estamos prontos para arrancar com os primeiros raios de luz … seriam 7h, mais ou menos.

Até Ramallosa o caminho é sempre feito junto à água, a contornar a Baía de Baiona. O tempo está fresco e as cores estão lindas. Começa bem e o dia promete. A disposição tb está em alta, ambos motivados e bem dispostos … tb estou contente por as bolhas finalmente estarem a incomodar menos. A da frente já praticamente não incomoda, apenas a do calcanhar de vez em quando chateia um pouco e obriga-me a parar, dar um jeitinho ao pé para que a bolha encoste de forma diferente na palmilha … melhor de tudo, estou a caminhar (quase) normal e o por consequência o gémeo também melhorou muito.

 

dar um jeitinho ;)

Nas etapas passadas esqueci-me de contar um pormenor engraçado … já há umas boas 2 ou 3 etapas que ando com um “problema” que não é problema. Passo a vida com vontade de mudar “as águas às azeitonas” o que para um homem não é grande problema. Acreditem que até perco a conta das vezes que encosto num arbusto por etapa J … e não é por beber muito, no meu dia-a-dia também bebo muito e só acontece de vez em quando – nunca em dias consecutivos como tem sido. E hoje estou na mesma … ainda tínhamos apenas uns 2km nas pernas e já estava apertado da bexiga … o problema é que estávamos a passar uma localidade onde não havia assim uma zona mais recatada para fazer o serviço … a esta hora tb não vi nenhum café aberto quando já estava prestes a explodir lá apareceu uma casa de banho pública aberta J … safo … quem tb se safou nesta mesma casa de banho foi a baixinha, e foi nas dos homens porque supostamente tinha havido uma guerra na das mulheres J

é agora que ela me vai matar ;)

100m mais à frente um café aberto J … aproveitamos para tomar um café e lá fui eu novamente à casa de banho verter umas águas J Incrivel!!! A jornada continuou junto às praias … gostei muito. Areias brancas e finas, águas limpas, azul e verde, muito calmas. Não me importava de ter uma casinha aqui JJJ 

Chegamos a Nigran, zona de férias, tudo muito limpo e organizado. Estávamos a adorar a zona … já havia algum movimento nas ruas embora pouco. Os espanhóis tem ritmos muito diferente dos nossos. O dia começa e acaba bem mais tarde. Vemo-nos a fazer férias por aqui … comparamos com Algarve que é muito mais longe para quem é do norte de Portugal … falta saber o que custa (mas não há-de ser mais, olhando aos preços que estão a praticar no Algarve – onde tínhamos estado na semana antes de embarcar nesta aventura) e outros pormenores como a temperatura da água, a garantia de tempo bom e por aí fora. Mas que é uma boa alternativa é – Baiona estava cheio de portugueses de férias e em Nigran não deveria ser diferente. 

única pessoa a fazer praia naquela hora … a foto não dá para ver, mas a cara estava branca com uma camada de creme que mais parecia um fantasma ...

Viemos a confirmar isso mesmo um pouco mais à frente, já à saída de Nigran, na praia de Panxón onde decorria um torneio de vólei de jovens e onde paramos por uns breves momentos. Ao nosso lado um homem que mete conversa … é de Barcelos e está ali de férias. Já fez os Caminhos de Santiago mas de bicicleta e conversa puxa conversa, lá nos contou que gosta muito da Galiza, que alugou um T2 perto da praia por 600 euros/semana. Que a água é mais fria que no algarve mas mais quente do que no norte de Portugal … ronda os 19/20 graus segundo ele o que é muito bom. Uma opção a ter em conta numas próximas férias de praia com a criançada.

Lá seguimos viagem sempre junto à praia, uma das vezes o percurso “obriga” mesmo a passar pela areia antes de nos fazer subir uma encosta pelo meio de umas vivendas lindíssimas de gente com pouco dinheiro JJJ … e chegamos a uma estrada nacional. A fome já apertava pelo que quando vimos uma espécie de padaria/pastelaria aproveitamos para parar e morfar uns bocadillos e beber mais umas cevadas liquidas – há quer repôr sais minerais J

não, não é na Republica Dominicana ...

O caminho leva-nos depois para junto da Ria de Vigo e percorremos toda a marginal … começam as praias, umas a seguir às outras … umas maiores, outras mais pequenas e vamos espreitando todas. O calor já aperta e apetece mesmo um mergulho … olho para o relógio … hoje temos muito tempo … uma horita de praia só nos vai fazer bem J … seguimos mais alguns poucos km … um senhor espanhol junta-se a nós e mete conversa, acompanha-nos durante um km e explica muito sobre a zona onde estamos (Oiá de Vigo), conta que tb já fez os caminhos mas pelo primitivo, e diz-nos que neste momento decorre uma prova de natação de resistência das Ilhas Ciés e a praia de Oiá … ainda fomos até à zona de meta para ver se víamos alguns a chegar mas ainda nem os primeiros tinham chegado nem havia previsão concreta de chegada pelo que abalamos e deixamos o nosso amigo espanhol conversador a “xagar” a cabeça a outros que entretanto encontrou J

Ao fundo já se vê a praia de Samil, uma das praias mais conhecidas da zona … queremos arranjar uma praia mais recatada e não faltam opções. Passamos por uma, e outra, e outra e por uma de nudistas bastante frequentada … tanto na praia como por malta no passadiço a tirar fotos à descarada … enfim … um pouco à frente lá encontramos a nossa praia … estendemos a toalhinha e siga para um mergulho refrescante … confirmo que a água não é tão gelada como receava J … estivemos uma horita no relax que soube que nem ginjas. Sigaaa ….

momentos fofura 

Os passeios da praia de Samil está repleto de gente, a praia também e ainda os relvados à sombra que encontramos logo a seguir aos passeios … a malta aproveita as sombras e descansam ou fazem grandes pic-nics. Muito tuga anda por ali J … apetece um gelado e vamos de tenda em tenda, bar em bar e não compro nada … chateia-me quando não põe preços nas coisas. O facto é que estão todos assim e nós lá seguimos a viagem já na periferia de Vigo até que encontramos um barraquinho com uma esplanada com vista para a ria … a vontade do gelado foi substituída por vontade por uma bejeca … só há Mahon .. que venha, fresca J … depois a vontade do gelado voltou e fez-se a vontade à vontade … e cada um lá seguio todo contente a trincar o seu Magnum em direcção a Vigo. 

Já em Vigo só existia vontade em chegar ao Hostel e para isso teríamos que sair do Caminho. Ligado o Googlemaps ainda tivemos que percorrer mais de 3km para chegar aos Kaps, um Hostel enorme (prédio inteiro) dividido por malta que estava ali para se divertir (maioria em grupos) e aventureiros seja em peregrinação a Santiago a pé ou de bicicleta ou outra aventura qualquer. 

O Kaps tem boas instalações, é novo mas não gostei. Talvez fosse pelo facto de termos reservado com um voucher que dava um desconto de 5 €, nos tivessem confirmado e depois na hora só aplicaram o desconto a um – ah e tal, um voucher = um desconto – deviam ter 2 vouchers L … não gostei do aproveitamento mas comi e calei – por pouco mais que os 35 € que pagamos arranjava com certeza um quarto duplo num pensão qualquer. Mas avante … ficamos num quarto para 5 pessoas onde 1 lugar ficou vago. Dividimos o quarto com um miúdo colombiano que tb já vinha do Porto … estudava na Alemanha e veio fazer os Caminhos da Costa. 

O outro “cliente” era um ciclista checo que se lembrou de colocar toda a roupa na maquina de lavar – quando digo toda a roupa é mesmo toda a roupa que tinha. Não sei lá o que se passou, mas a roupa não secou tão depressa como ele queria e andava lá a passear pelo hostel de toalha de banho enrolada à cintura J

Depois de um banhinho tentamos tratar da estadia do dia seguinte – os balneários eram no primeiro andar e “curtos” para tanta gente e sem comodidades – nem um sítio onde pousar a roupa que tinha de ser pendurada num cabide dentro da cabine de duche. Quanto à estadia e após várias tentativas de reserva de hostel/quartos em Pontevedra recorremos ao gajo da recepção que nos tinha dito que conseguia bons preços num hostel novo sem problemas. Mas não conseguiu … tudo cheio. Numa última tentativa para uma pensão a senhora diz-nos que está repleta mas dá-me um contacto de uma colega onde finalmente consigo um quarto duplo com banho partilhado, supostamente mesmo no centro de Pontevedra a 45 €. Ufa … safos. Vamos jantar …

Fomos até ao centro e acabamos por jantar numa esplanada servidos por um português. A ideia de umas tapas ficou pelo caminho pois esse tipo de tasco estavam todos repletos e não queríamos esperar muito tempo. Acabamos por comer bem e muito … experimentamos a tortilla, uma bela salada de bacalhau e uma tábua de queijos. E fomos nanar …

No quarto os nossos companheiros de quarto já dormiam. O checo “naturista” além de ressonar e estar com aquela venda preta nos olhos para não ver claridade, estava embrulhado da cintura para baixo nos lençóis da cama. A minha desconfiança confirmou-se … quando me deitei, ele virou-se na cama e ficou com o “material de guerra” a espreitar entre as pernas mesma na direcção da minha cabeça … ta que pareu, só me faltava esta … pelo menos deixou de ressonar. Virei-me para o outro lado e adormeci J

Figurinha do dia: 

Estava eu e a Dora sentados num banquinho à sombra, em frente a uma das praias da ria de Vigo da qual não me lembro do nome e tb não interessa. Diz-me a Dora:

“olha, aquela senhora tem um corpo estranho, e tem uma mama quase de fora” … era uma senhora de idade, de fato de banho azul … estava sentada numa cadeira de praia de costas para o mar e virada para nós a uns 50m talvez a apanhar sol.

Quando vou a olhar, pimbas, a mama direita fica toda de fora. Achei piada e saco do telemóvel para fazer uma foto como recordação – eu sei, eu sei .. não devia, mas não a vou partilhar. 

Nisto a cadeira da senhora vira para trás e ela fica tipo escaravelho virado ao contrário, presa na cadeira com as pernitas viradas para o céu a tentar libertar-se.

Não nos conseguimos deter e desatamos a rir como uns desalmados e ao mesmo tempo tento filmar a cena. Tenho o filme da senhora já a levantar-se com muita calma, a colocar a cadeira direita novamente, a sacudir a areia das pernas e dos braços. O fato de banho desceu e agora está com as duas mamas bem de fora … ela de óculos de sol e chapéu, com muita calma e como se nada fosse, primeiro senta-se confortavelmente, e com muita calma puxa o fato de banho para o sitio e tapa as mamarocas J … isto com a praia cheia ...que barrigada de riso que foi … só quem viu J

Ganda senhora … na maior!! 

E não, não vou publicar nem vídeo nem fotos … e não, não tenho vergonha de me ter rido da situação e fica no ar a questão “foi para isto que vieste fazer os Caminhos de Santiago?”