É 6ª feira à noite,
estou em casa dos meus pais a festejar mais um aniversário do meu Pai – não
consigo arranjar posição, estou todo lixado das minhas costas….a semana na
Alemanha, o quente e frio constante, carregar amostras, andar de carro e as
viagens de avião puseram-me neste lindo estado…como é que vou enfrentar os 47km
dos Abutres neste estado? Só a minha Inês me poderá salvar….um pouco mais
tarde, perto da meia noite já em casa, com as meninas a dormir e Inês põe-me as
mãos (nada disso meus malandrecos, só para fins terapêuticos J)…quando me levanto sinto algum alivio,
mas a impressão continua lá…eu vou, depois logo se vê.
São 3.30h e o
despertador toca…check às costas…hmm, ainda sinto uma impressão mas estou bem
melhor…pouco depois apanho o Badolas em Fiães e seguimos para a estação de
serviço de Ovar (na A29) onde ficamos de nos encontrar com o Gil (que nos
presenteou com um mapa da elevação do percurso plastificado – tás aprovado,
para a próxima quero um a cores por fvr J)
para seguirmos então até Miranda do Corvo, uma viagem que se fez em pouco mais
de 1h. Chegamos ao Pavilhão Municipal ca.6.15h, e além de um enorme staff da
organização, havia apenas um ou outro atleta presente. Por isso, quando chegou
a hora do levantamento dos dorsais, para nós foi simples e rápido. O resto do
tempo até à hora da partida passou num ápice, cafezinho, dar uma volta pelos
stands de vendas que lá estavam, equipar, casa de banho e já estávamos a fazer
o controle zero (com controle do equipamento obrigatório) e a entrar na zona de
partida.
O pavilhão começou a
encher-se de atletas…impressionante o nível dos equipamentos da maioria dos
atletas presentes…relógios, sapatilhas, bastões, casacos e calções, tudo xpto,
equipamentos de compressão, mochilas, cintos…as marcas arranjaram no Trail um
belo filão para explorar. No fim, algum deste equipamento ajuda naturalmente,
mas são as perninhas (e o resto do corpo) que fazem a diferença, e ainda bem.
Ali estava eu, no meio
daquele montão de atletas bem-dispostos que iriam enfrentar uma das provas de
Trail mais procuradas em Portugal, e que esgotou em poucos dias. Estava
bastante calmo, aliás, desde que me inscrevi para esta prova que a encarei de
forma tranquila, o que não quer dizer que me tivesse desleixado. Não treinei
especificamente para os Abutres (nem sei como o deveria fazer), fui correndo
por aí como sabia e podia….como sempre, logo me havia de desenrascar. Tinha
combinado com o Badolas, fazermos mais esta aventura juntos, e íamos encarar a
coisa por fases, de abastecimento em abastecimento.
A partida foi dada por
volta das 8h nas traseiras do pavilhão, estávamos ainda na conversa e nem dei
por qualquer tiro ou outra forma de dar a partida. Estávamos no último terço do
pelotão e quando vimos a malta a começar a correr fomos atrás. Desejamos boa
sorte uns aos outros e foi a última vez que vi o Gil durante a prova…zarpou dali
para fazer um grande resultado. Estava tão distraído que só me lembrei de ligar
o GPS já levava algumas centenas de metros feitos…
Aqui o percurso com
a elevação, para terem uma ideia…
Os primeiros 4 a 5 km
são feitos a correr, primeiro pelas ruas de Miranda do Corvo, depois pelo
Parque Biológico para finalmente entrar nos trilhos da serra da Lousã. Mentira…nem
sempre a correr, porque nestes primeiros km o pelotão está muito compacto, e em
certas zona mais técnicas afunila e pára…foram 3 ou 4 paragens, chegando num
caso a ser de alguns minutos….sem stress, porque a malta tinha tempo…
…após os 5 primeiros km,
começa a subir…é aqui que começamos a ter o primeiro “cheirinho” do que iremos
encontrar nesta prova…lama, muita lama, tanta que as sapatilhas enterram
totalmente em muitos locais e é uma sorte não ficar sem uma sapatilha no meio
daquele lamaçal…engraçado ver alguns atletas a tentar contornar esta questão
(com pouco sucesso diga-se) – o meu amigo Badolas como não podia deixar de ser,
era um deles J … não adianta,
é inevitável sujar e molhar os pés…
....pouco depois chegamos a Vila Nova para o
primeiro abastecimento aos 10km…
...aqui na companhia do grande Rui Pinho...leiam o texto sublime dele sobre esta prova aqui
... estávamos a 100% como não podia deixar de ser,
ritmo controlado, sem excessos. Foi aqui que saquei a minha caneca especial*
pela primeira vez….
*a organização não
disponibilizava copos nem garrafas…por isso era obrigatório levarmos um
recipiente…andei à procura lá em casa e encontrei esta caneca que a Maria usou
muitos anos…ideal, porque achava que me poderia ajudar mentalmente quando as
forças começassem a faltar…(xxiuuu…pode ser considerado doping e ainda me
desclassificam J):
…comi e bebi, não que
tivesse fome ou sede, mas porque sei que o devemos fazer antes que tenhamos
fome ou sede. Banana, Marmelada, Amendoins salgados e água…bela mistura, hein!!
Acabou-se a
brincadeira…ia começar a dureza mais a sério. Pouco depois do 1º abastecimento
e depois de passar uma aldeola, enfiamo-nos nuns trilhos estreitos a subir a
pique, que nos levariam a escalar ca.500m D+ em menos de 5km, com muitos
obstáculos (vegetação densa, lama, raízes) para ultrapassar…difícil mas eu continuava
bem…a progressão era muito lenta…apercebi-me aqui, que as 5h de tempo limite até
à Sra.da Piedade ao km 25 não seria assim tão fácil de cumprir.
Foi neste troço
que voltei a sentir aquela dor no pé direito que me assolou na UTAM em Novembro
passado…fonix…outra vez não (nos treinos nunca me dá o que é
estranho)…felizmente desta vez não foi constante, a dor ia e voltava. Ainda
tínhamos margem mas não nos poderíamos distrair….para chegar a Mestrinhas ao km
18 (a quase 1000m de altitude) onde estava instalado o 2ª abastecimento,
tivemos que descer, subir, descer e voltar a subir junto a cursos de água por
trilhos duríssimos, com muita pedra, muitas partes onde tínhamos que usar as
mãos e os pés, tanto apara subir como para descer…fiz “skú” e “ski” várias
vezes…tudo servia para progredir…fartei-me de me picar nas mãos com a vegetação
presente, e foi nesta parte que tive as primeiras duas quedas, sempre em
descidas e sempre de “bate cú” sem consequências de maior, a não ser os respectivos
sustos J Nesta fase
passamos alguns atletas…subimos sempre numa cadência certinha e forte, mesmo
que quase sempre a caminhar.
No abastecimento de
Mestrinhas voltei a comer e a hidratar-me, focando nas bananas (dou-me bem com
elas). Não perdemos muito tempo, para não arriscar chegar à Sra.da Piedade com
mais de 5 horas.
A partir daqui era
essencialmente a descer…mas desenganem-se, não era mais fácil do que subir. Mas
antes de descer ainda subimos ao ponto mais alto do primeiro grande cume do
percurso…nevoeiro cerrado não permitia desfrutar das vistas, vento e frio
faziam-nos querer sair dali o mais rapidamente possível…
....e lá nos lançamos por
descidas ingremes, junto a uns cursos de água, algumas cascatas, sempre por
trilhos muito técnicos, muita pedra molhada, lama e zonas perigosas que obrigavam
a uma atenção e concentração máxima…algumas zonas tinham cordas para nos ajudar
a ultrapassa-las.
A travessia do rio era feita ora em pontes improvisadas de
troncos de árvores, ou mesmo pela água...já mais perto da Sra.da Piedade, as
últimas descidas eram em terra batida e de grau de dificuldade menor…dava para
correr, e eu farto de ser ultrapassado (como sempre acontece nas descidas),
decido-me a tentar descer mais rápido, soltar-me e não ir sempre a
travar….consigo embalar e estava a dar-me um gozo enorme, de tal forma que comecei
a abusar e numa curva PIMBA…”bate cú” novamente…o meu joelho à “Mantorras”
cedeu e catrapimba…desta vez assustei-me mesmo, pq fiquei com a perna direita
dobrada debaixo do rabo…felizmente foi só susto e não me magoei, mas serviu de
aviso…com o meu joelho direito não há milagres…é como uma suspensão partida…todo
o cuidado é pouco. Á nossa frente uma
escadaria, para subir até à Sra.da Piedade para o controle e
abastecer…
...4h50min…tínhamos conseguido chegar dentro do limite. 25km feitos. Estava
com pena de muitos atletas que ainda vinham mais atrás, entre eles gente
ilustre do nosso pelotão como o Joaquim Adelino e a Analice – fiquei muito
contente por no fim saber que a organização tinha tido o bom senso de alargar o
tempo para 6 horas, permitindo a muitos atletas completar a prova. Neste
abastecimento estivemos mais tempo, tirei as sapatilhas para retirar pedras e
areia do interior. Bebi um chãzinho verde, comi uma sopa que me soube às mil maravilhas,
marmelada com amendoins salgados (hmmm), batatas fritas e claro, bananinha.
Antes de zarparmos
ainda nos lembraram que tínhamos 4 horas para chegar a Gondramaz. 4horas para
fazer 10km??? Vai ser bonito, vai vai…
último sorriso antes do "sofrimento"
Mal saímos do
abastecimento, para voltarmos aos trilhos tínhamos que passar uma ponte de
Madeira, e aqui o vosso amigo ia na risota com o Badolas…no fim da ponte,
zás…catrapum…catrafod…mais um “bate cú”, desta vez escorreguei na madeira…mas
tb mais uma vez apenas susto…não se pode facilitar…ficou-me na retina um atleta
que vinha atrás de mim e se riu da cena como um perdido – gozar com o velhinho
manco devia ser proibido J.
Começa aqui uma subida
daquelas…serão 5km a subir para vencer o 2º grande cume do percurso (outro
acima dos 900m)…os primeiros km são junto ao leito de um rio, trilhos muito
bonitos que se caracterizam pelas muitas cascatas lindíssimas que vamos
encontrando….
...volta a pedra molhada, a lama, o furar vegetação densa, andar de
4, saltar de pedra em pedra, atravessar o riacho várias vezes…aqui sim, pela
primeira vez comecei a sentir a energia a ir-se…não esgotado, mas a ficar bem
mais fraco à medida que o tempo ia passando…mesmo assim continuávamos a subir a
bom ritmo e a ganhar posições. Os últimos km desta enormíssima subida já são em
terra batida que permitem uma progressão mais rápida (se é que se pode falar em
rapidez no nosso caso)….ca. dos 30 km chegamos ao cimo da serra…novamente muito
vento, frio e nevoeiro tão denso que mesmo estando ao lado das eólicas, não as
conseguimos ver…apenas ouvíamos o som das pás a rodar o que dava um ambiente
enigmático àquele local.
esta cara diz quase tudo....
Um pouco mais à frente
o abastecimento dos 30/31km, instalado no centro de BTT. Estava demasiado frio
para estar ali muito tempo…uma bananita, um pouco de marmelada, apanhei umas
batatas fritas e siga para bingo….faltavam 5km para Gondramaz e estávamos com grande
margem para lá chegar.
Os primeiros km são a
descer, e apanhamos uma das zonas mais bonitas do percurso em minha opinião.
Trilhos com o piso fofo (uma espécie de moliço), que percorriam um bosque, como
uma serpente…podia-se correr quase sem perigo…nada de lama, nada de
raízes…aquilo é que foi dar à sola…aproveitar ao máximo para progredir…não sei
bem, mas deve ter sido durante uns 1,5 a 2km de corrida, corrida essa que nos
revigorou…tínhamos mais de 30km nas pernas e estava com as baterias carregadas novamente.
Depois voltamos aos trilhos mais técnicos, novamente junto ao rio, novamente
muita pedra, lama (como eramos do último terço do pelotão os trilhos já estavam
“desfeitos” de tantos pés que por ali tinham já passado)…esta parte tinha zonas
muito perigosas, onde todo o cuidado era pouco. Tivemos que passar em zonas,
onde se nos desequilibrássemos, a queda seriam de uns metros valentes…algumas
dessas zonas tinham cordas ou cabos (até correntes metálicas) para ajudar, mas
nem todas…e se acontecesse ali alguma coisa, no meio daquela autentica “selva
densa”, não sei como é que se conseguiria retirar alguém dali…mas isto é o
Trail, e quem vai para uma prova destas sabe (nem todos) para o que vai.
Depois de muito
descer, vinha agora a subida do Penedo dos Corvos, para mim com as zonas mais
técnicas e difíceis de transpor e sem dúvida as mais perigosas. Eu que até nem
gosto muito de alturas, para minha surpresa consegui superar bem esta fase, que
me retirou bastante energia.
Para chegar a Gondramaz tivemos ainda de subir uns
trilhos em terra batida, onde a dificuldade era “apenas” a inclinação. Foi
nesta fase que o Badolas ficou um pouquinho para trás…disse-me “estou esgotado!!!”….a
cara dele estava tão branca que parecia CAL (hehehe…não resisti a esta chalaça)….
....apenas lhe disse que estávamos mesmo a chegar ao abastecimento de Gondramaz (35km), reduzimos um pouco o ritmo e pouco depois lá estávamos a refastelarmo-nos com mais uma sopa, batatas fritas, marmelada e banana – ganda mistela, mas que funcionou, o Badolas estava de volta J
Gastamos pouco mais de
2horas para chegar a Gondramaz, quase metade do tempo que nos davam, pelo que
agora tínhamos uma margem grande para chegar ao fim dentro do tempo limite
(12h).
Agora seria sempre a
descer até Miranda do Corvo…pois…mas voltaram o mesmo tipo de trilhos como
anteriormente, perigosos, pedra, lama, água…passamos o rio vezes sem conta de
um lado para o outro, sempre por troncos de árvores….para ser sincero, esta
fase já me estava a chatear…porra…sempre o mesmo tipo de paisagem, sempre o
mesmo tipo de obstáculo…fod.-se, cara… estava já cansado, mas mais psicologicamente
do que fisicamente, e por isso com dificuldades em concentrar-me.
Como era a
descer lá fomos ultrapassados por mais alguns atletas…numa obstáculo mais
complicado, escorrego e dou o 5º “bate cú” da minha prova, mas desta vez ao
cair embati com o ombro esquerdo numa rocha…uiii…esta doeu…iam 4 atletas à
minha frente a 2 ou 3 metros mas ninguém se apercebeu do meu tralho. Não
partiu…sigaaaaa. Mais do mesmo…até que, surpresa das surpresas…trilhos estreitos,
a descer ligeiramente só com algumas raízes…yeeesss, dá para correr….faltavam
sensivelmente uns 8 ou 9 km, olhei para o relógio e disse ao Badolas que se
desse para correr até ao fim que poderíamos ainda chegar ao fim abaixo das 10
horas. Foi a motivação extra que precisamos para os km finais.
Mesmo depois de quase 40km
de luta, ainda tínhamos força para correr bem abaixo dos 6min/km, o que me
parecia supersónico. Incrivelmente sentia apenas as pernas um pouco pesadas, de
vez em quando dava-me a tal dor no pé direito e uma ou outra picada nas
costas…de resto impecável. Não tardou, chegamos ao abastecimento de Espinho, ao
km 40. Faltavam agora 7km…o Badolas quis parar para beber água…estivemos ali 1
minuto no máximo e seguimos viagem….agora eram estradões em terra e alcatrão…nesta
fase veio ao de cima a nossa veia estradista…conseguimos ultrapassar vários
atletas…íamos muito bem, e pelas minhas contas dava para chegar antes das 10h.
O problema é que voltamos aos trilhos, junto a uma levada, em que algumas zonas
tinham lama…ainda era de dia, mas a luminosidade de fim de dia, aliada ao facto
de eu ser meio cegueta e não correr com os meus óculos, obrigava-me a cuidados
redobrados…lá nos fomos aguentando até finalmente entrarmos em Miranda do
Corvo…
Faltavam 3km segundo o
meu relógio, o Badolas diz-me que tem que reduzir, que já não aguenta…eu olho
para o relógio e digo-lhe que falta pouco, para fazer um último esforço…perto
de um parque, numa rotunda, quando no meu relógio faltam 1,5km e o Badolas me
diz que não rebentar, aparecem dois elementos da organização a dizer que faltam
apenas 500m…???...foi como um bálsamo, deu aquela energiazinha que faltava ao
meu amigo…agora tínhamos a certeza que íamos chegar dentro das 10 horas…no fim
a “maldade” habitual dos organizadores de Trail…uma subida curta, mas muito
ingreme para chegar ao Pavilhão Municipal…subo a passo, mas forte…vou olhando
para trás e o Badolas lá vem a arrastar-se por ali acima (este meu amigo é uma
força da natureza – mais à frente já vos explico porquê)….já se avista o
Pavilhão, e quando entramos pela porta das traseiras somos surpreendidos por um
pavilhão cheio de gente….estava a decorrer a entrega dos prémios…passamos o
pórtico de chegada juntos, aplaudidos por aquela multidão como se tivéssemos
ganho a prova...
"os cromos"....hehehe..
….não sei como vos
explicar por palavras o que senti ao passar aquela linha, depois de vencer uma
empreitada desta envergadura…é indiscritível…tinha acabado de concluir apenas a
prova mais dura a que me sujeitei até à data, e ali estava eu, ainda com
energia para fazer mais uns km (a sério que ainda podia continuar)…incrível.
O Gil veio logo ter ao
nosso encontro – tinha feito a prova dele em 7h41min….eu não digo que este
moçoilo ainda vai dar muito que falar…ando eu a treina-lo e depois só o vejo à
partida J
Tempo para um banhinho
e regressar logo a casa, para junto da mulher e filhas. Apenas depois do banho,
de ter arrefecido é que comecei a sentir o empeno “abútrico”…especialmente nas pernas
e costas. Faz parte….isto é Trail J
Em relação à prova….é
duríssima, muito técnica chegando a ser perigosa em muitas situações. Acho que
é uma sorte ninguém se ter lesionado gravemente (que eu saiba). Mas volto a
dizer….isto é Trail, puro e duro, e quem vai para ali sabe ao que vai (pelo menos
a maioria). Não é por acaso que é considerada uma das provas de Trail mais
duras em Portugal. Não é prova para se apreciar as “paisagens”, porque há que
ter muita atenção e máxima concentração no chão que se está a pisar. A
organização da prova é excelente, o pessoal todo é de uma simpatia enorme, as
marcações, os abastecimentos, a água quente para o banho no fim…tudo impecável.
Talvez pudessem colocar mais algumas cordas em certas zonas perigosas, mas isso
já sou eu, que sou inexperiente neste tipo de provas, a dizer. Se duvidas
existirem em relação a esta prova, basta ver a quantidade de atletas de renome
do Trail em Portugal presentes…estavam cá quase todos….acho que atesta a
qualidade desta prova. Se vou voltar? Agora que já passaram dois dias respondo
que sim, um dia volto de certeza…mas antes quero conquistar outras provas.
O meu tempo oficial
foi de 9h56min, classificando-me em 435º lugar entre 507 atletas que
finalizaram a prova. O meu objectivo era o de chegar ao fim o que foi atingido.
Olhando agora para o tempo que fiz, acho que foi bem bom e tb por isso estou
muito satisfeito.
O vencedor da edição
deste ano foi novamente o Nuno Silva da Desnível Positivo em 4h44min??? Como é
que é possível? É sobre-humano…um dia destes vou apenas assistir a uma prova
destas para ver os primeiros a passar.
Gostaria ainda de
destacar a prova que o meu amigo Gil fez – 7h41min é absolutamente fantástico,
para quem recomeçou a correr à pouco mais de um ano. Muitos, muitos parabéns. E
isto não acaba aqui, a margem de progressão é enorme…ele ainda está a começar J
Não podia deixar
de me referir ao meu amigo de mais esta aventura, o Badolas. Acreditem
se quiserem….ele não treina….para mim, fazer uma corrida por semana, às vezes
nenhuma, outras vezes 2…não é treinar. Chegou aos Abutres com uma dúzia de
corridas de 8 a 10km nos últimos 2 meses…. ainda à duas semanas teve que ir ao
hospital onde lhe detectaram uma gastroenterite aguda, e anda medicado. Um gajo
destes, chega aqui e faz esta Ultra dura como o caraças, e só mesmo no fim é que
lhe acabam as pilhas??? Vai-te encher de pulgas Badolas, vai gozar com o caral…
um gajo esfola-se todo para poder fazer estas aventuras e este cromo,
borrachola chega aqui nestas condições e faz igual J Obrigado pela companhia mais uma vez.
Juntos somos mais fortes.
Uma última palavra para a
minha Inês…não fosses tu, eu não teria conseguido. Essas mãozinhas valem ouro.
Muito obrigado Morzão J
E com isto o nosso CAL
tem mais 3 Ultra Maratonas no currículo....
uns calções e as meias de compressão foram pró galheiro...fica cara a participação nestas coisas....mas ISTO É TRAIL!!! Venha o próximo...
Gaita... deixa-me respirar antes de escrever qualquer coisa... é que fiquei esgotado a ler como foi esta prova e a imaginar como terá sido para quem lá esteve.
ResponderExcluirPoderia realçar muita coisa mas destaco aqui uma frase que me fez abrir (mais) os olhos de espanto: "Mesmo depois de quase 40km de luta, ainda tínhamos força para correr bem abaixo dos 6min/km". Ah heróis!!!
Quanto à perigosidade, e sem querer ser alarmista, acho que a corda se vai esticando cada vez mais e qualquer dia há uma chatice a sério e depois vai ser um problema.
MUITOS PARABÉNS e, repito o que já disse noutro dia, esse troféu é lindo!
Um abraço
Obrigado João.
ExcluirQuanto à perigosidade dos trails acho que tens alguma razão....as pessoas andam nisto tb para testar os limites, e depois de ultrapassar um, o próximo limite tem que ser ainda mais difícil, mais duro, mais longo....cabe a cada um de nós, saber o que deve ou não fazer (já somo crescidinhos)....e tendo algum cuidado tudo se faz...depois existem os acidentes, e esses tanto acontecem em estrada como na serra, embora concorde que em algumas provas se estique demasiado a corda. Neste caso, a organização sabia bem o que estava a fazer :)
Aquele abraço
Parabéns, Carlos. Descrição perfeita do percurso.
ResponderExcluirO trail é apaixonante por tudo o que descreveste, inclusive pela superação de alguns, que apesar de pouco treinarem, com garra superam as dificuldades. Mais uma vez parabéns, e até a um próximo empeno (Paleozóico, aqui tão perto? Fica o desafio).
Abraço!
Obrigado Rui. É tão apaixonante que hoje decidi, adiar o sonho de baixar os 40min aos 10km para ir fazer exactamente o Paleozóico :) .... se não for antes, vemo-nos por terra de Valongo.
ExcluirAbraço e parabéns (mais uma vez) pela tua prova e pelo teu escrito que é brutal.
Bem, até esperei para me poder sentar confortavelmente antes de começar a ler a tua crónica, que já sabia que ia gostar!
ResponderExcluirUma pessoa lê, e sente o desafio e as dores, mas realmente só lá estando... Mas pronto, inspiração nas provas dos outros também é treino! ;)
Achei perfeito, a prova, as cascatas, a paisagem encoberta... nem faltou o Beco do Tintol! ihih ;)
Engraçado o teu comentário sobre terem 4 horas para fazerem 10km... Só quem faz trail entende como essa pode ser uma preocupação genuína! :D
Beijinhos e boa recuperação, quero continuar a ler mais textos destes! ;)
PS: E faltava o PARABÉNS, claro!
Obrigado Rute....pois é...quando me disseram essa das 4h para 10km, nem sabia se havia de rir ou chorar...mas um Ultramaratonista não vacila, só existe um caminho...prá frente...pronto, de vez em quando tb damos umas voltinhas à esquerda, depois à direita, depois novamente à esquerda, depois um tombo ou dois...percebeste a ideia? :)
ExcluirBeijinhos e bom "aquecimento" em Bucelas
Valido as descrições e compartilho as emoções. Parabéns.
ResponderExcluirObrigado Joaquim. Aquele abraço
ExcluirAo contrário do que dizia uma personagem do Herman José: "este homem é do Norte!" Parabéns pela excelente conquista de ter terminado um dos percursos mais difíceis no nosso cantinho chamado Portugal! Um abraço e boa recuperação
ResponderExcluirOlhó Silvio....muito obrigado. Tens que colocar esta no teu calendário...OBRIGATÓRIO pelo menos uma vez na vida.
ExcluirAbraço
Ai agora sou eu, Carlos!!! Que inveja!! Esta também é daquelas que só lá quem foi é que sabe, não é?? Muitos parabéns por mais esta conquista! Ter os Abutres no cv é de Homem!!
ResponderExcluirDe tudo o que já li e vi continuo na dúvida se o trail dos Abutres é "famoso" por ser duro ou por ser perigoso?
Tens razão...por muito que se tente descrever, só lá estando. Muito bom, recomendo. Olha...eu acho que pelas duas coisas, duro e perigoso :)
ExcluirBeijinhos
Mais uma descrição alucinante... Nas tuas palavras pude reviver novamente toda a nossa a aventura!!! Eu cai + de 50x!!! :D Parabéns pela determinação e até à próxima!!! :)
ResponderExcluirObrigado pelas simpáticas palavras Mauro. Retribuo os parabéns, e até à próxima.
ExcluirAbraço
Magnifico e obrigada por compartilhares connosco.
ResponderExcluirBem-vindo sempre que escrevas as tuas provas.
Obrigado pela visita a este meu cantinho.
ExcluirBoas corridas.
Parabéns , uma prova que já não é para qualquer um...
ResponderExcluirBoas Sam...obrigado...chegaste a ir?
ExcluirAbraço
Parabéns amigo, uma história muito bonita e muito bem contada. A dificuldade da prova deste ano surpreendeu-me, ali temos de andar sempre com a moral em alta, se nos descuidamos neste pormenor não há força que resista. As forças aqui e ali iam faltando e de facto só a grande força de vontade em vencer se consegue ultrapassar tamanha empreitada. Abraço
ResponderExcluirGrande Joaquim Adelino, um exemplo para todos nós. Muito obrigado pelas simpáticas palavras (a voz da experiência) e pela visita aqui ao meu cantinho. Fiquei muito contente por saber que tb conseguio concluir esta difícil prova.
ExcluirForte abraço e até um dia destes algures por aí.
Amigo isso foi um super ultra trail...Eu não sou muito fã de trail em que se anda muito e corre pouco...pelo relato que fazes essa prova aparenta ter muita zona técnica que tem que ser abordada a andar...mas amigo estou impressionado com a dureza da prova és um campeão!!! Isso sim é duro duro duro...ainda eu digo que o trail de ferreira do zezere é duro...comparado aos abutres é para meninos!!!Companheiro um grande abraço e boa recuperação...
ResponderExcluirObrigado Carlos. Mas olha, se queres fazer algumas provas maiores vai-te habituando à ideia de teres de andar...é que não existe outra forma...quer dizer, deve existir pelo tempo que os lá da frente fazem, mas isso não é para mim :)
ExcluirAquele abraço e dá-lhe com força.
Fantástico relato! Excelente publicidade aos Abutres (como se precisasse...)!
ResponderExcluirAndo a ganhar coragem para uma ultra-aventura destas... a tua partilha ajuda!
Obrigado, boas aventuras...
Obrigado. É uma questão de querer, e treinar para isso (a não ser que te chamas Badolas :D). Se eu consigo, qualquer um consegue.
ExcluirObrigado tb pela visita a este meu canto. Boas corridas.
Bem e com isto tudo quem fica sem fôlego sou eu bolas!!!!
ResponderExcluirEm primeiro lugar excelente texto.. excelente mesmo!!! Eu a ler estive a sensação de estar a fazer a prova com vocês.... parece que estava lá a viver tudo!!! Fantástico.
Em segundo lugar, vocês são muitaaaa fotis páh!!! :D
Essa aventura foi dura de roer bolas... e vocês fizeram!! :)
Estão de parabéns e em especial o Badolas claro!!! De certeza que é humano?!? ahahah
Isto é mesmo assim, uns têm que dar no duro outros parece que nasceram para a coisa :D
Parabéns pela vossa amizade pois até dá gosto ver amigos a aproveitar assim as provas :D
Quanto á prova.. ui ui ui ... muito respeitinho... talvez um dia quem sabe ahahhah depois de comer muito espinafrinho :D
Beijinhos e parabéns Carlos!!!
Obrigado Marta. Um passinho de cada vez, como tens feito até aqui e tb vais conseguir se um dia assim o desejares. Se eu o consegui, pq não?
ExcluirBeijinhos e parabéns pelo GP Fim da Europa
Parabéns, pelo relato e pelo feito! Não tinha a ideia da dureza desta prova, mas o teu relato alerta e bem para isso.
ResponderExcluirPara a próxima, leva bastões, isso se não quiseres praticar sku :D
Abraço e boa recuperação
Obrigado. Eu sabia que era duro pelos relatos de alguns atletas experientes, mas sinceramente não estava à espera de tanto....mas olhando ao que foi, até estive bem melhor do que imaginaria.
ExcluirOs bastões nesta prova acho que não iriam ajudar muito. Demasiado técnico....em muitas zonas atrapalhavam, pq precisavas das mãos para te agarrares ao que estivesse à mão (escalar, para não cair)....vi um fulano a mandar um tralho daqueles por causa dos bastões..nem sei como não se partiu todo.
Abraço
Excelente relato, Carlos! Quase um manual de instruções :)
ResponderExcluirParabéns uma vez mais! Grande demonstração de superação de todos os que por lá estiveram!
Obrigado Paulo. Em Fevereiro terás a tua aventura...força nisso.
ExcluirAbraço
Eu já andava cheia de inveja depois de ter estado apenas a assistir às chegadas e depois do relato e de ver as fotos do Vitor. Agora vem mais o teu relato "ajudar à festa". Não se faz!
ResponderExcluirMuitos parabéns! Já é de uma grande coragem alinhar à partida de uma prova destas, completá-la é para grandes atletas. Parabéns!
Vi a chegada do Nuno Silva. Vinha fresco que nem uma alface...É de doidos a velocidade a que estes atletas correm uma prova destas.
Uma boa recuperação e....venha a próxima ;)
Beijinhos
Obrigado Isa. Tens bom remédio...depois da Maratona de Sevilha "amandas-te" nuns trails e pronto :)
ExcluirSabes que esses campeões no domingo já andavam outra vez a dar à sola???? Impressionante.
Beijinhos
Gaita! Tu além de correres como o caraças escreves bem como o caraças!
ResponderExcluirA maneira de descreveres uma aventura destas, o sentido de humor, é simplesmente delicioso.
Nunca me meti (e penso que já não vou a tempo de meter) numa “loucura” destas mas como pioneiro do trail em Portugal, como pertencendo aqueles “grandes malucos” que começaram, a meio da década de 90, a correr em sítios “impróprios” para tal sinto uma grande alegria ao ver o desenvolvimento que as provas de trail têm hoje em Portugal.
O trail, ao contrário da estrada, tem um leque extremamente abrangente de propostas para todos os gostos e condições físicas. Na estrada tudo é muito mais limitativo e monótono!
Achei graça ao equipamento xpto e lembrei-me da descida final do Cross da Serra do Açor, a pique, a chover e em cima de Xisto molhado a tremer de frio, de calções, T-shirt e agarrado a um pau a fazer de cajado!
Éramos mesmo malucos!
Da tu excelente prestação na prova nada há a dizer. Já estou habituado!
Quanto ao Badolas ele que experimente treinar (não custa assim tanto he, he, he, he) e vai ser um caso serio!
Um forte abraço.
Acho que tás a exagerar :)
ExcluirAdoro estas tuas histórias dos primórdios da corrida de montanha...nós ao vosso lado somo meninos de coro :)
Obrigado e aquele abraço
Venha a próxima...muito bom
ResponderExcluirCarlos este fim de semana 2de Fev, aqui a malta vai fazer o I Diver Trail, vamos la ver como corre...
Abração
Saudações com neve aqui de Vila Real (Marão)
Obrigado. Diverte-te no Diver Trail.
ExcluirAbraço
Parabéns Carlos!! Grande prova e...texto espectacular!! Estás como o aço!! ;)
ResponderExcluirPor este lados vou fazer a estreia no trail no próximo fds...I Diver Trail! Vamos lá ver se não há "bate cús"!
Abraço
Obrigado. Neste momento tenho a coxa esquerda como o aço...dura, dura :)
ExcluirAbraço e bom Diver Trail
Parabéns Carlos, pela prova e pelo relato!
ResponderExcluirFizeste uma descrição perfeita das condições do terreno.
Tu e o Badolas estiveram muito bem.
Eu não sabia bem ao que ia, contava fazer cerca de 4 h, vê lá bem. É uma prova muito difícil, mas também muito aliciante. Vencer estes desafios, tornam-nos mais fortes. Quero voltar!
Gostei de te conhecer, apesar do pouco tempo.
Abraço
Obrigado Vitor e parabéns pela tua prova. É como dizes...aquilo não é nada fácil. Eu já desconfiava, mas tb não imaginava que fosse tão duro...em todo o caso, é como dizes...torna-nos mais fortes, faz-nos ver que afinal tb conseguimos e dá-nos confiança para objectivos futuros.
ExcluirE tb gostei de te conhecer...haverá com certeza outras oportunidades para falarmos com mais tempo.
Grande abraço
Grande Carlos! De facto uma prova desta é uma fonte de inspiração para escrever bons textos! Ao ler o teu relato pude reviver um pouco daquilo que passei na edição anterior. Este ano não deu para ir, apesar de estar inscrito, mas em 2015 vou apontar novamente para esta prova. Vemo-nos lá! Um abraço
ResponderExcluirObrigado Paulo. Espero que a gente se veja antes.
ExcluirAquele abraço
FDX !!
ResponderExcluirés enorme !!
Parabens grande Carlos , simplesmente maravilhoso !
obrigado por essa discrição e partilha de emoções , tão pura simples e verdadeira !
...acredita que me emocionei de alegria ao ler este teu post...
...e que ainda fiquei mais fud...lixado de não ter ido !! :P
...é que para o ano já estou ainda mais cota e não sei se aguento, ehehhe...
grande abraço de orgulho e admiração.
Artur Bernardo
Vá...nada de exageros :)
ExcluirOs gajos de 72 são como o vinho do Porto carago, quanto mais velhos melhores (ou não) hehehe...
Aquele abraço e daqui a umas semanitas tamos noutro...
Brutal, ainda não tinha lido este teu relato e fiquei ainda com mais vontade de me Abutrizar todo daqui a 4 semanas! Eish que nunca mais chega!!! Diz-me uma coisa, viste lá muita gente de bastões? Com tanto uso das mãos, tou com um bocado de medo de os levar, mas sei por experiencia própria que eles são bons em trilhos técnicos..
ResponderExcluirVais adorar aquilo...é muito diferente daqueles trails mais corriveis, muito mais técnico...tb vai depender muito das condições atmosféricas...se chover (mais provável) vais ter lama até dizer chega, e trilhos em xisto escorregadio...é perigoso, digo-te já...quanto aos bastões, não me lembro de ver muita gente com eles e não vejo grande utilidade em grande parte da prova, pois deves precisar muitas vezes das mãos para te segurar, equilibrar, etc....no entanto existem 2 subidas em que fazem jeito...podes sempre leva-los na mochila para utilizar nessas subidas e depois guardas....vi um fulano à minha frente a usá-los na zona do rio, e a tentar descer um socalco um dos bastões escorregou e ele mandou um malho de quase 2 metros...nem sei como não se aleijou a sério....até já estou com inveja (da boa claro).
ExcluirAbraço