Não
vos vou obrigar a ler este texto até ao fim … se querem saber como é o PR3 proposto
pelo Centro de Trail de Penacova do Carlos Sá digo-vos já aqui e agora …
absolutamente fenomenal de princípio ao fim, desafiador, diversificado, cheio
de pontos de interesse, duro, lindo e muito mais … e não estou a exagerar. Ainda acrescento que não andamos 500m sem encontrar algo de interesse, sempre ...dizem que ca.40% são em single tracks, eu no fim fiquei com a sensação que deve ser o dobro ... impressionante. Pronto, agora já podem ir … ou se quiserem saber mais alguns pormenores podem
ficar mais um bocadinho.
Se
só se interessam pelo que tenho a dizer sobre as minhas novas sapatilhas de
trail, as Saucony Peregrine St, podem fazer scroll até mesmo ao fundo desta
posta. Não estejam à espera de um review todo xpto à profissional porque eu não
percebo nada disto – estão avisados. Sigaaa ….
Já ando para comprar umas sapatilhas de trail há algum tempo, uns meses até. Mas como até nem tenho ido assim tanto para a serra e como tem estado bom tempo, as minhas velhinhas Ultra Raptor ou até as sapatilhas de estrada tem quebrado o galho. Com a data das Voltas do Impossivel a aproximar decidi finalmente abrir os cordões à bolsa e fui até à Freedom Outdoor a Espinho buscar umas Saucony Peregrine St que o Américo me aconselhou. Mal as calcei na loja senti um conforto extraordinário … apenas tive alguma dificuldade em ajustar o sistema de atacador pois eu sou old school e não muito dado a modernices 😉. O pitão um bocadinho alto fazia adivinhar falta de aderência em pedra molhada, mas o facto de ter uma entresola metálica foi um dos argumentos que eu procurava … não quero sentir as pedras na sola dos pés. Sabendo que os trilhos da Freita tem muita pedra, muita fraga era mesmo isto que eu precisava. Vão estas …
Depois
de uma semana de tempo bom, mesmo o sábado nunca deixou adivinhar o que as
previsões diziam para domingo … chuva intensa. Deitei-me perto da meia-noite e
nem sinal de chuva. Mas as previsões estavam certas … acordamos às 6h30 com
chuva torrencial lá fora - fui à janela espreitar se havia vento … zerinhos …
ainda bem, chuva e vento é um cocktail explosivo. Não conhecia a zona de
Penacova mas sabia que a altitude máxima do percurso seria de 350m … tranquilo …
se fossem serras com muita altimetria talvez tivesse deixado o treino para
outro dia … assim não. Siga para Penacova.
Éramos
4 … a Pikinita que anda a treinar para uma aventura das grandes 😉, o Flávio e a Teresa que entre outras
terão os 30km da Serra Amarela daqui a menos de 2 meses. Equipinha de luxo!!! Da
Feira à Praia do Reconquinho onde se localiza o Centro de Trail de Penacova e de onde
saem todos os percursos é ca. de 1 hora de carro … escolhemos o PR3 que no site
diz serem 27km e no local 23km … a altimetria bate certo, ca.1000m D+ que pelo
gráfico serão feitos praticamente todos nos primeiros 10km … medo 😉
Chovia
pra caraças quando arrancamos … primeiro km sempre junto ao rio, depois atravessar
um lugarejo de uma aldeola e siga para as serras em single-tracks … temos que
dividir claramente o percurso em 2 …
Esqueçam
… são brutos, bastante técnicos de grau de dificuldade grande em algumas partes
e um autêntico mói pernas … o meu relógio apontava 1100mD+ quando chegamos à
zona dos Moinhos com pouco mais de 10km – são sensivelmente 10% de inclinação
média, até mais porque o primeiro km é plano. Demoramos 3h30 para lá chegar … é
lógico que não fomos em ritmos mais acesos e que íamos parando para apreciar o
que o percurso nos dava, mas tb não andamos a dormir … a partir do 1,5km entras
nos montes que circundam a zona de Penacova e praticamente sempre em single-tracks
ingremes (tanto os que subiam, como um ou outro a descer) … o percurso leva-te
aos miradouros todos dali, circundando Penacova e dando-te perspectivas diferentes
da mesma zona. Foi assim no “avião” do miradouro da Carvoeira, depois no mirante
Emidio da Silva e na Pérgola Raúl Lino. Para chegar de uns aos outros cada
trilho mais bonito que outro, sempre com algo pelo meio para apreciar … é tb
nesta fase que se passa pelo centro de Penacova, antes de subir ao último dos
miradouros sobre a Vila, o miradouro de Castro …
A
partir daqui o percurso já “foge” para fora … sem nunca perder o interesse. Na
descrição no site fala em ca.40% de single tracks … quem vai ali embrenhado
como nós íamos nem se apercebe que alguma vez tenha saída de single-tracks …
apenas alguns caminhos rurais ou mesmo estradas para nos levar a passar lugares ou pequenas aldeias mas sempre com um objectivo de nos mostrar algo de interesse como
os Fornos da Cal onde aproveitamos as mesinhas para descansar um pouco e meter uma sandocha de
presunto no bucho … é que a maquina não anda a ar e vento.
O
tempo estava muito incerto …depois de chuva torrencial ao inicio, ia
intercalando chuva menos intensa com apenas alguns pingos ou mesmo umas
aparições tímidas do sol, sempre de pouca dura. Achei piada às meninas … sempre
que o sol aparecia e a temperatura aquecia elas paravam e tiravam o impermeável
… demorava 5 minutos e começava a chover e era vê-las a vestir o impermeável
novamente … repetiram isto umas quantas vezes durante o dia 😊
Pelas
minha contas estaríamos a ca.2km dos Moinhos de Gavinhos e ponto de viragem para
a 2ª parte do percurso. Como já estávamos praticamente a bater nos 1000m D+
achei que não iria subir muito mais. Mas enganei-me .. subiu e não foi pouco.
Para conquistares os Moinhos tens a subida mais difícil, escalar por pedra
muito inclinada usando mãos e pernas e mais o que for preciso … nada fácil mas
vale cada cm conquistado…
Cá
estão eles … espectaculares … ainda estivemos algum tempo a apreciar os moinhos
e a zona circundante … o problema é que começou a chover novamente e estando
ali expostos rapidamente arrefecemos … siga que se faz tarde.
Dos
10km aos 26km
Agora
entramos na 2ª parte do percurso que é totalmente diferente da primeira. Além
de ser maioritariamente a descer (tem algumas pequenas subidas) o tipo de
trilho também muda um pouco, muito menos técnico, menos dificuldade. Fizemos
estes km praticamente sempre a correr, a ritmos comedidos, mas tb íamos parando
muitas vezes porque a ideia continuava a ser apreciar o que nos era oferecido
de bandeja … e não era pouco 😊 … para terem uma ideia fizemos estes
16km em menos de 2h.
Depois
dos Moinhos fomos até ao Lorvão com o seu majestoso Mosteiro. O percurso é
muito junto a ribeiros, muitas levadas, muito verde, musgo, campos e casas
antigas, ruínas de moinhos, animais de pasto e correr sobre muros … em sentido
contrario malta do btt com dorsais … está a realizar-se uma prova. Todos muito
simpáticos, há sempre uma troca de um “bom dia”, uma “força” e muitos deles
dizem-nos … “já falta pouco” …
Uns poucos km mais à frente percebemos o “já falta pouco” … a prova deles saía e chegava de Lorvão, e realmente para lá chegarmos faltava pouco.
Mas nós iriamos seguir viagem,
uma viagem que continuou por levadas, depois por uma floresta densa de volta às
margens do rio Alva (afluente do Mondego, acho eu 😉) … os últimos km são nas suas margens …
depois de uns km ao sol voltava a chuva forte que tal como na partida apareceu
para nos receber na chegada … mas não interessava nada… o que importava era que
chegamos cansados mas de sorriso de orelha a orelha …espectacular percurso …
podem voltar para cima e ler o primeiro parágrafo e depois voltam para aqui,
ok?.
Parabéns
aos responsáveis por este percurso .. apenas perfeito!!! O que também é perfeito
são as marcações … impossível alguém se perder. Um verdadeiro hino a como
marcar um percurso que devia servir de exemplo … não só as marcações, os locais
onde estão colocadas cada uma das marcas ou cada placa, também os materiais com que
foram feitos … excelente.
Resta-me
dizer que vou voltar … existe um percurso de 42km que neste momento está
interdito. Logo que seja reaberto vou lá experimentar.
Saucony Peregrine ST
As
minhas Peregrine ST confirmaram o conforto que senti quando as calcei na loja.
Parecem luvas. A estabilidade que oferecem a descer ou mesmo a subir é excelente,
não se sente o piso mesmo sendo muito empedrado e a aderência em terra ou mesmo
lama é fantástica. São leves. A cor que havia e eu trouxe é um cinza claro … e
pensam vocês e muito bem … “e a sujidade”? O tecido não “agarra” sujidade, uma
passagem simples por água e estão novas. Apesar de novas, de um percurso sinuoso
e muito técnico, com descidas acentuadas que me faziam bater os dedinhos na
frente, apesar de muita pedra e água, apesar de mais de 5 horas ao serviço, os
meus pezinhos saíram delas sem qualquer mazela. Zero bolhas, zero dores, nada
de nada. Mas são perfeitas? Não … não são. Tem um problema … com pedra molhada,
calçada antiga, paralelos com verdete parece que estamos numa pista de gelo,
não escorregam, patinam … um perigo. Houve zonas em que andei agarrado aos
muros, escalar pedra era com máximo cuidado … e não são todas assim … as Akasha
da Pikinita, as Salomon do Flávio ou mesmo as Karrimor da Teresa não escorregavam
assim. São perfeitas para trails em tempo seco (pedra seca é sem problema) …
para trails com pedra molhada a solução passará por outras.
Eu
avisei que não percebia nada de equipamentos 😊
Admito, só li a parte Saucony mas apenas para confirmar que eu não estava maluco… Em janeiro, num dia chuvoso, eu tentei descer a corticeira, mas logo nos primeiros metros comecei a senti-las a escorregar, a certa altura nem parado conseguia ficar porque tinham perdido toda a aderência de tal forma que tive de descer agarrado ao muro.
ResponderExcluirOlhó Silvério :) ... lololol ... consigo imaginar isso muito bem pois eu andei no centro de Penacova em descidas muito menos acentuadas a fazer a mesma figura. O no alto do Castro, se não estivesse agarrado a umas cordas a esta hora provavelmente não te estaria aqui. Abraço
ExcluirRelato perfeito, como sempre!
ResponderExcluirGosto tanto de ler estas reviews dos trilhos... dá sempre vontade de calçar as sapatilhas e ir lá logo fazer :)
Conheço +/- essa zona e sei que é perfeita para umas horas bem passadas na natureza.
Quanto ás saucony, também já tinha percebido isso por ler outras opiniões. É uma decisão difícil na hora da compra porque penso não existir nenhum modelo/marca que se adeqúe perfeitamente a tudo; fisionomia e terreno.
É perder a cabeça e comprar 1213548679641 pares de sapatilhas... sim, sapatilhas, que ténis é um desporto :)
Parabéns pela "posta"!
Ansiosa pelo relato daquela que dizem ser impossível.. a ver se é desta que fica algum nome imortalizado na rocha de xisto :)
Dankeschön!!! Ao contrário do alcatrão é como dizes, não existe a sapatilha perfeita para trail porque as varáveis são muitas. Mas acho que com dois pares bem escolhidos consegues ... e estas Saucony ST são um desses dois pares ;) ... não me acredito muito que seja desta lá pelas Voltas do Impossivel ... imagina os que foram no ano passado e nem perto chegaram? Mas veremos ... duas voltinhas e já ficava contente :):):)
ExcluirBela posta!
ResponderExcluirComeçando pelo inicio, não sabia que o Carlos Sá mantinha Centros de trail! Ah, ignorância.
Esse trajecto parece mesmo bom, embora não para mim, actualmente.
Seguiram apenas as marcações ou tinham o percurso no GPS?
Têm uma trupe para fazer a N2 de bicicleta? Espectacular!
Deve ser mesmo muito bom, também.
As Peregrine...tenho um compadre com elas e só tece elogios mas não me parece que pedra molhada seja o que ele mais apanha (calçada para chegar aos trilhos talvez).
As ultimas luvas que tenho para alcatrão são as Saucony Triumph 18 e aquilo é fantástico mesmo, são super confortáveis mas ao mesmo tempo não têm aquela sensação amorfa que por exemplo as Kayano tinham. Tentei intervalar com as já bem gastas Asics Nimbus e...ok, até estar mais em forma mantenho-me apenas nestas.
Parecia que as Nimbus não tinham amortecimento :)
Claro que para pessoas mais em forma e leves estas sejam um pouco trambolhão.
Isto tudo apenas para dizer que fiquei fã da marca.
Claro que não são perfeitas e com esses tacos, agarrar em pedra molhada ou na nossa fantástica calçada seria muito difícil.
E essas assim, branquinhas, dá para te verem ao longe :)
Parabéns a todos pelo "passeio".
Aquele Abraço.
Ora bem,
Excluirseguimos apenas marcações que são apenas perfeitas - é impossivel te perderes.
Sim, há 4 malucos que vão fazer a N2 de bicla ... quer dizer 3 vão de bicla e um de autocaravana a acomanhar. Vai ser bonito ...
Ontem voltei a experimentar as Peregrine, desta vez no Quintal dos Pernetas que tb tem alguma pedra, tavessia de rios e coiso. Mantenho a opinião que são fantásticas em conforto e coiso ... 25km de água, lama e 1400mD+ em inclinações brutas tanto a subir como a descer ... os meus pezinhos sairam de lá impecáveis. E na pedra que encontrei por caminho não escorregaram desta vez ... tb tenho a dizer que a pedra estava muito molhada, quase lavada de tanta chuva dos últimos dias. Quando é a tal calçada ou pedra com verdete escorrega que se farta ...
... e não são brancas, são cinza claras que faz toda a diferença :P
Abraço forte