Dia de Maratona do Porto, inicio de Novembro 2022 … a
corrida tinha corrido bem e estávamos em Matosinhos a morfar a bela da
Francesinha pós prova, naquele convívio dos empenados 😉. No restaurante
cheio andava uma miúda com uma camisola do FCP a passear de um lado para o
outro … a Camila … como é lógico e evidente metemo-nos com ela e demos-lhe os
parabéns pelo bom gosto. No meio disto ficamos a conhecer a mãe que se tinha
estreado na Maratona de estrada, que não era a praia dela, que era mais de trail
… como é lógico e evidente convidamos a moça e a equipa a vir aos Trilhos dos
Pernetas no próximo dia 1 de Maio …
“a gente alinha, mas vocês tem que vir ao nosso …”
E foi assim que fomos parar ao Zebra Trail na zona de
Cantanhede que se realizou a 15/1… inscritos eramos 12, mas só fomos 11
(persegue-me, já nem ligo).
Havia duas distâncias, 12 e 19km … como é lógico e
evidente fui ao mais longo, eu e quase todos os outros Pernetas. Apenas a Lia e
o Serafim iam ao mais curto. Só na semana anterior é que me interessei um pouco
mais pela prova … ando ocupadito com trabalho e esta prova não seria
propriamente o meu foco.
Fiquei tb a saber que o meu amigo Roso iria ser o speaker
de serviço … dois dias antes da prova tivemos acesso ao mapa de altimetria que
mostrava no papel, muito pouco desnível … como não sou burro de todo adivinhei
logo um mói pernas daqueles. Faltava saber como seria o terreno … no sábado
pré-prova recebo uma mensagem do Roso que tinha ido experimentar o percurso …
“pouco desnivel, 450m positivos apenas, terreno muito pesado, lama e muito
escorregadio em algumas partes” … é o que é.
Vou ligar o meu modo “gadelha” e tentar fazer o melhor
que conseguir … uma espreitadela na lista de participantes mostra um nr total
nos 19km de quase 200, sendo umas 3 dezenas no meu escalão com alguns nomes bem
conhecidos. Pódio está fora de hipótese, mas vamos à luta.
Tivemos que levantar bastante cedo … pouco depois das 6h
estávamos a tomar café e depois a arrancar para uma viagem de quase 1 hora.
Tudo tranquilo, levantar dorsal, conviver um pouco e tomar mais um café. Estava
frio, mas não chovia … até prometia um pouquinho de sol o que se veria a
confirmar. Soube mesmo bem depois de semanas seguidas a chover quase
ininterruptamente.
E às 9h lá se deu a partida logo com uma pequena rampa … saí tranquilo do meio do pelotão e mal a o terreno ficou plano comecei a imprimir um ritmo forte sem entrar naquela zona vermelha que nos deixa os bofes de fora. Logo ao início ficou claro o tipo de terreno que iriamos apanhar … terra batida, single-tracks, lama umas vezes mais escorregadia, outras vezes nem tanto, entrerrar os pés, etc, etc… já estão a ver … confirmava-se igualmente o sobe e desce do percurso, muito ondulado mas sem te “obrigar” a caminhar …
A minha táctica era não entrar em exageros mas tb não
desleixar … a minha motivação eram os atletas que iam à minha frente. Sempre a
ir buscar o próximo, de trás para a frente, e a aproveitar as subidas para os
passar … foi assim até aos 8km … tinha ultrapassado uns 10 ou mais … ia sozinho
… numa parte um pouco mais técnica e a descer sou ultrapassado pela primeira
vez por dois atletas. Um deles nunca mais o viria … o outro iria ser a minha
lebre até ao final …
No abastecimento dos 6km não parei … e no abastecimentos dos 9km (dentro de uma aldeia) tb não … o meu “adversário” não parou e eu tb não. Levava comigo um flask de 500ml e um gel … achava que seria o suficiente e foi mesmo.
Nessa localidade passamos uns passadiços de madeira que
estavam muito escorregadios … e foi aí que o meu adversário ganhou uma boa
centena e meia de metros … voltei a vê-lo numa subida já fora da tal aldeia …
eu bem tentava chegar próximo, correndo nas subidas, imprimindo ritmos fortes
em plano (tenho km bem abaixo dos 5min/km, e picos perto dos 4min/km) o que deu
para aproximar um pouco mas dava para ver que ele ia confortável o q.b.
A minha cabeça ia alterando entre o “vai buscar o moço” e
o “abranda que não tens hipóteses” … a parte competitiva continuava a ganhar à
parte da ronha. Por volta dos 12km começamos a ter a companhia da malta do
trail curto … e foi num single-track curto que o moço ficou meio empancado com
uma malta dos 12km e eu consegui chegar mais perto. Logo de seguida uma picada
num viaduto … ele corrinhou-a e eu tb só que mais rápido o que me fez encostar
finalmente … quase 5km para o conseguir …
… estava a sentir cansaço, mas só faltavam uns 4km … é aguentar … não sei se ele pressentiu, mas forçou sempre o andamento e eu fiz das tripas coração para não descolar na esperança que lhe pudesse dar uma fraqueza. Ao passar por nova localidade com uma banda a tocar e muita gente no centro a assistir o ritmo mantinha-se forte …. faltam 3km … ao sair dessa localidade o percurso atravessa uns campos agrícolas … o terreno é de lama, daquela onde enterras as sapatilhas e tens que fazer um esforço enorme para dar o próximo passo … as pernas estão a ganir … agora é a vez dele ter vantagem com a presença de malta do curto … ele consegue entrar à frente de um outro moço e eu não … atrasou-me uns bons 30 ou 40 metros … de seguida um túnel e uma picada cheia de lama que é transposta com a ajuda de um moço da organização que nos dá uma mãozinha …
… nisto deixo de ver o meu adversário e foi a única vez em que a minha parte mais ronha venceu a parte da “gadelha” … durou apenas um minuto, o suficiente para perder mais umas dezenas de metros … quando entramos numa estrada em alcatrão voltei ao modo competição … tinha olhado para trás e vinham uma data de atletas a pouca distância … não faço a mínima ideia se são da minha prova ou da outra … “não passa mais ninguém” … e abre que se faz tarde …
Uma última rampa em alcatrão e já se ouve o Roso a mandar
bitaites na meta … a descida para a meta é por entre trilhos de uma pedreira,
alguma lamas que escorrega … tive os cuidados suficientes para não perder mais
tempo e não deixar ninguém aproximar … recta da meta e está feito … 1h44 para
18,5km … muito bom … uma média em 5,44m/km para mim é excelente … e um 22º
lugar na geral e um 7º lugar no escalão.
Fui logo cumprimentar o meu “adversário” e agradecer o facto de ter puxado assim por mim … ele provavelmente nem se apercebeu, mas a verdade é que se não fosse ele provavelmente teria demorado mais uns minutos. Tb encontrei o Luiz Mota, padrinho da prova que fez 2º no nosso escalão e ficou “apenas” 7 minutos à minha frente.
Fiquei ali pela zona da meta à espera do resto do pessoal dos Pernetas, tinha a esperança que a Pikinita conseguisse mais um excelente resultado o que viria mesmo a acontecer com o 5º lugar na geral feminina e 4º no escalão – é que participaram nada mais nada menos que a Inês João (Campeã Nacional) e mais algumas atletas com excelentes lugares nos campeonatos nacionais de trail e ela bateu-se bravamente tendo chegado a ferrar-lhes os calcanhares. Foi pena não ter dado pódio, foi por pouco.
Quem conseguiu o primeiro pódio na carreira foi a nossa Teresa do sorriso rasgado. Foi 3ª nas F50 … que festa fizemos 😉 … destaco ainda a excelente estreia da Lia no trail, ela que começou a correr há pouco tempo fez uma bela prova tb.
Gostei muito da prova … o percurso é o possível quando não tens verdadeiramente serras ou montanhas por perto … todo o resto estava impecável, desde o levantamento dos dorsais, o ambiente criado, os abastecimentos, as marcações, os prémios, a bifana e a cervejita no fim, os banhos quentes e acima de tudo a malta simpática do Clube os Marialvas. Muitos parabéns malta!!!
O dia para os Pernetas não acabou com a prova … estávamos na zona da Bairrada, e a zona da bairrada é conhecida pelo leitão e pelo espumante 😉 … e lá fomos nós … já fui muitas vezes ao leitão, a muitos dos mais conceituados sítios … mas provavelmente comi o melhor leitão de sempre … ou foi da fome e da companhia que tb ajuda … que festa foi este almocinho em família.
Chegamos a casa perto das 19h … a primeira coisa que fiz? Enfiei-me na cama para 1h30 de sono retemperador …
Venha a Maratona de Marraquexe!!!!
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