terça-feira

11º Trail Arouca-Senhora da Mó


 
 
Ontem estive lá.…bem lá em cima na Senhora da Mó em Arouca….e por duas vezes.

Desde o ano passado, em que tive conhecimento de todos os pormenores desta prova (à posteriori), que fiquei com o desejo de participar também - embora conte apenas 11 edições, este trail tem já uma certa mística e excelente reputação, pelo facto de contar para o Circuito Nacional de Corrida de Montanha, respectivos prémios, pela envolvência da região onde se realiza (em pleno Geoparque de Arouca), pela dureza de subidas e descidas quase verticais e também pelo convívio que se realiza no final, com a tradicional churrascada. Ainda por cima, Arouca fica apenas a uns 40kms de minha casa o que faz com que, uma participação não me fique muito dispendiosa. Não havia desculpas para não me inscrever!!!

Só durante a semana que passou, é que me preocupei um pouco mais em tirar informações sobre a prova, na net e tb junto de alguns colegas mais experientes. Ainda bem, pq só aí é que comecei a perceber que a empreitada iria ser bem dura. Confesso que estava a levar a coisa demasiadamente de ânimo leve ….estou a finalizar a preparação da minha primeira Ultra-Maratona, e na semana que passou treinei forte (para o meu nível) na 2ª, 3ª e 5ª (um longo de quase 30kms com grandes subidas) – sabem qual foi a sorte? Um tornozelo inchado e dorido na zona do perónio. Porquê? Porque me “obrigou” a parar dois dias e assim cheguei a domingo com as pernas impecáveis.

Voltando ao tornozelo, na 6ª feira de manhã quando me levantei tinha uma bola em vez de tornozelo. Não me doía, mas incomodava um pouco. Fiz gelo antes de ir trabalhar e voltei a colocar gelo ao fim da tarde quando regressei + um tratamento da minha Inês e uma pomadinha milagrosa antes de deitar. No sábado de manhã, ao acordar o inchaço tinha diminuído muito e o incómodo tb – fiquei com a certeza que domingo poderia ir correr a Arouca.

Foi um domingo atípico para dia de prova:
- levantei-me já passava das 7h (normalmente é bem mais cedo)
- não fui eu que fui ter com os colegas, foram eles que vieram a Canedo me buscar (normalmente as provas a que vamos são no litoral, desta vez era na serra)

Á hora combinada (8.40h), lá apareceu o Zé Alexandre na Pastelaria Luar em Canedo. Vinham com ele o Pedro Lino e o Bruno. Meia hora mais tarde estávamos a estacionar bem no centro de Arouca para nos encontrar com o restante pessoal (Nuno, Miguel, Sr.Dias, Albina e Gonçalo Dias) num café ao lado do convento. Cafézinho da praxe, distribuição de dorsais e brincadeira habitual, antes de irmos ao carro para equipar.
 
 
Arouca é uma Vila pequena, pacata, mas muito bonita e é sede de Concelho. Bem no centro, o imponente Convento e os belíssimos Jardins circundantes e ao cimo da avenida encontra-se a Camara Municipal onde estava instalada a partida (e meta). Arouca é conhecida tb pela doçaria regional (Pão-de-ló de Arouca, melindres, cavacas), pelo vinho verde e pela carne de vaca (Arouquesa)…assim como pela envolvência natural (Geoparque), com destaque para a Serra da Freita, Rio Paiva, Pedras Parideiras, etc. Actividades ao ar-livre são uma constante e a oferta é grande – ahhhh…e as pessoas são muito acolhedoras. O que estão à espera para fazer uma visita?

A caminhada saiu às 10.15h, e consistia numa ida e volta lá acima à Sra.da Mó num toral de ca. 7kms.

Depois de um breve aquecimento, de cumprimentar um ou outro atleta conhecido de outras equipas tiramos a foto de equipa da praxe.
 
 
Comecei a olhar para o pelotão de atletas – segundo a organização estavam 160 inscritos – o nível competitivo era alto, pois aliado ao facto de contar para o Circuito Nacional de Montanha (já seria o suficiente por si só) havia prémios aliciantes (ex.400 € de prémio para o primeiro classificado), fez com que aparecessem quase todos os “prós” a esta prova.

E eu, o que iria fazer? Não fazia a mínima ideia e resolvi não me preocupar com isso….iria nas calmas, e depois logo se via. A partida foi dada às 10.45h em ponto – eu era o último do pelotão:
 


 
Depois de uns 200m planos em asfalto, cortamos por uns caminhos à esquerda e começamos logo a subir…separei-me dos colegas de equipa logo desde início…uns mais rápidos e outras mais lentos….fui sempre a correr por entre casas, numas estradas estreitas….um cruzamento, sempre em frente, uns metros mais à frente atravessamos uma estrada principal e enfiamo-nos no mato a subir a sério
 
….ainda não tinha 1km e já estava a caminhar…até aos 2,5km foi sempre a subir, quase sempre a caminhar, com uma ou outra zona onde podia correr….nesta fase passei alguns atletas, embora fosse difícil, pq os trilhos eram muito estreitos. Depois tivemos uns 400 ou 500m planos, onde pude dar “gás” e andar bem abaixo dos 4,30min/km….maravilha, deu para recuperar mas foi sol de pouca dura….toca a subir outra vez, desta vez uns 600 a 700m ingremes, quase verticais que obrigavam quase a andar de gatas….aqui não dava para passar nem ser passado…era em filinha, uns atrás dos outros….foi nesta fase que apanhamos os caminheiros o que é bom (inteligente por parte da organização)… nós tínhamos 2 nesse grupo, a Albina e o Gonçalo, filhos do Sr.Dias…sabe sempre bem ouvir uma palavrinha de incentivo, dá uma força extra….

 
..conseguem imaginar como ia a minha respiração e os batimentos cardíacos (sempre acima dos 180bpm), mas chegado lá  bem em cima, perto da senhora da Mó (ca.3,5km) acabou o martírio, apanhamos um estradão em terra e seria sempre a descer até ao Vale de Moldes….rapidamente recuperei do esforço que tinha feito a subir e foi sempre a dar gás….bem, nas descidas mais ingremes não, aí sempre com cuidado e a defender-me para não cair….nestas zonas era constantemente ultrapassado por “loucos” que voavam autenticamente por ali abaixo….se algum tiver o azar de cair não sobra nada para contar a história….foi nesta fase que apanhei o Richard do Clube BTT de Sanguedo (conhecido do tempo de escola – mais um que não via há muitos, muitos anos e vim a reencontrar há umas semanas num free running) e acabamos por fazer o resto da prova juntos (quer dizer mais ou menos – ele fugia nas descidas e eu apanhava-o nas subidas)….depois de seguir por trilhos de montanha até à Quinta de Candosa (ca.km7-8) começou, o que considero a maior dificuldade da prova…nova subida até ao Alto da Senhora da Mó…depois de uns trilhos estreitos e cheios de vegetação, entra-se numa subida muito acentuada, que parece não ter fim, em trilho largo de terra e pedra….o problema aqui, à parte da inclinação é o facto de podermos ver toda a subida que temos pela frente, sempre em linha recta….
 


 
eu escrevi toda? …. Não, quando eu comecei a ver o fim da subida (até ia bem lançado), ao passar por um atleta que ia em dificuldades, bati-lhe no ombro e disse “vamos, está quase…” ao que ele retorquiu “é a primeira vez que vens, não é?”….pois, não me atrevi a perguntar como é que ele sabia….uns 100m à frente quando penso que a subida acabou…..50m planos e uma subida ainda mais ingreme e longa do que a anterior….”tá quase”…pois, és mesmo palerma pensei…eu que tenho a mania que gosto de subir…confesso que fiquei um pouco desesperado mas lá continuei a tentar distrair-me com as magnificas paisagens que aquela zona oferecia.
 
esta foto diz tudo o que ia na alma na altura.....
 
 
Ao fim de uma eternidade de tempo, finalmente chegamos ao cimo do monte, onde tivemos direito a mais um abastecimento de água – penso que estaríamos com ca.9,5km. A partir daqui pudemos voltar a correr, num estradão em terra a subir moderadamente – aqui demorei bem mais tempo a recuperar do esforço despendido naquela subida longa….nesta zona, bem alta dava para nos distrairmos com belas paisagens de serras e vales de diferentes verdes, já com as Maias amarelinhas a colorir a paisagem, uma casa ou outra perdida lá pelos montes e um ou outro parque eólico eram das poucas marcas humanas que se avistavam. Tb era aqui que conseguíamos avistar a Senhora da Mó, num monte mais alto, ao lado do nosso…o que queria dizer que teríamos de subir ainda um bom bocado.
 
 
 
 
Foi nesta fase que tive o único percalço….numa zona plana, coloquei o pé numa pedrita e escorreguei, tendo feito um esforço enorme para não cair, dei um esticão na coluna e tive que parar….andei durante uns metros, fiz uns alongamentos e lá me voltei o por a caminho com dores nas cruzes – embora me ressentisse um pouco acho que foi mais susto do que outra coisa. Mas o ritmo certinho a que vinha nunca mais consegui atingir…..mais uma subida por trilhos que nos obrigou a caminhar (agora apenas uns 300m)
 

 
 
.... e chegamos ao Alto da Senhora da Mó…ca.11,5km….
 
 
 
agora era “só” descer….a parte que eu mais temia seria agora….a vista lá de cima é deslumbrante, consegue ver-se bem lá no fundo o vale de Arouca….pois, mas agora estava na hora da concentração máxima….a organização falava em “  descida para Arouca por um trilho de montanha, de grau de dificuldade muito elevado”
 
 
 
 
 
….e  foi, pelo menos para mim…. um carreiro quase vertical, estreito, cheio de pedras, água e lama…bem, lá fui cheio de coragem por ali a baixo…com a parte anterior das coxas a travar e quase a rebentar do esforço….mais uma vez, fui ultrapassado por 3 ou 4 atletas….eu quando pressentia alguém atrás de mim, parava e deixava passar…não gosto de atrapalhar ninguém….posso dizer orgulhosamente, que até desci melhor do que pensava….passado algumas centenas de metros entramos em trilhos menos acentuados, e aí consegui aumentar a velocidade e à medida que íamos entrando na vila o meu ritmo ia aumentando, sentia-me cheio de força e comecei a ultrapassar alguns atletas….o meu ritmo no último km antes da meta andava abaixo dos 3,45min/km e ia à vontade….ia “picado” com um atleta todo de preto, eu passei por ele, ele passou por mim, e eu voltei a passar por ele quando a 200m da meta me aparece uma miúda com uma girafa de peluche na mão no meio estrada a gritar “Paiiii”……..iiiiiiiiiii travagem a fundo..….não, eu nunca andei metido com uma arouquesa, não tenho filhos por aquela zona :D ...era a minha Maria com a girafa “Pintas”….lá fomos os 3 a correr e cortamos a meta juntos
 
 
 
….perdi a corrida com o meu adversário de negro mas foi muito fixe….acho que devemos ter recebido mais aplausos do que o primeiro – pronto, tb conta o facto de estarem na meta a minha Inês, os meus sogros e os amigos Paulo e a Bela que conseguem fazer mais barulho do que a vila de Arouca toda junta, mas não interessa!!!

Depois foi receber a lembrança e ir para junto dos meus, para assistir à chegada dos restantes atletas. Gostei de ver o entusiasmo da Inês, Sogros e Amigos a aplaudir todos os atletas que chegavam e estava muito feliz por eles estarem ali por mim (e pelo piquenique, pronto acho que era mais pelo piquenique).

No fim da prova há o tradicional churrasco oferecido pela organização – cada atleta tem uma senha, que dá direito a duas sandes, duas bebidas e um caldo. Eu não participei.
 
 

Depois do banhinho nos balneários do complexo desportivo, eu segui para junto da minha família, que estava no parque do Convento com um piquenique à minha espera. Se por um lado gostava de ter ido ao convívio com os atletas, por outro lado a minha família e amigos estavam ali por mim, o que não acontece todos os dias. E soube-me às mil maravilhas.

Ahhh….faltam as classificações – o pessoal do CAL portou-se bravamente como sempre – o Nuno Silva estreou-se nos trails e foi o nosso melhor atleta (como sempre – mas um dia vou ficar à frente dele:D). Destaco o Sr.Dias, nosso presidente, que conseguio um honroso 6º lugar no escalão dele (M60). Por equipas ficamos em 8º lugar (entre 10) o que é um marco na história recente do nosso clube, pois corresponde a primeira taça ganha pelo CAL (e eu faço parte da história – que honra).
 
 

 Aqui os tempos e classificações do pessoal do CAL:

55º Nuno Silva 1:18:54
 
 

77º Miguel Barbosa 1:29:14
 
 

98º Carlos Cardoso 1:34:54
 
 
112º Pedro Lino 1:40:32
 
 

115º Lucidio Dias 1:41:56
 
 

141º José Moreira 1:56:50 e 142º Bruno Pinho 1:56.50
 
 



Concluíram a prova 151 atletas – estavam inscritos 160.
A prova foi vencida em masculinos por José Carvalho do Núcleo Atletismo de Vila Real com o tempo de 1:00,14, e em femininos por Rosa Madureira do FC Penafiel em 1:10,17.
Houve 3 atletas a concluir esta prova em 1h – eu acho isso impressionante!!! Como é que é possível, fazer este percurso, com estas inclinações e estes pisos a uma média de 13,5km/hora??? Não consigo imaginar sequer…..
Experiências e conselhos:
- Meias de Compressão – há umas semanas comprei umas meias de compressão no Lidl por 5 €. Já as tinha usado num ou noutro treino mais longo de estrada, e logo no primeiro vi que de compressão tem pouco. Além disso na parte do pé são um pouco grossas. Ontem usei-as em prova – era para levar as minhas da Nike, mas decidi dar uma chance em provas a estas – NUNCA MAIS!!! Aquecem os pés, e nas descidas acentuadas a maior velocidade friccionam o calcanhar de tal forma que parece que a qualquer altura a sapatilha vai pegar fogo. Não compro mais nenhumas destas.
- Subidas e descidas – há subidas e subidas, e descidas e descidas – eu achava que fazia subidas ingremes nos meus treinos – pois, pois, as que tenho no meu quintal ao lado das que fiz ontem agora considero descidas :D
- Fotografar /Filmar durante as provas – se por um lado posso afirmar convictamente que por fotografar/filmar durante a prova, devo ter “perdido” uns valentes minutos – não só os das paragens, mas tb pelo ritmo que é interrompido – tb posso afirmar com a mesma convicção que o facto de pararmos com uma máquina fotográfica na mão nos dá aquela “desculpa” para parar, respirar um pouco e recuperar com aquele ar de que “eu só parei para fotografar, nem estava cansado nem nada”….
- Fotografar/Filmar parte 2 – estou desolado…faltam-me vários filmes da 2ª metade da prova…eu filmei, ou seja, pensava que estava a filmar….com as forças a faltar não devo ter carregado bem no play…tenho muito pena do filme final, já vinha a filmar a minha “luta” com o colega de preto, a grande velocidade quando aparece a minha filha, e pensava que tinha filmado essa parte, inclusivamente a chegada à meta com ela….infelizmente não.
- empeno – quando concluí a prova senti-me impecável, não estava cansado e assim estive até à noite. Deitei-me bem e a pensar para mim mesmo – “tás cá um atleta moço, um treininho destes e nada de dores – nem parece que tens quarenta”. Hoje de manhã quando acordei doía-me um pouco a parte anterior das coxas….agora parece que tenho dois pedregulhos no lugar das coxas. Estou na cozinha ao computador e ainda não sei como vou chegar à cama :D
Deixo-vos aqui um excerto de uma crónica que vi no site da organização deste trail, de uma tal de Ana Pereira, que fala na sua primeira participação neste Trail(acho que 2003) e com o qual comungo a 100%:
A subida é, efectivamente, dura! Todos andam. O cronómetro já não tem importância. Correr na montanha é vencer-se a si mesmo! Foi essa batalha que me impus e que venci em absoluto, ao chegar à meta em Arouca, com apenas meia dúzia de atletas atrás de mim (num total de 142!). Assim como na Maratona, na Montanha não há vencidos! E eu fui uma vencedora, e foi isso mesmo que senti ao chegar à meta! O objectivo não é vencer a montanha, mas sim penetrarmos nela, vencendo o nosso cansaço e sendo constantemente premiados com paisagens assombrosas e fascinantes! A Montanha dá-se a conhecer, permite que a invadamos, e se a respeitarmos dá-nos o privilégio de desfrutarmos da sua magnitude, e oferece-nos sensações ímpares, enquanto a percorremos passo a passo, ofegantes, suados, esforçados, mas em plena harmonia com a Natureza e connosco mesmos. A Montanha deslumbra-nos e partilha connosco os seus segredos, enquanto avançamos pelas suas entranhas. Fiquei completamente deslumbrada e apaixonada pela Montanha!”
Se um dia puderem, venham visitar Arouca, tragam a família e participem neste Trail. Vale a pena!!!
 




sexta-feira

Resumo da semana e 11º Trail Arouca - Senhora da Mó

Até ontem fiz 3 treinos e ca.51kms, o que está dentro do plano para esta semana (70 a 80kms):

2ª feira – 11km a 4,45min/km
3ª feira – 11km com muito sobe e desce a 4,58min/km – durinho este treino
4ª feira descanso
5ª feira – 29km de treino longo, dos quais 24km com o meu amigo Zé Alexandre. Ritmo lento e percurso duro, com muitas subidas ingremes, todas feitas a correr (algumas delas quase a passo) – apenas paramos ca.4 minutos para comer uma barra energética. Muito bom.

A nível das minhas corridas, a contabilidade semanal costuma fechar ao domingo. E porque é que estou hoje a fazer o resumo da semana?

Por dois motivos:

- primeiro porque estou com uma dor no tornozelo direito e por isso não devo voltar a treinar antes de domingo – uma dor estranha que já me tinha assolado há umas semanas por alturas da Corrida do Pai, mas que tanto apareceu como voltou a desaparecer. Não é impeditiva de correr, mas incomoda bastante. Vou descansar, para estar pronto para domingo e conto com a ajuda da minha Terapeuta “chinesa” particular – a Inês – para dar um jeito nisto.

- domingo vou correr (acho que vai ser mais caminhar) no 11º Trail Arouca-Srª da Mó - reparem nas caras do pessoal do cartaz seguinte:
 
Toda a gente que eu conheço e que já fez esta prova diz que o percurso é maravilhoso – nesta zona não duvido disso, pelo que esta prova merecerá um post à parte. Serão 13,5km “apenas” – no site da organização encontrei o seguinte texto:
 
“13,5 km de distância (medição via GPS), com partida às 10h45m frente à Câmara Municipal de Arouca e meta no mesmo local. Utiliza trilhos de montanha e caminhos florestais no vale de Moldes e Monte da Senhora da Mó, com fase inicial em asfalto (Rua de S. Pedro) dando lugar a subida inicial moderada a forte (dos 300 aos 684 metros de altitude) ultrapassando, por vezes, 25 % de inclinação média, até ao alto da Senhora da Mó, seguindo-se descida, em estrada florestal, até ao Vale de Moldes, onde se percorre um trilho de montanha até Candosa antes de enfrentar um duro aceiro que levará os concorrentes dos 284 metros de altitude da Quinta da Candosa até aos 712 metros do Alto da Senhora da Mó, após o qual tem início a descida para Arouca por um trilho de montanha, de grau de dificuldade muito elevado, e estradas de terra que permitirão a contemplação de Arouca e do seu vale em toda a sua amplitude.”

As subidas assustam um pouco, mas o que me assusta verdadeiramente é “…descida para Arouca por um trilho de montanha de grau de dificuldade MUITO ELEVADO…”…..ai os meus joelhinhos!!!!

Espero que esteja bem dos meus tornozelos, para desfrutar deste trail ao máximo. Vou levar a máquina fotográfica para ficar com recordações deste empeno!

Ahh, e no fim haverá churrasco…..e a cereja no topo do bolo é o facto de as minhas Inês e Maria também irem – yes!!!

segunda-feira

2 semanas pós Paris


Dean Karnazes diz que devemos correr um pouco no dia a seguir à Maratona, nem que não consigamos caminhar. Bem, eu não fui correr na 2ª feira a seguir a Paris – sinceramente até que poderia ter ido, embora estivesse com algumas dores musculares, mas não me apeteceu. As pernas estavam bastante bem, com poucas dores musculares – o maior problema era o meu velho e desgastado joelho direito – depois de esforços mais longos perco a força no joelho direito e fico com algumas dores, que no entanto tb não me impedem de dar umas corridinhas leves. Nada que um dia ou dois de descanso e umas pomadinhas milagrosas não resolvem como foi o caso.

Voltei a correr na 3ª a seguir – apenas 5kms descontraídos que me souberam muito bem. A cada Maratona que faço, a recuperação tem sido mais fácil. Descansei na 4ª e na 5ª já sem dores nenhumas, decidi ir fazer uma corrida mais longa, incluir logo um sobe e desce e ritmos mais rápidos. Até começou bem até aos 5 ou 6kms, mas depois as pernas começaram a pesar e já no regresso, numa última subida antes de iniciar 2kms de descida até casa tive que parar…pois, afinal os kms da Maratona ainda estavam ali nas minhas perninhas a dizer presente. No dia seguinte fui fazer algo que ainda não tinha feito em 2013 – jogar à bola com os amigos – e que bem que soube, e para surpresa minha até que fiz uma bela jogatana…aquilo é intenso e mexe com músculos que normalmente não usamos tanto a correr…resultado foi um belo empeno nas costas, costelas e braços. Sábado voltei a descansar e no domingo de madrugada fui de viagem para Moscovo, onde ao fim do dia aproveitei a o ginásio do Hotel para fazer mais 8km em passadeira. No total, a primeira semana após a Maratona de Paris deu pouco mais de 30kms.

Durante a semana passada em Moscovo, onde estive a participar numa feira, treinei particamente todos os dias. O Hotel tinha um ginásio muito bem equipado, com duas passadeiras que aproveitei:

2ª – descanso – tinha previsto correr, mas a montagem do nosso stand foi tão pesado que me cansou de tal forma, que jantei e fui dormir. Bem, posso considerar que fiz um belo treino de musculação.

3ª – 10,5km em passadeira

4ª – 13km – com 8x1000m a 4,15min/km em passadeira

5ª – 12 km em passadeira (5min/km)

6ª – 5kms em passadeira + musculação (incluindo abdominais) – raramente faço algo deste género e sei que deveria fazer. Vou tentar no futuro “encaixar” alguma  musculação nos planos.

Sábado – levantei-me cedo (6.30h) e decidi ir correr para a rua, ao longo do rio Moscovo….ao longe vi umas cúpulas e pensei que fosse o Kremlin…vou armar-me em Sócrates e vou correr no Kremlin pensei eu….pois, ao fim de 7kms cheguei lá e não era, umas construções parecidas, umas igrejas ortodoxas – acho que era tipo um convento…ainda dei lá umas voltas num parque e regressei ao Hotel – deu quase 20kms. Cruzei-me com alguns (poucos) corredores, acenei a todos mas só dois me responderam – acho que eram estrangeiros como eu. Aquela malta dali de Moscovo é fria e antipática, muitas vezes até a roçar o mal educado e agressivo -  não gosto de Moscovo.

Regressei a Portugal nesse mesmo dia, cansado da semana intensa de trabalho. No domingo meti um dia de descanso. Ainda dei uma caminhada de 1 hora com a filhota e a cadela pelo meio dos montes – recuperação activa!!!

No total fiz 60kms, o que até nem foi mau.

Falta agora ca. de 1 mês para o grande objectivo de 2013 – a Ultra Maratona de Geira Romana dia 19 de Maio. Nas próximas duas semanas vou tentar aumentar os kms semanais (mínimo 70 a 80km) para depois reduzir até ao grande dia. Pelo meio vou participar em 2 provas, uma já no próximo domingo dia 28 – o 11º Trail de Arouca – Senhora da Mó (13,5kms) que pelo que dizem os colegas é deslumbrante e duro – depois ainda devo ir à Meia Maratona de Cortegaça no dia 12.05 – sem objectivo, só para participar pq gosto desta prova e acho que os organizadores merecem, pois fazem um esforço enorme por manter esta prova de pé.
Vamos lá ver...hoje há treino....

terça-feira

Boston - absolutamente inacreditável.....

Estou em Moscovo, ontem tive um dia muito ocupado de manhã à noite, quando cheguei ao Hotel, tomei banho, li os meus e-mails mais importantes e pouco mais, e fui dormir. Hoje de manhã no pequeno-almoço vi que tinha havido um atentado e quando olhei com “olhos de ver” para a TV nem queria acreditar no que se tinha passado…inacreditável….como é que é possível?....é triste demais e não tenho palavras para descrever o que me vai na alma….

Deixo aqui o texto do Rui Pinho no Tripas e Nortadas sobre o assunto, pois não podia estar mais de acordo.


Os meus sentimentos para com as vítimas, suas famílias e amigos.

quinta-feira

A minha Maratona de Paris

Aviso: o texto que se segue é muito extenso - foram 4 dias em Paris, há muito a registar para que um dia mais tarde, quando for bem velhinho me lembre de todos os pormenores desta aventura. Se tiverem pachorra e tempo façam o fvr, mas depois não digam que não avisei.... 


A decisão
Há sensivelmente um ano participei na Maratona de Madrid (http://papakilometros.blogspot.pt/2012/04/maratona-maddid-2012-cronica-de-um-fim.html) com um grupo de amigos, o que correspondeu à nossa internacionalização nas corridas. Aqueles dias em Madrid foram giros, pela cidade, pela Maratona mas muito mais pelo espirito de amizade que se criou (antes e durante) em volta de um hobby que nos é comum a (quase) todos. A partir daqueles dias nada mais foi igual, o “tal” grupo uniu-se (ainda mais) e daí já resultaram muitos e bons convívios, e não só de corrida. Ainda em Madrid surgiu a ideia de tentarmos todos os anos fazer uma Maratona internacional.
Durante os meses seguintes, fomos analisando as possibilidades – Estocolmo (viagens e estadia muito caras), Sevilha e Valência (por ser em Espanha – queríamos outro país), Berlim ou Frankfurt (esgotadas) – uma a uma as opções iam caindo por este ou aquele motivo até que ficaram duas opções em cima da mesa: Londres ou Paris? Ambas eram muito apetecíveis, mas para ser sincero Londres era a que nos seduzia mais – esta opção ficou de parte pelos 300 € de inscrição que nos pediram. Estava decidido – vamos a Paris!!!
 
A Comitiva
Ao grupo do ano passado (Eu, Badolas, Zé Miguel e Bruno) juntou-se o Pedro Lino tb do CAL (queria estrear-se nos 42,195m) e o Filipe Fontes do Grupo Amizade S.J.Ver, nosso conhecido e atleta das Corridas de Montanha – o Nuno do CAL desta vez não pode ir. Com o grupo seguiam tal como no ano passado a Samanta e a Sónia. Havia uma participante incógnita – uma menina ainda sem nome definido que verá a luz do sol lá para meados de Setembro e que a Sónia carrega na barriguinha – a “minha menina” como eu lhe chamo – eu explico porquê – um dia destes ia eu a treinar com o Zé Miguel, e como ambos vamos ser pais lá para fim de Setembro inicio de Outubro, o meu amigo armado em engraçado diz-me mais ou menos isto – “sabes pá, giro giro era eu ter um rapazola e tu teres uma menina, para o meu ter uma miúda para “namorar”….pois é, o problema é que vocês vão ter uma menina e nós ainda não sabemos, mas se for rapaz….hehehehe….ó Zézinho vai preparando lá o quartinho para o meu rapazola ir aí passar umas noites.

 
Preparação e Objectivos
Em Madrid no ano passado levava um objectivo de tempo delineado, tinha treinado para isso, e com o “stress”, de correr para um objectivo de tempo, não desfrutei do “passeio”. Só posteriormente em conversas com os amigos é que dei conta do que tinha perdido e decidi que nas próximas aventuras iria numa de “curtir” as corridas. Assim foi para Paris - mas sem stress não quer dizer que não se faça um plano de treinos e não se leve os treinos a sério.
O plano de treinos que usei, foi o mesmo que me permitiu baixar as 3h30 no Porto em Outubro do ano passado – 12 semanas com uma média de 4 a 5 treinos por semana, que incluíam series (ou Fartlek) uma vez por semana e um treino mais longo ao fim de semana – mas tudo sem grande rigidez.
O plano iniciou a 15 de Janeiro – levava já uma boa base pois estava a finalizar um plano intenso de 4 semanas para a Meia de Viana:
 
Maratona Paris
Semanas de preparação
12
Nr. de treinos
50
Treinos entre 15 e 20km
9
Treinos entre 20 e 25km
5
Treinos entre 25 e 30km
2
Treinos acima 30kms
4
Treinos de series
4
Kms totais
725

Pelo meio fiz apenas 3 provas, mas com excelentes resultados:
- 20.01 – Meia Maratona Manuela Machado (com recorde pessoal)
- 10-02 – Trail Sta.Luzia em Viana do Castelo (33kms)
- 17-03 – Corrida do Pai – 10km (outro recorde pessoal)
Durante a preparação não me lesionei, levei com muita chuva e frio mas tb não adoeci…. sentia-me muito bem e mais do que preparado para enfrentar a Maratona…..com os resultados obtidos nas corridas que fiz, houve ocasiões em que a minha parte competitiva me dizia para tentar baixar o meu recorde, ao qual a minha parte mais sensata (sim, tb tenho uma parte sensata) se conseguia sobrepor – nada disso – estava decidido….é para curtir!!!
Além disso tudo, convém lembrar que o meu principal objectivo “desportivo” para 2013 é tornar-me Ultra-Maratonista e que a tentativa é já a 19 de Maio, ou seja, daqui a pouco mais de um mês. Por isso, encarei Paris como um “treino longo” para a Geira Romana.
Estava pronto.
A Viagem
Tal como em Madrid, a ideia de fazer uma Maratona internacional não tem a ver exclusivamente com corrida – naturalmente a ideia é aproveitar a viagem para conhecer a cidade e por isso, decidimos ir já na 5ª feira de manhãzinha. Tinha planeado levar a Inês e a Maria comigo desta vez, inclusivamente as viagens estavam reservadas e pagas, mas por motivos profissionais de última hora, a Inês não pode ir e naturalmente a Maria tb não. Fiquei com muita pena, especialmente pela Maria (era para ser a estreia dela nesta coisa de andar de avião, e ela andava toda entusiasmada com isso) – vamos ter que compensar isso num próxima oportunidade.
 
Toda a viagem foi mais uma vez organizada pelo Badolas e a sua agência Rota Pontual na Feira (ó amigo, esta publicidade custa 20 € para a caixa do CAL que está a precisar).
Este ano decidi assistir ao sorteio dos quartos – depois das dúvidas do ano passado em Madrid este ano “abri a pestana”. O sorteio foi efectuado umas semanas antes da nossa partida, com grande pompa e circunstância à la “Champions League”, com bolinhas com papelinhos lá dentro e tudo – estava naturalmente nervoso para ver quem me iria calhar na rifa este ano…. E lá começaram a ser sair os papelinhos:
Quarto Nr.1 – Samanta e Bruno
Quarto Nr.2 – Sónia e Zé Miguel
…..uiiii……a coisa estava a ficar preta….
Quarto Nr.3 – Badolas…….ai que agora é que vão ser elas…..
E pimba…..Pedro Lino…..YEEEEESSSSS!!!! Safei-me…..depois de ter vivido o terror no ano passado em Madrid, cheiinho de medo, sem pregar olho durante dias seguidos eis que tive a melhor noticia que podia ter tido…..estava com pena do Pedro Lino, saiu-lhe a fava, mas olha, ele que se desenrascasse…
Quarto Nr.4 – Ia dividir o quarto com o Filipe
Ufa….que alivio….mas há cá cada coincidência….não é que as duplas Samanta/Bruno e Sónia/Zé Miguel saíram novamente em sortes??? 
Tal como no ano passado, ficou combinado eu levar a ala mais rasca (Bruno, Samanta e Pedro Lino) da comitiva no meu espartano Lancia Y10 e o Badolas levar o resto do pessoal no seu luxuoso BMW. Haviam de ver o meu boguinhas com 4 pessoas e carregadinho de malas, a voar a grande velocidade até ao parque Low Cost do aeroporto Sá Carneiro do Porto às 6 da manhã – nem sei como deu para levar tudo – sorte teve o Pedro Lino, é que se as malas não coubessem já estava decidido que era ele que ficava para trás.

 
No aeroporto a confusão era total, de tal forma que entre o check-in, controle e embarque não houve tempo nem para um café. A menina do check-in estava de bom humor, disse-me para tentar estar na porta de embarque no máximo às 7.25 – eram 7.30h???? Detesto este stress, quando vou de viagem a nível profissional prefiro estar 1 hora à espera do que andar a correr sem saber se apanho o avião ou não – não é como outros que querem dormir até à última, não é senhor Badolas?????
O voo da Easyjet saiu a horas e ainda não eram 11horas da manhã e já estávamos a aterrar no aeroporto Charles de Gaulle. A viagem correu bem, sem sobressaltos…apenas o suspeito do costume, o amigo Badolas ficou meio trancado na casa de banho do avião e só consegui-o sair com a ajuda da simpática hospedeira (não és tolo não :D).
 


Chegados a Paris lá estava um simpático senhor com uma placa a dizer “José Coelho” para nos levar de Shuttle até ao Hotel, que seria a nossa casa nos próximos dias. As minhas expectativas eram do mais baixo que pode haver – tinha dado uma vista de olhos nas fotos do Hotel no Booking e a avaliação dos comentadores era 6 (xiiii….o mais baixo que anda por lá é 5,3 ou 5,4), com especial enfâse para o “bom ambiente” nas redondezas do hotel...mas pronto…afinal na comitiva ia o Bruno, gajo do Porto carago, com muitos anos de vivência em bairros tipicamente tripeiros e o Zé Miguel, o gajo da crista…como toda a gente sabe, quem manda no galinheiro é o galo…por isso, ali naquele quarteirão ele ia mandar – a não ser que aparecesse um outro galo de crista maior do que a dele….bem, não haveria de ser nada.
 
 
Feito o check-in no Hotel, foi largar as malas nos quartos  e fazer o que um bom tuga tem que fazer…..comer!!!
 

Estágio
O “Guia do Maratonista” que nos foi entregue pela organização, tinha um capítulo dedicado ao que um Maratonista deve e não deve fazer durante os últimos dias antes da prova – aqui alguns exemplos:
Na semana antes da Maratona, evite:
- refeições fartas e bebidas alcoólicas
Pois sim, só nos 3 dias em que estivemos por Paris antes da Maratona, fomos almoçar e jantar sempre fora, praticamente sempre com entradas, prato principal e sobremesa, sempre regadas com cervejinha ou cidra – bem não se bebeu mais, pq os preços das bebidas eram proibitivos (6 € por 0,33 de cerveja). As compras que se fizeram no supermercado (para ter umas coisitas nos quartos), além de água e fruta, incluíam chocolates de todas as formas e feitios. Isto para não falar nos pequenos-almoços – eles eram torradas, croissants, bolinhos…enfim…

 
- Uma vida nocturna excessiva
Aqui até nos portamos bem (não podia escrever outra coisa, a minha Inês embora diga que não, lê o Papakilometros). Só saímos todas as noites para jantar e regressamos sempre cedo ao Hotel. Havia quem quisesse ir ao Moulin Rouge, mas eu convenci-os a todos que isso seria a morte do artista.

 
- Sessões de treino longas; os seus músculos necessitam de descansar para o grande dia.
Tá bem abelha…5ª, 6ª e Sábado, de manhã à noite ao passeio, a visitar Paris de uma ponta à outra (há que aproveitar), incluindo umas horas na Expo-Running. A cereja em cima do bolo, foi o facto de termos ido correr 7 a 8km na 5ª e na 6ª ao fim da tarde, antes de jantar. Só como exemplo – 6ª feira devemos ter feito no mínimo 15kms a caminhar + 8km de corrida. Resultado – pernas feitas num oito.
Estão a ver porque é que não se pode ir para uma Maratona destas a pensar em tempos – com este pessoal não dá…eu bem queria ficar no Hotel a descansar mas eles não, vamos para ali, agora para acolá….chiça…eles devem pensar que eu tenho a idade deles não?
Running-Expo
Dizia o nosso amigo Zé Miguel na 5ª de manhã….”é pá, eu preferia ir à Running-Expo no sábado de manhã, íamos lá duas horitas e depois vínhamos para o Hotel descansar.”…..50.000 gajos e gajas inscritos, mais os acompanhantes, dos quais de certeza muito mais do que metade deixam o levantamento do dorsal para o último dia, e este gajo quer ir para lá no sábado???? Tive que lhe dar duas chapadas (em pensamento) e puxar do factor idade para impor respeito e dizer…”nada disso, vamos amanhã logo de manhãzinha e mais nada!”… quem me conhece sabe que eu sou assim, meio autoritário – deve ser da minha formação militar (que não tive, nem à tropa fui, passaram-me à reserva territorial, facto que ainda hoje não ultrapassei….como é que o meu vizinho Marcelo, coxo e com um olho de vidro foi 12 meses para a marinha e eu, alto e espadaúdo, cheio de saúde, fui colocado na prateleira?)…voltando ao que interessa, a ida à Running-Expo foi então na 6ª de manhã.
Logo depois do pequeno-almoço, ca. das 9h lá nos dirigimos ao metro e seguimos até ao Parque de Exposições de Paris onde estava localizada a dita da Running-Expo (ler com sotaque franciú por fvr), para levantar os dorsais e dar uma vista de olhos pelos expositores.

 
Mal entramos dirigimo-nos a um balcão para validar o nosso certificado médico (obrigatório) e só depois fomos levantar o dorsal. Tudo muito bem identificado, com gente muito simpática a atender-nos até em inglês. O primeiro choque veio quando fomos levantar o saquinho e vimos que não continha nenhuma camisola alusiva ao evento – fiquei pior do que estragado e com um mau humor incrível – então numa prova destas, Asics como patrocinador e nada de camisola???
 




 
Logo depois entramos numa zona ampla onde estavam instalados os expositores. Estava à espera de uma feirita tipo a da Maratona do Porto ou de Madrid, ok, talvez um bocadinho maior….o que encontramos foi apenas e só o paraíso para qualquer corredor (endinheirado)…era realmente uma verdadeira Feira de Running, a Asics como patrocinadora oficial estava naturalmente em destaque com muitos produtos alusivos ao evento, incluindo camisolas (decidi que não ia comprar nenhuma, em forma de protesto). Estavam lá praticamente todas as marcas conhecidas (e menos conhecidas), a mostrar o que de melhor se faz para o nosso desporto, não só de corrida de estrada e pista, mas tb de trail, montanhismo e afins, incluindo todas as grandes marcas de electrónica, suplementação e um sem fim de stands promovendo Maratonas e outro tipo de Corridas por todo o mundo, incluindo a Runporto a promover a Maratona do Porto – estivemos com o Tiago Teixeira, tiramos umas fotos que até estão no site deles – e a de Lisboa tb, embora integrada juntamente com outras pela empresa que gere as corridas Rock ‘n Roll.
 
 
 
Pois, o problema é que descontos nada….tudo a preço normal se não mais caro do que em Portugal – eu que até ia com ideias de comprar umas sapatilhas novas (as minhas Nimbus 14 estão a dar as últimas) – nada feito – bem, um ou outro ainda comprou qualquer coisita (uns cintos de Maratonistas e tal), andamos aos brindes e ainda deu para fazer um teste aos meus ricos pezinhos na Asics, a chamada Foot ID, onde chegaram à conclusão que eu devia calçar o modelo Nimbus…grande novidade! Conhecemos o André, um dos responsáveis pela Asics em Portugal – claro que aproveitei para reclamar das camisolas – foi ele que nos disse que só havia camisola para quem acabasse a Maratona, ou seja, queres a camisola…corre até ao fim…fiquei logo bem disposto outra vez, afinal havia camisola. Ainda lhe fizemos o choradinho mas nada de vales de descontos, patrocínios para o CAL, etc…bem, não custou tentar.

 
No meio disto tudo, ficamos a saber que não se pode contar com o Badolas para nada. Ele e o Pedro Lino fizeram uma asneira na feira (e mais não digo, foi sem intenção mas não interessa)….o resto de pessoal decidiu castiga-los com uma brincadeira….o Bruno foi colocar-se ao lado de um senhor simpático de raça negra, com 3m de altura e 2 de largura e cara de poucos amigos….sim, um segurança….e eu liguei ao Badolas que andava noutra zona da feira a passear, dizendo-lhe que viesse depressa que o Bruno tinha sido apanhado pelo segurança que só o deixava sair dali se ele e o Pedro Lino viessem resolver o problema que tinham provocado….eu devia ter gravado a conversa, nem sei como não me escangalhei a rir ao telefone….o Badolas muito aflito, sempre a dizer “tás a brincar?” e eu na minha…”achas que se brinca com uma situação destas…anda daí que aqui mais ninguém fala francês”….diz ele “vou já para aí, tou aqui ao lado da restaurante”….isto era a 100m de distância….como ele nunca mais chegava, liguei-lhe novamente e perguntar onde andavam e com muita surpresa minha diz-me ele “tamos aqui ao fundo do pavilhão do lado esquerdo, perto da saída”…..olha os gajos iam pôr-se a andar e deixar a malta ali a levar porrada…passei-lhe uma descasca ao telefone sem me descoser com a verdade….ele cada vez mais aflito “tás a brincar, não estás? Olha que não se brinca com isto”…e nisto diz-me ele quase a desmaiar ….”fala aqui com o Pedro Lino” e passou o telefone ….aqui não me consegui conter e desatei à gargalhada ao telefone, já com o Pedro Lino do outro lado do telefone….é pá, apanharam um susto tão grande que acho que encheram a fralda….mas foi bem feito e ficamos a saber que não podemos contar com eles :D ….
Acabamos por almoçar pela Feira, ao contrário do habitual, a ementa não contemplava massa mas sim arroz (de cogumelos ou frango), uma banana e uma garrafa de Água de 1,5ltr – tudo por 5 € e até nem estava nada mau.

 
Foram bem mais de 2 horas que passamos na Running-Expo. Depois disso decidimos ir visitar a cidade….
 
 
Paris
Nunca tinha estado em Paris, a não ser em trânsito no aeroporto Charles de Gaulle… na profissão que exerço, a França não faz parte dos mercados da minha responsabilidade. Para ser sincero, Paris nunca fez parte daquelas cidades que gostaria mesmo de visitar, muito talvez por ter a ideia pré-concebida de que não gosto dos franceses – não tenho nenhuma razão para isso, mas pronto….o mesmo se passa com espanhóis e o estranho é que as duas Maratonas internacionais que fiz foram exactamente em Espanha e em França.
Nos 3 dias que antecederam a Maratona, aproveitamos para palmilhar a cidade o mais possível. O meio de transporte usado foi o metro, que funciona às mil maravilhas, vai a todo o lado, não é complicado e a nível de preços é acessível. E assim foi….Torre Eiffel, Louvre, Notre Dame, Sacre Couer, Champs-Élysées, Musée d’Orsay, etc, etc, e tal …caminhadas junto ao Sena e jantar na zona de Saint-Germain incluídos. Ponto alto para mim foi a visita à campa de Jim Morrison no Cemitério Pére-Lachaise – para quem gosta de rock, ele foi sem dúvida uma das figuras mais influentes na sua época e ainda hoje é referência para muitos músicos e não só – visitar aquele lugar foi sem dúvida especial para mim.

















 No que diz respeito aos franceses, afinal não foi tão mau como estava à espera, eu tinha-lhes colado um rótulo de arrogantes e chauvinistas a todos. Tivemos de tudo, apanhamos pessoas simpáticas e atenciosas e tb alguns que correspondiam ao que eu tinha imaginado – um dos empregados do Hotel (um loirinho que fazia as tardes) era um desses – o que vale é que eu tenho uma paciência do caraças.
A nível de comida tb não foi mau – evidentemente que não fomos aos melhores restaurantes de Paris experimentar a “nouvelle cuisine” – pagar muito e passar fome não é para esta malta. Fomos a algumas Brasseries e até comemos bem e pagamos menos do que eu estava à espera – as bebidas é que eram muito caras – refrigerantes custavam no mínimo € 4,50 e cerveja € 6,00 – fonix que nem na suiça. O que faz falta a um tuga é um bom café – bem fomos experimentando em vários sítios (em média € 2) mas não eram grande coisa. Resumindo, para comer e beber bem e barato não há como o nosso Portugal!!!
 
Fiquei fã de Paris…aquilo tem um certo charme….a visitar com mais tempo no futuro. De todas as cidades que conheci (e já vi muitas), Paris está juntamente com São Petersburgo no topo da minha lista das cidades mais belas.
 
 
A Maratona


 
Sábado à noite....pouco passa das onze quando chegamos ao Hotel. Tínhamos ido comer uma massinha a um italiano, como mandam as regras. Hoje nada de cartas no bar de Hotel….”amanhã às 6.30h cá em baixo para o pequeno-almoço….boa noite” … e lá regressamos aos quartos para preparar tudo para o dia seguinte, despertador para as 6 da manhã…pouco depois já estava enfiado debaixo dos lençóis, a sentir as pernas estafadas.…pensava para mim “tou lixado…como é que vou correr a Maratona amanhã com estes dois calhaus no lugar das pernas….deixa lá, amanhã desenrasco-me…se não for a correr, vou a caminhar”….não demorei muito a adormecer e até descansei razoavelmente bem.


 
Domingo, toca o despertador…check às pernas….não há milagres, estão pesadas…..toca a equipar e descer para o pequeno almoço, que foi muito leve….cházinho, um croissant e um pouco de iogurte com cereais.





Volto ao quarto para ir buscar o meu cinto…gel, barras, telemóvel, máquina fotográfica, lenços de papel, nota de 20 € e bandeira de Portugal. Levo o mp3 ou não? Nada disso, é para curtir o ambiente….vamos a isso.
Saímos do Hotel passava pouco das 7 horas e estavam 0 ºC…frio….pelo menos não havia vento como nos dias anteriores. Eu levava calças, uma camisola térmica, impermeável por cima do equipamento e luvas – ia dividir um saco com o Filipe e deixar a roupa na zona da meta para levantar no fim da corrida.
 



 
A viagem de metro correu bem, mas podem imaginar que grande parte da viagem foi feita tipo sardinha em lata – dentro das carruagens ouvia-se uma miscelânea de línguas – era gente de todas as raças e feitios, homens e mulheres literalmente dos quatro cantos do mundo. Quando saímos do metro, demos de frente com o Arco do Triunfo, ali imponente bem no centro de uma grande rotunda repleta de pessoas a andar de um lado para o outro, a tirar fotografias e a confraternizar – o céu estava azul e o sol espreitava timidamente – grande S.Pedro, mais uma vez a dar uma ajudinha à tribo corredora (ele gosta de nós). Lá tiramos as nossas fotografias para a posteridade e estava na hora da tradicional visita à casinha....aqui atrasamos um pouco, pois como sempre escolhemos as filas que demoram mais tempo.
 




 
Faltava pouco mais de 25 minutos para o tiro de partida….toca a tirar a roupa quentinha…última foto de grupo….brrrrr, que frio….e agora, onde entregamos o saco….só eu e o Filipe é que tínhamos saco e lá andamos por ali às voltas a correr à procura do sitio onde o entregar…corremos mais de 2kms (a 5min/km – para ele um aquecimento, para mim uma tortura…ai as minhas ricas perninhas)....no meio daquela confusão voltamos a encontrar o Badolas e o Zé Miguel que tal como eu estavam no curral das 3h30…o Bruno e o Pedro Lino já tinham seguido para o das 4h….despedimo-nos do Filipe que seguio para o das 3h.
As partidas na Maratona de Paris são na Avenida Champs Élysées, e são   dadas por vagas….primeiro as cadeiras de rodas, depois as elites, depois os das 3h, 3.15h e assim sucessivamente…só para terem uma ideia da enormidade da coisa, do primeiro atleta até ao último estimam 1 hora de diferença na partida.



Quando entramos no nosso curral eramos dos últimos, ficamos bem cá atrás e não demorou 5 minutos a dar-se o tiro de partida para o nosso grupo. A avenida é tão larga que não existe qualquer problema, quem quiser pode arrancar a grande velocidade desde o primeiro metro…nós os 3 lá fomos na onda do pessoal, a curtir o ambiente, e mesmo sem combinar nada entramos num ritmo a rondar os 5,15min/km aproximadamente. As pernas estavam mesmo pesadas, para mim era como se estivesse já no km 25.
 
Km 1-10km
Ao fundo da Avenida contornamos a Place de la Concorde e enfiamo-nos bem no centro de Paris….uma festa, as ruas cheias de público, bandeiras de todas as nações que possam imaginar, bandas de todo o tipo a animar o pelotão. Quando dás por ela os primeiros 2 kms já foram. Ao km 5 a Place de La Bastille e primeiro abastecimento de água que aproveitei – nas Maratonas tenho o hábito de não falhar qualquer abastecimento – como sempre carreguei uma garrafa comigo. Por volta do km 8 ou 9 o Zé Miguel disse que tinha de parar para mudar a “água às azeitonas”, para nós seguirmos sem ele, coisa que fizemos. O ritmo ia constante e não tardou estávamos a passar o pórtico dos 10km e logo à frente mais abastecimentos (água, bananinhas, laranjas, açúcar em cubos e uvas passas) – o ritmo cardíaco ia abaixo dos 140bpm, se não fossem as coxas iria impecável.
Km 11-20
Nesta fase da prova passa por nós um dos pacemakers das 3h, e com ele fomos ultrapassados por umas dezenas de corredores que o seguiam….baralhou-me completamente….o que é que este anda aqui a fazer? Ao km 12 entramos nos Jardins de Vincennes (que iriamos contornar) com o seu grande Palácio imponente….sempre que entravamos em zonas de jardins a quantidade de público diminuía…..continuávamos a um ritmo bastante constante 5,15 a 5,20min/km. Continuávamos a aproveitar os abastecimentos – eu era água, banana e laranjas (que boas que estavam) – entre o km 15 e 18 tomei o primeiro gel (eu uso o da Isostar com tampa de rosca, assim dá para ir tomando, não é necessário tomar tudo de uma só vez).  Ao km 20 entramos novamente na cidade, e a quantidade de público voltava a aumentar…..”Allez Carlos” era uma constante – o meu amigo Badolas já se estava a passar – amigo, é o que faz ser um gajo simpático e charmoso, além disso o meu dorsal só tinha “Carlos” e o teu “José Coelho”….primeiro que alguém diga “Allez José Coelho” já tu vais longe :D.

 
Km 21-30
Foi a fase em que me senti melhor, não sei se foi do gel, mas as pernas estavam mais leves. Foi tb nesta fase em que começamos a ver já muita gente a entrar em dificuldades….sem aumentar o ritmo íamos sempre a ultrapassar – não tinha qualquer dificuldade em acelerar de vez em quando para passar outros atletas. A passagem ao Km 21 é fantástica, muita gente se concentra nessa zona e muita animação. Ao Km 23 entramos na Avenida junto ao rio Sena, e até aos 30kms vemos ao longe a Catedral de Notre Dame o Musée D’Orsay e finalmente a Torre Eiffel. É tb nesta fase que o terreno sofre algumas oscilações, com as descidas e depois subidas ligeiras para passar debaixo das pontes….é igualmente a zona onde as estradas estreitam e o pelotão anda mais junto, mas tb onde se sente mais proximidade e o carinho do público - maravilhoso. Fomos sempre mantendo o ritmo, e só baixávamos um pouco nos abastecimentos (sempre de 5 em 5km).
Km 30-40
Como se diz, é aqui que começa a verdadeira Maratona, é esta a terrível fase em que se costuma bater no tal “muro” que ninguém vê chegar. Pois, mas nem sempre é assim….tanto eu como o Badolas íamos bastante bem (para quem já levava tantos kms), o meu único receio continuavam a ser as minhas pernas pesadas, que de um momento para o outro poderiam dizer “basta”… numa ou noutra altura até tínhamos que travar o andamento para não exagerar. Pelas minhas contas a continuar assim poderíamos chegar em 3h45min. Nesta fase, grande parte do percurso é feito dentro do Parque de Boulogne (dos 32 aos quase aos 42km). Aos 36/37km tomei o segundo gel para fazer face a algum cansaço que comecei a sentir, mas continuava a manter o ritmo sem dificuldades, apenas as pulsações tinham aumentado acima das 155 bpm. E lá passamos a placa dos 40km.
KM 41-42,195
Passada a placa dos 41kms ainda dentro do Parque de Boulogne estava na hora de desfraldar a bandeira de Portugal…com o Badolas a agarrar de um lado e eu do outro (uma repetição de Madrid) fomos fazendo a nossa festa…ainda antes do km42 vimos a Samanta e a Sónia…gritos de incentivo e lá estava a Porte Dauphine e o km 42…. só mais uns metros e ainda antes de passarmos a linha da meta ouvimos a speaker de serviço a gritar “Portugal”…até me arrepiei….fantástico.

 
Só passado alguns segundos de ter passado a linha de chegada é que me lembrei do relógio que marcava 3h46,55 quando eu o parei (oficialmente viria a ser 3.46,09) o que para mim é o segundo melhor tempo nas 4 Maratonas que fiz e para o meu amigo Badolas é um belo recorde pessoal.

Depois foi receber a medalha (linda), a camisola de Finisher e uma protecção para o frio, tirar uma fotos e procurar o Filipe que estava à nossa espera. Aos poucos fomos recebendo mensagens dos outros amigos que terminavam as suas provas – mais uma vez todos finalizaram a Maratona.







Pedro Lino – 4h12min – tornou-se maratonista em Paris. Fez parte da prova com o Bruno, mas depois deixou-o e arrancou para acabar sem grandes dificuldades, fruto do treino que fez nos últimos meses. É como se diz, não custa correr a Maratona, custa é treinar para ela e o Pedro Lino fez tudo certo nos últimos meses. Não tinha a mínima dúvida, que em condições normais terminaria bem, embora saibamos que nestas distâncias existem sempre imponderáveis. Diz ele que quando chegou ao fim não consegui-o conter as lágrimas – é bom, é sinal da importância que o feito teve para ele – ele merece, aplicou-se, está a evoluir e tem potencial para muito mais. Parabéns Campeão e mais uma vez bem vindo ao clube dos Maratonistas.


Bruno Pinho – 4h24min – conclui-o a 3ª Maratona. Este meu amigo está sempre a surpreender-me – treina pouco, mas com a casmurrice dele atinge sempre os seus objectivos. Para esta Maratona pouco treinou, esteve parado por duas vezes, com problemas de dores numa costela e um dedo partido. Mesmo assim, chega a Paris e acaba num tempo bem bom. Consta que já muito perto da meta recebeu uma chamada da Samanta – ele tinha passado por ela sem a ver…o que é que ele fez? Deu a volta e foi a correr em sentido contrário até a encontrar…deu-lhe a beijoca prometida e voltou a correr para finalizar a prova.….diz ele “havias de ver o público a gritar comigo a indicar-me o sentido correcto da prova” ….. Grande Maluco este Bruno.

 
Zé Miguel – 4h32 – foi connosco até aos 8 ou 9km…depois fez toda a prova sozinho. Aos 18kms começou a ter problemas de intestinos e teve que parar várias vezes para ir à casa de banho. Anda com azar nas Maratonas (em Madrid foi com cãibras desde o km 24) mas acaba sempre as provas – é um guerreiro. E já conta com 3 Maratonas no currículo.

 
Filipe Fontes – 3h09 – este nosso amigo é uma força da natureza. Ele gosta é de correr nas montanhas. Embora corra há quase 20 anos, esta foi apenas a 2ª Maratona de estrada (já fez muitas em montanha, incluindo Ultras mas diz ele que são muito diferentes). Nem relógio tem, para controlar o ritmo. Diz ele que quando chegou à zona de partida, o pessoal das 3h já tinha partido, e que assim foi com os das 3h15min….diz que se sentiu bem o tempo todo e que poderia ter dado mais mas teve medo de não aguentar o ritmo. No fim estava fresco como uma alface….incrível….diz ele que se vai inscrever na Maratona do Porto e treinar a sério para baixar as 3h…grande Campeão, simples e humilde.

 
José Coelho (Badolas) – 3h46 – conclui-o a 2ª Maratona (Madrid e agora Paris), e nas duas vezes fizemos a prova juntos, desfraldando a bandeira de Portugal nas chegadas. Para esta Maratona treinamos várias vezes juntos, tanto treinos de series como muitos longos. Em todo o caso, ele não treina nem metade do que eu treino e faz os mesmos tempos – já lhe disse várias vezes, se ele se aplicasse mais ninguém o apanhava – é incrível, acaba as provas como começa…não sua, não se despenteia, nada….parabéns pelo recorde e obrigado pela companhia.
 
 
Alguns dados interessantes sobre a Maratona de Paris
Inscreveram-se 40.108 atletas e terminaram 36.890
21% foram mulheres e 79% homens
36% dos inscritos foram estrangeiros de 117 países diferentes
64% França, 8,6% UK, 3% USA, 2,3% Italia, 2,1% GER
O vencedor em masculinos foi o queniano Peter Some em 2h05,38
A vencedora em femininos foi a etíope Boru Tadese em 2h21,04
 
 Tiradas da malta
Com este grupinho é impossível estar sem rir durante 5 minutos que seja. Ninguém leva nada a mal, por vezes esticasse a corda ao máximo, mas ela nunca parte. Resultado foram 4 dias super divertidos que naturalmente acrescentaram muitas histórias para contar – a continuar assim vamos ter que escrever um livro sobre as nossas viagens “maratoneiras”. Aproveito já para agradecer a todos, este dias espectaculares que me proporcionaram.
Ficam aqui algumas tiradas avulso – algumas são naturalmente private-jokes que tiveram a sua piada na altura – muitas delas tiveram a ver com o nosso “francês” aportuguesado:
“ela é de esperance” – disse o Badolas a um empregado de mesa, tentando explicar que a Sónia estava grávida e que queria água engarrafada e não daquela caneca de água da torneira que ele tinha acabado de colocar em cima da mesa. Acho que Esperança seria um belo nome para a “minha menina”, em honra deste episódio.
“la conta é il que paga” – disse a Samanta a outro empregado de mesa, apontando para o Badolas. Neste caso o empregado entendeu:D
Numa das nossas corridinhas de fim de dia, alguém lançou um “vamos fazer umas series?” ao que o Badolas respondeu “vou fazer series é na cama”….coitado do Pedro Lino!!!
Diz o Zé Miguel num restaurante, depois de comermos umas coisas esquisitas – “o pessoal vai andar de esguincho” – é “esguicho” rapaz…. quem andou de “esguincho” durante a maratona foi ele – terá sido castigo?
Havia muito mais para contar, até fui apontando num papel, mas perdi-o ou alguém mo fanou (aposto no Badolas, pois 90% das tiradas eram dele).
 
 
 
 Conclusões
Mais uma Maratona concluída, e vão 4 em pouco mais de ano e meio. A nível de grandeza e beleza foi até hoje, sem dúvida, a melhor, não existindo comparação alguma com as outras em que participei. O percurso é maravilhoso mas o público é o melhor de tudo – não sei quantas pessoas terão estado na rua, ao longo de percurso a apoiar os corredores de uma forma entusiástica – penso que terão sido umas largas centenas de milhares, de todas as idades e nacionalidades. Tive pena de ver poucas bandeiras portuguesas – esperava muito mais, afinal estima-se que em Paris e redondezas vivam mais de 1 milhão de portugueses – sinceramente não vi isso, o que prova mais uma vez que o Tuga a nível de desporto vive quase só para o futebol. Adorei ver as mãozitas das crianças esticadas a quem dava um High Five sempre que podia e sabe tão bem ouvir os “Allez Carlos” de desconhecidos, e que me davam aquela forcinha extra que tanto jeito faz numa corrida destas. Maravilhosa a Maratona e Fantástica a cidade – aconselho a todos, se um dia puderem fazer esta prova, não hesitem…vale todos os esforços…e levem um grupinho de amigos divertidos.
 
Só tive pena da Inês e da Maria não terem podido ir desta vez – fica para a próxima