O despertador tocou a primeira vez às 6.15h … eu estava
tão mas tão ferrado no sono que acho que ainda estava na mesma posição de
quando adormeci. Sabem aquela sensação de não saber bem o que se está a passar,
que dia é ou onde estás? Foi isso … a Pikinita igual … 3 horas de sono foram
claramente poucas … acho que nas últimas 3 noites dormi menos de 11h no total.
Que puta de moca.
Se não tivesse mesmo que fazer um treino longo, se não
fosse o facto de ter metido a malta a ir ao NAC Trail eu contava-vos uma
história J
Ao levantar parecia que tinha sido atropelado por um
camião, com atrelado e tudo … alguém lhe conseguiu tirar a matricula??? Já não
vais pra novo Perneta, aqui é que se vê J
Cabeça debaixo de água fria funciona sempre … rapidamente
equipamos, preparamos a mochila, pequeno-almoço e siga para Santiago de Riba Úl
ali pegadinho a Oliveira de Azeméis.
Inscrevi-me no NAC Trail pelo Francisco Terra, que
pertence à equipa que organiza este evento e que está sempre presente nos
nossos. Tinha a certeza que iria ser bom porque tinha do David Malva
como director da prova – não o conhecia ainda pessoalmente, apenas tínhamos
trocado algumas mensagens e mails por altura dos Trilhos dos Pernetas e
conhecia-o do FB e de ouvir falar muito bem das provas e treinos que organiza.
Chegamos rápido, conseguimos estacionar perto e levantar
os dorsais das nossas equipas fácil e rapidamente. Muita gente conhecida pelos
ca.400 inscritos nas 2 distâncias – 15 e 25km.
adoptado pelos Montemorrows ou lá como se chamam
aqui com a família onde destaco a cada vez maior adesão das gajas
A partida foi dada às 9h em ponto e siga que se faz
tarde. A intenção é de fazer um treino longo com a Pikinita, sem exageros
porque não dava mesmo para mais … os primeiros 2 ou 3 km são para sair da zona
mais habitacional, percorridos por trilhos entre campos e mata, muitas vezes
com o rio por perto. Embora as pernas estejam muito pesadas faz-se tudo a
correr, mesmo as subidas.
Depois começa o verdadeiro trail com tudo que a malta
gosta, tudo a que temos direito J … descidas
curtas mas com inclinações brutais que nos obrigam algumas vezes a zorrar o
cúzinho no chão, agarrar árvores para travar a mota, e saltar, aquela coisa de
que tenho receio … pode parecer parvo para quem jogou vólei e futebol durante
décadas e saltava pra caraças, mas facto é que desde 2002 que tenho medo de saltar e aterrar com a
perna direita por não sentir confiança no meu joelho … é algo dentro da minha
cabeça porque eu até salto, mas não é inato … primeiro paro, analiso altura e
sitio onde colocar o pézinho e só depois dou a ordem ao cérebro para dar ordem
à perna para saltar … eu sei que é
estranho, mas é como é e também não me preocupo muito com isso. Mas neste trail
tive que parar algumas vezes J
mete-me essa barriga pra dentro páh …
um gentlemen .. deixa-la ir à frente à procura da melhor solução, depois é só seguir o caminho seguro
Antes de chegar à parte onde nos serviram 70% do desnível
da prova descemos ao rio (Antuã???) para nos oferecer uma lambarice … cheguei a
pensar que estava nos Abutres, naqueles trilhos mais técnicos junto ao rio …
pedras, raízes, lama, água, pequenos lanços com cordas, demos tanto uso aos
braços como às pernas para ultrapassar estes troços sempre ao lado de àgua,
fosse em caudal mais calmo ou mais agressivo e alguma cascatas espectaculares
só possível de visitar assim, a pé. Gostei mesmo muito porque esta lambarice
foi servida na dose certa, muitas vezes exageram-se nestas brincadeiras e
depois deixa de ter piada. O Malva sabe o que faz J
A distância anunciada eram 25km com 1200m D+ … o grosso
deste desnível positivo é servido de bandeja entre o km 5 e o 12km onde chegas
já com quase 1000m D+ feito. Eu adoro este tipo de subidas, não demasiado
longas mas super inclinadas. Destaco a “Rolling Stones” que tem 2 patamares
(penso que por volta dos 8 ou 9km (já não tenho a certeza) que como diz o
próprio nome, é feita em cima de pedras soltas do tamanho de paralelos pequenos
… é uma dificuldade extra pois o pé enterra nas pedras e escorrega para trás
fazendo as pedras deslizar em pelo monte abaixo – quem vem atrás que feche a
porta. Muito bom e divertido, ainda por cima nesta altura íamos em grupo misto
de gajos Pernetas com gajas dos Montemorrows ou lá como se chamam J
os Stones são uma das minhas bandas preferidas
A mim e à Pikinita tinham-se juntado a Raquel, o Hélder e
o Américo. O gráfico de altimetria mostrava umas “mamas” ali entre os 9 e os
12km. Aos 10km o primeiro abastecimento com tudo o que é necessário para uma
prova desta distância.
Como tudo o que sobe tb desce, tivemos pela frente umas
descidas “jeitosas” – as meninas Montemorrows são uma lástima a descer, piores
que eu … eu sei, eu sei … parece impossível, mas é verdade J. O Américo e o Hélder montaram uma tenda e dormiram uma
sestazinha a fazer cadeirinha enquanto esperaram por nós cá em baixo J
a pikinita inventou um técnica nova … descer de costas
já a Raquel domina a técnica como ninguém .. ou não
Nova subida, nova descida ingreme, single-tracks, rio,
zonas expostas ao sol e calor (e estava muito) e um pedaço de alcatrão a descer
que soube muito bem. Sem te aperceberes tinhas levado uma sova nos km antes e
soube pela vida esticar as pernas naquele km a descer perto dos 4,15m/km.
a dar gás ...
as imensas passagens de água souberam pela vida com o calor que estava
Voltamos ao rio para zonas onde já tínhamos andado, ou
muito perto … estávamos a fazer o regresso … uma última subida mais acentuada e
chegávamos ao abastecimento por volta dos 18km onde “perdemos” um bocadinho
mais de tempo … “as minis???” … não havia L … tinham sabido
bem pois a caloraça já se fazia sentir bem. A Raquel não estava para nos aturar
e zarpou dali para fora a grande velocidade e só a voltamos a ver na meta.
a correr para a fotografia …
a foto que transmite a verdade é esta …
Eu e a Pikinita arrancámos uns poucos minutos depois… o Américo com inicio de caibras ficou mais um pouco com o Hélder que já estava,
como ele próprio dizia, “fodido” J
Estes últimos km foram todos praticamente feitos sempre a
correr e a bom ritmo … ainda passamos uma meia dúzia de atletas que já vinham nas lonas … sentia-me bem, a Pikinita tb e o percurso permitiu. Nada
de grandes inclinações, muitos planos e pouco técnicos. Regressamos ao rio e
chegamos às localidades que foram ultrapassadas por campos e matas. Saliento a
população por onde íamos passando, muita gente simpática com palavras de
incentivo que sabem sempre bem.
No fim tivemos direito a um último banho, ao passar um
túnel com água pelo meio das pernas para mim, e pelos ombros para a Pikinita JJJ … tou a brincar,
dava-lhe pela cintura J
Deu pouco menos de 24km com uns valentes quase
1300mD+ e o mesmo de D- que como disse antes, foram feitos na grande maioria
até ao km 12 o que tornou a prova bem durinha. E andamos 4h06m em cima das pernocas. E tivemos direito a um buff bem catita como prémio de finisher.
Gostei mesmo muito, tinha espectativas que assim fosse e
não foram defraudadas. O David Malva & Companhia sabem o que fazem.
Esteve tudo muito bem, houve algumas poucas queixas das marcações mas eu
sinceramente não concordo. Não houve foi exagero de fitas como se vê em muitos
outros (Trilhos dos Pernetas incluídos) – eu que me perco sempre por distracção
desta vez apenas uma vez saí do trilho certo, por 50m e por culpa minha. A cor
branca das fitas em algumas situações de luminosidade viam-se pior … talvez
fosse esse o problema, mas nada que quem fosse atento não conseguisse
descortinar. Abastecimentos mais que suficientes para este tipo de prova,
juntava-lhe apenas a Coca Cola e o sal grosso e ficava perfeito. No fim ainda
uma bifana que soube pela vida, faltou a penas a cervejita J … espera aí … não faltou nada, tive é que a comprar no
café ao lado da meta J
Parabéns David, Francisco e resto da malta organizadora.
Tem aqui um belo de um trail que nos dá um pouco de tudo o que a gente gosta, nas doses certas.
Obrigado!!!
Quanto a mim, fiquei muito satisfeito … cumpri os 24km e
cheguei ao fim e continuava na boa. Bom sinal … a Pikinita tb está no bom
caminho … excelente J
a caminho de casa ainda aproveitamos e fomos votar … quem não foi que não se queixe
tudo vestido de domingo, penteadinhos, vincados e nós ali malcheirosos mas sorridentes e bem dispostos
Nos dias seguintes já senti um pouco o empeno, mas já
venho a treinar todos os dias da semana. Isto nas pernas porque o que empenou
verdadeiramente foram braços e peito, pelas inúmeras vezes que os tive que usar
para escalar, escorregar, segurar, puxar … muito fraquinho este vosso amigo J … e o sono ainda não está em dia J
Belo relato, como sempre :)
ResponderExcluirParabéns pela prova! Pelo que descreves, deve ter sido bem gira! Sinto que foi um pouco como o Almonda: difícil mas na dose certa. Desafiante, mas sem ser desesperante! Que todas as provas fossem assim :)
As marcações são sempre um drama... No Almonda também ouvi gente a queixar-que fez um 1km a mais porque se perdeu... Eu achei tudo super bem marcado, andei imenso tempo sozinha e perdi-me durante uns bons 20 metros, uma única vez. Acho que é tudo uma questão de irmos atentos :)
Esta prova é, em termos de distância e acumulado, muito semelhante ao que vou fazer na Serra Amarela. O que é um bocado assustador, porque vocês são uns cromos e eu uma pequena lontra! Vou sofrer tanto :D ahahahahah
Sim. Foi a dose certa para quem não quer "sofrer" muito :).
ExcluirQuanto às marcações a questão é que vamos muitas vezes distraídos, a olhar para o que nos rodeia, na conversa com outros atletas e quando damos por ela não há fitas. A culpa a maior parte das vezes é mesmo nossa.
Boa prova ...
Parece mesmo bem, mas eu acho que me ficava ali pelo rio.
ResponderExcluirAbraço
Tinha Rio logo aos 2 ou 3km. Ficavas logos por ali ;) …
ExcluirAbraço
Pois, para quem acorda atropelado por um camião TIR, não está nada mal ,........ não :)
ResponderExcluirGrande prova,grande relato e, ainda deu tempo para Botar :)
Parabéns.
MIKE
Happyrun
:):):) … obrigado Mike.
ExcluirAquele abraço
Mais uma excelente manhã, não foi? :)
ResponderExcluirUm abraço e beijinhos à Dora
Ai foi foi … muito bem mesmo.
ExcluirAbraço João