Continuo sem rotina de treino e sem
grande vontade em treinar com afinco. A verdade é que ainda não defini os
próximos objectivos, por outro ando a gerir alguns problemas nos adutores e por
fim também acho que mereҫo uma pausa depois de tantos meses de alcatrão. Tudo
desculpas para resumir numa palavra ... “malandrice” 😉
Mas sinto que a vontade está a voltar
aos poucos – a prioridade neste momento a nivel de corridas é colocar os
Trilhos dos Pernetas do dia 1/5 no terreno. Depois arranjo um objectivo dos
grandes que me vai motivar novamente. Já me conheҫo 😉
Nos Trilhos de Vila Maior ganhei o
gosto de competir em provas de trilhos. Foi muito fixe andar ali pela luta de
lugares na classificaҫão. Vai daí inscrevi-me nos Trilhos Termais nas Caldas de
S.Jorge para ir à gadelha com quem aparecesse ... escolhi a distancia mais
longa, 20km com 600mD+. Conheҫo grande parte daqueles trilhos de alguns treinos
que de vez em quando vou fazendo por lá, o suficiente para saber que me
esperava uma prova bastante corrivel e rápida, muito mais ao meu jeito do que
percursos muito técnicos.
Apesar de já contar com bastantes
ediҫões e de ser perto de casa, seria a minha estreia nos Trilhos Termais. Era
a 3ª vez que estava inscrito, das outras duas vezes tinham surgido imprevistos
que não me deixaram marcar presenҫa ... da última vez tinha chegado a casa da
minha mãe para deixar as minhas filhotas enquanto eu ia fazer a prova e ela
tinha acabado de partir umas costelas no Continente às compras, tinha tropeҫado
numa palete e arranjado um trinta e um 😉 ... mas à 3ª foi
de vez.
Cheguei lá a meia hora da partida ...
tudo tranquilo. Fui sozinho mas rapidamente encontrei mais uma camisola
encarnada do CAL ... o Nuno Silva que estava inscrito nesta prova desde 2019,
antes da pandemia. Muita gente conhecida como já se esperava, muita conversa e
meio mundo a gozar comigo por levar uma mochila de hidrataҫão às costas ... que
querem, eu sei que a prova era rápida e eram “apenas” 20km mas gosto de ir
prevenido ... não tenho uma mochila simples e pequena só para o básico, levei a
minha de 12 ltr com a qual fiz a PT281 ... apenas com dois flasks, 1 gel, a imprescindivel
manta térmica e o frontal porque pelas minhas contas de certeza que ia chegar
de noite.
Já na zona de partida comecei a olhar
para a malta que ali estava ... um pelotão bastante competitivo para um trail
que não faz parte de nenhum campeonato. Quase todas as “trutas” aqui da nossa
região estavam presentes, além de outros nomes conhecidos pelos seus resultados
de outras partes do país. “Perneta, hoje não há pódio para ti” 😉 ... não é
que eu esteja habituado, mas se houver hipotese porque não? 😉 ... de
repente mais duas camisolas das nossas ... o Bruno e o Elisio tb apareceram,
como sempre os últimos a chegar. E deu-se a partida ...
Parti mais uma vez de trás ... as primeiras centenas de metros são na pista de treino do estádio do Caldas S.Jorge e atraso-me um pouco pois está muita gente à minha frente e não dá para passar. Apenas na rampa de saída para a rua consigo comeҫar a ultrapassar, aproveitando tb o primeiro km pelas estradas das Caldas maioritariamente a descer para tentar chegar o máximo possivel à frente ... mesmo com a pasmaceira das primeiras centenas de metros ainda deu para fazer 4,17m/km ao primeiro km .. imaginem.
Pouco depois entramos nos trilhos e comecei a estabilizar o andamento, tentando e conseguindo com facilidade andar abaixo dos 5min/km, mesmo quando apareceu a primeira subida mais comprida, onde muitos já comeҫavam a caminhar e eu usava a minha táctica de Vila Maior ... correr sempre que possivel, nem que fosse a trote. E assim continuava a ganhar lugares, de trás para a frente ... pouco depois entravamos nos trilhos junto ao rio que vão das Caldas a Pigeiros para depois seguir em direcҫão a sul (Feira, SJ Madeira).
Pouco mais de 3km e já estava “sozinho” ... via um rapaz a 100m e a Cristiana outros 100m mais à frente. Passei a usa-los como motivaҫão para manter o ritmo vivo ... a média andaria por
volta dos 4,45m/km nesta altura e sentia-me bem. Ainda antes do parque de lazer
em Pigeiros passei o moҫo e logo de seguida apanhei a Cristiana que ia a bom
ritmo ... mantive-me atrás dela enquanto duraram os single-tracks ... para mim
uma das partes que deu mais gozo fazer.
Não tardou a voltarmos aos estradões em terra mais largos, e a comeҫar a aparecer algumas subidas ... os 600m D+ da prova tem que vir de algum lado não é? Mantiva a táctica de corrinhar mesmo quando a coisa inclinava bastante ... passei a Cristiana e pouco depois viria a passar um colega com o qual viria a ter uma “disputa” engraҫada nos próximos 10km. Parecia um deja-vú vivido no trail de Vila Maior ... nas subidas eu passava e ele ficava para trás bastante, nos planos ele recuperava e nas descidas dava-me uma abada que nem era bom ... foi mesmo engraҫado e ao mesmo tempo motivava e não deixava baixar a guarda.
Mais ou menos a meio de percurso, num
trilho ao lado da A32 ouҫo passos acelerados atrás de mim e uma voz conhecida
... era o nosso Nuno Silva a grande velocidade ... se eu ia pouco acima de
4m/km imaginem ele. Tinha “acordado” e entrado na prova ... o rapaz bebeu uma
garrafinha de tinto antes de ir à prova e demorou metade do tempo para ganhar embalo
😊
“Anda, cola-te a mim” ... brincalhão
este Nuno Silva ... vai à tua vidinha mas é que eu ainda sou muito novo para
falecer. E ele foi ... (eu viria a chegar antes dele, mas cada coisa a seu tempo).
Mais ou menos a meio eu ia com a média abaixo dos 5m/km ... parti com o objectivo
de fazer melhor média que em Vila Maior (5,39) e parece que ia ser fácil ...
estava a sentir-me bem e não estava a ver que pudesse ter uma quebra tão grande
que pussesse isso em causa.
O meu “adversário” tinha fugido numa descida mas já o voltava a ver à minha frente ... era a subir e mais uma vez o deixei para trás. Mal acabava de subir tentava dar um sacão no ritmo para ver se ele desmotivava mas mal vinha uma descida só lhe via o pó que ele deixava no ar. Foi numa ultrapassagem que trocamos as primeiras palavras ... “muito gostava eu de descer assim” ao que ele retorquiu “é só deixar ir” ... pouco tempo depois lado a lado já conversamos mais um pouco, ele era ali da zona do Furadouro e poucas subidas tinha para treinar.
Foi ca. dos 14 km que aconteceram duas
situaҫões que mudaram a minha prova ... primeiro a junҫão dos percursos com o
trail curto, onde comecei a apanhar muita gente e como é lógico nos
single-tracks as ultrapassagens tornaram-se dificeis e o ritmo médio que até
ali ia em cima dos 5m/km comeҫou a baixar. Também deixei de ter noҫão quem eram
os meus “adversários” e quem era do curto ...
Mas pior foi o cair da noite ... o meu
frontal é bom é para uns treininhos em estrada pela cidade, ali servia de
pouco. Nestes últimos 4 ou 5 km, por receio, tive que reduzir muito o meu
andamento ... a partir do km 14 foi raro o km abaixo dos 5,30m/km, e não por
falta de pernas ou energia. Muita gente nos trilhos (agora tb da caminhada), uma
luz fraquinha que não me deixava ver em condiҫões onde colocar os pés. Sem
stress ... não me quero é magoar.
No meio daquela confusão entre atletas de várias provas e dos caminheiros o ambiente estava excelente ... o pessoal bem disposto, as bocas uns aos outros, ainda consegui reconhecer alguns e uma coisa é certa ... as subidas fazem-se muito melhor à noite porque não consegues ver o que ainda falta e vais andando 😊 .... eu sei que ultrapassei muita gente mas tb fui muito ultrapassado nesta fase ... e quando dei por ela já estava a chegar às Caldas novamente ... para chegar à meta tens primeiro que vencer uma rampa em alcatrão que é um mimo ... fiz questão de a correr ... depois entrei no estádio para a volta da consagraҫão antes de cortar a meta com 1h52 para uma meia maratona em trilhos ...ritmo médio de 5,19m/km... bem bom 😊
Muito satisfeito igualmente com a
minha classificaҫão geral ... 21 na geral e 6º no escalão ... o Nuno Silva
chegou uns minutos depois de mim porque se enganou no percurso ... caso
contrário era mais um à minha frente ... sinto que poderia ter feito uns 4 ou
5min abaixo disto mas pelo que aconteceu a partir dos 14km não foi possivel. Para
andar ainda melhor à “gadelha” tenho que pensar em outros pormenores
como tentar partir mais à frente ou evitar o tipo de mochila que levei para
distancias tão curtas (ok, ok, vocês tiveram razão em gozar comigo), demasiado
grande fartei-me de levar com os meus flasks saltitantes na tromba 😊 ... tb
tenho que comprar um frontal em condiҫões para as provas nocturnas ... o meu
xpto da Petzl foi-se e eu como não tinha nenhum objectivo grande pela frente
comprei um fraquinho na Decathlon só para desenrascar nos treinos.
Quanto à prova eu gostei ... a organizaҫão
esteve bem como sempre, o ambiente estava muito bom, muita gente conhecida, os
trilhos são o que são e conseguem tirar máximo proveito de uma zona por entre
freguesias e onde o ponto mais alto pouco passa dos 250m, tendo como parte
muito bonita as partes junto ao rio. Por isso tudo, acaba por ser um parte
pernas porque práticamente te obriga a correr sempre 😉. Parabéns à organizaҫão.
E agora? Já me inscrevi para outro
trail de 20km para o próximo fim de semana ... outra vez para ir à “gadelha” 😉
Muitos parabéns pela bela prova!
ResponderExcluirO termo gadelha conheço é como cabelo comprido ou despenteado, não conhecia essa variante :)
Força para a próxima!
Grande abraço
Obrigado. Quando era crianca aqui na zona usavas andar à gadelha era andar à bulha, à porrada ;) ... mas tb conheco o termo gadelha para um cabelo despenteado ... forte abraco
ExcluirTenho aqui por casa umas quantas velas, se precisares para correres à noite avisa, vão logo aí para cima.
ResponderExcluirGuedelha é cabelo comprido, desalinhado, comprido, pá.
Enfim, eu a perguntar-me porque nas fotos a tua lebre tinha frontal e só depois é que percebi :)
Abraços
manda, manda ;) ... aqui andar a gadelha é andar à porrada :P
ExcluirAbracos