Já que não fico conhecido pelo que corro pelo menos fico conhecido por
andar a rebolar no chão a 300m da meta da MM de Viana no domingo passado. A estratégia
funcionou mas não pensem que foi fácil.
Tive que ver onde estavam os fotógrafos, analisar o angulo perfeito e claro
o sítio onde me iria mandar ao chão … o mais fofo e limpo possível J … ainda me tive de chatear com algumas pessoas da
assistência que teimavam em colocar-se à frente da camara para ficar na
fotografia. Só ao 3º esbardalhanço é que a coisa ficou perfeita, mas valeu
porque fiquei com uma bela sequência de 35 fotos do acontecimento. As redes
socias fizeram os resto. Da próxima vou escolher uma prova mais curta, que
fazer quase 21km no red line antes de me esbardalhar ainda custa um bocadito J
Agora mais a sério … quando na 2ª feira comecei a receber chamadas e
mensagens de amigos preocupados com o meu estado de saúde só me ria, porque não
foi nada de especial, apenas uma contractura forte que me obriga a uma paragem
que espero seja curta.
Quando ao fim do dia chego ao Hotel e vou espreitar o FB é que vi o porquê de tanto
“histerismo” … a cena tinha sido “apanhada” por um fotógrafo que estava no
local e havia efectivamente fotos que transmitiam um dramatismo a uma situação
que não foi assim tão grave. Confesso que até a mim, que vivi aquilo na
primeira pessoa, a foto ali em cima chocou-me um pouco.
A primeira foto deste post capta com bastante realismo duas situações – uma, de um normal
atleta de pelotão que acaba por ir ao tapete tão perto de cumprir um objectivo
… sente-se a dor física mas também a desilusão por “falhar” algo que estava tão
perto.
A segunda, e na qual nos devemos focar, um acto de desportivismo extremo
de outro atleta de pelotão que esquece tudo o que diz respeito à prova dele
para ir ajudar um desconhecido que tinha ido ao chão. Relembro que esta
situação se passa a 300m da meta, quando o normal é vir nas lonas, só vemos a
meta e um possível objectivo de tempo – por isso tem ainda mais valor a atitude
daquele atleta e de outros dois que também vieram ter comigo durante aqueles
breves minutos em que estive no chão. Enormes atitudes que me
emocionam e que agradeço muito. Grandes exemplos e uma lição para mim – não sei como
reagiria numa situação destas, sinceramente.
Coincidência é que o atleta que se vê na foto de "capa" ser primo do meu compinha Perneta
Zé Alexandre. Chama-se Zé Rodrigo e corre pelo Rio Largo de Espinho. Eu não o
conhecia, nem a ele nem aos outros dois que me ajudaram J … entretanto somos amigos do FB e com certeza
terei oportunidade de lhe agradecer o gesto pessoalmente um dia destes. Quanto
aos outros dois não consegui ainda identifica-los. O amigo que aparece com o dorsal 1805 (o que me levantou) não aparece na classificação e o outro (não consigo identificar o nr. do dorsal).
Isto leva-me para aquelas velhas discussões parvas que se vê nas redes
sociais entre a malta do trail e a malta da estrada. Um dos “argumentos” da
malta que defende a corrida por trilhos, é que existe um tal de “espirito do
trail” e que na estrada são todos uns egoístas de primeira categoria. Esta situação
dá razão ao que digo desde sempre – o tal espirito são as pessoas e a forma como
encaram o desporto, independentemente do que se pratica. Aqui estão 3 belos
exemplos do tal “espirito”, de grande desportivismo, desta vez numa prova de
estrada.
Atenção que não defendo nem uns nem outros. Eu gosto tanto de correr em
trilhos como na estrada. Eu quero é correr! Deixem-se de merdas, respeitem-se e
quando for preciso optar, sigam este exemplo e decidam por ajudar um
companheiro de luta em dificuldades. Provas há muitas.
Quanto a mim, agora que passaram uns dias já consigo caminhar mais
normalmente. Ainda me prende os movimentos mas pelo menos não tenho dores. Se
for o que eu penso, mais uma semanita de descanso e poderei voltar aos
relvados. Espero que assim seja porque já estou a ressacar J
Tal como te disse no "livro da cara", essa primeira imagem chocou-me. Mesmo as outras pois não gosto de ver um amigo no chão com dores.
ResponderExcluirQuanto à ESTÚPIDA guerra trilhos / estrada, dizes tudo o que sinto. São as pessoas é que fazem a diferença. Mas como raio se metem guerras em duas coisas de prazer?!? Enerva-me quando vejo comentários dum lado ou de outro. E até já andei a ter que aturar um "corajoso" anónimo, como bem sabes...
Desejo uma rápida e muito eficaz recuperação!
Força!
Um abraço
Obrigado João.
ExcluirGrande abraço
Rápida recuperação, Carlos! E excelente análise do que é o espírito da corrida, seja onde for!
ResponderExcluirGrande abraço
Obrigado. Forte abraço
ExcluirOlha, devias era ficar preocupado com o Sr. do Intermarché que mal se conseguiu desviar de ti, mais um pouco e lá era obrigado a parar.
ResponderExcluirIsto visto assim até parece que não foi de propósito e que achavas que eras algum Ronaldo (nome escolhido ao calhas e não pelas capacidades inatas e tecnótacticas desenvolvidas numa vida de esforço e treino) a mergulhar numa qualquer área do relvado da vida, ou neste caso da Circular de Viana (não sei qual o nome da Avenida e não me apeteceu ir procurar que a minha pausa para café está quase no fim) para teres a fama e proveito e os teus 22 min de glória nos facebuuk da vida de corredor.
Ainda bem que é "só " uma contractura e tens razão, os desportos são os praticantes que os fazem e o desportivimo das pessoas que o praticam.
A esses um bem haja.
Nem todos precisam de parar para ajudar, até porque por vezes 2 ou 3 são demais, mas basta não saltar para o lado ou pular.
É que esses esforços a 300 metros de uma meta de uma Meia ainda provocam, sei lá, uma contratura.
Resumindo, parabéns a que se esforçou para ver se estavas bem, parabéns a ti pois és (ainda mais) famoso!
Abracinho com cuidado para não aleijar.
Tens toda a razão e não critico nem por um segundo quem não parou, pq não era grave e quem lá estava por perto percebeu isso (estava agarrado à coxa) e como digo tb não sei se pararia - sinceramente.
ExcluirLol .. sou tão famosos que emigrei logo uma semaninha para a suiça ;)
Abraço
Não cheguei a comentar o outro post, mas este também é válido. Incrível a tua história, nunca me aconteceu tal coisa, darem-me dores fortes que tivesse que parar. Só posso imaginar a dor que sentiste para teres que te deitar numa superfície tão fofinha como o alcatrão :)
ResponderExcluirExcelente atitude desses atletas! E não me vou pôr a fazer de santo, numa situação igual não sei qual seria a minha reação. Pensando aqui sentado na cadeira é claro que digo que ajudaria mas numa situação idêntica em que estamos a ver a meta e um atleta cai ao nosso lado não sei qual seria a minha reação. Acho que devemos ser sinceros e não aqui a dizer que era ÓBVIO que ajudávamos um atleta em dificuldades...
Quando à tua parte do texto do trail vs estrada, só posso dizer que concordo em absoluto :)
Um abraço e as melhoras!
Pois, a mim na corrida tb não. Já no futebol já me tinha acontecido - excesso de esforço.
ExcluirQuanto ao parar para ajudar estamos de acordo - tb não sei como reagiria, só passando por elas. E como já escrevi na resposta ao comentário do Jnr, não censuro quem não parou - penso que era perceptivel no local que não era grave, estava ali muita gente pelo que nunca seria problema.
Aquele abraço e obrigado.
O João Lima já nos tinha contado desta situação. Bem...que cena!
ResponderExcluirE uma atitude muito bonita por parte desse atleta.
Quanto à "guerra" estrada vs trail estou plenamente de acordo contigo.
Um beijinho meu e abraço do Vitor e boa recuperação
Nada de especial, já passou (quase).
ExcluirBeijinho para ti e aquele abraço ao Vitor