No domingo passado fui mais uma vez até Avintes participar no
Trail da Broa de Avintes. Sou totalista nesta prova que é organizada por uma
malta amiga, que este ano me pediram para voltar a ser padrinho (é a segunda).
Meus amigos … à primeira qualquer um cai, a segunda já cai quem quer … já vos
disse se a ideia é ter muita gente é um erro, se a ideia é controlar o nr de
inscritos, então sou o padrinho certo 😉
A verdade é que estavam umas boas centenas de pessoas
presentes, divididos entre as duas distâncias da corrida (14 e 21km) e a
caminhada. Eu voltei à distância mais longa depois de no ano passado ter ido ao
mais curto.
O ambiente estava bom, a malta divertida. Chegamos cedo,
fomos dos primeiros a levantar o dorsal e siga para o cafézinho do costume onde
encontramos o resto da malta. A ideia tb foi de fazer alguns km antes da prova
– afinal ando a preparar a Maratona do Porto e domingo é dia de longo.
Se fosse um trail mais técnico eu provavelmente não iria
participar, mas tratando-se de uma prova muito corrivel (pouco mais de 500m D+
em 21km) e pouco técnica até era bom para ganhar forcinha nas pernas. É para
imprimir ritmo forte!!!
Defini um objectivo pessoal … chegar abaixo das 2h!!! Se
fosse possivel lutar por um lugar de pódio nos M50 não iria dizer não a uma boa
luta. Vamos ver.
Mas primeiro fui fazer uns km com o Alvaro como aquecimento e
para adiciona-los à conta desta semana. Foram apenas 3km porque como sempre me
perco na conversa com este e com aquele. No regresso ainda fui ao carro buscar
os flasks (1 de 0,5l cheio com Vitargo já misturado) e outro apenas com o pó para
ser enchido no abastecimento dos 14km. Deve chegar.
Táctica de corrida a usar … ritmo controlado nos primeiros
10km, a abrir enquanto der na segunda metade. Pois, pois …
Mal se deu o tiro de partida saí disparado … sabia que eram
ca.1,5km em alcatrão para sair do centro de Avintes e nos enfiarmos no monte.
Eram ondulados, com algumas pequenas rampas … 1º km a 4,17m/km, 2º a 4,29m/km e
o 3º a 4,24m/km …com que então a primeira parte é para controlar???... já ia
com os bofes de fora a correr atrás de 4 gajos dos Arrastasolas e a suplicar
por uma zona mais técnica, ou uma subida bem inclinada … com 3,5km nas pernas e
a média bem abaixo dos 4,30m/km finalmente me fizeram a vontade. … uma
sequência de rampas intrecaladas por uns single-tracks estreitos com algumas
raizes fizeram o ritmo abrandar bastante e até a caminhar as primeiras vezes.
4º km a 6,17m/km.
Numa dessas subidas passo a malta dos Arrastasolas e fujo …
mais à frente vejo mais um pequeno grupo … entre eles a Vera do Feirense, a
primeira mulher … o meu ojectivo passou a ser apanha-los o que consegui. Segui
com eles uns 2 ou 3 km, mais umas subidas, um pequeno engano … e dois dos km
mais lentos de toda a prova (6,59 e 7,30) antes de tb consguir fugir a este
grupo e a ficar sozinho. Passei o primeiro abastecimento ca. dos 7km e não
parei.
Ca. dos 8km chegamos à ciclovia na marginal do Douro em
direcção ao Porto … era aqui que eu tinha planeado fazer umas series mais
rapidas … como já vinha desgastado o máximo que consegui foi aproveitar a
“boleia” dos primeiros dos 14km que vinham de trás como balas … o ritmo voltou
a ser abaixo dos 4,20 mas durou pouco tempo porque se me soltou o atacador da
sapatilha esquerda e tive que parar.
Esta paragem curta lixou-me … bem tentei, mas já não consegui
entrar naqueles ritmos mais altos de forma tão descontraída … de trás apareceu
um atleta com a camisola do Running Espinho que viria a ser a minha companhia
até aos 18km, primeiro numa luta ombro a ombro a tentar descolar um do outro …
eu melhor nas subidas, ele a rolar em plano. Foi engraçado porque nos fez andar
da perna, sem que nos permitissemos “amalandrar”. Temos km entre 4,30 e 6m/km
nesta fase.
Este luta durou alguns km … notava algum desgaste nele, ele
devia notar algum desgaste em mim. O normal. Ca. dos 13km dá-se a seperação com
a malta dos 14 … eles já estão a chegar, nós ainda temos uns 8km para fazer.
Desta vez paro no abastecimento para encher o flask … está abafado o tempo. O
relógio marca uma média um pouco acima do 5,30m/km … perfeitamente dentro das
2h.
O meu oponente tem mochila e no abastecimento apenas agarrou
um pouco de fruta e seguiu … mas poucas dezenas de metros mais à frente lá vai
ele a caminhar … mal eu chego ele arranca comigo. Nesta fase não eramos
“concorrentes”, íamos à vez para a frente puxar …foi porreiro pq ajudou a
vencer o cansaço que já se fazia sentir.
Ali por volta dos 17km vem a dar-se o episódio que viria a
marcar esta corrida … alguém gamou as fitas num entroncamento … tínhamos apanhado e passado um colega brasileiro … seguimos por um trilho mais óbvio,
andamos uns 100m mas voltamos para trás porque não vimos fitas. Seguimos em
sentido contrário mas o caminho dava numa estrada nacional. Bem … voltemos para
trás até encontrar a última fita, provavelmente não vimos algum corte.
Encontramos a fita e nada de cortes … só há uma solução … seguir o trilho mais
óbvio e se não encontrarmos fitas tentar regressar via estrada.
Confesso que fiquei um pouco frustrado … vinha bem, estava a
imprimir uns ritmos altos novamente. O abastecimento tinha-me feito bem e assim
o objectivo de fazer abaixo de 2h estava praticamente garantido.
Insistimos um pouco mais no tal trilho óbvio e voltamos a
encontrar uma fita … perfeito … vamos lá a isto. E ligou-se o turbo, eu e o meu
compincha de luta … o colega brasileiro ficou para trás porque já só conseguia
andar a trote.
Ainda apanhamos um susto com uma cadela enorme que mais
parecia uma vaca, mas uma voz de comando firme como a minha colocou a moça no
lugar … ela tinha mais medo de nós que nós dela. Sigaaaaa…
Curva e contracurva, faltam 3 km … e de repente vem um
grupo enorme de atletas em fila indiana num trilho paralelo ao nosso mas em sentido contrário …. começam a gritar “não há fitas … alguém roubou fitas, isto é uma
vergonha” … era a malta da frente, todos juntos … pelos vistos algum fdp (não
tem outro nome) andou a tirar fitas criando esta enorme confusão.
Juntamo-nos ao grupo … que entretanto encontrou fitas … mas o
grupo já seguiu desmotivado … uns mais rápidos outros mais lentos. Com esta
confusão “perdi” o meu colega de prova … mas encontrei um dos Arrastasolas que
vinha de trás e fomos ali algum tempo na conversa. Ele disse para eu não me
prender por ele , que já ia um bocadinho pró “fodido” …. e eu zarpei, novamente
a boa velocidade e com força nas pernocas.
Foi assim que fiz estes últimos km … rápidos, tranquilos,
tendo chegado à meta em bom estado em 1h55 … muito bom. Os treinos da Maratona
estão a fazer efeito!!!
O speaker da prova era o meu menino Bruno … diz ele “o mundo do trail bateu no fundo” … era o primeiro do escalão, 1º M50 … mais tarde viria a confirmar-se que por equipas tb iriamos ao pódio, 3º lugar (em 7). Na geral classifiquei-me em 8º mas que não corresponde à realidade pois houve meia dúzia de atletas que chegaram primeiro que eu, e por protesto, não cortaram a meta. Não me apercebi que nenhum fosse M50, pelo que pelo menos no escalão foi justo.
Mas antes ainda bebi 3 minis, comi uma bifana e uns bolinhos
e andei na brincadeira com a malta, estive a ver a chegada da malta amiga, etc
e tal.
Gostaria de deixar aqui uma palavra de conforto para a
organização. Só quem organiza sabe a frustração que é alguém por pura maldade
nos tentar atingir no único ponto que é quase impossível de controlar – como se
controlam 21km de fitas a toda a hora??? Impossível. E eles fizeram tudo certo,
eu vi os batedores a sair às 7h30 da manhã para ver se estava tudo no sitio.
Mas basta um fdp para armar confusão. Mesmo assim o evento foi mais uma vez um
sucesso, a malta divertiu-se à brava, penso que ninguém se magoou, correu-se,
suou-se, comeu-se, bebeu-se e trouxemos a bela da Broa de Avintes para casa.
No meu caso foram duas, pois a Pikinita que foi à caminhada
tb teve direito a uma.
Sigaaa com a preparação para a Maratona …
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