No sábado participei numa Ultra-Maratona … entre Aveiro e
a Granja (logo a seguir a Espinho). Não ouviram falar? Pois não … era só por
convite. O problema é que além dos dois organizadores mais ninguém aceitou o
convite L … não entendo, já na semana passada
ninguém quis fazer a Maratona de Cortegaça e esta semana voltaram a fazer-nos
um manguito daqueles grandes. Mas sabem uma coisa … quem perdeu foram vocês J
Foi uma jornada longa mas divertida a dois, eu e o meu
companheiro de luta Nuno Lima (sim, o tal que não gosta de longas distâncias) …
uma pequena “loucura” que tínhamos previsto fazer (entre outras) há meses como
preparação para os Caminhos do Tejo. Foi este sábado …
6.10h estava a estacionar em frente à casa do Nuno na Granja,
cheio de sono e apreensivo. Vou a tantas
provas complicadas e a maior parte das vezes não fico nem um bocadinho nervoso
e desta vez acordei mesmo ansioso por causa desta brincadeira … mas rapidamente
passou, bastou aparecer o Nuno e logo começou a palhaçada e já estava tudo
normal J
Comboio Urbano até Aveiro … cheio de malta nova que vinha
da noite portuense … uns melhores, outros em pior estado e uns completamente
grogues … e nós os dois lá no meio J … parecíamos os
pais daquela canalhada toda!! O mundo tá perdido J
7.10h chegamos a Aveiro, cafezinho, croissant e ovos
moles, xixizinho e está na hora. Vamos pela Gafanha até á Costa ou seguimos via
EN109 e passamos para a Costa na Murtosa? Segundo o Google Maps a distância
seria sensivelmente a mesma … decidimos pela 2ª opção porque evitávamos a
travessia para S.Jacinto de barco. Sigaaaa…. não tínhamos nenhum track
descarregado, apenas sabíamos as localidades por onde tínhamos que passar … e
convinha não falhar muito porque se de carro ou mesmo de bicicleta uma falha
não é nada de outro mundo, já a “butes” cada falha sai directamente do pêlo J
O melhor seria começar por seguir o mais possível a linha
de Comboio e foi o que fizemos e não tardamos a sair de Aveiro apanhando logo a
EN109 … perigosa, por ter muito transito (mesmo ao sábado de manhã), ser estreita
em muitos locais e também por não ter passeios em grandes extensões do percurso
… sempre que podíamos utilizávamos estradas paralelas para fugir ao perigo … Cacia
e os seus cheiros característicos (para não dizer nauseabundos) da produção de
celulose … depois zona de Angeja (joguei ali há bola uma vez, num jogo a contar
para a Taça e embora tivéssemos ganho houve porrada velha e tivemos que sair de
lá escoltados – vi a minha vida a andar para trás J) … ao passar um pontão com a antiga IP5 ao lado (A29
agora? Nem sei …) avistamos uns caminhos em terra batida pelo meio de uns
campos agrícolas e que pareciam ir na direcção que pretendíamos. Nem se pensou
duas vezes … sigaaaa …
5,4,3,2..1 ... Partida...
Perigoso correr na EN109
e é isto...
Maravilha … não foi muito, mas já evitou a estrada
nacional durante uns bons 3 ou 4 km antes de voltarmos a ela, agora já
relativamente perto de Estarreja. Faltavam sensivelmente 2km para lá chegar e
vemos umas placas castanhas à esquerda a indicar um passeio ribeirinho … agrada
a ideia mas será que vai dar ao que pretendemos? Nada como perguntar primeiro e
dirigimo-nos a uma florista que havia ali na esquina … interrompemos um beijo
apaixonado de um casalinho J … “desculpem,
mas precisamos de saber ….” J J J … depois da surpresa inicial foram super simpáticos e
explicaram-nos direitinho como lá chegar e para que lado nos devíamos orientar …
obrigado e desculpem qualquer coisinha.
um monstro bruto este Nuno ... 150 flexões de braços na antiga IP5...
cegonhas é uma constante nesta zona
E uns 500m mais abaixo descobrimos uma zona verde compercursos pedestres, ciclovias, etc que apetecia explorar a sério. Lindíssimo
mas que terá que ficar para outra altura. Havia um longo caminho pela frente e
ainda só tínhamos uns 12 ou 13km feitos … mas hei-de voltar ali com as minhas
princesas para explorar tudo direitinho J
Foi das partes mais giras … tudo bonito, limpo,
organizado, não havia transito, a temperatura estava perfeita para correr e as
pernas estavam com força.
outra vez ... por isto é que demoramos tanto tempo ...
Passamos na periferia de Estarreja, ao lado da estação e
seguimos à procura da estrada para a Murtosa onde havia a dita ponte para
passar a Ria para o lado das praias. As pequenas dúvidas eram desfeitas por
pessoas simpáticas a quem íamos perguntando se estávamos no caminho certo … não
queríamos arriscar perdermo-nos ou fazer desvios demasiado longos …
E assim chegamos às longas rectas e às incontáveis
rotundas que nos haviam de levar à dita ponte … foi das partes que mais me
custou … perto dos 20km o sol já batia com alguma força … caminhamos por
diversas vezes e quase sempre a meu pedido … sentia as pernas pesadas (aliás,
eu comecei já com as pernas pesadas fruto da Maratona do domingo em Cortegaça e
de 3 treinos nos 3 dias anteriores a esta brincadeira) … mas lá seguíamos em
amena cavaqueira, ora a correr ora a caminhar …
Depois de umas 30 rotundas finalmente se consegue ver no
horizonte um poste vermelho que indica o inicio da tão desejada ponte … mas
quanto mais corríamos mais parecia que o poste se afastava … a pernas já
estavam melhores e corremos praticamente sempre nesta fase … que put@ de recta …
foram alguns km para finalmente chegar ao inicio da ponte e fazer uma pequena
pausa para beber e comer qualquer coisa … um pouco mais de 30km, sensivelmente metade
(o Google dizia 58km para a totalidade do percurso previsto)
pequenas rectas ...
… estava calor e já vínhamos expostos ao sol há muitos km,
ia valendo uma muito ligeira brisa que ajudava a refrescar sem incomodar na
progressão … sentia o sabor salgado à flor da pele e não tinha trazido sal para
repor (erro crasso, vou ter que improvisar) … “vamos procurar um tasquinho para
almoçar do lado de lá” …
… e fomos … só que do lado de lá da ponte a Torreira fica
ali do lado esquerdo e nós tínhamos que ir para a direita ao longo da Ria. Para
ir e voltar à Torreira seriam com certeza 2 ou 3 km … vamos à direita, mais à
frente há uns Restaurantes à face da estrada … mas ainda demorou um pouco, isto
de carro é um instantinho J
No primeiro entramos e o moço que estava a varrer até se
assustou … “fazem umas sandes?” …. “Sandes???” … “sim, aquela coisa feita de
pão com cenas lá dentro, tipo presunto ou queijo J” … o moço todo
atrapalhado “vou perguntar à minha mãe” (o moço tinha uns bons 25 anos, era
filho da dona e não sabia se faziam sandes … enfim … dois minutos depois chega
uma velhota a dizer que não tinha pão hoje, mas que amanhã já teria … “pronto
minha senhor, voltamos amanhã J” e saímos pela
porta fora … ainda ouvimos “mas tenho ali uns pães recessos …” que ignoramos J J J
ta que pareu ....
… foram precisos mais 2km a correr ao sol para encontrar
o próximo tasco … o Café Amazónia … e entramos … ahhh bom, uns pescadores a
beber umas minis, uma senhora um pouco para o mal encarada atrás do balcão com
umas unhas todas pretas cheias de terra e uma moça com uns 20 e poucos anos
(filha da dona penso eu) com umas licras justinhas, quase transparentes de tão
esticadas pela bunda, onde se via tudo, inclusivamente o fio dental rosa choque
… ambiente perfeito para dois matulões todos suados, famintos e cansados com
quase 35km nas pernas … nem imaginam o bem que me soube aquelas duas ou três primeiras
goladas na primeira mini, fresquinha no ponto … podia morrer ali que morria
feliz … a Sandes de Presunto com Queijo estava divinal e as batatas fritas além
de saberem bem ajudaram a repor um pouco o sal perdido. Mais umas minis, refrescar
na casa de banho e estava na hora de voltar à estrada …
Começamos por caminhar e pouco depois já se corria
novamente sempre na marginal da Ria de Aveiro agora em direcção a Ovar … “não
tomamos café” diz o Nuno … retorqui “pois … tb me apetece … tomamos no
Furadouro, um café e um Calipo” … já havia prémio para a próxima paragem que
seria sensivelmente na distância da Maratona, da verdadeira e não na de Roma J
Custou, porque as pernas pesam e o sol forte do meio-dia
faz mossa. Fomos fazendo jogos … corremos até aquela curva, depois caminhamos
um pouco … até à rotunda não pára … e assim passamos o restaurante “Oxalá”,
sinal que estávamos muito perto da rotunda que dá para o Furadouro e zona que
conhecemos bem da Meia Maratona de Ovar mas muito mais dos treinos longos para
as Maratonas. Estávamos a chegar a território que conhecemos das corridas …
Já num Café no Furadouro, quase com 42km percorridos e depois
de refrescar a cabeça na casa de banho uma pausa merecida na esplanada com um cafezinho
e mais uma garrafa de água de 1,5ltr para repor o que tínhamos bebido ... dois
calipos de limão e siga alegremente por ali fora a chupar (é o termo certo) e a
trincar tb aquele pedaço de gelo com sabor a limão que uma grande parte da
malta não come por ter um formato fálico e consequentemente vergonha – quero lá saber J
E tivemos um “déjà-vu” quando chegamos à estrada
florestal com direcção a Cortegaça … foi ali que fizemos a Maratona na semana
anterior e foi ali que tivemos um grande dilema … seriam mais de 9km (a maioria a correr mas também a
caminhar em algumas partes) até chegar a Esmoriz onde voltamos a parar num
café. Era a hora de maior calor, embora as árvores fizessem alguma sombra a
coisa não estava fácil …. nem sei se é melhor ou pior correr em zonas que
conhecemos bem … se por um lado sabemos o que nos espera por outro aquele
efeito novidade não existe … é como é J
e é isto ...
o dilema
Depois de mais umas minis e voltar a repor água nos
cantis atravessamos Esmoriz e entramos nos novos passadiços de madeira que nos
levam sempre ao longo das praias da zona. Primeiro Paramos, depois Silvalde …
já cheira a “casa” …
... entramos em Espinho pela zona dos Pescadores e seguimos pelo calçadão cheio de gente … e corremos sempre até chegar à praia da Baia e eu avistar o quiosque dos gelados da Olá que tem no largo em
frente … “ó Nuno, eu vou comer outro Calipo” … ainda não tinha terminado a
frase e já estávamos a parar … foi a desculpa ideal para deixar de correr e interromper
aquele esforço enorme que estávamos a fazer para não caminhar (e fazer “má”
figura no meio daquela gente toda - ainda alguém conhecido nos via) … ah e tal, só paramos porque vamos comer um
geladinho J … na realidade foi um alivio enorme
voltar a parar e a caminhar pelo resto do calçadão de Espinho … e o Calipo não
só soube muito bem como refrescou igualmente bem J
Voltamos a entrar nos passadiços de madeira … quase 60km …
já só faltam 3 … os músculos das pernas latejavam, os gémeos doíam … “caminhamos”
… uma miúda a passear um buldogue francês no passadiço, o desgraçado do cão a
ter um ataque e a rapariga sem saber o que fazer … não hesitei e tentei dar-lhe
água … para isso tive que me colocar de cócoras … dois minutos e a miúda pega
no cão ao colo e ele acalma … seguiram à vidinha e nós tb em sentido oposto … curiosamente estava
melhor das pernas … deve ter sido por me ter colocado de cócoras (apontamento
para o grande dia – ir alongando pelo caminho J)
Hotel Solverde … tá quase, quase a ir buscar o nosso
prémio final J … e chegamos à
zona da praia da Granja … quase 63km e um pouco mais de 8h depois de ter partido da
estação de Aveiro J … o prémio foi
um banho de mar … meter as pernas massacradas dentro da água gelada do
atlântico … estava feito e bem feito J
Banhinho em casa do Nuno, uma picanhazinha da boa com
mais umas minis de almoço oferecido em casa dele – este meu amigo de aventuras
trata-me com um rei J
E siga para casa que havia programa a cumprir … ir buscar
as princesas, jantar fora, ir a pé para o Senhor do Matosinhos aos churros e
ver o fogo de artificio … carregar a mais nova a dormir até ao carro (qualquer
coisa como 25kg) a 2km … quase 1h para fazer 15km de carro até casa no transito e com os
olhos a fechar e a bater com a cabeça no volante … eram quase 2h da manhã quando finalmente caí na cama, morto …
Foi um treino espectacular … companhia ideal …
divertimo-nos à grande, corremos, caminhamos, aparvalhamos e sofremos um
bocadinho sem ser em exagero. Acho que foi o treino ideal para os Caminhos do
Tejo … só é pena não termos ainda 2 mesitos para fazer mais 2 ou 3 treinos
idênticos a este. É que deu para ter um bocadinho mais noção da realidade … é
isto a duplicar mais uma meia maratona … a estratégia terá que ser esta … parando
nos tascos, bebendo umas minis, comendo umas sandes, uns gelados se estiver
calor e seguindo em frente, colocando um pé à frente do outro umas vezes mais
rápido, outras mais devagar.
Obrigado Nuno, pela companhia, pelo espirito e claro …
pelo almocinho … venha a próxima maluquice J
42 num domingo... 62 apenas 6 dias depois... chamava-te doido se não fosse o ires fazer algo como 144...
ResponderExcluirO treino está a ser bom não só para idealizares a táctica como para meter km, muitos km!
Força nisso!!!
Grande abraço
ps - Eh pá.... fiquei sem perceber nada dum filme. Eram 50 ou meia centena?!? É que acabaste por não esclarecer o teu vasto auditório
:) ... pois é verdade, mas isto devia estar a acontecer desde há 2 meses atrás. Mas agora nada a fazer ... já falta pouco :)
ExcluirAbraço
P.S. Ainda não chegamos a nenhuma conclusão ... uns dizem 50 e outros meia centena ... tb não nos vamos chatear por causa disso :)
Que grande "Passeio" :))
ResponderExcluirO melhor foi a banda sonora à espera do comboio! Grande som.
Um abraço
Pois foi :) ... domingo há mais, mas mais curtinho :)
ExcluirO melhor foram os Calipos :P
Abraço
Vocês demoraram mais nos abastecimentos que a correr, pah!
ResponderExcluirMetem-se em cada uma.
Olha, abraço.
PS: 25Kg, já? hmmm, ela come come tu, tá visto ;)
A ideia era essa ... e é a táctica para os Caminhos do Tejo tb ... a nossa única preocupação é que vamos partir às 20h e durante a noite não vamos ter tascos abertos :(
ExcluirAbraço
P.S. Por acaso come benzinho, mas só o que ela quer