Ainda me doem as pernocas da brincadeira de domingo
passado. Fodaice!!!
Fui estrear-me em trilhos pelas bandas de Santo Tirso e
Paços de Ferreira – nunca tinha andado por aquele montes e lá fui ao STUT na
distância mais longa, os 50km. Há umas poucas semanas andei a estudar o
calendário de trails para encaixar uma ou outra prova como treino para a minha
grande aventura deste ano. Os filtros usados para estes “treinos” são a
distância (relativamente perto de casa e se possível distâncias ultras que me
obriguem a andar muitas horas pelos montes) e que se encaixem nos dias que tenho
livres ao fim de semana. O STUT 50km encaixava que nem uma luva para um
primeiro “treino longo” em prova e levei a Pikinita comigo J
Só na 6ª feira antes é que fui analisar melhor o que nos
esperava … sabia que seriam 2400mD+ mas não sabia era que o ponto mais alto do
percurso era apenas a 500m de altitude … hmmm … é tipo quintal dos Pernetas,
vai ser um carrocel, mastigar-nos aos poucos e quando nos apercebermos estamos
lixados … estive a analisar os tempos de corte ao pormenor, ver que ritmo
necessitávamos fazer para cumprir … dependeria muito do tipo de terreno, mas
mesmo não parecendo muito apertado não se poderia descuidar muito o relógio … o
tempo apontava para chuva a partir das 13h … tudo ok, venha ela J
A nossa prova começava relativamente tarde para uma ultra
… 8h45 … como Santo Tirso distava apenas uns 60km de casa a coisa foi
tranquila. Não foi preciso levantar muito cedo. A prova parte da Fábrica de
Santo Tirso que tem imenso espaço para toda a logística que envolve uma prova
destas que teve mais de 2000 participantes. Estacionar lá dentro, levantamento
dos dorsais rápido e encontrar os restantes Pernetas (uns para correr, outros
para promover os Trilhos dos Pernetas).
temos que ser uns para os outros
este moço de rosa não nos larga :)
Montemorrows e CAL nos 50km
33 são 3x11 … hehehehe
topem o emplastro do Américo ...
O tempo passou rápido e estava na hora
de começar a aventura. Tinham-me falado muito bem desta prova … controlo zero,
que incluía algum do equipamento obrigatório e siga.
era isto...
Ainda não tinha corrido 300m e esbardalhei-me logo, a
descer um morrozito de terra e relva que era a entrada do alcatrão para os
trilhos. A partir-se todo é logo ao início não é? J .. mas não foi nada de grave, nem susto chegou a ser …
sigaaaa.
Santo
Tirso – Santa Cruz – 7km/400mD+
Típico percurso de saída de cidade para nos levar até aos
montes. Por traseiras de habitações, campos, estradões … eucaliptais com fartura.
Muito rápido para quem quisesse e pudesse andar. Não era o nosso caso … a coisa
era para ser feita com tranquilidade, mas mesmo assim correu-se durante grande
parte deste troço. O tempo estava encoberto, fresco e como se andou em cotas
baixas ou protegidos por casas e árvores a coisa a esse nível estava igualmente
tranquila. Mesmo os 400mD+ que se acumularam foram feitos em pequenas rampas,
que em parte foram corridas. Logo no primeira abastecimento em Santa Cruz
aproveitamos para comer qualquer coisa … o pequeno-almoço já tinha sido há umas
horas e o próximo troço já ia a cotas mais altas. Era preciso carregar alguma
energia.
Santa Cruz – Citânia ao 16,5km (10,5km/610D+)
Até Santa Cruz estivemos sempre junto a algumas atletas
femininas que viriam a discutir lugares dos pódios. Como elas praticamente não
pararam no primeiro abastecimento, “fugiram-nos” no primeiro momento. Mesmo
assim, depois de arrancar-mos para o segundo troço, passado algum tempo
voltamos a apanha-las o que demonstra que não andamos propriamente a passo de
caracol J … mas foi sol de pouca dura, porque
houve um momento em que duas delas se atacaram mutuamente e nunca mais as vimos
… interessante ver que na classificação final essas duas atletas chegaram com
poucos segundos de diferença – devem ter sido quase 40km de luta … foi
interessante de ver as tácticas J … neste troço
juntamo-nos ao Américo, à Raquel e ao Paulo … o percurso agora já nos levou
para cotas mais altas, já meteu uma ou outra rampa mais inclinada que eu até
agradecia para obrigar a caminhar. Começou também a aparecer o verde do musgo,
agarrado a árvores, muros e pedras, que
fez as minhas delicias até ao final da prova. Teria sido mais uma parte muito
tranquila se não me tivesse começado a doer as costas, ao fundo e generalizado
… não era bem uma dor mas sim um incómodo que se sentia especialmente quando se
descia. E chegamos à Citânia, tudo relativamente simples, percurso muito pouco
técnicos e com muita vantagem em relação à média necessária para evitar o
primeiro corte que seria no abastecimento seguinte.
Citânia
– Pilar 29km (12,5km com 370 D+)
Concretizou-se o que eu previa. Foi a parte de percurso
mais fácil, com menos desnível e continuava sem grande tecnicidade. Fez-se em
cotas mais altas o que fez com que se sentisse mais o frio e com os primeiros
chuviscos a aparecer e o vento que se fazia sentir lá vestimos os impermeáveis
para nunca mais os tirar até ao fim. O meu problema continuava a ser as costas,
o incomodo estava a acentuar-se e agora com metade da prova feita também já se
começava a sentir algum cansaço nas pernas.
O percurso a nível de beleza começou a melhorar muito … ia tirando algumas fotos, mas poucas … o
tempo estava instável e não fazíamos grandes pausas. Continuávamos em grande
parte na companhia do Américo, da Raquel e do Paulo e chegamos com ca.4h a
Pilar – ca.1h15 de vantagem em relação ao tempo de corte. E aproveitamos para
descansar um pouco e encher o bandulho com uma bela sopinha de legumes, umas
bifanas que estavam muito boas regadas com a bela da mini fresquinha, tudo
servido por umas meninas muito simpáticas e bem dispostas J
2 pikinitas maquinões dos Montemorrows
Já cheira a Bifanas
festaaaaaa ...
Pilar
– Valinhas 37km (8km/370D+)
O gráfico agora apontava intervalos mais curtos entre
abastecimentos e formas de pente mais vincadas. Não foram apenas as inclinações
que mudaram a partir daqui … ficou bem mais técnico o percurso, mesmo sem
grandes exageros agora já havia muito terreno incerto, rochas e pedras, terreno
escorregadio, água e lama. E chuva … de vez em quando. Foi o troço mais bonito,
com a parte mais técnica a coincidir com a descida pelas bermas de um rio
(Leça?) acompanhando primeiro o curso da água a descer para dar a volta e subir
pelo outro lado em sentido contrário tendo como paisagem umas belas de umas
cascatas formadas por umas águas furiosas a descer pelo monte … lindo lindo.
Andamos agarrados a cordas com os Gobs de prevenção e perdeu-se algum tempo a
contemplar aquela maravilha e a tirar algumas fotos como é lógico. O grupinho
já não ia tão junto … o Américo foi mais para a frente, o Paulo e a Raquel
também, depois de na primeira fase terem ficado para trás. Foi já mais no fim
deste troço que dou com a Pikinita parada num single-track, a rir-se … “que
foi?” … “a minha perna esquerda não faz
o que eu mando, tem vida própria” … foi um marco desta nossa prova, porque a
partir daqui a gestão foi forçosamente diferente. Ainda se correu em algumas
partes, mas caminhou-se mais pois o fenómeno da “perna insurrecta” da Pikinita
ia e voltava cada vez mais frequentemente com os km a passar. Não há milagres
quando não se treina. E eu até agradeci, porque muito sinceramente, as costas
já me estavam a incomodar bem mais, especialmente nas partes mais inclinadas
que agora eram uma constante. E assim chegamos, cansaditos mas sempre bem
dispostos a Valinhas – só faltam 13km J
ia começar a festa ...
Valinhas
– N.Sra.da Assunção 43,5km (6,5km com 500mD+)
Este troço era curto e grosso … muito desnível, tanto a
subir como a descer. Mas continuava muito bonito. Só não foi o mais bonito
porque não teve as cascatas do troço anterior. Os dedos dos pés já me doíam pra
caraças … aquelas descidas bastante inclinadas faziam os dedos bater na frente
da sapatilha, com o tempo ficaram doridos. As cotas estavam piores. Para a
Pikinita a coisa tb não estava fácil … a perna esquerda não queria obedecer e o
cansaço era notório nela. Mesmo assim nunca se entrou no modo “Gru maldisposto”
e muito menos em desistir … era para acabar… mas custou bastante, a progressão
foi bem lenta e o tempo de vantagem em relação ao tempo limite baixou drasticamente
mas estava sobre controlo. Há uns km atrás pensei que iriamos acabar bem abaixo
das 8h, mas com o cansaço e as dificuldades físicas aliado ao percurso mais difícil
isso não ia ser possível. A Sr.da Assunção vê-se uma primeira vez ainda a meio
do troço, mas para lá chegar ainda temos que voltar a descer e contornar um
monte antes de o escalar pelo outro lado por entre um bosque muito muito bonito
… valeu a pena a coça J
N.Sra.da
Assunção – Meta 50km (6,5km com 70mD+)
Quem chega à Assunção a tempo não tem como não acabar a
prova, a não ser que esteja magoado. O último percurso é praticamente sempre a
descer com pouca tecnicidade, voltamos à periferia de Santo Tirso, percorremos
uns campos, as traseiras de umas casas e os últimos km são mesmo pelo centro da
cidade, pelas ruas principais. É um domingo de tarde tristonho, quase nem
carros andam na rua, chove bastante, aquela chuva molha tolos e os tolos agora
sou eu e a Pikinita … tolos mas felizes … já se correu mais um bocadinho e
ainda se consegui reduzir bastante a média … acabou com 10,32min/km … a meio ia
pouco acima dos 8min/km mas na Assunção chegou quase aos 11min/km. O que importa isso … lá está a Fábrica de
Santo Tirso … entramos no pavilhão … cortamos a meta com 8h35min para 48,5km
segundo o nosso registo.
a Fábrica de Santo Tirso ali tão perto
FEITAAAA
Objectivo cumprido … mais uma ultra no currículo, mais
uma zona que se conheceu, mais um degrau para tentar chegar a Julho nas
melhores condições possíveis às Beiras J
Um bocadinho de conversa, uma bolinha de Berlim e mais
umas coisitas e toca a zarpar embora – banhinho quente, jantarinho e dormir …
ainda não eram 22h e já se dormia em casa … só acordei às 6h50 dia seguinte …
dormi como um menino J
Gostei muito da prova – confesso que tinha as espectivas
em alta e que nos primeiros km não me estavam a encher as medidas. Mas depois
simplesmente espectacular … 5 estrelas para uma zona que não passa dos 500m de
altitude. Percurso impecável, equilibrado, tinha de tudo um pouco e que é
relativamente fácil até metade e depois vai ficando mais difícil … acumula
4800m, metade a subir outra a descer – esta última acaba comigo J … à organização só posso dar os parabéns … tudo impecavelmente
marcado (impossível enganar), abastecimentos com tudo o que precisas e mais alguma
coisa, medalha de finisher bonita e o mais importante, gente muito simpática e
bem disposta que nos faz sentir em casa. Obrigado à malta dos abastecimentos –
5 estrelas. E como um tuga que se preze tem que ter algo para reclamar, eu
gostava de reclamar a qualidade e o design da camisola – é um pormenor, eu sei,
mas acho que a vossa prova merecia algo um bocadinho mais pensado e não custa
muito mais – sei do que falo. Mas isto não invalida que estejam de parabéns!!!
Não é por acaso que ano após ano vem mais gente participar no STUT!!!
Uma palavrinha para a minha Pikinita … vou repetir-me. É
uma maquina a moça … acreditem se quiserem, a moça não treina nada de jeito.
Tem vindo conosco para o quintal de vez em quando ao fim de semana, mas à
semana está quieto … contam-se pelos dedos da mão os treinos de Janeiro e de
Fevereiro. Se treinasse dava-me uma abada daquelas J
Quanto a mim, continuo a evoluir. Não descansei para esta
prova, fiz uma semana normal (5 treinos até sábado), o cansaço que apareceu foi
normal e até gostei que aparecesse – lá para final de Julho, o doer tudo e mais
alguma, o avançar cansado (leia-se morto) há-de ser normal … também por isso
foi um bom treino de oito horas e meia J
Estes dias dei comigo a pensar como os diferentes
objectivos colocam as coisas em perspectivas diferentes– uma prova de 50km deste tipo era
coisa para ser um objectivo do ano, que implicaria uma preparação, um pensar a logística, um certo nervosismo e outras coisas que tal. Como o objectivo é outro bem mais ambicioso e estas provas são
consideradas como “treino” são encaradas de forma mais descontraída - mas fazem-se
na mesma e bem… o próximo “treino” é daqui a duas semanas, é um bocadito mais longo –
embora esteja complicado ainda tenho esperança em poder organizar-me e ir.
Siga a camioneta …
Muitos parabéns aos dois!!! Sobre o que dizes da "Pikinita", é assim, há quem tenha que se matar em treinos e mais treinos para conseguir qualquer coisa e há quem tenha um talento natural que não precise disso... 😊 Um abraço e muita força para a continuação da odisseia 281 e beijinhos à Pikinita
ResponderExcluirObrigado João. Aquele meio palmo de gente tem uma resiliência que só visto ;) … Grande Abraço e espero que corre tudo bem hoje.
ExcluirTu (vocês) sabes que és capaz!
ResponderExcluirParabens aos dois. Excelente partilha como sempre.
Por vezes sinto que vou nas vossas sapatilhas por montes e vales a desfrutar das paisagens. IC
Então conta como treino :):):) … obrigado, e logo veremos se serei capaz … irei fazer por isso :)
ExcluirBelo post Perneta.
ResponderExcluirCom maiores ou menores mazelas trouxeram a “chapa" para casa. Serve sempre de motivação para os próximos episódios. 50 km são sempre 50 km…
Fui ler o post anterior… Já tenho objetivo para este mês… Chegar aos trezentos km. Custe o que custar. Tenho andado aos arrepios. Já sabes que vou buscar inspiração ao Papakilometros, meu padrinho de maratonas.
Muito contente pela vossa corrida e pelo relato… Siga a camioneta rumo a essa “alarvidade" no Verão.
Forte abraço e beijinhos à Dora!!!
Olhó meu irmão algarvióalentejano :)
ExcluirVamos lá então buscar esses 300 ;) e siga a camioneta … tenho saudades de uma Maratona no estrangeiro com a família … temos que tratar disso para a primavera 2021 :)
Aquele abraço
Padrinho que não dá folares
Que saudades do perneta dos montes! Vou gostar desta preparação. Muitos parabéns aos dois, siga a caminhada!
ResponderExcluirAcho que nos próximos tempos vai haver mais Perneta nos Montes … :) … a próxima etapa é já daqui a uma semana ali por Condeixa … até já fui reler o teu texto sobre a prova :) … 111km em modo treino com o meu compincha Lima … vai ser bonito :):):)
ExcluirSegues forte!
ResponderExcluirPedro Viana
Já tou mais magrito ;)
ExcluirTanta Foto!!!
ResponderExcluirA sorte é que já te deixaste de selfies :)
Bela posta, belo esforço, sois grandes.
Beijinhos e abraços
Lol … brigadinhos … abraço
ExcluirBela prova e que paisagens incríveis :) fossem assim todos os treinos!
ResponderExcluirJá percebi que tenho de me dedicar às ultras no futuro, que é onde estão os abastecimentos de jeito :D
Parabéns aos dois! Tu estás no bom caminho, e a Pikinita continua a ser uma atleta em grande!
Beijinhos aos dois!
Hehehe ,,, nem em todos mas este sim … se não estivesse a ficar com frio ainda lá tinha ficado mais um bocadinho ;)
ExcluirObrigadooooo. Beijinhos