terça-feira

Caminhadas para os Caminhos do Tejo


Que tal este título? Bela chalaça hein? "Caminhadas para os Caminhos" é muita bom ... confessem lá ... é pena este ano não atribuírem o Nobel da literatura … depois de um músico/poeta ou poeta/músico ter ganho no ano passado, quem sabe não teria hipóteses um corredor de fim de semana/bitaiteiro … com a qualidade de textos que por aqui abundam, aliado aos erros ortográficos que aqui coloco apenas para dar uma certa graça à coisa e me diferenciar dos outros, acho sinceramente que as hipóteses seriam muitas … fica para o ano J
Mais uma semana se passou ... já faltam menos de 3 semanas para tentar a minha maior distância de sempre … rais parta o tempo que não pára um bocadinho, pelo menos podia andar mais devagarinho um isquinho (estão a ver … alguma vez viram “um isquinho” num texto literário??? … Nobel da literatura já J).
Continuo com aquela sensação de não ter feito o mínimo sequer, de estar completamente atrasado numa preparação que devia ter sido feita há meses como estou a fazer agora, mas que não fiz … nem de perto. A única vez que me propus a fazer uma aventura assim grande (o CCC ) estive meses e meses a fazer km e km, desníveis, horas nas pernas … treinei a “sério” e colhi o resultado … não só no CCC como depois posteriormente em outras provas. Agora??? Sinto-me a melhorar muito, mas precisava de mais 1 a dois meses J
Mas não os tenho … por isso só existe um caminho, seguir em frente e de sorriso nos lábios (enquanto as pernas e o corpo não começarem a “ganir”) … vamos lá agarrar o desafio pelos cornos, da melhor forma possível, usando as tácticas pernetas ….
Depois da aventura Aveiro-Granja estava curioso como o corpo ira reagir. Muscularmente até reagiu bastante bem, mas mais uma vez a nível das articulações foi um bocadinho mais complicado (mas nada de anormal). Descansei 2 dias e na 3ª feira voltei aos treinos e logo com uma Maratona de Roma a abrir, sempre nas calminhas …. ao inicio bastante solto mas a partir dos 7km com as pernas a começar a pesar, sinal que o treinito de sábado ainda estava nas pernas. Normal.

uma Maratona de Roma para abrir a semana em grande ... 


4ª descansei e na 5ª feira à noite arranjei companhia para mais um treino pelas encostas do Porto e de Gaia. Foram 17km bem porreirinhos (tirando a companhia) e calminhos onde me senti já bastante solto … nos últimos 2km decidimos abrir um bocadinho a passada e a 500m do carro deu-me uma fisgada no gémeo esquerdo, um aviso tipo “não achas que estás a abusar?” e eu abrandei …
Sempre focados na corrida ... daí os bons resultados, ou não ...

sempre que aparecia algo interessante aproveitavam sempre para parar ... não há condições

mais caminhada ...  

outra caminhada .... 

mais uma foto com ar de inteligentes (mas é mesmo só o ar) 

sim ... temos uma delegação na baixa do Porto e não sabíamos 

feito ... e bem feito ... e fez-se história ... o primeio bi-diário do Badolas ... depois de 6km de manhã ... 

mais 17km à noite ... ainda vai dar em pró o moço ... 


5ª não tive tempo para correr e 6ªfeira fui à massagem, desempenar um pouco … o gémeo esquerdo estava bastante mal tratado e merece cuidados especiais. Também não corri nesse dia e no dia seguinte também não porque novamente não tive possibilidade … há outras prioridades. 
Mas no domingo houve treino longo … ao fim do dia. Local escolhido: mais uma vez Porto e arredores. E mais uma vez com companhia, desta vez com a Dora. Saímos de Rio Tinto, seguimos até ao Freixo … marginal do Douro, Ponte Infante, Serra do Pilar, Caves do Vinho do Porto, Ponte D.Luis, Ribeira, marginal do Douro, Ponte Arrábida, Hospital Santo António, Clérigos, Avenida dos Aliados, Coliseu, Poveiros, Antas, Campanhã, linha do metro de Rio Tinto … nem sempre a correr … algumas paragens (tomar café, comer um bolito, largar um “javali” ou outro, fazer umas fotos, descobrir mais uns recantos na cidade) … muito tranquilo nos primeiros 15km para depois fazer a segunda parte sempre a correr. 30km em ca.3h40min – precisava de mais horas em cima das pernas mas foi o possível e não foi mau J

a subidinha clássica ... desta vez feita a caminhar ...



lá pelo meio descobrimos isto ... o Porto e Gaia estão em constante transformação e há sempre coisas novas por descobrir ... adorei esta arte de rua... 






muitos parabéns a esta malta ... trabalho espectacular, adorei mesmo ... 

estavam umas cores lindas de fim de dia ... 


a evolução de espécie em nova versão ... 



amigos Badolas e Zé ... vão-me desculpar a franqueza mas gostei muito mais desta companhia para treinar ... não sei porquê, não entendo ... ;) ... mas vocês não são maus de todo, um bocadinho chatos e refilões mas acho que é mesmo só isso ...

não foi mau de todo .. 
 


Esta semana ainda vou dar carga a estas pernocas que já pedem clemência, para depois nas duas últimas semanas reduzir a uns “joggings” e carregar baterias. No feriado haverá um último treino longo, talvez no Quintal dos Pernetas para ser diferente … umas 5 horitas em cima das pernas seria o ideal. Veremos. Faltam 53km para chegar aos 300km em Maio – é desta J


TIC, TAC, TIC, TAC


quarta-feira

A malta corredora e as suas discussões


ou então podes dar a tua opinião ... como quiseres ... só lê quem quer

Trail vs Estrada, Competir vs "turismo", Mal preparado vs Bem preparado, Maratona <3h, Preços das Provas
São estes os principais focos de discussão nas redes sociais entre a malta corredora – acho que me devo estar a esquecer de alguns mas estes eu vejo a passar-me à frente de quando em quando com opiniões bastante extremadas de ambos os lados das barricadas, discussões acesas que só não dão em porrada porque os argumentos acalorados são escritos num qualquer computador, tablet ou smartphone a uma distância de segurança considerável. Pelo menos é com essa a imagem que eu fico.
São opiniões dizem, e todos tem direito a ela … certo. Concordo desde que se respeite as opiniões dos outros, mesmo sendo completamente contrária à nossa e não se parta para o gozo e o insulto como tem acontecido. 
Também quero dar a minha opinião sobre os assuntos acima … 

Trail ou Estrada??? E porque não Trail e Estrada? Eu adoro os dois … não consigo escolher nem quero saber qual o mais difícil, mais completo, mais exigente, que tem o melhor espirito, mais camaradagem… que se foda isso tudo. Eu adoro correr (e caminhar) por trilhos e adoro correr na estrada. E quem gostar mais ou apenas de trilhos está muito bem, e quem só gosta de comer km de alcatrão está muito bem na mesma ... ahhh ... e o Killian será sempre mais lento que o Kimetto na Maratona de estrada e o Kimetto mais lento que o Killian no UTMB ou outra do género... acho eu!!! E vocês, o que acham?... 

Competir vs "turismo" … ui, um tema que está ao rubro nas últimas semanas e envolve mais a  malta do trail. Eu admiro as máquinas que ganham provas, que fazem uma Ultra em metade do tempo que eu preciso para concluir – vou ver as médias e fico estupefacto e a imaginar como é possível conseguir algo do género com aquelas subidas, aquelas descidas cheias de pedras soltas e escorregadias, travessias de cursos de água … que maquinões, fantástico mesmo. No trail sou um trambolho, até subo razoavelmente bem mas a descer sou uma lástima, provavelmente o pior de todo o pelotão nacional do trail – isto aliado a não ser um "atleta" (sou atleta ou jogger??? .. não quero saber) verdadeiramente dotado (mas sou esforçado), ter um problema grave no joelho direito e não treinar um caraças (e comer mal e porcamente para um “atleta”) - pronto, chega de desculpas esfarrapadas. Depois ainda tenho a puta da mania de apreciar as paisagens, de gostar de tirar fotos e de conhecer pessoas pelo caminho. Mesmo assim ainda chego bem dentro dos limites impostos pela organização o que faz de mim um finalizador (ou “finisher” que é mais fino) de todo o mérito. Podia chegar meia hora mais cedo à meta? Podia ser 376º em vez de 402º e subir 3 lugares no meu escalão? Talvez … mas serve-me de quê?. E se eu tivesse aptidões para discutir lugares do pódio??? Muito provavelmente seria diferente … quase de certeza que seria porque sou competitivo (ahhh, que horror, já viram ... eu a competir) … mas não tenho essas aptidões … por isso eu encaro as provas de trail de forma mais descontraída, é como eu quero e ninguém tem nada a ver com isso, desde que cumpra com os regulamentos das provas. Tal como eu não tenho nada a ver com quem quer chegar o mais rapidamente possível à meta. E já vos digo, que mesmo devagar devagarinho, a maior parte das vezes chego todo empenado na mesma J
Mal preparado ou Bem preparado ... não faço ideia de quantos corredores existem em Portugal. Pelo que se vê pelas provas haverá com certeza umas largas dezenas de milhares de portugueses a praticar corrida semanalmente. E quantos destes tem um treinador, um nutricionista devidamente formados e experientes que os oriente para uma determinada prova e cumprem o programa? Quase nenhum, aposto. Porque custa dinheiro, exige tempo e ainda muita motivação e força de vontade que a maioria não tem. Existem excepções? Sim ... mas são poucos. A grande maioria corre em grupos de treino, baseia-se no que vai lendo pelas redes sociais  ou em opiniões de colegas mais experientes. Estará correcto? O mais provável é que não. A discussões que tenho visto por aí prendem-se mais com provas longas, muito nas provas da moda (Miut, Abutres, etc) que esgotam rapidamente, onde existem um grande número de desistentes. Pelos vistos existe muita gente "mal preparada" que chega lá e passa as passas do Algarve para terminar ou então não terminam - e existem muitos outros (a maior parte gente "bem preparada" e experiente) que criticam estas posturas. Eu pergunto ... alguém nasceu experiente e a saber tudo? Não tivemos que fazer o nosso caminho, fazer erros, bater de frente no muro para depois "crescer" e melhorar ou então desistir de vez? Vejam aqui o texto do Filipe Torres sobre uma destas discussões, com a qual concordo a 100% - vindo de alguém experiente, que se "prepara bem" ... vale mesmo a pena ler ... aqui ... e não há mais nada a dizer.

Maratona <3h … mas estas discussões não são exclusivas da malta do trail, na estrada também é cá cada discussão daquelas de bradar aos céus.  Aquela de há uns tempos atrás em que só seria Maratonista quem fizesse os 42,195km em menos de 3h é um bom exemplo. Todo o resto da malta faz “Jogging” ou caminhada segundo um iluminado que só por acaso já fez a Maratona abaixo das 3h – o Haile Gebreselassie podia dizer que só é Maratonista quem faz menos de 2h10 (para dar alguma margem J) -  já fiz 11 Maratonas (das verdadeiras com a distância oficial e uma de 11km em Roma J) e o meu melhor tempo é 3h14 … matei-me para conseguir esse tempo e o mais provável é nunca na vida conseguir baixar as 3h e tonar-me Maratonista “verdadeiro” J . Mas acho que consigo melhorar o meu tempo e vou fazer por isso, sabem porquê? Porque na estrada encaro a maior parte das provas de forma competitiva!!! Surpresa … afinal aqui o Perneta é competitivo!!! E gosto de ganhar a um gajo em particular … e mim mesmo … e olhem que não é nada fácil porque eu sou um osso duro de roer J … se tiver uma boa luta durante uma prova de estrada com outro atleta e se isso me ajudar a ganhar-me também não viro a cara à luta e tento melhorar aquele segundinho que pode fazer a diferença para mim porque pódios e prémios na estrada são tantos como no trail, ou seja, como cabelos de sapo, bola, zerinhos … por acaso é mentira pq ganhei 5 eurosrecentemente numa prova e estou sinceramente a ponderar viver da corrida J … tal como no trail cada um que corra como bem entende, de faca nos dentes tentando chegar o mais rapidamente possível à meta ou com aquele grupo de amigos do ginásio a fechar o pelotão a fazer a festa. Quanto aos tempos na Maratona ... se  o regulamento diz 6h como tempo limite e eu chego dentro desse tempo não é preciso dizer mais nada ... concorde-se ou não.
* Será que Fidípides correu em todo o percurso da primeira Maratona da história ou também caminhou? Será que fez abaixo das 3h? 

Preços das Provas – outro tema interessante e com discussões permanentes. Facto é que a corrida se tornou num enorme negócio, desde os equipamentos às provas que proliferam por estes montes e estradas fora. E qual é o problema? É a lei do mercado … oferta e procura. Ninguém é obrigado a correr com uma sapatilhas de 150 ou um relógio de 500 euros que até nos diz quando devemos ir à casa de banho. Existem sapatilhas muito mais em conta para quem não pode ou não quer pagar e para correr nem é preciso relógio – o melhor atleta do meu clube tem um relógio de pulso normal, para ver as horas apenas e ainda há uma semana fez 1h14 na Meia de Cortegaça. Sim, eu uso Nimbus que são carotas (porque gosto, sinto-me bem com elas e felizmente posso pagar). O mesmo se aplica às provas … com o boom de corredores começaram a surgir empresas que se dedicaram à organização de provas de forma profissional com o intuito de gerar lucros e ainda bem – e com a procura os preços começaram a subir e a malta a pagar. Qual o problema? Se vocês puderem vender algo a 10 vão vender a 5??? Pois não. Por isso, se acham uma prova cara não vão … procurem outras a preços mais acessíveis que achem que justifique o “investimento” J porque felizmente existem muitas. A conversa de que os organizadores ficam ricos à custa das provas é uma enorme treta – até existem algumas poucas organizações que ganham bom dinheiro mas é merecido, trabalharam para isso, conseguiram colocar provas de sucesso de pé e agora estão a lucrar com isso – é fruto do trabalho dessa malta. O tempo encarregar-se-á de fazer a selecção natural das provas, de separar o trigo do joio. E quem quiser pode sempre se dedicar a organizar boas provas, a custos muito reduzidos que a malta agradece. E se não quiserem mesmo pagar nada, juntem um grupinho de amigos e vão para os montes ou estradas correr – aproveitem enquanto ainda não se paga imposto por isso.
mas alguém nos obriga a ir???


Resumindo e concluindo … deixemo-nos de merdas … cada um que corra onde e como quiser e puder. Preocupemo-nos connosco e deixemos os outros em paz. Há espaço para todos e sejamos realistas - algum de nós vive à custa da corrida (salvo raríssimas excepções)? Á 2ª feira lá vai cada um de nós para o seu trabalhinho que é isso que nos dá de comer ... ahhhh ... antes que esqueça ... se quiserem, usem as T-Shirts das provas à vontade … é para isso que existem, para serem usadas, com ou sem orgulho na façanha … e se servirem para que mais gente se motive a juntar-se ao pelotão de corredores tanto melhor - quantas vezes é que já vieram ter contigo por causa de uma camisola que vestia a perguntar como foi essa prova, se valeu a pena, que um dia também gostariam de participar ... já me aconteceu várias vezes.
Trilho ou estrada, mais rápido ou menos rápido … eu é que sei de mim e ninguém tem nada a ver com isso!!!

Vou ali fazer uma corridinha e já volto ... e não sei se levo a T-Shirt de uma das Ultras que fiz, uma das Maratonas de 42,195km, quem sabe a dos 11km de Roma ou a da Caminhada Canina do Continente de 2014 ... é a que estiver por cima e me servir porque tou gordo...


segunda-feira

Ultra Maratona Aveiro-Granja




No sábado participei numa Ultra-Maratona … entre Aveiro e a Granja (logo a seguir a Espinho). Não ouviram falar? Pois não … era só por convite. O problema é que além dos dois organizadores mais ninguém aceitou o convite L … não entendo, já na semana passada ninguém quis fazer a Maratona de Cortegaça e esta semana voltaram a fazer-nos um manguito daqueles grandes. Mas sabem uma coisa … quem perdeu foram vocês J
Foi uma jornada longa mas divertida a dois, eu e o meu companheiro de luta Nuno Lima (sim, o tal que não gosta de longas distâncias) … uma pequena “loucura” que tínhamos previsto fazer (entre outras) há meses como preparação para os Caminhos do Tejo. Foi este sábado …
6.10h estava a estacionar em frente à casa do Nuno na Granja, cheio de sono e apreensivo. Vou a tantas provas complicadas e a maior parte das vezes não fico nem um bocadinho nervoso e desta vez acordei mesmo ansioso por causa desta brincadeira … mas rapidamente passou, bastou aparecer o Nuno e logo começou a palhaçada e já estava tudo normal J


Comboio Urbano até Aveiro … cheio de malta nova que vinha da noite portuense … uns melhores, outros em pior estado e uns completamente grogues … e nós os dois lá no meio J … parecíamos os pais daquela canalhada toda!! O mundo tá perdido J


7.10h chegamos a Aveiro, cafezinho, croissant e ovos moles, xixizinho e está na hora. Vamos pela Gafanha até á Costa ou seguimos via EN109 e passamos para a Costa na Murtosa? Segundo o Google Maps a distância seria sensivelmente a mesma … decidimos pela 2ª opção porque evitávamos a travessia para S.Jacinto de barco. Sigaaaa…. não tínhamos nenhum track descarregado, apenas sabíamos as localidades por onde tínhamos que passar … e convinha não falhar muito porque se de carro ou mesmo de bicicleta uma falha não é nada de outro mundo, já a “butes” cada falha sai directamente do pêlo J


O melhor seria começar por seguir o mais possível a linha de Comboio e foi o que fizemos e não tardamos a sair de Aveiro apanhando logo a EN109 … perigosa, por ter muito transito (mesmo ao sábado de manhã), ser estreita em muitos locais e também por não ter passeios em grandes extensões do percurso … sempre que podíamos utilizávamos estradas paralelas para fugir ao perigo … Cacia e os seus cheiros característicos (para não dizer nauseabundos) da produção de celulose … depois zona de Angeja (joguei ali há bola uma vez, num jogo a contar para a Taça e embora tivéssemos ganho houve porrada velha e tivemos que sair de lá escoltados – vi a minha vida a andar para trás J) … ao passar um pontão com a antiga IP5 ao lado (A29 agora? Nem sei …) avistamos uns caminhos em terra batida pelo meio de uns campos agrícolas e que pareciam ir na direcção que pretendíamos. Nem se pensou duas vezes … sigaaaa … 
5,4,3,2..1 ... Partida...



Perigoso correr na EN109 


e é isto...  






Maravilha … não foi muito, mas já evitou a estrada nacional durante uns bons 3 ou 4 km antes de voltarmos a ela, agora já relativamente perto de Estarreja. Faltavam sensivelmente 2km para lá chegar e vemos umas placas castanhas à esquerda a indicar um passeio ribeirinho … agrada a ideia mas será que vai dar ao que pretendemos? Nada como perguntar primeiro e dirigimo-nos a uma florista que havia ali na esquina … interrompemos um beijo apaixonado de um casalinho J … “desculpem, mas precisamos de saber ….”  J J J … depois da surpresa inicial foram super simpáticos e explicaram-nos direitinho como lá chegar e para que lado nos devíamos orientar … obrigado e desculpem qualquer coisinha.
um monstro bruto este Nuno ... 150 flexões de braços na antiga IP5...

cegonhas é uma constante nesta zona


E uns 500m mais abaixo descobrimos uma zona verde compercursos pedestres, ciclovias, etc que apetecia explorar a sério. Lindíssimo mas que terá que ficar para outra altura. Havia um longo caminho pela frente e ainda só tínhamos uns 12 ou 13km feitos … mas hei-de voltar ali com as minhas princesas para explorar tudo direitinho J


Foi das partes mais giras … tudo bonito, limpo, organizado, não havia transito, a temperatura estava perfeita para correr e as pernas estavam com força.

outra vez ... por isto é que demoramos tanto tempo ... 





Passamos na periferia de Estarreja, ao lado da estação e seguimos à procura da estrada para a Murtosa onde havia a dita ponte para passar a Ria para o lado das praias. As pequenas dúvidas eram desfeitas por pessoas simpáticas a quem íamos perguntando se estávamos no caminho certo … não queríamos arriscar perdermo-nos ou fazer desvios demasiado longos …


E assim chegamos às longas rectas e às incontáveis rotundas que nos haviam de levar à dita ponte … foi das partes que mais me custou … perto dos 20km o sol já batia com alguma força … caminhamos por diversas vezes e quase sempre a meu pedido … sentia as pernas pesadas (aliás, eu comecei já com as pernas pesadas fruto da Maratona do domingo em Cortegaça e de 3 treinos nos 3 dias anteriores a esta brincadeira) … mas lá seguíamos em amena cavaqueira, ora a correr ora a caminhar …



Depois de umas 30 rotundas finalmente se consegue ver no horizonte um poste vermelho que indica o inicio da tão desejada ponte … mas quanto mais corríamos mais parecia que o poste se afastava … a pernas já estavam melhores e corremos praticamente sempre nesta fase … que put@ de recta … foram alguns km para finalmente chegar ao inicio da ponte e fazer uma pequena pausa para beber e comer qualquer coisa … um pouco mais de 30km, sensivelmente metade (o Google dizia 58km para a totalidade do percurso previsto) 

pequenas rectas ...




… estava calor e já vínhamos expostos ao sol há muitos km, ia valendo uma muito ligeira brisa que ajudava a refrescar sem incomodar na progressão … sentia o sabor salgado à flor da pele e não tinha trazido sal para repor (erro crasso, vou ter que improvisar) … “vamos procurar um tasquinho para almoçar do lado de lá” …


… e fomos … só que do lado de lá da ponte a Torreira fica ali do lado esquerdo e nós tínhamos que ir para a direita ao longo da Ria. Para ir e voltar à Torreira seriam com certeza 2 ou 3 km … vamos à direita, mais à frente há uns Restaurantes à face da estrada … mas ainda demorou um pouco, isto de carro é um instantinho J
No primeiro entramos e o moço que estava a varrer até se assustou … “fazem umas sandes?” …. “Sandes???” … “sim, aquela coisa feita de pão com cenas lá dentro, tipo presunto ou queijo J” … o moço todo atrapalhado “vou perguntar à minha mãe” (o moço tinha uns bons 25 anos, era filho da dona e não sabia se faziam sandes … enfim … dois minutos depois chega uma velhota a dizer que não tinha pão hoje, mas que amanhã já teria … “pronto minha senhor, voltamos amanhã J” e saímos pela porta fora … ainda ouvimos “mas tenho ali uns pães recessos …” que ignoramos J J J
ta que pareu ....


… foram precisos mais 2km a correr ao sol para encontrar o próximo tasco … o Café Amazónia … e entramos … ahhh bom, uns pescadores a beber umas minis, uma senhora um pouco para o mal encarada atrás do balcão com umas unhas todas pretas cheias de terra e uma moça com uns 20 e poucos anos (filha da dona penso eu) com umas licras justinhas, quase transparentes de tão esticadas pela bunda, onde se via tudo, inclusivamente o fio dental rosa choque … ambiente perfeito para dois matulões todos suados, famintos e cansados com quase 35km nas pernas … nem imaginam o bem que me soube aquelas duas ou três primeiras goladas na primeira mini, fresquinha no ponto … podia morrer ali que morria feliz … a Sandes de Presunto com Queijo estava divinal e as batatas fritas além de saberem bem ajudaram a repor um pouco o sal perdido. Mais umas minis, refrescar na casa de banho e estava na hora de voltar à estrada …



Começamos por caminhar e pouco depois já se corria novamente sempre na marginal da Ria de Aveiro agora em direcção a Ovar … “não tomamos café” diz o Nuno … retorqui “pois … tb me apetece … tomamos no Furadouro, um café e um Calipo” … já havia prémio para a próxima paragem que seria sensivelmente na distância da Maratona, da verdadeira e não na de Roma J


Custou, porque as pernas pesam e o sol forte do meio-dia faz mossa. Fomos fazendo jogos … corremos até aquela curva, depois caminhamos um pouco … até à rotunda não pára … e assim passamos o restaurante “Oxalá”, sinal que estávamos muito perto da rotunda que dá para o Furadouro e zona que conhecemos bem da Meia Maratona de Ovar mas muito mais dos treinos longos para as Maratonas. Estávamos a chegar a território que conhecemos das corridas … 


Já num Café no Furadouro, quase com 42km percorridos e depois de refrescar a cabeça na casa de banho uma pausa merecida na esplanada com um cafezinho e mais uma garrafa de água de 1,5ltr para repor o que tínhamos bebido ... dois calipos de limão e siga alegremente por ali fora a chupar (é o termo certo) e a trincar tb aquele pedaço de gelo com sabor a limão que uma grande parte da malta não come por ter um formato fálico e consequentemente vergonha – quero lá saber J 



E tivemos um “déjà-vu” quando chegamos à estrada florestal com direcção a Cortegaça … foi ali que fizemos a Maratona na semana anterior e foi ali que tivemos um grande dilema … seriam mais de 9km (a maioria a correr mas também a caminhar em algumas partes) até chegar a Esmoriz onde voltamos a parar num café. Era a hora de maior calor, embora as árvores fizessem alguma sombra a coisa não estava fácil …. nem sei se é melhor ou pior correr em zonas que conhecemos bem … se por um lado sabemos o que nos espera por outro aquele efeito novidade não existe … é como é J


e é isto ... 

o dilema


Depois de mais umas minis e voltar a repor água nos cantis atravessamos Esmoriz e entramos nos novos passadiços de madeira que nos levam sempre ao longo das praias da zona. Primeiro Paramos, depois Silvalde … já cheira a “casa” …





... entramos em Espinho pela zona dos Pescadores e seguimos pelo calçadão cheio de gente … e corremos sempre até chegar à praia da Baia e eu avistar o quiosque dos gelados da Olá que tem no largo em frente … “ó Nuno, eu vou comer outro Calipo” … ainda não tinha terminado a frase e já estávamos a parar … foi a desculpa ideal para deixar de correr e interromper aquele esforço enorme que estávamos a fazer para não caminhar (e fazer “má” figura no meio daquela gente toda - ainda alguém conhecido nos via) … ah e tal, só paramos porque vamos comer um geladinho J … na realidade foi um alivio enorme voltar a parar e a caminhar pelo resto do calçadão de Espinho … e o Calipo não só soube muito bem como refrescou igualmente bem J 


Voltamos a entrar nos passadiços de madeira … quase 60km … já só faltam 3 … os músculos das pernas latejavam, os gémeos doíam … “caminhamos” … uma miúda a passear um buldogue francês no passadiço, o desgraçado do cão a ter um ataque e a rapariga sem saber o que fazer … não hesitei e tentei dar-lhe água … para isso tive que me colocar de cócoras … dois minutos e a miúda pega no cão ao colo e ele acalma … seguiram à vidinha e nós tb em sentido oposto … curiosamente estava melhor das pernas … deve ter sido por me ter colocado de cócoras (apontamento para o grande dia – ir alongando pelo caminho J)
Hotel Solverde … tá quase, quase a ir buscar o nosso prémio final J … e chegamos à zona da praia da Granja … quase 63km e um pouco mais de 8h depois de ter partido da estação de Aveiro J … o prémio foi um banho de mar … meter as pernas massacradas dentro da água gelada do atlântico … estava feito e bem feito J


Banhinho em casa do Nuno, uma picanhazinha da boa com mais umas minis de almoço oferecido em casa dele – este meu amigo de aventuras trata-me com um rei J
E siga para casa que havia programa a cumprir … ir buscar as princesas, jantar fora, ir a pé para o Senhor do Matosinhos aos churros e ver o fogo de artificio … carregar a mais nova a dormir até ao carro (qualquer coisa como 25kg) a 2km … quase 1h para fazer 15km de carro até casa no transito e com os olhos a fechar e a bater com a cabeça no volante  … eram quase 2h da manhã quando finalmente caí na cama, morto …
Foi um treino espectacular … companhia ideal … divertimo-nos à grande, corremos, caminhamos, aparvalhamos e sofremos um bocadinho sem ser em exagero. Acho que foi o treino ideal para os Caminhos do Tejo … só é pena não termos ainda 2 mesitos para fazer mais 2 ou 3 treinos idênticos a este. É que deu para ter um bocadinho mais noção da realidade … é isto a duplicar mais uma meia maratona … a estratégia terá que ser esta … parando nos tascos, bebendo umas minis, comendo umas sandes, uns gelados se estiver calor e seguindo em frente, colocando um pé à frente do outro umas vezes mais rápido, outras mais devagar. 
Obrigado Nuno, pela companhia, pelo espirito e claro … pelo almocinho … venha a próxima maluquice J