Trilhos das 5 Fontes - afinal foram 32km

Acordo com o barulho da chuva a bater no vidro da janela do meu quarto…que dilúvio…pego no telemóvel que está na mesinha de cabeceira para ver as horas… pouco passa da 2 horas da manhã…porreiro...ainda tenho mais de 3 horas para dormir e a chuva há-de passar. Afinal estamos quase em Agosto..até é bom, vai assapar o pó.

Por volta das 5 horas volto a acordar, meia hora antes da hora que tinha planeado…por breves momentos deixo de respirar e concentro-me ao máximo para ouvir o tempo que se fazia lá fora….pingos e mais pingos…afinal a chuva não parou, diminuiu mas continua a cair.

Levanto-me, visto a roupa preparada de véspera e vou tomar um pequeno-almoço farto – é preciso energia para enfrentar um treino de 30km. Pouco depois, estou pronto…pego na camelback e abro a porta, já não chove mas o céu está cheio de nuvens negras….volto para dentro, pego no impermeável e coloco no bolso exterior da minha mochila…pelo sim pelo não, também não pesa assim tanto.

10 minutos depois estou no Beto em Fiães, ponto de encontro com alguns amigos, para tomar o café da praxe. Sou o primeiro…pouco depois chega o Hélder que se mostra um pouco apreensivo com a distância de 30km do treino – decidimos que seria melhor ele deixar o carro em casa dele, pois o treino previa passar perto aos 15/16km – se não estivesse em condições poderia ficar por ali. Pouco depois chega o Badolas. Como à hora combinada (7h) não chegou mais ninguém decidimos arrancar até à Capela de São Pedro em Santa Maria da Feira, local de partida para os Trilhos das 5 Fontes.

 

Cheguei uns 5 minutos depois da hora marcada para arranque do treino – já lá estavam todos – e tive que os aturar com as bocas do costume –  diga-se de passagem com razão, pois tinha andado a chagar o pessoal a dizer que não esperávamos por ninguém. Como é que se diz? “Pela boca morre o peixe” J

No total eramos 9 (faltaram dois), e arrancamos ainda não eram 7.30h, não sem antes tirar a foto da praxe – apresento-vos a equipa – de esquerda para a direita: Orlando, Tiago Poças, Badolas, Pedro Lino, Gil, Hélder, Luis, Filipe e eu.

A chuva tinha parado entretanto e a esperança era que assim continuasse. Literalmente foi “sol de pouca dura”, e a chuva foi um membro da equipa durante mais do que a primeira metade do treino (com prejuízos ainda por contabilizar da minha parte – mas isso mais à frente).

Depois de uns 300m planos, em estrada, logo entramos no mato, e logo com uma subida “a matar”…. diz o Orlando “é aqui uma das subidas que treinamos”…isto foi logo para abrir o apetite, colocar o coração a bater a mil e dar oportunidade para desistir logo à partida a quem quisesse J. Devido à chuva o terreno estava cheio de água e lama, que o tornava perigoso mas ao mesmo tempo divertido…a temperatura estava fantástica, eu usei apenas calção e T-Shirt e não tinha frio nenhum…a companhia era do melhor, como sempre o que nos caracteriza é uma boa disposição e brincadeira constante.

A partir daqui vou deixar as fotos falar por mim (com algumas excepções claro). Os primeiros km foram percorridos pelas matas e montes da Feira e São João de Vêr – não tardamos muito a chegar à primeira fonte e era obrigatório beber de cada uma delas (pelo menos para mim).

 

Continuamos por terras de S.J. de Vêr até à 2ª fonte – esta já conhecia, foi aqui que num treino em Fevereiro tínhamos encontrado estes sapatos (aqui a história - link).

 

Lá vão ter mais uma vez que partir uns pc's, arranjar um torcicolos para ver algumas fotos....sorry!!!

Quando "mija" um português, "mijam" logo dois ou três.....

E o meu amigo Badolas ultrapassou a fobia a água e lama...sujou os "pezinhos" logo desde inicio, e era vê-lo a chapinhar nas pocinhas, rios e riachos todos que encontrava pelo caminho. Tás curado - deves-me 75 € (que é o preço médio de uma consulta de psiquiatria) + gratidão eterna pelo facto de assim não teres de andar a tomar drunfos para o resto da tua vida :) ... aqui a prova dos 9....já agora, ele gaba-se de não gastar mais do que 50 € em sapatilhas....sabem porquê? Ele calça o 41, mas compra sempre do 48 para cima...são mais baratos...tb se não for ele a comprar, vão parar ao circo...if you know what i mean :D

 

Continuamos num sobe e desce constante, muita chuva e lama. Depois de atacarmos uma subida muito acentuada (talvez a pior ou melhor de todo o treino – depende do ponto de vista) chegamos à face da estrada nacional nr.1 (com ca.10km)– perto do Pedra Bela (quem é da zona conhece). Alcatrão durante uns 500m e voltamos a entrar em trilhos, que nos levariam até ao Parque de Várzea em Pigeiros, local onde à 2 semanas tínhamos feito o piquenique do CAL – como poderão ver pelas fotos estava um tempo óptimo para piqueniques. A 3ª fonte era neste parque e foi da única em que não bebi – tinha um aviso a dizer que a água não era própria para consumo – para compensar lavei a cara nela. Foi aqui que a minha máquina fotográfica disse basta – tentei tirar fotos apenas nas alturas mais secas, protegi-a dentro de um saquinho de plástico, mas mesmo assim deve ter apanhado água (vamos lá ver se tem arranjo – senão prejuízo nr.1). O que vale é que o Filipe tinha uma máquina e assumiu a reportagem fotográfica daqui para a frente.

O terreno não estava para brincadeiras - exigia concentração e máximo de cuidado. Quem queria aprender com os "prós" (na foto o Orlando) teve que deixar para uma próxima vez...

Sim, fomos a Marte também....esqueci-me de referir esse pequeno pormenor mais acima :)

Nesta foto tem um senhor (o mais à direita) que encontramos a caminhar pelos montes e desafiamos a correr um pouco com a malta, desafio que ele aceitou...como prémio dividimos com ele alguns comes e bebes que trazíamos connosco. Tb dava para ver como chovia torrencialmente nesta altura.

Todo o grupo ia bem com excepção do Hélder, que já mostrava sinais de algum cansaço – o Hélder treina corrida à pouco tempo, fez a meia-maratona de Cortegaça em Maio e a Corrida de S.João…nas últimas semanas andava a treinar pouco e aquele sobe e desce é muito diferente de andar em estrada. Mas é um guerreiro e não se deixa abater assim sem mais nem menos. De Pigeiros seguimos para as Caldas de S.Jorge, sempre ao longo do rio Uíma – chegados às Caldas (zona Termal) chegamos à 4ª fonte e o inacreditável aconteceu…lembram-se do episódio dos sapatos mais acima? Vejam o que encontramos junto à Fonte nas Caldas….nem de propósito…acho que se treinarmos juntos todos os dias, ainda vamos abrir uma sapataria J

Alguém fugiu das termas com estes chinelinhos calçados e esqueceu-se deles junto à fonte...que pena não serem o meu nr.....

 

Das Caldas seguimos novamente junto ao rio, passando por Lobão até Fiães (terra dos meus pais e minha também até casar – ainda hoje considero a minha terra tb). Aqui os nossos guias tinham umas surpresas para a malta - destaco a passagem por entre uma vegetação alta (entre 2 a 3 metros) cheia de URTIGAS????? Acreditam nisto? Diziam eles…”estas são bravas, se picar não esfreguem que é pior”…ui…ai…ui…ai….acho que a última vez que me piquei nas urtigas foi á mais de 25 anos J . Pouco depois paramos na Fonte nr.5, na Idanha em Fiães – dos meus 13 aos 20 e poucos, passei ali muito do meu tempo (um amigo meu vivia mesmo ao lado) – soube tão bem – obrigado Filipe e Orlando por me fazerem passar ali.

estou com esta coragem toda porque os animais estão a uma boas dezenas de metros de distância....ahh...e tinha uma cerca em arame no meio :)

 

Foto de grupo no passadiço de Fiães nas Ribeiras....

Fonte Nr. 5, com direito a crioterapia natural....que maravilha....o problema foi que o meu sensor na sapatilha ter metido água e deixar de funcionar (prejuízo nr.2 - já o sequei e não dá nada..vou substituir a pilha...vamos lá ver - supostamente é estanque).

Grande Dª Aurora, figura emblemática desta zona de Fiães...esta senhora diz 5 palavrões em 4 palavras....diz ela mas com as letras todas "fruta que fariu, andais tolos, fosga-se"....."fosga-se, baralho" foram uma data delas...lol..  

Seguimos por uns campos, subida ingreme e uma escadaria de quase 100 degraus para uma paragem final no Monte das Pedreiras antes de iniciarmos o percurso de regresso – tínhamos já ca.22km nas pernas. O Hélder (já mais morto que vivo) ficou por ali – até casa teria apenas mais um km – a decisão de deixar o carro em casa tinha sido acertada - muitos parabéns pelo treino Hélder, fazer 23/24km nestas condições é muito muito bom - agora aguenta aí o empeno nos próximos dias:

o Hélder aos gambuzinos......

Ainda chegamos a tempo de salvar este moço...de mal com a vida tentou enforcar-se...lá lhe fizemos ver bem a coisa, que a vida é tão boa, e aconselhamo-lo a correr...

Aqui eu já parecia a Dª Aurora de à 3 fotos atrás....quase 100 degraus "fruta que fariu, lá pró baralho...fosga-se....:"

Foto de despedida do Hélder...em grande...não tarda nada fazes uma Maratona (2014???)

 

Decidimos regressar via Lourosa – voltar usando parte dos trilhos da vinda, daria mais de 40km o que seria demais, por falta de tempo e de pernas. Regressar por Lourosa implicou fazer uns 3 ou 4 km em asfalto por estrada…fomos até ao Suil Parque…já com o Orlando a queixar-se do joelho – este se andar muito em asfalto ninguém o atura J. Depois enfiamo-nos novamente por floresta e as dores de joelho, como que por magia, desapareceram J

 

Em S.J. de Vêr encontramos mais uma fonte, seria a 6ª e desvirtuava a “coisa” pelo que me recusei a beber…(não tinha sede, tinha ainda bebida no meu camelback e sabia que estava a 2 ou 3km da “meta”.  Estes últimos km foram bastante rápidos, com a malta a posicionar-se no pelotão para atacar…muito estratégica esta parte…uma última subida…digo ao Orlando que é melhor ele esperar pelos que estão ali mais atrás pq eles não sabem o caminho, podem perder-se (apelei “ao sentimento” – um pequeno truque inofensivo) e larguei uma espécie de sprint, conseguindo um excelente 3º lugar na geral e um 2º no meu escalão Vet40 (eramos só dois, mas isso não interessa nada J)…mas fiquei contente porque ganhei ao Orlando uma vez na vida…já posso morrer feliz!!!

No fim deu 32km que fizemos em 4 horas e 1 minuto … isto a contar com todas as paragens – nada mau. Aguentei-me muito bem, e acho que poderia continuar por muitos mais km – ontem era um daqueles dias em que a pilha dura, e dura, e dura….só algumas assaduras nas coxas é que me deram um andar diferente durante o resto de domingo, mas hoje já estava tudo em ordem e até já fui fazer 7km de corrida de recuperação. Impecável!!!

 

Belíssimo treino…mais uma vez. Quando achamos que não é possível melhor, arranja-se qualquer coisa especial para o conseguir. Mas agora a bitola está mesmo muito alta – vamos ter que nos esforçar para a próxima J. Obrigado a todos que estiveram presentes, pela boa disposição que faz com que um treino desta envergadura (lembro que foram 32km em condições difíceis) tenha sido feito sem que dessemos pelo tempo passar. Um agradecimento especial ao Filipe e ao Orlando, que mesmo sendo atletas de um nível muito superior a qualquer um dos outros (bem, o Gil anda lá perto...com mais uns treininhos...), estão sempre disponíveis para nos ajudar e aturar – nós retribuímos com empenho e a tal boa disposição – quem dá o que tem a mais não é obrigado.

Estão arrependidos de não terem participado? É bem feito....quando aqui o Carlitos diz que é bom acreditem :) ....o remédio é aparecerem ao próximo....

Que venha ele!!!