sexta-feira

Ultra Trail Geira Romana - inscrito!!!


Abriram as inscrições para a Ultra Geira Romana de 2014....foi aqui a minha estreia nas distâncias acima da Maratona (ler aqui)...não podia deixar de estar presente novamente. Quem estiver a pensar em participar tem que se despachar com a inscrição...as vagas são poucas (250 para a Ultra e 250 para o Trail) e da forma como a moda pegou nesta coisa dos trails não duvido que esgote rapidamente. Estão à espera de quê??? Avançem....

Fortes Fortuna Adjuvat...Avé César!!!!

João Oliveira em 2º lugar na TransOmania 2014


O Ultramaratonista português João Oliveira classificou-se em 2º lugar na TransOmania deste ano. Esta prova disputada em Omã, leva os atletas a percorrer 300km seguidos pelo deserto.

O João liderou a prova durante muito tempo, sendo ultrapassado no final por um atleta sueco, ficando apenas a 2 segundos do vencedor. Impressionante como é que uma prova com esta extensão, é decidida por uns míseros dois segundos.

Participaram 50 atletas nesta prova extrema, tendo 20 chegado ao posto de controlo nr.10 (208km), e destes apenas 3 conseguiram concluir a prova.

Mais um grande feito de um Ultramaratonista português. Relembro que este mesmo João Oliveira venceu a edição da duríssima Spartathlon do ano passado. Que grande atleta, que grande orgulho para Portugal.

Pena é que não tenha apoios nenhuns....esperemos que com mais este resultado, algumas marcas finalmente se interessem pelo João Oliveira - se sem apoios faz o que faz, se tiver algumas ajudas onde poderá chegar?


quinta-feira

Volta a Portugal Solidária - um projecto do João Casal


Aquando da minha participação na Volta ao Porto no passado mês de Dezembro, conheci o João Casal e o seu projecto Volta a Portugal Solidário.

Depois de alguns contactos e esclarecimentos, venho hoje aqui dar a conhecer este projecto, uma espécie de one-man-show, que tem tanto de nobre como espectacular a nível desportivo.  

Deixo-vos de seguida a apresentação do Projecto, que me foi enviada pelo João:

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Projeto

“Volta a Portugal Solidária”

Este projeto surgiu do sonho que João Casal, atleta do Ori-Estarreja (na modalidade de orientação) sentiu em ajudar todos aqueles que mais precisam. João Casal é um atleta que já várias vezes foi Campeão Nacional de Orientação e vive o desporto de uma forma diferente.  O seu sonho torna-se realidade com a realização deste grande evento, vamos tentar angariar o maior número possível de doações, para que ele possa ajudar quem mais precisa.

Daí ter surgido a “Volta a Portugal Solidária”, que consiste em dar a volta a Portugal, a correr, com as seguintes características:

• Correr durante 53 dias, 

• Saídas de 112 cidades ou vilas,

• Chegadas a 112 cidades ou vilas,

• Correr cerca de 40 a 60 km’s diários (divididos em 2 etapas), 

• Fazer cerca de 2.600 km’s, 

• Passar por todos os Distritos de Portugal (18),

• Passar por mais de 150 cidades ou vilas,

• Passar por mais de 800 localidades (cidades, vilas e aldeias).

 

Finalidade:

• Sensibilizar as pessoas para esta causa nobre, tentando criar uma onda de solidariedade a nível nacional,

• Angariar o maior número possível de donativos (não tem que ser necessariamente dinheiro, podem ser bens alimentares ou outros) para ajudar qualquer tipo de Instituições (Crianças, Deficientes, Idosos, Bombeiros, Cruz Vermelha, Animais Abandonados, etc). 

• Os valores angariados serão oferecidos a Instituições escolhidas pelos próprios Municípios, Empresas, Particulares e, poderão ser entregues diretamente, sem ter que passar por mim. 

• Todos os restantes valores de vendas de t-shirt’s ou donativos que não mencionem nenhuma Instituição reverteram para uma Instituição escolhida por todos nós (todos os que deem sugestões) no final.

 

Dados do Projeto “Volta a Portugal Solidária”

• Dados da conta:  

NIB:  0033 0000 45444939508 05

IBAN:  PT50 0033 0000 4544 4939 5080 5

BIC/SWIFT: BCOMPTPL


• Telefone:  933262504

• Página de facebook: https://www.facebook.com/joao.casal.96

 

Entidades / Empresas / Particulares aderentes ao Projeto:

- Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa

- Padre Ferraz (Vila Nova da Foz Côa)

- Federação Portuguesa de Orientação (FPO)

- OriEstarreja

- Associação Cultural e Desportiva os Ílhavos (Secção de Trail)

- Dr. Carlos Neves

- Nutricionista Filipa Vicente

- Decathlon Matosinhos & Kalenji

- Decathlon Matosinhos & Aptonia

- Adicional Logistics

- Correr por Prazer

Etapas


Merchandising
T-Shirts a € 7,50

Mascote a € 10

Porta-Chaves a € 1,50


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Pessoalmente acho espantoso o que este homem está a fazer. Sei que já está a trabalhar à quase um ano no projecto e além de toda a organização do evento ainda tem que encontrar tempo para treinar e se preparar devidamente para esta empreitada.

Quem puder e quiser, dê uma ajuda ao João, seja de que forma for. Comprem uma T-Shirt. um Bonequinho ou um Porta-Chaves, ou participem numa das etapas (basta para isso informar o João via mail) contribuindo com o que quiserem e puderem. Divulguem o projecto!!!

Qualquer dúvida tem os contactos dele (ver mais acima), liguem-lhe, mandem um mail que o João terá todo o gosto em responder às questões.

Eu já encomendei a minha T-Shirt, e o nosso Clube Atletismo de Lamas está a mobilizar-se para nos juntarmos em uma ou mais etapas e contribuir com o que pudermos.

Este é mais um exemplo, em como a correr podemos ser solidários.

Força João Casal!!!

terça-feira

Isto é Trail...os meus Trilhos dos Abutres


É 6ª feira à noite, estou em casa dos meus pais a festejar mais um aniversário do meu Pai – não consigo arranjar posição, estou todo lixado das minhas costas….a semana na Alemanha, o quente e frio constante, carregar amostras, andar de carro e as viagens de avião puseram-me neste lindo estado…como é que vou enfrentar os 47km dos Abutres neste estado? Só a minha Inês me poderá salvar….um pouco mais tarde, perto da meia noite já em casa, com as meninas a dormir e Inês põe-me as mãos (nada disso meus malandrecos, só para fins terapêuticos J)…quando me levanto sinto algum alivio, mas a impressão continua lá…eu vou, depois logo se vê.

São 3.30h e o despertador toca…check às costas…hmm, ainda sinto uma impressão mas estou bem melhor…pouco depois apanho o Badolas em Fiães e seguimos para a estação de serviço de Ovar (na A29) onde ficamos de nos encontrar com o Gil (que nos presenteou com um mapa da elevação do percurso plastificado – tás aprovado, para a próxima quero um a cores por fvr J) para seguirmos então até Miranda do Corvo, uma viagem que se fez em pouco mais de 1h. Chegamos ao Pavilhão Municipal ca.6.15h, e além de um enorme staff da organização, havia apenas um ou outro atleta presente. Por isso, quando chegou a hora do levantamento dos dorsais, para nós foi simples e rápido. O resto do tempo até à hora da partida passou num ápice, cafezinho, dar uma volta pelos stands de vendas que lá estavam, equipar, casa de banho e já estávamos a fazer o controle zero (com controle do equipamento obrigatório) e a entrar na zona de partida.  
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O pavilhão começou a encher-se de atletas…impressionante o nível dos equipamentos da maioria dos atletas presentes…relógios, sapatilhas, bastões, casacos e calções, tudo xpto, equipamentos de compressão, mochilas, cintos…as marcas arranjaram no Trail um belo filão para explorar. No fim, algum deste equipamento ajuda naturalmente, mas são as perninhas (e o resto do corpo) que fazem a diferença, e ainda bem.

Ali estava eu, no meio daquele montão de atletas bem-dispostos que iriam enfrentar uma das provas de Trail mais procuradas em Portugal, e que esgotou em poucos dias. Estava bastante calmo, aliás, desde que me inscrevi para esta prova que a encarei de forma tranquila, o que não quer dizer que me tivesse desleixado. Não treinei especificamente para os Abutres (nem sei como o deveria fazer), fui correndo por aí como sabia e podia….como sempre, logo me havia de desenrascar. Tinha combinado com o Badolas, fazermos mais esta aventura juntos, e íamos encarar a coisa por fases, de abastecimento em abastecimento.
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A partida foi dada por volta das 8h nas traseiras do pavilhão, estávamos ainda na conversa e nem dei por qualquer tiro ou outra forma de dar a partida. Estávamos no último terço do pelotão e quando vimos a malta a começar a correr fomos atrás. Desejamos boa sorte uns aos outros e foi a última vez que vi o Gil durante a prova…zarpou dali para fazer um grande resultado. Estava tão distraído que só me lembrei de ligar o GPS já levava algumas centenas de metros feitos…
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Aqui o percurso com a elevação, para terem uma ideia…


Os primeiros 4 a 5 km são feitos a correr, primeiro pelas ruas de Miranda do Corvo, depois pelo Parque Biológico para finalmente entrar nos trilhos da serra da Lousã. Mentira…nem sempre a correr, porque nestes primeiros km o pelotão está muito compacto, e em certas zona mais técnicas afunila e pára…foram 3 ou 4 paragens, chegando num caso a ser de alguns minutos….sem stress, porque a malta tinha tempo…
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…após os 5 primeiros km, começa a subir…é aqui que começamos a ter o primeiro “cheirinho” do que iremos encontrar nesta prova…lama, muita lama, tanta que as sapatilhas enterram totalmente em muitos locais e é uma sorte não ficar sem uma sapatilha no meio daquele lamaçal…engraçado ver alguns atletas a tentar contornar esta questão (com pouco sucesso diga-se) – o meu amigo Badolas como não podia deixar de ser, era um deles J … não adianta, é inevitável sujar e molhar os pés…
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....pouco depois chegamos a Vila Nova para o primeiro abastecimento aos 10km…
...aqui na companhia do grande Rui Pinho...leiam o texto sublime dele sobre esta prova aqui
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... estávamos a 100% como não podia deixar de ser, ritmo controlado, sem excessos. Foi aqui que saquei a minha caneca especial* pela primeira vez….
*a organização não disponibilizava copos nem garrafas…por isso era obrigatório levarmos um recipiente…andei à procura lá em casa e encontrei esta caneca que a Maria usou muitos anos…ideal, porque achava que me poderia ajudar mentalmente quando as forças começassem a faltar…(xxiuuu…pode ser considerado doping e ainda me desclassificam J):
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…comi e bebi, não que tivesse fome ou sede, mas porque sei que o devemos fazer antes que tenhamos fome ou sede. Banana, Marmelada, Amendoins salgados e água…bela mistura, hein!!  

Acabou-se a brincadeira…ia começar a dureza mais a sério. Pouco depois do 1º abastecimento e depois de passar uma aldeola, enfiamo-nos nuns trilhos estreitos a subir a pique, que nos levariam a escalar ca.500m D+ em menos de 5km, com muitos obstáculos (vegetação densa, lama, raízes) para ultrapassar…difícil mas eu continuava bem…a progressão era muito lenta…apercebi-me aqui, que as 5h de tempo limite até à Sra.da Piedade ao km 25 não seria assim tão fácil de cumprir.
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Foi neste troço que voltei a sentir aquela dor no pé direito que me assolou na UTAM em Novembro passado…fonix…outra vez não (nos treinos nunca me dá o que é estranho)…felizmente desta vez não foi constante, a dor ia e voltava. Ainda tínhamos margem mas não nos poderíamos distrair….para chegar a Mestrinhas ao km 18 (a quase 1000m de altitude) onde estava instalado o 2ª abastecimento, tivemos que descer, subir, descer e voltar a subir junto a cursos de água por trilhos duríssimos, com muita pedra, muitas partes onde tínhamos que usar as mãos e os pés, tanto apara subir como para descer…fiz “skú” e “ski” várias vezes…tudo servia para progredir…fartei-me de me picar nas mãos com a vegetação presente, e foi nesta parte que tive as primeiras duas quedas, sempre em descidas e sempre de “bate cú” sem consequências de maior, a não ser os respectivos sustos J Nesta fase passamos alguns atletas…subimos sempre numa cadência certinha e forte, mesmo que quase sempre a caminhar.
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No abastecimento de Mestrinhas voltei a comer e a hidratar-me, focando nas bananas (dou-me bem com elas). Não perdemos muito tempo, para não arriscar chegar à Sra.da Piedade com mais de 5 horas.

A partir daqui era essencialmente a descer…mas desenganem-se, não era mais fácil do que subir. Mas antes de descer ainda subimos ao ponto mais alto do primeiro grande cume do percurso…nevoeiro cerrado não permitia desfrutar das vistas, vento e frio faziam-nos querer sair dali o mais rapidamente possível…
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....e lá nos lançamos por descidas ingremes, junto a uns cursos de água, algumas cascatas, sempre por trilhos muito técnicos, muita pedra molhada, lama e zonas perigosas que obrigavam a uma atenção e concentração máxima…algumas zonas tinham cordas para nos ajudar a ultrapassa-las.
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A travessia do rio era feita ora em pontes improvisadas de troncos de árvores, ou mesmo pela água...já mais perto da Sra.da Piedade, as últimas descidas eram em terra batida e de grau de dificuldade menor…dava para correr, e eu farto de ser ultrapassado (como sempre acontece nas descidas), decido-me a tentar descer mais rápido, soltar-me e não ir sempre a travar….consigo embalar e estava a dar-me um gozo enorme, de tal forma que comecei a abusar e numa curva PIMBA…”bate cú” novamente…o meu joelho à “Mantorras” cedeu e catrapimba…desta vez assustei-me mesmo, pq fiquei com a perna direita dobrada debaixo do rabo…felizmente foi só susto e não me magoei, mas serviu de aviso…com o meu joelho direito não há milagres…é como uma suspensão partida…todo o cuidado é pouco. Á nossa frente uma escadaria, para subir até à Sra.da Piedade para o controle e abastecer…
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...4h50min…tínhamos conseguido chegar dentro do limite. 25km feitos. Estava com pena de muitos atletas que ainda vinham mais atrás, entre eles gente ilustre do nosso pelotão como o Joaquim Adelino e a Analice – fiquei muito contente por no fim saber que a organização tinha tido o bom senso de alargar o tempo para 6 horas, permitindo a muitos atletas completar a prova. Neste abastecimento estivemos mais tempo, tirei as sapatilhas para retirar pedras e areia do interior. Bebi um chãzinho verde, comi uma sopa que me soube às mil maravilhas, marmelada com amendoins salgados (hmmm), batatas fritas e claro, bananinha.
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Antes de zarparmos ainda nos lembraram que tínhamos 4 horas para chegar a Gondramaz. 4horas para fazer 10km??? Vai ser bonito, vai vai…
último sorriso antes do "sofrimento"
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Mal saímos do abastecimento, para voltarmos aos trilhos tínhamos que passar uma ponte de Madeira, e aqui o vosso amigo ia na risota com o Badolas…no fim da ponte, zás…catrapum…catrafod…mais um “bate cú”, desta vez escorreguei na madeira…mas tb mais uma vez apenas susto…não se pode facilitar…ficou-me na retina um atleta que vinha atrás de mim e se riu da cena como um perdido – gozar com o velhinho manco devia ser proibido J.
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Começa aqui uma subida daquelas…serão 5km a subir para vencer o 2º grande cume do percurso (outro acima dos 900m)…os primeiros km são junto ao leito de um rio, trilhos muito bonitos que se caracterizam pelas muitas cascatas lindíssimas que vamos encontrando….
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...volta a pedra molhada, a lama, o furar vegetação densa, andar de 4, saltar de pedra em pedra, atravessar o riacho várias vezes…aqui sim, pela primeira vez comecei a sentir a energia a ir-se…não esgotado, mas a ficar bem mais fraco à medida que o tempo ia passando…mesmo assim continuávamos a subir a bom ritmo e a ganhar posições. Os últimos km desta enormíssima subida já são em terra batida que permitem uma progressão mais rápida (se é que se pode falar em rapidez no nosso caso)….ca. dos 30 km chegamos ao cimo da serra…novamente muito vento, frio e nevoeiro tão denso que mesmo estando ao lado das eólicas, não as conseguimos ver…apenas ouvíamos o som das pás a rodar o que dava um ambiente enigmático àquele local.
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esta cara diz quase tudo....
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Um pouco mais à frente o abastecimento dos 30/31km, instalado no centro de BTT. Estava demasiado frio para estar ali muito tempo…uma bananita, um pouco de marmelada, apanhei umas batatas fritas e siga para bingo….faltavam 5km para Gondramaz e estávamos com grande margem para lá chegar.
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Os primeiros km são a descer, e apanhamos uma das zonas mais bonitas do percurso em minha opinião. Trilhos com o piso fofo (uma espécie de moliço), que percorriam um bosque, como uma serpente…podia-se correr quase sem perigo…nada de lama, nada de raízes…aquilo é que foi dar à sola…aproveitar ao máximo para progredir…não sei bem, mas deve ter sido durante uns 1,5 a 2km de corrida, corrida essa que nos revigorou…tínhamos mais de 30km nas pernas e estava com as baterias carregadas novamente. Depois voltamos aos trilhos mais técnicos, novamente junto ao rio, novamente muita pedra, lama (como eramos do último terço do pelotão os trilhos já estavam “desfeitos” de tantos pés que por ali tinham já passado)…esta parte tinha zonas muito perigosas, onde todo o cuidado era pouco. Tivemos que passar em zonas, onde se nos desequilibrássemos, a queda seriam de uns metros valentes…algumas dessas zonas tinham cordas ou cabos (até correntes metálicas) para ajudar, mas nem todas…e se acontecesse ali alguma coisa, no meio daquela autentica “selva densa”, não sei como é que se conseguiria retirar alguém dali…mas isto é o Trail, e quem vai para uma prova destas sabe (nem todos) para o que vai. 
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Depois de muito descer, vinha agora a subida do Penedo dos Corvos, para mim com as zonas mais técnicas e difíceis de transpor e sem dúvida as mais perigosas. Eu que até nem gosto muito de alturas, para minha surpresa consegui superar bem esta fase, que me retirou bastante energia.
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Para chegar a Gondramaz tivemos ainda de subir uns trilhos em terra batida, onde a dificuldade era “apenas” a inclinação. Foi nesta fase que o Badolas ficou um pouquinho para trás…disse-me “estou esgotado!!!”….a cara dele estava tão branca que parecia CAL (hehehe…não resisti a esta chalaça)….
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....apenas lhe disse que estávamos mesmo a chegar ao abastecimento de Gondramaz (35km), reduzimos um pouco o ritmo e pouco depois lá estávamos a refastelarmo-nos com mais uma sopa, batatas fritas, marmelada e banana – ganda mistela, mas que funcionou, o Badolas estava de volta J

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Gastamos pouco mais de 2horas para chegar a Gondramaz, quase metade do tempo que nos davam, pelo que agora tínhamos uma margem grande para chegar ao fim dentro do tempo limite (12h).

Agora seria sempre a descer até Miranda do Corvo…pois…mas voltaram o mesmo tipo de trilhos como anteriormente, perigosos, pedra, lama, água…passamos o rio vezes sem conta de um lado para o outro, sempre por troncos de árvores….para ser sincero, esta fase já me estava a chatear…porra…sempre o mesmo tipo de paisagem, sempre o mesmo tipo de obstáculo…fod.-se, cara… estava já cansado, mas mais psicologicamente do que fisicamente, e por isso com dificuldades em concentrar-me.
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Como era a descer lá fomos ultrapassados por mais alguns atletas…numa obstáculo mais complicado, escorrego e dou o 5º “bate cú” da minha prova, mas desta vez ao cair embati com o ombro esquerdo numa rocha…uiii…esta doeu…iam 4 atletas à minha frente a 2 ou 3 metros mas ninguém se apercebeu do meu tralho. Não partiu…sigaaaaa. Mais do mesmo…até que, surpresa das surpresas…trilhos estreitos, a descer ligeiramente só com algumas raízes…yeeesss, dá para correr….faltavam sensivelmente uns 8 ou 9 km, olhei para o relógio e disse ao Badolas que se desse para correr até ao fim que poderíamos ainda chegar ao fim abaixo das 10 horas. Foi a motivação extra que precisamos para os km finais.
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Mesmo depois de quase 40km de luta, ainda tínhamos força para correr bem abaixo dos 6min/km, o que me parecia supersónico. Incrivelmente sentia apenas as pernas um pouco pesadas, de vez em quando dava-me a tal dor no pé direito e uma ou outra picada nas costas…de resto impecável. Não tardou, chegamos ao abastecimento de Espinho, ao km 40. Faltavam agora 7km…o Badolas quis parar para beber água…estivemos ali 1 minuto no máximo e seguimos viagem….agora eram estradões em terra e alcatrão…nesta fase veio ao de cima a nossa veia estradista…conseguimos ultrapassar vários atletas…íamos muito bem, e pelas minhas contas dava para chegar antes das 10h. O problema é que voltamos aos trilhos, junto a uma levada, em que algumas zonas tinham lama…ainda era de dia, mas a luminosidade de fim de dia, aliada ao facto de eu ser meio cegueta e não correr com os meus óculos, obrigava-me a cuidados redobrados…lá nos fomos aguentando até finalmente entrarmos em Miranda do Corvo…

Faltavam 3km segundo o meu relógio, o Badolas diz-me que tem que reduzir, que já não aguenta…eu olho para o relógio e digo-lhe que falta pouco, para fazer um último esforço…perto de um parque, numa rotunda, quando no meu relógio faltam 1,5km e o Badolas me diz que não rebentar, aparecem dois elementos da organização a dizer que faltam apenas 500m…???...foi como um bálsamo, deu aquela energiazinha que faltava ao meu amigo…agora tínhamos a certeza que íamos chegar dentro das 10 horas…no fim a “maldade” habitual dos organizadores de Trail…uma subida curta, mas muito ingreme para chegar ao Pavilhão Municipal…subo a passo, mas forte…vou olhando para trás e o Badolas lá vem a arrastar-se por ali acima (este meu amigo é uma força da natureza – mais à frente já vos explico porquê)….já se avista o Pavilhão, e quando entramos pela porta das traseiras somos surpreendidos por um pavilhão cheio de gente….estava a decorrer a entrega dos prémios…passamos o pórtico de chegada juntos, aplaudidos por aquela multidão como se tivéssemos ganho a prova...
"os cromos"....hehehe..
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 ….não sei como vos explicar por palavras o que senti ao passar aquela linha, depois de vencer uma empreitada desta envergadura…é indiscritível…tinha acabado de concluir apenas a prova mais dura a que me sujeitei até à data, e ali estava eu, ainda com energia para fazer mais uns km (a sério que ainda podia continuar)…incrível.

O Gil veio logo ter ao nosso encontro – tinha feito a prova dele em 7h41min….eu não digo que este moçoilo ainda vai dar muito que falar…ando eu a treina-lo e depois só o vejo à partida J

Tempo para um banhinho e regressar logo a casa, para junto da mulher e filhas. Apenas depois do banho, de ter arrefecido é que comecei a sentir o empeno “abútrico”…especialmente nas pernas e costas. Faz parte….isto é Trail J

Em relação à prova….é duríssima, muito técnica chegando a ser perigosa em muitas situações. Acho que é uma sorte ninguém se ter lesionado gravemente (que eu saiba). Mas volto a dizer….isto é Trail, puro e duro, e quem vai para ali sabe ao que vai (pelo menos a maioria). Não é por acaso que é considerada uma das provas de Trail mais duras em Portugal. Não é prova para se apreciar as “paisagens”, porque há que ter muita atenção e máxima concentração no chão que se está a pisar. A organização da prova é excelente, o pessoal todo é de uma simpatia enorme, as marcações, os abastecimentos, a água quente para o banho no fim…tudo impecável. Talvez pudessem colocar mais algumas cordas em certas zonas perigosas, mas isso já sou eu, que sou inexperiente neste tipo de provas, a dizer. Se duvidas existirem em relação a esta prova, basta ver a quantidade de atletas de renome do Trail em Portugal presentes…estavam cá quase todos….acho que atesta a qualidade desta prova. Se vou voltar? Agora que já passaram dois dias respondo que sim, um dia volto de certeza…mas antes quero conquistar outras provas.

O meu tempo oficial foi de 9h56min, classificando-me em 435º lugar entre 507 atletas que finalizaram a prova. O meu objectivo era o de chegar ao fim o que foi atingido. Olhando agora para o tempo que fiz, acho que foi bem bom e tb por isso estou muito satisfeito.

O vencedor da edição deste ano foi novamente o Nuno Silva da Desnível Positivo em 4h44min??? Como é que é possível? É sobre-humano…um dia destes vou apenas assistir a uma prova destas para ver os primeiros a passar.

Gostaria ainda de destacar a prova que o meu amigo Gil fez – 7h41min é absolutamente fantástico, para quem recomeçou a correr à pouco mais de um ano. Muitos, muitos parabéns. E isto não acaba aqui, a margem de progressão é enorme…ele ainda está a começar J

Não podia deixar de me referir ao meu amigo de mais esta aventura, o Badolas. Acreditem se quiserem….ele não treina….para mim, fazer uma corrida por semana, às vezes nenhuma, outras vezes 2…não é treinar. Chegou aos Abutres com uma dúzia de corridas de 8 a 10km nos últimos 2 meses…. ainda à duas semanas teve que ir ao hospital onde lhe detectaram uma gastroenterite aguda, e anda medicado. Um gajo destes, chega aqui e faz esta Ultra dura como o caraças, e só mesmo no fim é que lhe acabam as pilhas??? Vai-te encher de pulgas Badolas, vai gozar com o caral… um gajo esfola-se todo para poder fazer estas aventuras e este cromo, borrachola chega aqui nestas condições e faz igual J Obrigado pela companhia mais uma vez. Juntos somos mais fortes.

Uma última palavra para a minha Inês…não fosses tu, eu não teria conseguido. Essas mãozinhas valem ouro. Muito obrigado Morzão J

E com isto o nosso CAL tem mais 3 Ultra Maratonas no currículo....
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uns calções e as meias de compressão foram pró galheiro...fica cara a participação nestas coisas....mas ISTO É TRAIL!!! Venha o próximo...
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