Era
sábado de manhã, o tempo estava seco, a temperatura bem fresquinha ainda quando o relógio apontou as 7h08 e estes 3
estarolas arrancaram para a Volta ao Concelho da Feira onde o principal
objectivo era colocar os pezinhos em todas as localidades do Concelho – 31 no
total.
Carregado
nos nossos relógios um track que nos iria servir de guia, as nossas linhas
mestras para que não houvesse falhas. Pai desta “criança” e mentor deste
projecto o Domingos Gomes que infelizmente não pode participar. Como já tinha
referido no texto anterior, esta ideia já tem uns 2 ou 3 anos, nasceu do
Domingos que a partilhou comigo … precisamos deste tempo todo e uma pandemia
para que a aventura andasse para a frente.
A
primeira versão era mesmo uma volta (mais por fora) que se não me engano dava
uns 115km … depois a ideia passou para ir a todas as freguesias e atingiu
135km, depois era fixe ir ver alguns pontos altos em cada localidade e passou
para 150km, mais uns acrescentos e já eram 155 para finalmente acabar nos 160km
com os quais arrancámos. Escusado dizer que não me atrevi mais a questionar o
Domingos porque como podem ver, cada vez que o fazia a distância aumentava 😊
A
noite anterior tinha sido curta … o comboio do Luis atrasou um pouco e já
jantamos perto das 23h. Deitei-me quase à uma da manhã para levantar às 6h …
eram 5h e pouco e já estava bem desperto … embora poucas horas tenho a dizer
que foram bem dormidas e ao contrário de muitas outras vezes estava bastante
tranquilo – não sei se foi por já ter alguma experiência nesta coisa de longas
distâncias, por ter feito uma boa preparação, por ir correr em “casa” ou por
ser uma aventura com amigos – talvez um pouco de tudo.
O
percurso quase todo foi um misto entre estrada e trilhos … a primeira metade
viria a ter mais trilhos e a segunda mais estrada.
Chegamos
a Arrifana com ca. de 8km, um ou outro pequeno engano e a um ritmo bem razoável
para quem começou logo de início a caminhar nas subidas que apareciam. Só
corremos em plano e a descer de forma a poupar energia. Os meus dois compinchas
são autênticos cavalos de corrida, muito mais rápidos que eu, mas dos 3 o que
tinha experiência nesta coisa de longas distâncias era eu … e como sou o mais
velho eles só tinham que respeitar a táctica, certo? Certo 😊 … além disso isto era um “passeio” e
não uma competição.
Chegados
a Arrifana o percurso começou a descer por Escapães em direcção a Milheirós e à
famosa Praia Fluvial da Mamoa (onde o Tiago nos deixou), de onde continuamos
para Romariz pelo caminho mais longo mas também mais bonito .. pelos montes 😊 … aqui o ritmo baixou um pouco devido
ao tipo de piso bastante empedrado. A equipinha continuava muito bem-disposta,
a contar histórias e na puta da galhofa como deve ser. Andamos muito por
Romariz, por montes e vales, por umas estradas antigas em pedra tipo vias
romanas, por campos, fomos à Igreja e só falhamos o Castro (por pouco) porque
nos enganamos no percurso.
O
calor já se começava a fazer sentir e lembro-me bem que por volta dos 20km me
estarem a doer as pernas e ir a pensar que ainda era muito cedo para isso
acontecer – não entrei em grandes alarmismos pois já me tinha acontecido em
outras ocasiões.
De
Romariz seguimos pela periferia de Louredo onde uma senhora simpática nos deu
água fresquinha de um poço para abastecermos os bidons – gente boa encontra
sempre gente boa pronta a ajudar 😊. A temperatura tinha subido bastante e
já se suava bem mais e por isso era preciso repor mais como é lógico. Muito se
bebeu e muito xixizinho se fez … sempre a controlar a cor para antecipar
qualquer sinal de desidratação. Seguimos pelo Vale, passamos na Igreja e
seguimos direcção a Gião.
“Ó
Daniiii” … grita o João Sousa … nem um minuto depois o Daniel está cá fora,
outro minuto depois chegam as minis pretas e a sangria fresca que naquela hora
souberam que nem ginjas … obrigado ao Daniel, que durante a tarde nos 10.000m
de pista no Campeonato Regional em Vagos viria a bater o seu recorde pessoal
ficando no minuto 34 … ganda cavalo 😊
De
Gião seguimos para Guizande (mais um Igreja) para de seguida chegar a Pigeiros
… depois de bastantes km em alcatrão, junto ao Parque de Lazer de Várzea
entramos novamente em trilhos, estes que nos são sobejamente conhecidos, sempre
junto ao rio Uíma até às Caldas de S.Jorge … pelo meio atingimos a marca da
Maratona com uma média aproximada de 8,45m/km … demasiado lento pensarão vocês,
demasiado rápido digo eu 😉 … mas siga …
Nas
Caldas aproveitamos as Fonte nas Termas para voltar a abastecer de água fresca.
Agora era entrar nos passadiços e seguir em direcção a Fiães … 6km para o
primeiro abastecimento organizado … venha o nosso almoço que a barriguinha
já pede algo mais consistente do que barras energéticas!!!
Chegamos
primeiro que o almoço, eram 14h 😊 … 2 minutos depois chegava a Ana
(esposa do João) com uns franguinhos de churrasco, broa e batata frita … para
acompanhar umas minis frescas. Maravilha. Chegaram tb os meus pais com uma
aletria e com a Pikinita que nos iria fazer companhia nos próximos 36km.
Aproveitamos para descansar um pouco … as pernas já acusavam os 50km
percorridos e íamos entrar na tarde que além do calor nos iria oferecer a parte
mais difícil do percurso que na teoria seriam as serras de Canedo, o Quintal
dos Pernetas. Objectivo era chegar ainda com luz do dia ao Carvoeiro (86km)
onde nos esperava o nosso jantar … sim, aqui só se pensa em comer e beber 😊
Faltavam
poucos minutos para as 15h quando arrancamos fazendo os passadiços até ao fim,
saindo na Tabuaça em direcção a Lobão que atravessamos de lés a lés …novamente
um misto entre estrada e trilhos que nos custou para caraças. Não foi pelas
subidas, ou pelo pico do calor … pode ter ajudado talvez, mas foi porque é
normal que assim seja … nestas coisas das muito longas distâncias a partir do
momento em que a coisa deixa de ser quase só física o psicológico faz toda a
diferença … e esse oscila entre o fantasticamente bem capaz de vencer todos os
obstáculos do mundo e o mais fundo dos poços negros que possamos imaginar, às
vezes numa questão de minutos. Mas tb sei pelas experiências que já vivi que
por mais fundo que esse poço seja, se tiveres a força para continuar e juntando
uma boa dose de paciência, ali ao virar da esquina, vem novamente um momento
bom.
Não
estávamos no poço mais profundo, longe disso, mas estávamos a passar a pior
fase até ao momento. Acho que o facto de estar ali a Pikinita nos ajudou
bastante porque sempre se foi falando e rindo das misérias pelo que estávamos a
passar. Os meus pés já acusavam o esforço e já sabia que não me safava das
famosas bolhas .. ainda por cima tivemos uma travessia de rio que não se
consegue evitar … molhar os pés com eles no estado em que estava não é
aconselhável, por outro lado a água fresca do ribeiro no momento soube pela
vida.
Mesmo
assim chegamos à D.Alice (lugar de Parada,
Louredo …68km) no tempo previsto … gastamos as 3h que tínhamos para lá chegar …
hora de uma última pausa antes de entrarmos definitivamente nas serras. Lá
estava o Bruno e o Elisio no apoio – já não deu foi para eles nos acompanharem
até ao Carvoeiro como estava previsto. Mais umas minis, água com fartura e as
famosas sandes de presunto com ovo que foram colocadas na mochila – ainda não
havia fome e os próximos 18km seriam de pura serra sem hipóteses de reabastecer
– há que prevenir.
Até
ao Marco dos 4 Concelhos foi praticamente sempre a subir por trilhos empedrados
e estradões em terra … lá chegados tínhamos o Sérgio (amigo do João) à espera …
tinha-nos trazido de mota o que sobrou do garrafão da água que tínhamos
comprado na D.Alice … grande Sérgio, obrigado 😊
… aproveitamos a famosa mesa dos presidentes para morfar a sandocha, descansar
um pouco e meter uns Guronsan Energy no bucho. Sigaaaa…
Os
próximos 2km foram na crista da Serra …é o nosso Quintal, conheço cada cantinho
daquilo mas por mais que lá volte é sempre um deslumbre. Era fim do dia, já se
notava que o sol se iria por daqui a pouco mais de uma hora … a temperatura
estava mais amena, as cores primaveris da serra lindas de morrer … um quadro
fantástico. Ainda há 1 hora atrás estávamos a “morrer” para chegar à D.Alice e
agora estávamos vivinhos da Silva a curtir cada momento …
…
alto do Camouco, ponto mais alto de todo o percurso!!! Eu sou suspeito, mas
aquilo é lindo … podes vir cansado, mas basta olhares à volta, inspirar duas
vezes fundo e absorver todo aquele cenário para recarregar as baterias num
instante …
Uma
catrefada de fotos e siga que se faz tarde … agora é descer às margens do Inha
.. são 4km que não são fáceis pelo tipo de piso e a inclinação que além de te
dar cabo dos posteriores são um massacre para uns pés que já vem massacrados –
é que a brincar a brincar já levamos 75km. Evitamos a descida habitual dos
Trilhos dos Pernetas e optamos por uns estradões menos técnicos … a inclinação
é a mesma mas os pés agradecem o piso menos empedrado.
O
rio Inha lá corre calmamente em direcção ao Douro … anda muito limpo e por isso
transparente nos últimos tempos. Uma maravilha esta zona ribeira … no lugar do
Inha encontramos o Domingos que aproveitou um tempinho que tinha para fazer um
treino e nos vir dar o seu apoio pessoalmente .. tenho mesmo muita pena que não
lhe tenha sido possível participar porque ele merecia, é o pai desta criança.
Estava
a escurecer muito rapidamente pelo que optamos seguir para o Carvoeiro por
estrada e não por trilhos como nos dizia o track. Primeiro subindo por Val Cova
(Canedo), zona onde atingimos os 80km e consequentemente metade da aventura, e
depois descendo até ao Carvoeiro, perto de 4km sempre a correr a bom ritmo.
Chegamos
ao Carvoeiro (Aldeia de Portugal pertencente a Canedo junto ao rio douro) pelas
21h15 com 86km como previsto e lá estava o Carlos Oliveira com um abastecimento
de luxo à nossa espera. Tb estava lá novamente a Ana, o filhote, a Barbara
(filho do Luis) … sabe tão bem ter os nossos por perto nestas coisas – eu tinha
a minha Pikinita que embora estivesse cheia de vontade por continuar iria dar o
seu treino por terminado.
Sopa
quentinha para aquecer (o tempo estava frio), uma massaroca que a minha mãe
tinha feito para nos encher de hidratos, aletria, chocolates, fruta, barras,
cerveja, cidra, Coca-Cola e nem sei mais o quê. Grande Carlos Oliveira que tb
nos deu uma musiquinha religiosa à chegada – talvez como extrema unção 😊 … também nos transportou uns sacos com
uma muda de roupa, os frontais e mais alguma comida para enfrentarmos a noite o
mais preparados e confortáveis possível. Aproveitamos para descansar bem …
mesmo com todas as dificuldades desde o almoço tínhamos conseguido manter a
média com que saímos de Fiães … ligeiramente abaixo dos 10m/km.
Estava
com frio … tinha mudado de roupa, colocado umas camisolas secas, optei por
manguitos em vez de térmica de manga comprida e um colete corta-vento. Não
tinha colocado luvas no saco – da próxima não esqueço – sempre a aprender. Ali
junto ao rio Douro faz mais frio ainda. Siga mas é.
Saímos
do Carvoeiro por volta das dez da noite … beijoca à Pikinita, despedir daquela
malta boa e siga que se faz tarde … venha a noite, uma experiência nova para os
meus dois compinchas de aventura. Com a paragem a média tinha aumentado para 10,40m/km.
Seguimos
em direcção a Vila Maior num percurso que ia alternando trilhos e estrada … como
sempre as primeiras centenas de metros depois de uma paragam são feitos a caminhar
para desenferrujar as pernas e o esqueleto e acomodar os pés cheios de bolhas nas
sapatilhas. Foram 9km para chegar ao Campo de Futebol de Vila Maior onde tínhamos
o António Martins à nossa espera para fazer um treino nocturno – tinha combinado
com o João acompanhar-nos dali. Foi bom ter companhia nova … ao fim de tantas horas
um elemento novo trás sempre novas conversas que ajudam a distrair a mente.
Próximo
objectivo era o alto do S.Bartolomeu em Sanguedo onde nos esperava a Teresa e o
Flávio com um belo termos de café quentinho. O desejo por um café era mais que
muito … seria meia-noite e o último café tinha sido na D.Alice há umas boas 8
horas atrás. Mais um percurso misto de estrada e trilhos … mais trilhos com a
conquista de Sanguedo a ser feito pelo gasoduto onde o João atingiu pela
primeira vez a marca dos 100km a pé … estranho um moço com tantas maluquices
feitas ainda não ter feito esta marca. Fartamo-nos de rir com aquela ideia de os
primeiros três dígitos dele terem sido feito em Sanguedo … todos nós planeamos
uma prova mítica, numa bela serra ou montanha para os fazer … qual Mont-Blanc.
Gerês ou Estrela … o João Sousa fez os seus primeiros 100km em Sanguedo 😊
Aquele
café no S.Bartolomeu (e uma fatia de pão de ló) soube pela vida … a sério … obrigado
Teresa e Flávio … é daqueles momentos em que já podes morrer que vais feliz …
mas não podíamos morrer ainda porque ainda havia uns 55km para fazer … sigaaa …
mas antes ainda nos fartamos de rir porque a boa disposição reinava e o Tiago
decidiu voltar a aparecer vestido de pijama e robe e com uma camisola dos
Pernetas por baixo … estava na cama, e lembrou-se de vir ver como a coisa
estava a andar … a sério??? Só nos aparecem doidos.
Siga
para o Parque de Lazer de Argoncilhe – que não vimos porque decidimos seguir um
caminho diferente e deu merda 😊 … de noite todos os gatos são pardos 😉. Mas vimos o pavilhão desportivo, a
Igreja e o Campo de futebol … foi durante este percurso que o João levou com a
marretada do sono … que riso … o moço praticamente a dormir de pé parecia que
tinha bebido uma dúzia de gins … com piadas, cantorias e a levar o rapaz pelo
braço lá se foi avançando … o sono é tramado e às vezes basta dormir 10 ou
15min para resolver o assunto – mas era para seguir … isso passa 😊 … seguimos para a Vergada, atravessamos
a nacional N1 novamente para chegar a Mozelos via Nogueira da Regedoura.
O
track levava-nos agora em zigue-zagues por Mozelos, SP Oleiros até à Quinta do
Engenho Novo em Paços de Brandão. Decidimos descer a estrada que vem do Picoto
a direito … foram praticamente 5km seguidos a correr a bom ritmo desde a Igreja
de Mozelos, passando o Continente de Lamas, Galp, Corticeira Amorim, Linha do
Vouga, Fábrica de Papel, Hospital de Oleiros e finalmente a Quinta do Engenho
Novo … estes km foram feitos em silêncio, apenas se ouviam os nossos passos e o
arfar dos cavalos.
O
track levava-nos pelo interior da quinta mas decidimos fazer por fora – era noite
cerrada, não havia nada para ver. As minhas pernas já ganiam (penso que a dos
companheiros tb) e aquela subida veio mesmo a calhar para nos obrigar a
caminhar. Vinha um pouco preocupado com o Luis que se vinha a queixar de uma
dor lateral num pé desde os 80km. Cremes e anti-inflamatório não estavam a
ajudar, mas como ele mesmo dizia … “não está pior, estabilizou” … alentejano
duro do catano!!! 118km percorridos. Já não faltava tudo mas voltou a entrar-se
numa fase complicada, mais um poço 😉
A
noite, os cansaço e o conta quilómetros que parece não querer andar … quem já
passou por isto sabe do que falo. Ficamos rabujentos, como costumo dizer tipo “Gru-maldisposto”
… passamos pelo centro de Paços de Brandão e o próximo ponto era o Parque de
Lamas … se fosse a direito era um tirinho, mas o percurso leva-nos a fazer uma
volta pelo Museu do Papel, ou seja, chegamos a andar para trás. Numa altura
destas em que vais literalmente fodido da vida é muito mau, ainda por cima
conhecendo a zona e sabendo que encurtavas a coisa em praí um quilometro …
agora dá para rir, mas acreditem que um quilómetro naquela altura vale ouro.
É
a vez do Luis Lobo levar com a marretada do sono … quem se apercebe do zombie a
caminhar e a dormir ao mesmo tempo é o Martins que o agarra pelo braço … estão
a ver o Pai da noiva a levar a menina ao altar? … é mais ou menos isso 😊 … estes episódios ajudam, fazem rir e
lá se vai andando. Houve outro episódio que ajudou .. um telefonema do
Albuquerque … eram 4 da manhã e estava a perguntar onde estávamos e que
precisamos. Caféeeeeeeeee…. o meu reinado por um café!!!
Foi
já à saída de Lamas, na variante para Lourosa que o Anjo Albuquerque apareceu …
cafezinho quentinho maravilha, regueifa doce aquecida com manteiga ou manteiga
de amendoim, bolachas … um luxo… eram 4h30 da manhã, tínhamos ca.125km feitos.
Albuquerque, és um anjo!!!
Seguimos
para Rio Meão altura em que o dia começou a nascer … tenho por experiência que
o nascer do sol costuma ser um pau de dois bicos. O alivio de a noite já ter
passado e um inexplicável perder de energia (já me aconteceu por duas ou três vezes)
… desta vez foi um pouco diferente, pelo menos para mim … naturalmente cansado
das quase 24 horas a correr e caminhar até que estava animado … ainda bem.
Passamos
pelo meio do Europarque a bater as 24h e com sensivelmente 135km feitos.
Seguiram-se Espargo, depois Travanca … o percurso leva-nos pelas Igrejas destas
freguesias. De vez em quando alterávamos o percurso do track, indo por estrada
em vez de trilhos para poupar os pés demasiado massacrados. Isto levou a alguns
problemas, termos que voltar para trás … nuns sítios mais distância e noutros
menos. Isto não seria problema absolutamente nenhum se fosse num treininho
normal, agora nesta fase em que a tua cabeça já só faz contas para chegar é
complicado e faz sair o tal “Gru Maldisposto” que há em ti.
O
Martins que conhece bem a zona diz que provavelmente não vamos passar no Souto …
o João dizia que devíamos lá ir … eu queria que o Souto se fodesse na altura …
o Luis não queria saber de nada … para o Alcides estava tudo bem … para ir ao
Souto a volta seria maior … vamos seguir o track!!!
E
seguimos para Mosteirô … reconheci o caminho do percurso “Travessas e Vielas” e a fazer contas de
cabeça achava que assim só íamos fazer 150km ou até menos. O João só dizia que
tinha que fazer 100 milhas nem que andasse às voltas ao Castelo e apetecia-lhe
apertar o pescoço a mim e ao Luis … o
Luis continuava a dizer que por ele tudo bem mas lixado do pé e a cara dele a
dizer que só quer chegar o mais rapidamente possível … eu apetecia-me apertar o
pescoço ao João por querer fazer 100 milhas … o Martins e o Barbosa a assistir de
1ª fila a este espectáculo sem pagar bilhete … maravilha.
A verdade é que ainda demos uma volta ao quarteirão em Mosteirô por umas vielas lindíssimos que já conhecia e que valem mesmo a pena quando não tens mais de 140km nas pernas. O sol já batia mais forte novamente.
Chegados à Igreja de Mosteirô decidimos
de manter a táctica de evitar trilhos e fazer o percurso por estrada … corremos
enquanto foi a descer e plano até ao Ecoponto e nas subidas caminhamos … foi na
subida para Fornos que nos apareceu esta placa …
…
salvos … afinal sempre se coloca o pé em Souto e com isso o objectivo de ir a
todas as 31 freguesias do Concelho ficava completo.
Mas
não pensem que o ambiente melhorou … o João estava lixado porque queria fazer
100 milhas … agora dá para rir das nossas figurinhas porque a nossa cabeça é do
caraças … e começou a fazer piscinas para acrescentar uns metros à distância
dele …
Último
cruzamento já em Fornos e já cheira a Castelo … pouco mais de 1km para a meta.
Eu estava de rastos física e psicologicamente. Estava feito mas não conseguia
estar radiante o que é estranho.
Já
se vê o Castelo … lá vem o João em mais uma piscina para se juntar a nós e acabarmos
juntos esta aventura. Pouco passava das 10h.
Á
nossa espera a Pikinita, a Barbara, a Ana, o Igor, o Sérgio, o Badolas, a
Andreia, o Martim, umas minis e umas coca colas frescas. Foda-se, está feita!!!!
Objectivo cumprido e bem cumprido … 27h e uns minutos, ca.155km no meu relógio,
156km no do João e o do Luis tinha desligado com 21h (por isso não conta, vai
ter que repetir 😊). Um ritmo médio abaixo dos 10,30m/km o
que para esta distância é muito bom, pelo menos para o meu nível. Fantástico!
Mas
acham que já acabou? Só mais um bocadinho porque o João continuava a barafustar
e que ia fazer as 100 milhas …vais, mas não vais sozinho… ele arrancou,
juntou-se o Martins … eu tirei a mochila e juntei-me … demos 4 voltas ao
Castelo e depois formos dar um giro maior que já estava a ficar ourado … 4km a
um ritmo “infernal” que chegou a baixar ligeiramente os 5m/km … acreditam? Pois
… o que a mente consegue fazer … há uns 10 minutos estava todo lixado a arrastar-me
a cada passo, agora ali estava eu a correr a 5min/km com quase 160km nas pernas
e sem dormir há 27 horas… coisas que se aprendem, o nosso corpo e a nossa mente
são fantásticos 😉
Pronto
… chega que isto já vai longo.
Resumindo,
mais uma aventura das grandes concluída, mais umas belas experiências e histórias
para contar … uma vez mais com amigos por perto. Não posso pedir mais.
Obrigado
João e Luis por terem embarcado nesta brincadeira comigo e desculpem lá qualquer
coisinha 😉
Obrigado
a todos vocês que nos ajudaram e foram tantos, no apoio no terreno a acompanhar
em parte, com abastecimentos, com mimo, por telefonema, sms ou a mandar uns bitaites
nas redes sociais aos vídeos que íamos postando. Tudo isto é mesmo muito
importante porque te sentes apoiado, sentes que tem pessoas que estão a
acompanhar e a torcer para que a aventura tenha um final feliz, muitas que nem
te conhecem pessoalmente. Muito mas mesmo muito obrigado a todos!!!
Venha
a próxima … vamos lá ver se o Mestre Moutinho tem uma carta de condolências
para mim 😉
Não sei o que escrever, o que é relativamente raro.
ResponderExcluirFoi uma grande maluqueira de certeza e estão todos de parabéns!
Espero que o pé do Luís esteja bom assim como as bolhas de vocês todos.
Grande Abraço.
Obrigado Helder .. foi uma bela aventura para contar aos netos, mais uma ;)
Excluiros pézinhos estão melhores ao fim destes dias.
Grande Abraço
Parabéns Carlos e a toda a malta que te apoiou
ResponderExcluirJosé oliveira
Obrigado josé.
ExcluirAquele abraço
Que relato delicioso!
ResponderExcluirVisto aqui deste lado, até que parece fácil :)
Muito parabéns aos três estarolas. Estive sempre a acompanhar as publicações e a dar força mental. Vocês são LOUCOS!
Boa recuperação e espero que já tenhas recebido as condolências do Moutinho, para mais um empeno :)
Obrigado Nélia ... e olha que tb não é tão dificil como se imagina, acho eu. Um bocadinho de Loucura "saudável" não faz mal a ninguém, bem pelo contrário.
ExcluirAinda não recebi e estou a ficar preocupado ... é só malta a postar as condolências e já começo a pensar que vou ficar de fora :( ... espero que não.
Beijinhos
Grande maluqueira!
ResponderExcluirEsses episódios de rir devem ter sido bonitos ao vivo! 😂
Estou para ver qual será a próxima... 😄
Lol ... agora dão para rir :)
ExcluirA próxima seriam as Voltas do Impossivel, mas quer-me parecer que não fui escolhido, pelo menos até hoje não recebi a carta de condolências. Tb não faz mal porque já está outra cena em mira para meados de Junho :)
Abraço
Que espetáculo! Grande aventura, daquelas que dá mesmo gozo fazer, para mais com todo esse grupo, tanto a correr como no apoio! Muito, muito bom Carlos. Muitos parabéns a todos! Forte abraço, Alexandre
ResponderExcluirOrigado ... foi pena este tempo de pandemia, porque se não fosse teria sido uma autêntica romaria pelo Concelho de Santa Maria da Feira ... tivemos que ser comedidos ;) ... mas pensando bem, se não fosse a pandemia o mais provável era a brincadeira ter continuado na gaveta. Foi muito bom. Grande Abraço
ExcluirAdorei ter feito esta viagem convosco, apesar de forma virtual lendo este magnifico relato!
ResponderExcluirDe tal forma gostei que nem sei o que haverei de destacar.
Muito bom! São uns heróis!!!
Grande abraço e MUITOS PARABÉNS!!!
Obrigado grande João. Aquele abraço forte
ExcluirQue top!!!!!
ResponderExcluire foi mesmo :) ... Abraço
Excluir