segunda-feira

GR 46 - Grande Rota Serra dos Picos

Mesmo não sabendo se a PT281 se realiza cá vamos fazendo pela vida o melhor que se pode e sabe. As últimas semanas tem sido de muita carga, de muitos km nas pernas. A que passou não foi diferente.

Tinha um longo previsto para o fim-de-semana mas como não ia ter tempo para o fazer foi decidido fazê-lo na quinta-feira, feriado. A ideia era fazer 5h no monte … o mais simples teria sido ir fazer o percurso longo dos Trilhos dos Pernetas, nas calmas habituais dá as tais 5h. Mas queria variar um pouco, passear e fui à procura de uma zona que ainda não conhecia. Um dos critérios da busca era não ser a mais de 1 hora de distância de carro, outro era não ser demasiado duro ou técnico – as pernas andam muito pesadas J

Dei de caras com a Grande Rota Serra dos Picos em Braga … pouco mais de 30km, com 1100mD+ e uma avaliação de muito difícil para caminhadas com tempo estimado de 11h. Sempre pensei que uma Grande Rota (GR) teria uma distância muito maior mas pelos vistos a partir de 30km (ou uma jornada) já são classificadas como tal. Li algumas avaliações de malta que já fez e pronto, parecia o ideal para fazer 5h nas calminhas e sem grandes sobressaltos – está decidido, vamos fazer esta GR 46.




Quando acordei na 5ª feira de manhã estava a chover bastante e não apetecia nada ir treinar. Ainda pensei em abortar o “passeio” e despachar as 5h no nosso quintal mas rapidamente decidimos (sim, a Pikinita ia acompanhar-me) ir na mesma.

Não madrugamos como habitualmente … eram 11h estávamos a chegar à Capela de Santo António na aldeia de Espinho, situada num vale a apenas 3km do Sameiro de Braga. Estacionamento não falta e as indicações para iniciar o percurso circular são fáceis de encontrar. Só faltava decidir se seguíamos a ordem “normal” ou o fazíamos em sentido contrário. Como me doíam as pernas decidi fazer em sentido contrário ao normal porque assim começamos a descer e deu para aquecer os motores.


Começou aqui...

Sigaaaa...

Os primeiros 3 ou 4km são apenas espectaculares .. depois de uma descida por estradão florestal vamos chegar à Cascata de Portuguediz … a partir daqui segues pelas margens de um rio em single-tracks com alguma tecnicidade, alguma pedra e umas pequenas subidas e descidas em que tens mesmo que te agarrar ao que encontras para não mandares uns tralhos. Foi sem dúvida a parte mais bonita de todo o percurso com km a demorarem mais de 20min a serem percorridos - por não dar para correr e porque se parava a cada 50m para tirar umas fotos J.








 


 
 
Depois de sair desta zona tivemos as primeiras subidas para fazer pelo monte … era preciso ir buscar o D+ anunciado a algum lado. No entanto nada de especial. Estávamos maravilhados com este início e com muita espectativa em relação ao resto. As marcações estavam perfeitas, impossível haver enganos.



 

Isto haveria de mudar logo de seguida … começamos a entrar em zonas agrícolas com localidades por perto. E é na primeira localidade que nos vamos perder … teríamos uns 7 ou 8km feitos e chegamos a (Alvar ou Pedralva, não me lembro) … uma zona demasiado mal marcada que nada condiz com o que tínhamos tido até ali fez-nos andar para trás e para a frente, entrar em todas as ruas e caminhos que vimos para ver se haveria alguma sinalização que nos fizesse encontrar o caminho certo. Ao fim de quase 20min e já quase a decidir seguir por estrada lá deslumbramos algo ao longe, em cima de um monte, que nos parecia ser uma sinalização … e era mesmo. Falta ali uma placa na estrada a mandar cortar à direita … talvez tenha caído ou sido roubada.

Lá seguimos todos felizes e contentes na nossa aventura … mal sabia que os próximos 10km iam ser em parte uma tortura. Esta é uma parte mais campestre … em que percorres zonas agrícolas e algumas localidades (Alvar, Pedralva, Outeiro, Picos, Bugide) até à nascente do Rio Este que marca o inicio da parte mais de serra do percurso. 




O que correu mal? Os trilhos não estarem minimamente limpos … havia zonas em que a vegetação me cobria e tenho quase 2m … andamos perdidos várias vezes porque não se viam algumas marcações … algumas partes em que tivemos mesmo que abrir os caminhos … sinceramente já me estava a irritar porque nesta altura do campeonato o pólen anda em altas e eu tenho alergias … o facto de andar bem no meio daquela vegetação (leia-se literalmente a nadar lá no meio) fez com que me arranhasse todo e as pernas e braços começassem a empolar … eram umas comichões que nem vos digo e eu a sofrer para não me coçar todo porque sei que é pior. E quando começava a passar lá vinha mais um troço que já não vê uma roçadora há quase um ano e voltavam as comichões. 


sim … o percurso era ali pelo meio ...

cocktail explosivo … vegetação alta e densa, pólen e um gajo alérgico ...




Almoçamos umas sandochas e um ovo cozido em Pedralva e soube a pouco J … já não estávamos longe da Nascente do Rio Este mas ainda haveríamos de nos perder por falta de marcação (ou antes, por estar tapada por vegetação que não lembra o diabo) – todo picado por urtigas estivemos mesmo mesmo para desistir e voltar por estrada mas à última vimos uma marcação e decidimos dar uma última oportunidade a esta GR .. e ainda bem que o fizemos.





fizemos umas amigas ... 


escolhemos o caminho mais longo ...


as sandochas estavam bem boas ... 

A partir da Nascente do Rio Este começou a parte mais serra, que nos levou ao ponto mais alto, ao Marco Geodésico do Pico de Crasto que não tem mais do que 550m de altitude – nada de especial, sensivelmente a mesma altitude do nosso Camouco. O percurso não nos leva bem ao Pico mas nós fizemos aquele último bocadinho para ir ver Braga de cá de cima J
mais um corta mato à procura do trilho certo

mais uma amiga ...

e um amigo ...

que ainda nos acompanhou um pedaço

o percurso tinha este tipo de placas explicativas nos locais onde havia algo a contar

cá está a nascente ...


estes amigos (mini pigs) andavam à solta na serra ...

o percurso não vai lá acima ….

mas vamos nós ...



Descemos pelo lado contrário até ao Parque de Merendas de Sobreposta que nos leva pelo meio de uma espécie de zona industrial … não entendi muito bem este troço de aproximadamente 1km que poderia facilmente ser feito pela serra. Em todo o caso já se começava a ver ao longe o Sameiro … ainda era preciso descer a um vale, passar mais uns campos agrícolas e uns lugares para subir a mata até ao Bom Jesus - mesmo apanhando alguns trilhos não limpos a vegetação era mais rasteira e não mais me provocou reacções alérgicas … 



 

 

tou a ficar com sede e não é de água nem isotónico... 

No Bom Jesus uma paragem para uma cervejinha que (embora Sagres) estava geladinha no ponto e soube maravilhosamente bem. Estava na hora de subir ao Sameiro. As pernas estavam pesaditas pelo que o fizemos a caminhar. Aproveitamos para visitar a zona envolvente do Sameiro – acho que já não vinha aqui há mais de 20 anos – e depois descemos o monte pelo mato – foram uns últimos 3km sempre a correr até ao local de onde tínhamos saído umas 6h30 antes.

foi Sagres … e até soube bem … peço desculpa aos meus amigos 


chegamos ao Sameiro de Braga

não é preciso dizer nada pois não ...

outra zona onde uma ou outra sinalética estava tapada pela vegetação … pelo menos o caminha estava desimpedido...



Acabou por ser uma boa aventura com mais de 35km, valeu bem a pena a deslocação até Braga e para quem quiser fazer um percurso não demasiado técnico e duro mas com paisagens e zonas muito diversificadas eu aconselho. Quem procura puro trail, dureza e desníveis à bruta é melhor escolher outra zona J

feito ….

Infelizmente tenho que criticar quem é responsável por este percurso (Câmara Municipal de Braga?) pela falta de manutenção nos trilhos. Falta limpeza em alguns troços – não falo em fazer auto-estradas mas apenas naquelas simples limpezas para que as pessoas possam passar nos trilhos sem que pareça uma autêntica selva. Acho que deveriam igualmente controlar se a sinalização está toda porque me pareceu que faltava um ou outro sinal, especialmente em zonas de viragens – poderiam estar tapados por vegetação, tb é possível. Em todo o caso os sítios que estavam piores eram perto de localidades de fácil acesso e por isso uma equipa de 2 cantoneiros com umas roçadoras faz a limpeza necessária num dia ou dois. Trata-se de um GR oficial, publicitada como tal e parece-me inconcebível e inaceitável que na primavera (altura que deduzo haja mais gente a caminhar) não estejam minimamente transitáveis. Vou fazer um mail aos responsáveis a expor esta situação para que corrijam isto e para que quem vier a seguir a nós não tenha que andar perdido e a ter que abrir o próprio caminho à bastonada.

Resolvendo estes pormenores acho que é um excelente percurso para conhecer a Serra circundante de Braga.

A semana que passou cheguei aos 110km – meio mês e já passa dos 250km. Espero mesmo que a PT281 se realize J

10 comentários:

  1. Pois tens razões nas tuas críticas, como se comprova no vídeo. Uma catana teria dado jeito...
    Ontem já foi dia 15 mas ainda não anunciaram o sim ou não do PT281.
    Aguardemos por boas noticias
    Grande abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já seguiu comentário na página oficial da coisa … alguém há-de ler, se fazem alguma coisa ou não logo se verá - é mesmo simples o que falta fazer.
      Estou convencido que em fim de julho andarei pela Beira Baixa :)
      Aquele abraço

      Excluir
  2. Muito bom, bem giro.

    Infelizmente essa GR parece que padece do mesmo problema de tantas coisas cá, fazer é fácil (por vezes nem por isso mas vá) manter é mais chato, não aparece nos jornais, na TV, não vai lá o Sr. secretário de estado ou coiso e assim se vai deixando ficar.

    Depois é a famosa pescadinha de rabo na boca, não limpam porque não é usado e ninguém reclama, ninguém usa porque não é limpo e sabem que não vale a pena reclamar...

    Não levas sempre um anti-histamínico contigo?
    É que nesta altura deve ser bem complicado.

    Já agora, pulgas e carraças não?

    Venho sempre com brinde, ando farto.

    Grande Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois … este ano com a história do Covid muita limoeza ficou por fazer. Mesmo nos percursos dos Pernetas, como não realizamos a prova e não andamos lá semanalmente a calcar os trilhos há muito que fecharam quase por completo. Outros em que os particulares, donos dos terrenos pura e simplesmente não fizeram as limpezas. Mas neste caso a coisa é camarária e percurso oficial publicitado em vários sítios - e é tão fácil de resolver, 2 pessoas com roçadoras resolvem num dia o dois.
      Nunca levo anti-histamínico mas talvez deva começar a levar … se não me arranhar muito e andar mesmo no meio das "verduras" não tenho grandes problemas.
      Pulgas nem por isso mas carraças de vez em quando acontece … é preciso é apanha-las antes de se cravarem mesmo na pele :)
      Aquele abraço

      Excluir
  3. Belo passeio, Carlos! Gostei de ler! Grande abraço

    ResponderExcluir
  4. Realmente não se admite uma GR nesse estado.. Já tiveste resposta? Olha, e quanto a perderem-se, as GR normalmente disponibilizam os tracks, porque não levas no relógio? Sempre treinavas a navegação para a PT.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ainda não. Quanto aos tracks nem me lembrei mas tens razão, seria treino para a PT .. é algo que tenho que ver porque normalmente nunca uso. Abraço

      Excluir
  5. Que inveja :D Belo passeio :) Adoro as amizades que vocês fazem sempre nestes treinos!

    Também não sabia que havia GR tão "pequenas"! E esta parece bem gira, se esquecermos o que falas, de não estar bem mantida... É pena :/ Será que esta pandemia terá alguma coisa a ver com essa falta de manutenção?...

    Já fui espreitar por novidades mais ainda não vi nada :( Fico aqui a torcer por ti, que eu quero ver-te na PT281!

    Beijinhos aos dois!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A gente procura estas "amizades" :) … acho que a história da pandemia pode ser a desculpa ideal para não fazer. Muita gente deixou este ano as limpezas das matas de parte … acho que é um trabalho que não implica risco ou muito pouco. Neste caso quase nenhum. Em todo o caso, se não o pudessem fazer colocavam um aviso a dizer que parte dos trilhos estariam sem manutenção - assim cada um que decidisse o que fazer. Em todo o caso é algo simples de resolver … como digo, 2 pessoas num dia limpam aquilo tudo … os acessos são feitos de carro em todos os locais atingidos.

      Quanto à PT281 o fumo branco está quase quase quase ;)

      Beijinhos e manda abraço ao louco mais louco

      Excluir