Ainda
me dói tudo e os olhos, apesar de já ter passado uns dias, teimam em
estar pesados e a querer fechar durante alguns períodos do dia… mais 2 anos e
estou recuperado 😉
Foi
este fim de semana que passou, que realizamos a 2ª edição das 24h de P. Depois
de uma primeira edição que tinha sido espectacular a bitola estava bem lá no
alto … será que conseguimos repetir? … e quando falamos em repetir, referíamo-nos
ao “espirito da prova” ao “ambiente” maravilhoso que tinha sido criado por
todos os envolvidos na edição do ano passado.
Ao
contrário das nossas expectativas, este ano tivemos menos gente a participar …
especialmente em equipas … e sabemos bem que as equipas além de trazerem mais
gente montam a sua tenda e criam ali uma envolvência e um excelente espírito de
entre-ajuda entre todos. É estranho … porque depois do grande sucesso e do
enorme entusiasmo que se criou durante e depois da primeira edição estávamos
convencidos que não seria difícil chegar ao número que tínhamos como limite
para uma prova destas. Não aconteceu!!! Paciência.
Há
várias causas para isto … não tenho dúvida nenhuma eu o facto de termos
“perdido” a nossa página original dos Trilhos dos Pernetas nos prejudicou muito
tb a esse nível … eram mais de 6000 seguidores, a larga maioria ligada ao mundo
da corrida. Havia já alguns contactos via página, com gente a perguntar como
funcionava, a expor dúvidas, no fundo com interesse em participar. De um dia
para o outro, a mês e meio da prova, perdemos tudo isso, deixamos de ter forma
de comunicar com eventuais interessados … qualquer pergunta ficou sem resposta
desde início de Julho.
A
nova página tem feito o seu caminho … mas estamos muito aquém da anterior que
contava já com uns anos valentes de existência.
Mas
não foi por isso que a festa deixou de se fazer!!
6ª
feira de manhã, 9h demos demos inicio à 2ª edição das 24h de P com ium
cafezinho no Trovador … já que no ano passado começou assim e correu muito bem,
este ano mantivemos o ritual 😉
6ª
feira foi dedicada ao montar de toda a estrutura necessária … o Domingos já
tinha adiantado algumas coisas com a malta da CMF. O objetivo era conseguir ter
o máximo pronto e deixar o mínimo possível de afazeres para sábado de manhã.
Foi um dia muito longo mas conseguimos fazer quase tudo a que nos propusemos.
O
jantar foi na tenda dos comes & bebes … experimentamos o fogão e fizemos
umas alheiras, com salsicha alemã e ovos mexidos para por no pão … estavam uma
delicia … o fogão estava a funcionar bem tal como o frigorifico e a arca que
estavam a refrescar bem as minis … tivemos que provar quase uma caixa para ver
se estava mesmo tudo bem. Também se provou uma garrafa de tinto que apareceu
por ali …. Decidimos bebê-la porque no dia a seguir não ia haver vinho tinto e
ter ali uma garrafa poderia induzir a malta em erro. Era chato … ;)
Já
perto das 2h da manhã o Fontes, o Américo, o Melo e o Elísio foram até casa ver se as
esposas estavam mesmo sozinhas e eu e o Bruno mantivemos um ritual que iniciamos no
ano passado e tb não quisemos quebrar pois tinha dado sorte …. dormir dentro do
carro junto à tenda numa espécie de vigia das cenas. Isto na teoria é sempre
fácil … o carro não é confortável e estava um frio do caralho…
Dormi
o possível … fui sempre acordando - não podia confiar no meu companheiro de
quarto, o gajo depois de uns copos fica com ar guloso e já não distingue nada …
o que vale é que o enfiei (ao moço, seus tarados) dentro de um saco cama,
fechei bem, de tal forma que o gajo nem se mexia - … quem tem cú tem medo, e
embora o meu seja pequeno tenho medo pra caralho, ainda gosto e depois é um
cabo dos trabalhos. Mas adiante …
Eram
6 da manhã e já não dava para dormir mais … saí do carro … foda-se … chovia pra
caraças. A sério??? Já não chove há semanas, e tinha que chover logo hoje??? Já
no ano passado apanhamos chuva e trovoada … o S.Pedro anda a querer nos dizer
alguma coisa.
A
chuva dificultou um pouco os afazeres previstos para sábado, mas tudo se faz e
quando começaram a chegar os primeiros aventureiros corajosos, a coisa estava a
funcionar.
Aos
poucos e poucos o arraial começava a ganhar vida … as tendas dos participantes
a erguer-se, alguns a vaguear pelo percurso que lhes iria fazer companhia nas
próximas muitas horas, uns reencontros, algum convívio ainda um pouco
envergonhado tal como o tempo que aos poucos e poucos ia melhorando. A chuva
viria a parar bem a tempo do início da prova.
O
inicio da prova deu-se exactamente às 12h em ponto de sábado, com a presença
habitual do vereador da CMF, Mario Jorge e uns juízes da AAA (novidade deste
ano) que vieram controlar a prova. Na zona de partida, 17 corajosos atletas
para as 24h individuais (faltaram 3) mais os atletas dos primeiros turnos das
equipas.
5,
4, 3, 2, 1 … e lá vão eles …. sei o que lhes vai na alma, conheço bem aquele
sentimento de estar no início de uma empreitada destas … e naquele momento
gostava de ser um deles … mas não posso!!!
Conhecia
uma grande parte deles, alguns repetentes do ano passado, alguns experientes
nestas andanças das longas distâncias e também alguns estreantes. A maior parte
com objectivos bem definidos, que fui conhecendo ao longo do dia e que se
tornavam tb um pouco o “nosso objectivo” – iríamos fazer tudo o que pudéssemos
para ajudar esta malta a chegar lá …
Não demorou muito a ter a certeza que estaríamos a repetir o “espirito” da edição do ano passado. O bom ambiente imperou desde o primeiro minuto, entre todos … malta da organização, atletas das diferentes equipas, equipas de apoio e a malta que veio apenas para assistir. Notava-.se a competição no ar, mas ao mesmo tempo havia incentivos e simpatia entre todos que ali estavam – a luta era de todos!!!
Foram
umas 24h muito longas, especialmente as da noite … é sempre difícil, mas este
ano estava mesmo muito frio e muita humidade no ar. Aliado ao facto de este ano
estar menos gente o que torna a empreitada dos resistentes ainda mais difícil e
hercúlea. Valentes!! Grandes campeões!!
Era vê-los ali às voltas, já bem esmurrados mas a continuar firme e hirtos … mais uma moedinha, mais uma voltinha … uns “só” queriam fazer 100km, outros queriam fazer mais que no ano passado, outro queriam bater os recordes pessoais em distância. Quando nasceu o dia por volta das 7h da manhã, a grande maioria estava ainda longe dos seus objectivos …. ainda faltavam umas horas, era possível ainda, mas mesmo muito cansados era preciso dar à sola … e deram …
Foi muito emocionante ver a luta daquela gente … o querer, a superação o sofrimento era idêntico em cada um, estivessem na luta por um lugar no pódio ou não. Tentávamos incentivar cada vez que passavam por nós, fosse com um “força …”, com uma piadola estúpida qualquer ou um simples olhar ou sorriso … o mesmo acontecia entre atletas … fantástico!!!
E
com as 12h de domingo a aproximar-se os objectivos iam sendo alcançados … dava
gosto ver a alegria nos olhos cansados daquela gente. “100km estão feitos, nem
acredito” …. “já passei os 122 do ano passado, agora é sempre a somar” … “150
feitos!!!” …. que maravilha!!! Também houve alguns que não conseguiram o que
pretendiam, o que é normal … não foi por falta de luta e não faltarão outras
oportunidades .. mas não era por isso que deixaram de estar satisfeitos, mais
não fosse porque o “martírio” estava a acabar 😊
E
assim foi ….
Ah
e tal, mas não houve a prova das 3h este ano? Claro que houve, e que prova cum
caraças. Tal como no ano passado houve vários horários e no horário das 20 às
23h de sábado o Hugo fez uma prova fantástica, sempre no red line de forma a
que ficou ao mesmo nível do primeiro do ano passado, ou seja, uma Maratona
abaixo das 3h e 44km no total. Muito dificilmente seria batido … pensávamos
nós.
Nos entretantos tb eu fui participar ... tinha um 2º lugar nos M50 para defender. Mas este ano tive juízo ... no ano passado ignorei tudo e forcei enquanto o corpo aguentou - andei muito tempo para recuperar do esforço. Este ano, novamente com quase dois dias sem dormir, o trabalho de montagem e o stress que a responsabilidade da prova me provoca, fiz apenas 11 voltas em ritmo de treino ... e assim mereci o colete de finisher. Burro velho afinal aprende. Ahhh ... e fui o único participante nas 3h de P na tranche da meia noite às 3h da manhã ... porque será???
No domingo de manhã, bem cedinho, pelas 7h iniciou-se a última tranche desta prova … e deste último pelotão faziam
parte o 1º (Pedro Bastos) e o 3º (Luis Trigo) classificados do ano anterior.
Foi fenomenal assistir a esta luta … com o Pedro a fugir logo na primeira volta
mas com uma sombra, um moço chamado João que eu desconhecia mas que pela
passada vi logo que iria dar luta e da grossa. Até ca. de metade da prova foram sempre
juntos, sempre em alta rotação pois sabiam que para bater o resultado do Hugo
do dia anterior, não poderia haver descanso. Foi pouco depois de meio que o
João decidiu dar um sacão a ritmos na ordem dos 3,30m/km e fugiu para nunca
mais ser apanhado … fez incríveis 46km em 3h07, seguido do Pedro que igualou o
resultado dele do ano passado com 44km e do Luís Trigo que voltou a fazer a
Maratona muito perto das 3h … quero referir que o Luís Trigo é meu amigo e ao
contrário dos outros que são seniores ou M40, tem quase 60 anos e só começou a
correr há uma dúzia de anos. Velhadas do caralhes!!!
Que
grandes resultados nas 3h … ter tido o Hugo a correr nesta tranche deveria ter
sido bonito de se ver … espectáculo!!!
A
entrega de prémios foi engraçada … os troféus foram mais uma vez uns tijolos,
tal como no ano passado. Há gente que já tem uns 3 ou 4 em casa … é começar a
pensar em construir uma churrasqueira 😊
E pronto .. já chega … texto vai quase tão longo como as 24h de P.
Aproveitar
para agradecer a todos os que ajudaram a fazer esta festa, atletas, equipas de
apoio, malta que veio assistir. Juntamente conosco a simbiose foi perfeita, e
isto sem falsas modéstias.
Agradecer
o apoio de todas as empresas que nos ajudam nos nossos eventos, assim como à
CMF que nos dá tb um apoio incrível. Sem estas ajudas não teríamos qualquer hipótese.
Agradecer ao Domingos Gomes por tudo!!! Todos nós que organizamos eventos no concelho de Santa Maria da Feira temos que reconhecer a sorte que temos em ter o Domingos como intermediário. És um dos nossos ... muito obrigado!!!
E
claro, agradecer mais uma vez a todos os meus compinchas da família Perneta.
Esta merda dá uma trabalheira do caraças, mas a malta agarra o touro pelos
cornos e a coisa faz-se com alegria. Vou-me repetir pela kilhozézisma vez … orgulho nesta família,
orgulho em fazer parte, orgulho na forma como fazemos … “pode haver igual, mas
melhor não há de certeza”. Como diz o nosso Primo Fontes … “somos os maiores”
ou melhor …”ninguém nos fode”!!!
3ª
edição das 24h de P??? Vamos digerir esta … mais para a frente logo vemos 😉
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