quarta-feira

PT281+ Sabugal a Penamacor



Saímos da BA do Sabugal seria perto da 1 da manhã. Pela frente a etapa mais longa de todas com quase 50km.Tinha como objectivo fazer 8 horas.

upa que se faz tarde...


A primeira parte da etapa é no seguimento da etapa anterior, grande parte em alcatrão, passagens por várias pequenas aldeias.

Vou um pouco melhor das pernas, a paragem fez-me bem. O Lima parece outro, bem disposto, com energia, falador. Também o Artur me parece bem. Esta trilogia está em sintonia. Corre-se sempre em plano e a descer, e caminha-se a cada subida, mesmo nas de pequena dimensão.

no meio do nada esta placa … enfim, não me larga





não pode ...


Nesta etapa viríamos a cruzar com pouca gente durante o período da noite, a malta já estava bem dispersada. Mas houve um francês que entrou na nossa história desta etapa. Lembro-me de o ver sentado na BA do Sabugal, sozinho num canto, parecia um pouco perdido. Já lá vamos.

O segundo terço desta etapa é em zona florestal, com muito sobe e desce, muitas vezes com água mesmo ao lado do percurso, fosse em forma de rio ou como barragem (acho que foram 3) ou mesmo como levada de água para regadio dos terrenos. Raramente tivemos oportunidade de ver essa água, apenas a ouvíamos e estava pertíssimo, algumas vezes a menos de 10m ... dá para imaginar a escuridão – desligando o frontal não vias nada a mais de meio metro de distância. Assim foi com umas eólicas ... apenas ouvias os sons das pás a girar e só conseguias ver umas formas quando estavas mesmo ao lado e apontavas o frontal para lá. 

foram umas horas a ver isto, ou a luz do frontal, ou uma horda de mosquitos atraídos pela luz … ingeri proteína com fartura mesmo sem querer

Foi nesta fase que o tal francês nos ultrapassou ... ia a bom ritmo. Dois km mais à frente numa zona onde cortamos à direita vemos uma luz em sentido contrário ... era o moço que se tinha enganado e voltou a passar por nós. Passados uns poucos km, talvez uns dois ou trés, já com os primeiros raios de luz entramos numa estrada em alcatrão com o GPS a indicar um corte á direita mais à frente. Como vimos um atleta um pouco mais abaixo nenhum de nós os 3 esteve atento ao GPS e seguimos o moço ... era o Francês e tinha-se enganado outra vez e nós fomos atrás. Lá demos pela falha e voltamos todos para trás a subir uma rampa que tinhamos acabado de descer.

Lá demos com o corte que estava bem visivel e que nos iria fazer seguir ao lado de uma levada durante alguns km ao mesmo tempo que o dia nascia de vez ... que lindas cores, a sério. A malta ia bem, de tal forma que corremos grande parte do tempo, voltamos a passar o Francês que se juntou um pouco a nós. Era a terceira vez que participava e nunca tinha conseguido acabar. Da primeira vez lesionou-se e da segunda desistiu aos 220km por desidratação. Pouco depois voltava a fugir-nos.

absolutamente lindo o nascer deste dia

ao contrário deste espécimen :)

Apenas o voltamos a ver por volta dos 35km na companhia de mais 3 outros atletas numa aldeia a reabastecer de água. Fizemos o mesmo – seriam 6 da manhã. A temperatura estava a subir a grande velocidade – não tardaria nada e o sol estaria a massacrar-nos. 





Queríamos chegar o mais rapidamente possível a Penamacor para descansar. Continuávamos bastante bem e a correr quase sempre, mesmo em pequenas subidas.

Á saída de mais uma aldeola vemos o grupo de 4 uns 200m à nossa frente ... uma algazarra ... tinham-se enganado. Porquê? O francês tinha ido em frente em vez de cortar à direita e foram todos atrás 😊 ... eu acho que o gajo desiste porque não consegue fazer 10km sem se enganar.

À medida que a etapa ia chegando ao fim o cansaço começou a apoderar-se de nós. Penso que o factor psicológico de querer chegar à BA, aliado aos quase 85km que já tinhamos nas pernas e ao calor que pelas 9h já estava bem acima dos 30 graus são factores mais que lógicos para estarmos assim.




Chegamos à BA de Penamacor seriam umas 9.15h – aceitável porque não punha em causa a vontade em chegar cedo a Penha Garcia para descansar (leia-se „dormir“) mais ao fim do dia.

A BA estava montada à saída de Penamacor, numas tendas improvisadas na beira da estrada. Não era o sitio ideal mas pronto, as coisas são como são.

Ao espreitar para dentro de uma das tendas vi que tinha colchões para a malta descansar. Num desses colchões estava deitado uma cara conhecida ... „Atão Silvério... o que aconteceu?“

O Silvério tinha desistido por desidratação aos 50km. Ele é da minha zona, tem um currículo muito interessante olhando aos poucos anos que corre. Inscreveu-se na PT281 por minha „culpa“ ... a 6 de Junho deste ano, quando organizamos o evento Alimente esta Corrida e eu aproveitei para fazer um treino longo, ele foi lá entregar um donativo e aproveitou fazendo-me companhia durante meia horita ... naturalmente falou-se na PT281 e eu mostrei-me convicto que a prova se iria realizar, ele entusiasmou-se e aproveitou a reabertura das inscrições. Teve azar ... o corpo dele não quis ajudar e fustigou-o com vomitos e diarreia logo desde os 20km. São coisas que acontecem.

Sentamos numa mesa à sombra de uma das tendas. Ritual habitual, comer, beber, reabastecer, gelo nos músculos, etc, etc, etc. Juntou-se a nós a Rute que andava a acompanhar o Artur e ainda deu para cohecer o Ricardo Batista do Blogue „aguenta-te sempre“ – um daqueles do antigamente que me marcou por ter lido, entre outras aventuras, sobre os 100km de Bienne na Suiça onde eu um dia quero participar.

tratar dos chispes

enfardar

cumbibere (grande Silvério)

não sei se já tinha mencionado … tratar dos chispes

Lembram-se do Francês que passava a vida a perder-se. Chegou um pouco depois de nós a Penamacor. Foi a última vez que o vimos – estava com cara de chateado, iria desistir.

Eram 10h quando arrancamos com destino a Penha Garcia ... na ementa 38km e muito calor. A intenção era chegar cedo, mais tardar às 17-17h30 ... prémio era um banho e uma soneca retemperadora.

NOTA DE AGRADECIMENTO: ao João Ricardo Russo, um amigo do João Lima que desconhecia ... veio de Lisboa acompanhar o primeiro dia da PT281+ e fez questão de esperar por nós em vários pontos das primeiras duas etapas. Sabe tão bem alguém estar ali com uma palavrinha de incentivo. Muito obrigado João!!!

Vamos seguir caminho para Penha Garcia?

10 comentários:

  1. Esse nascer do sol deixa muita inveja :D as fotos são incríveis e nem imagino ao vivo!

    Coitado do francês.. Será que para o amo volta?.. Fiquei com uma dúvida: o percurso estava assinalado na mesma, ou só tinham mesmo o GPS?

    Vamos lá até Penha Garcia :)

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    1. Ao vivo tem outro encanto :) … eu acho que o francês volta até acabar … tem é que arranjar um guia porque assim fica difícil.
      Vamos ver se é hoje que ainda vamos a Penha Garcia ou se fica para amanhã ;)

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  2. Pobre francês! Ou contrata um guia que conheça bem o percurso ou não consegue terminar. Deve ser frustrante estar a realizar mais km do que se devia, quando há tantos reais por fazer!
    Esses pés...!
    Um abraço!
    ps - O João Ricardo é uma pessoa impecável!!!!

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    1. Lol … foi demais as vezes que se perdeu em tão pouco tempo. Assim teria que fazer 500km para contar 281 :)
      Nem me lembres dos pés … ao fim de uma semana começam a normalizar.
      Abraço
      PS - impecável é pouco .. apareceu-nos durante a noite em alguns locais no meio do nada, completamente sozinho.

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  3. Tirando uma ou outra, grandes fotos, tanto de paisagens como de atletas! :)

    Coitado do francês, um GPS em francês talvez resolva, ou então ir colado a alguém e pronto.

    Esses chispes estão bonitos estão.

    Olha lá, ó moço, não estás agarrado às grades erradas? Eram as do lado :)

    Abraço

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    1. "tirando uma ou outra"???? ...hmmm, tentei evitar o Lima nas fotos, mas ele punha-se sempre à frente … desculpa.
      Esse francês páh … já não devia estar a oxigenar bem, porque em muitos casos não havia qualquer dúvida no GPS.
      Os chispes aqui estavam maravilhosamente bem … um pouco mais à frente é que iam ser elas.
      Em tempo de guerra não se limpam armas :P
      Grande Abraço

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  4. A minha Bernardina lá atrás na 3ª foto do abastecimento. Foi onde foi possível falar contigo, reconheci-te naquela subida para Sortelha. Andei às voltas a ver se te via em Belmonte, gostaria de ter trocado mais palavras contigo. Fica para um próxima.

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    1. Lembro-me de me falares na chegada a Sabugal e ter ficado a pensar "quem é este?" porque como te disse, sempre achei que ias participar. Com as máscaras a coisa fica mais difícil … haverá mais oportunidades.
      Abraço Ricardo

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  5. Coitado do francês é só o que tenho a dizer ah ah ah

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