quinta-feira

Poço Negro Trail 2017 - Adorei e Não gostei



No domingo voltei aos trilhos … fui a Rio Mau (Penafiel) participar nos 25km da 2ª edição do Poço Negro Trail. E não fui sozinho … uma catrefada de Pernetas fizeram representar-se (8 e mais uns quantos estavam inscritos mas não puderam comparecer – a noite anterior foi difícil não foi Bruno Pinho?).
Estágio no dia anterior .... com o meu pupilo (e primo - que querem? a gente não os escolhe, calham na rifa) ...

... "Zé de Vêr" em Escariz (perto de Arouca) ... isto é uma dose, não sei mas 1Kg de carne no mínimo .. 

Isto já sou eu à espera do tal pupilo no domingo de manhã ... comeu 1Kg de carne e não havia quem o arranca-se da sanita ... enfim ... falta de experiência dá nisto .... 

Ponto de encontro como sempre na Laurita/Beto ... 


Meia horinha de viagem apenas e lá estavam nós em ambiente descontraído, num dia que se previa bonito mas também quente. 1000 participantes distribuídos pelas diferentes distâncias.
Pessoalmente não me preocupei com absolutamente nada … não vi mapa de altimetria, não analisei percurso, zerinhos … apenas sabia que a partida era às 8.30h e que o meu amigo Piro tinha feito o levantamento dos dorsais no dia anterior. Foi tb no dia anterior, antes de ir dormir que me lembrei de preparar as coisas e me deparei com um “problema”.  Só tenho umas sapatilhas de trail, novas a estrear, zero km, nem um metro de caminhada sequer …. e as outras já estão reformadas e impossíveis de ressuscitar. Lá vai ter que ser … 25km de trail com sapatilhas novas não é aconselhável mas não tinha alternativa – ainda pensei em levar as de estrada, mas como tinha chovido na semana anterior e não conhecia o percurso decidi arriscar com as novas (e em boa hora o fiz).
Ó pra ela toda contente (pudera, na equipa dela não há gajos assim bonitos ... tauuuuuu) ... a Raquelita foi Vassoura nos 25km e pelo que consta cumpriu a missão com distinção ;)
A história conta-se rápido … uma partida com a restante pernetada dos 25km na cauda do pelotão (como sempre), um primeiro km com eles para depois zarpar por ali fora, de trás para a frente. Engraçada a ideia de dar uma voltinha parar passar novamente na meta, levando com os incentivos de centenas de atletas das outras distâncias que estavam ali para iniciar as suas provas. Bem pensado!! O giro é que é a subir e ninguém quer dar parte fraca … bem vi alguns quase a desmaiar só para não caminhar naquele bocado J


Imprimi um ritmo de corrida confortável, sem exagerar, mas também sem ir ali a morrer. Não tardou muito chegar a uns single-tracks junto ao Rio Douro que depois começaram a subir e que pôs finalmente a malta a caminhar. Tive que ir ali na filinha e até foi bom, porque cedo me comecei a sentir cansado, com calor e as pernas a não querer responder … fui forçando um pouco e em boa hora o fiz, porque aos poucos comecei a sentir-me mais solto e com força o que fez com que subisse às eólicas com algum à vontade … fiz esta primeira parte a testar, tentar perceber se não me ressentia das lesões, especialmente do “Mantorras”, e foi a subir a Serra da Boneca que fiquei com a certeza que a coisa estava bem.
Adorei esta parte do percurso … até ali já tinha sido engraçado, mas aquela subida dura (nos primeiros 10km subimos 700m) foi fantástica por causa das paisagens … o rio Douro, o quintal dos Pernetas do outro lado, Lomba, Pédorido, etc, etc, etc … as eólicas imponentes a rodar a grande velocidade e as subidas de cortar o fôlego como eu gosto … perfeito J … assim vale a pena. E ia a pensar como iam ser as descidas?
E o meu receio concretizou-se, em parte J  … a primeira parte a descer tinha tanto de espectacular (novamente as paisagens lindas de perder de vista), inclinações brutais, bastante técnicas como o saltar sobre fragas … bem ao jeito deste vosso amigo Perneta “tropeço” sem amortecimento do lado direito … resultado? Grande parte da malta que eu tinha passado a subir voltou a passar por mim a descer J … mas adorei, queria lá saber. Até ao abastecimento dos 12km ainda apanhei estradões e foi um tal de abrir a passada, tanto a descer como a subir … sentia-me bem e com força e corri quase sempre. No abastecimento tudo o que é necessário e uns voluntários muito simpáticos e prestáveis – 5 estrelas.
Nos 5km seguintes foi sempre a abrir, continuava com força … a parte menos bonita do percurso, estradões onde era possível progredir rapidamente (gosto que as provas tenham partes destas, para soltar as pernas) … a média por km baixou de tal forma que pensei em conseguir chegar com 3h15 o que seria excelente para mim. Acontece que começamos a apanhar a malta mais atrasada dos 14km em single-tracks, e embora todos fossem muito cooperantes, encostando para a gente passar, o ritmo baixou. Mas tudo bem … por mim tranquilo, sempre não vou para ganhar (mas só porque não me apetece, não gosto de subir ao pódio, tenho vergonha J). As paisagens continuavam excelentes e voltamos aos single-tracks, com muita fraga … gostei bastante … o ambiente tb estava bom, malta divertida.
Aos 17km chegamos à zona do Rio … à minha frente uma rapariga escorrega numa pedra e tem uma queda muito feia (felizmente não se magoou seriamente). A partir daqui foi uma constante … rio, passagens de água, single tracks pelas margens, pedras escorregadias, quedas, muitas quedas …. teve piada ao início, ia ali com um monte de gente dos 14km na risota … a escorregar, mil cuidados, fiz muito “sku” conseguindo cair verdadeiramente apenas uma vez … mas assisti a muitos tralhos das pessoas que iam ali, algumas quedas bem feias, mas pelos vistos sem danos muito graves – umas dores de cotovelo, umas pisaduras e tal – nos dias seguintes deve ter sido bonito deve J.

Mas não demorou muito a deixar de achar piada aquilo … a minha falta de jeito para estas partes mais técnicas, aliada à falta de suspensão do meu “Mantorras”, ao facto de nem as minhas La Sportiva estarem a agarrar aquelas pedras e a ver pessoas menos preparadas (sapatilhas de estrada eram aos montes) a mandar tralho atrás de tralho fizeram com que “desistisse” da prova …. com excepção de um troço a meio, em que saímos um pouco da zona do rio, foram uns 5km daquilo.
Não gostei … gostaria muito se fosse apenas um troço ou dois mais curtos, mas fazer 5km daquilo tirou a graça à minha prova. Atenção que é apenas uma opinião pessoal, que tem a ver com a minha falta de jeito para este tipo de percurso mais técnico. Sem dúvida que a zona é lindíssima, quem gosta de trail gosta de zonas de rio, as cascatas e claro o Poço Negro que dá nome a este evento. Espectacular!!! Mas foi demasiado longo na minha opinião e bastante perigoso. Houve partes em que cruzamos com pessoa que penso seriam da caminhada … a 300m da meta, ainda dentro do rio vi uma senhora de idade parada no meio da água … estava com ar de não saber bem o que fazer, desorientada … perguntei se estava tudo bem ao que ela respondeu “não foi para isto que eu vim aqui” … lá a tentei acalmar, dizendo que a meta era já ali à frente, que estava quase e ela lá começou a avançar.
E assim cheguei à meta … na companhia do Américo que me tinha apanhado a 2km do fim e ficou comigo. Cervejinha e Bifana e siga para casa que se faz tarde.

Fiquei com um sentimento agridoce em relação a este trail. Adorei algumas partes do percurso que são mesmo espectaculares … a subida às eólicas, as paisagens lá em cima, alguns single-tracks técnicos, o facto de ter zonas onde podemos verdadeiramente correr,  a zona de rio, o Poço Negro, etc. A organização esteve muito bem, com destaque para as pessoas dos abastecimentos – 5 estrelas em simpatia, sempre prontos para ajudar. 
O facto de a zona de rio ser tão extensa tirou-me o “barato”, uma prova que me estava a dar um gozo terrível acabou por virar um longo passeio junto ao rio no final. Mas volto a dizer, isto é apenas uma opinião pessoal assente nas minhas características e limitações. Não é uma critica, nem seria justo – ouvi gente que partilhou da minha opinião mas também houve muita malta que gostou – são opiniões.
Parabéns à organização por tudo – apenas sugeria que as fitas fossem de uma cor mais garrida, tive alguma dificuldade em vê-las e não fui o único – houve mesmo quem se perdesse, embora as fitas estivessem nos sítios certos. É apenas uma sugestão.
E pronto … foi isto … ahhh … e voltei a dar uso à Gopro … espero que gostem …

8 comentários:

  1. Ainda bem que foste a de 25km porque conseguiste correr alguma coisa. Na de 14km foi uma tristeza. Não consegui correr quase nada. Demasiados single tracks, rio a mais, os da caminhada a atrapalhar imenso. Só as paisagens é que compensaram. Para o ano não me apanham lá

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    1. Pois ... acredito. É a minha opinião tb. Vi quem tenha gostado. Tem potencial para fazer melhor, isso sim.
      Obrigado pela visita e pelo comentário.
      Abraço

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  2. Ora as saudades que já tinha de ver belos filmes made by Perneta!

    E que me fez recordar, ao ver esses pisos, porque é que nunca daria nada em trilhos... :)

    Pelos vistos, para ti foi uma experiência de 8 e 80. Mas o que interessa é que adoraste a maioria do tempo.

    Força para os próximos objectivos

    Grande abraço

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    1. Nem sei pq deixei de fazer filmes ... por acaso vi a Gopro na gaveta no outro dia e decidi levar ... eu gosto.

      Aquela zona tem potencial para fazer um trail 5* ... corrigindo algumas situações apenas. E a malta é simpática e prestável.

      Obrigado ... é já amanhã no 3º GP de Lamas, que estou a ajudar a organizar mas que este ano vou correr tb.

      Aquele abraço

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  3. Lá está, nestas provas há quem prefira mais estradão, mais trilhos, travessias de linha de água, descidas técnicas, mais desnível, etc, etc... É mesmo uma questão de gosto, como tu dizes, e é impossível ter consenso.
    Ver uma prova através da GoPobre dá logo uma outra perspectiva! :P Gostei dos túneis. :)
    Beijinhos

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    1. Pois... mas 5km de rio é um bocadito demais.. digo eu.
      GoPobre é uma categoria, outro nível ;)
      Beijinhos

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  4. Olha achei-a com bom aspecto! No meu caso, já me apercebi que acontece-me ficar frustrado quando estou À espera de uma coisa e me sai outra, o que se calhar foi o teu caso depois da primeira metade da corrida. Por exemplo, eu sei que gostaste dos Abutres, mas já sabias ao que ias. Bom video! eheh

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    1. Nada tem a ver com os Abutres ... a não ser a presença do rio constante. Neste caso a maior parte era sobre pedras que eram autênticas cascas de banana ... nem as Ultra Raptor agarravam, E isto durante 5km ... mas pronto, são gostos ;)
      Abraço

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