Apesar do muito calor e de 20 pessoas enfiadas numa sala
relativamente pequena a noite até não foi tão má como pensava que iria ser.
Desde as 4h30 que havia movimento dentro da casa … nós levantamos às 5h30 e
viemos para a cozinha com as nossas tralhas. Tomamos o pequeno-almoço que
compramos no dia anterior e tratamos dos pés. Pouco depois estávamos na rua.
Hoje o plano é fazer uma etapa média por vários motivos.
Prevemos 22km para chegar a Carreço, ca.8km depois de Viana do Castelo.
Primeiro porque queríamos fazer uma etapa menos desgastante que a anterior,
depois porque não sabia como os meus pés iam reagir e por fim porque ontem
tínhamos estado a ver as possibilidades de pernoita na zona e arranjamos um
quarto duplo com casa de banho partilhada a um preço em conta (40 €) de um
holandês, que pelas avaliações era muito boa.
A etapa começa com um prémio de montanha por uma estrada em
alcatrão acima … está mais fresco, algum nevoeiro. Mas a subir aquecemos num
instantinho. O primeiro km custa-me apoiar o pé direito no chão, depois
habituo-me e já consigo colocar alguma cadência normal embora sempre na
defensiva. O gémeo direito está pior e isso preocupa-me. Siga que logo se vê.
Igreja se São Tiago
tempinho fresco matinal … nevoeiro a embelezar o quadro … perfeito ..
A primeira parte da etapa leva-nos até Viana do Castelo
onde uma grande parte dos peregrinos faz com que uma etapa acabe por ali. É
lógico porque Viana é muito bonita e tem muito que explorar. Nós como já
conhecemos das corridas e de visitas à cidade quando lá chegarmos seguimos sem
pestanejar J… mentira … Viana
tem as Bolas do Natário, mas também tem os Jesuítas da Leitaria do Carmo … e
como estas últimas ficavam à face do Caminho, foi sobre os Jesuítas que recaiu
a nossa escolha.
nham nham … tão bom este pãozinho do 2º pequeno-almoço da manhã
a manhã estava bonita ...
Vitelo e o Burro … bem os chamei, não me ligaram nenhuma...
Viana à vistaaaa …
Biana!! do lado superior direito Santa Luzia …
não sei se são os melhores do mundo ...
mas que são bué de bons são ...
Ao lado existe um albergue onde pelas 10h da manhã já
havia 2 peregrinos à porta a ganhar vez. Incrível.
O Caminho agora leva-nos novamente para mais junto da
costa, embora sempre a uma distância ainda considerável das praias. Existe uma
alternativa ao caminho da costa original, que percorre os caminhos junto às
praias mas decidimos manter o original e ainda bem. Esse leva-nos por entre
pequenas aldeias, com casas de granito bruto, tudo bastante airoso e bem
tratado de uma forma geral. Ruas, ruelas e vielas por entre muitos muros altos
e bem tratados, que escondem muitos casarões reconstruídos com muito gosto e ao
estilo original e ainda belos jardins com árvores de fruto e oliveiras. Muito
bonito … não me importava nada de ter aqui uma casinha, mas é capaz de ser
carote J
???? … hehehehe...
abastecimento antes do almoço … faltaram as mines ..
a manter os fãs informados …
gosto desta foto …
Paramos na Areosa para almoçar … não, não é Areosa ali
mesmo ao lado de casa. É uma areosa a ca.5km do nosso destino de hoje. Durante
a viagem, tanto no lado português como espanhol foi uma constante encontrar
terras com os mesmos nomes das terriolas onde vivo – encontramos Gondomar,
Areosa, Rio Tinto entre outras .. fez-nos sentir um bocadinho mais perto de
casa J
O almoço foi muito bom e divertido … decidimos entrar no
restaurante/café porque tinha uns camiões parados e já dizia o meu avô “quando
vires camiões parados em frente a um restaurante é porque é bom e barato”. O
meu avô é que sabe … aquilo era só malta das obras, camionistas, a maior parte
homens … a moça não teve problemas com isso e eu tb não J … sopa, um prato do dia (no nosso caso uma caldeirada de
bacalhau muito bem servida e traziam mais se quiséssemos), 1 jarro de vinho da
casa para cada um (só bebemos um, porque são de litro) e pão por € 5,50/pessoa …
se juntarmos os cafés, a conta pouco passou dos € 12. Além da comida estar
excelente, caseirinha o próprio ambiente foi de rir … desde um casal de emigrantes
que se sentou na mesa ao lado da nossa e passavam a vida a olhar para nós,
sussurravam e riam-se … estive para lhes perguntar se eram servidos, ou se
queriam um autógrafo J … mas eram tão
mas tão cromos que nem valia a pena … levamos na desportiva e fartamo-nos de
rir. Como a Dora ter ido à casa de banho e metade daquela malta lhe ter tirado
as medidas assim à descarada … eu divertia-me a olha-los nos olhos e eles
ficavam todos atrapalhados ao serem apanhados … aquilo é que era encher
garrafas de plástico com o vinho que sobrava para levar para matar a sede nas
obras – as paredes deviam ficar direitas J. Deu para encher
uma “caderneta de cromos” com as personagens que se cruzaram ali … nós
preenchemos com eles e eles connosco J
Da Areosa até ao destino final em Carreço seguimos pela
nacional … foram uns 3 ou 4 km apenas. Já à entrada de Carreço encontramos um
casal de Canadianos do Quebec todos partidos e perdidos … ela toda tola vestida como se fosse para um casamento, ele todo
vestido de caminheiro profissional (tipo Dirceu Borboleta, um personagem de uma
novela brasileira chamada o Bem-Amado dos longínquos anos 80 – acho eu). Mais
uns personagens para a nossa colecção. Procuravam a mesma casa que nós e iriam
ser nossos vizinhos. Para dizer verdade pareciam ser um bocadinho pró chatinhos
e não muito a nossa onda, o que rapidamente se confirmou … abre alas!!! Foge
Quim!!!
Dirceu Borboleta á caça ...
Já na Casarada (assim se chama a casa onde ficamos)
tivemos a confirmação do que as avaliações que lemos diziam. O senhor holandês
que vive a sua reforma na zona e aluga os quartos é de uma simpatia e
disponibilidade que só visto … o quarto amplo, confortável e limpo, com uma
varanda virada para o mar – embora a gente não o visse dali, devido ao nevoeiro
que se tinha instalado e ao facto de estarmos a 1km das praias.
Tomamos uma banhoca … ao descalçar tive uma surpresa
desagradável. Tinha surgido uma pequena bolha no limite exterior do calcanhar -
estão a ver uma cabeça com um galo? Era isso, pequeno mas muito incomodo .. e
de difícil acesso para ser furado por a pele ser muito grossa. Tivemos muitas
dificuldades em conseguir fazer dois pequenos furos e quase não saiu liquido,
sinal que a bolha estava fundo. Desinfectou-se e o Betadine até me fez ver
estrelas … pelo contrário a outra bolha começava a dar sinais de grandes
melhorias … estava ainda sensível mas já não doía. Vamos mas é até à praia …
A meio caminho da praia em sentido contrário lá vem os
nossos “amigos” canadianos … “então, e que tal as praias?” … “AWFUL!!!” … estes
amigos acharam a praia horrível, muitas algas e pedras, pouca areia … são
opiniões. O que acham?
pezinhos brancolas … por cima ainda vai, por baixo é que nem por isso ..
horrível!!!
Regressado ao quarto tive mais uma supresa desagradável …
a areia tinha entrado em força nas bolhas … não havia volta a dar, tinha que
arranjar forma de a tirar dali e só era possível abrindo mais as bolhas. Não
foi fácil o corte … mas lá consegui. Tive que sofrer novamente com a
desinfecção com Betadine antes de irmos jantar.
Não foi fácil encontrar algo por ali onde pudessemo comer
algum coisa. Entramos no único café aberto que tinha pratos do dia do almoço.
Disponivel apenas cozido à portuguesa o que naquela altura não me apetecia
mesmo. Pedimos sopa e uma tosta mista. A sopa super salgada mas que empurrei
com esforço pelo sabor – a tosta escapava. Um bolito daqueles plastificados e
um café. Foi o que se arranjou!!! E siga dormir que amanhã será uma etapa
longa, onde deixaremos Portugal e entraremos na Galiza.
Portanto, bolhas e passear de pé descalço na areia? Amador...
ResponderExcluirA tua sorte é a enfermeira :)
Engraçado que já o meu irmão, tem mais 9 anos que eu, me diz sempre: onde há camiões come-se bem e barato e nunca errou.
Abraço
Verdade … amador de primeira :(
ExcluirOs irmãos mais velhos são sempre os mais inteligentes :P … e bonitos … :P … de longe :P
Abraço
Depois duma boa banhoca num mar com óptima temperatura, refestelei-me na toalha para ler esta crónica. Estava a começar e ouvi os vizinhos do lado,que falam com o volume no máximo, dizerem "as melhores bolas são do Natario". Menos dum minuto depois, estou a ler aqui uma alusão às mesmas. Achei piada :)
ResponderExcluirO teu primeiro dia condicionou os restantes com a história das bolhas...
E venha o take 5 que esta série está muito boa!
Um abraço a ti e beijinhos à Dora
Muito bom … mas desta vez fui aos jesuítas que tb são muito bons :)
ExcluirAs bolhas ainda vão condicionar mais uns dias … serve para aprender :)
O 5 está pronto e o 6 quase … mas estou a dar um bocadinho de tempo entre episódios ;)
Grande abraço, beijinho à Mafalda e boas férias
Passaram por sítios espectaculares :) E, para mim, a praia está "amazing"! Ah! E um dia tenho de experimentar esses famosos jesuítas!
ResponderExcluirA parte boa de se ter um blogue é podermos ficar com estes relatos incríveis, num autêntico baú de memórias, a que podemos voltar sempre que quisermos...
Fico à espera da entrada em Espanha!
Tb acho que a praia estava espectacular … até o nevoeiro lhe dava um charme especial .. não sei o que queriam os moços, talvez um areal enorme, cheio de gente e um mar tipo piscina com 24 graus … tb gosto, mas neste caso temos pena ou não :)
ExcluirJá falta pouco para chegar a Espanha …