Ando um pouco atrasado com isto
da escrita neste tasquinho … o tempo não é muito mas há coisas que não quero
deixar por registar aqui…
Logo após as “24h de P” tínhamos
uns dias de férias marcados … eu a Pikinta gostamos de Road Trips, assim um
pouco às sortes, sem grandes planeamentos, definir mais ou menos uma região e
depois explorar um pouco ao sabor do vento, conforme o que for aparecendo e
apetecendo … já fizemos várias, Açores, Madeira, Costa Alentejana e Douro mais
recentemente e uma mítica e saudosa pela Sardegna já lá vão uns anos… este ano
decidimos aventurarmos pelas Astúrias e Galiza com especial destaque pelos
Picos da Europa …. a Dora já tinha andado por lá mas eu nunca … tínhamos 8 dias
disponíveis ..
Havia alguns desafios extra desta
vez, com especial destaque para a Sara (com um bebê de 18 meses a coisa é
naturalmente diferente) e o gerir de um carro eléctrico o que obriga a uma
abordagem “diferente”.
Houve um estudo prévio de
itinerário, uma espécie de guia de intenções … mas apenas uma certeza … a
primeira paragem seria Puebla de Sanabria, único sitio onde marcamos pernoita …
o que viesse a seguir seria decidido e marcado dia-a-dia …
Outro grande desafio e o porquê
de este post se enquadrar neste blogue (convém não me esquecer que é
essencialmente de corrida 😉) era o facto de eu estar a meio de uma
preparação de uma Maratona, não apenas para a acabar, mas para tentar um tempo
extraordinário para as minhas capacidades … e para isso, não poderia
interromper o plano de treinos mas ao mesmo tempo também não queria que as
férias fossem condicionadas por causa disso. Não iria ser fácil, ainda por cima
em zonas montanhosas e zonas que não conhecia, pensar em series, longos a
ritmos doidos … vai ser uma aventura e um grande desafio tb …
O último grande desafio
prendia-se com a alimentação – há menos de uma semana tinha tido a minha
consulta de nutrição desportiva e recebido um plano … não se preocupem que não
é nada de extremo, apenas algumas adaptações … mas estando de viagem e de
férias não era fácil cumprir …
Vamos a isso?
Santa Maria da Feira – Puebla
de Sanabria
A viagem foi tranquila e chegamos a meio da tarde … era dia de descanso de corridas (e ainda bem porque as pernas estavam uma lástima, fruto dos 36km das 24h de P) … check-in e siga para conhecer a aldeia … para ser sincero fiquei um bocadinho desiludido, muito porque as expectativas estavam bem altas … aquilo é giro mas … o que gostei muito foi do jantar … uma maravilha e umas belas facadas no plano alimentar … começa bem 😉
Precisava de carregar o carro e o
Hotel tinha carregador. No plano de treinos para o dia seguinte tinha 30min a
ritmo calmo. Levanto-me cedo, coloco o carro à carga enquanto vou correr. Pois
…
Puebla de Sanabria - Potes
Começava a minha saga de treinar de madrugada … estava um frio de rachar e eu de manga curta … o carregador cismou em não funcionar e eu lá tive que ir para outro local a 3km dali para carregar a bateria… e encurtei o treino em 5min pois a ideia era não perder muito mais tempo por ali e seguir já para os Picos da Europa, mas antes ainda fomos ver os famosos lagos …
Destino Potes … pelo caminho
marcamos um Apartamento para essa noite … precisávamos de cozinha, para fazer
uma sopa para a Sara – é que espanhóis e sopa não dá. Viagem tranquila, com
paragem em Leon para almoçar (e carregar carro) …
Chegamos ao fim da tarde, eu fui
dar uma volta com a Sara enquanto a Dora fazia uma formação online. Jantamos em
“casa”, sopinha e uma bela de uma massaroca ... e depois, mesmo com os
primeiros pingos de chuva a ameaçar, fomos conhecer Potes by night … e que bela
surpresa … uma aldeia medieval espectacular, com os seus monumentos, ruas e
ruelas típicas, construídas ao lado de um rio, muitos de tascos e tasquinhos com
alguma vida. Amanhã passamos uma parte do dia por aqui e decidimos ir até Ponte de Dé subir a 2600m de teleférico. Gostamos tanto que ainda ponderamos ficar ali mais
uma noite mas como não havia disponibilidade de apartamento para o dia
seguinte decidimos que iriamos até Arenas de Cabrales.
E eu no dia seguinte tinha 10km rápidos para fazer …
Potes – Arenas de Cabrales
Levantei-me de forma a sair antes
das 7h, ainda de noite e por isso com frontal … queria estar de volta no máximo
às 8h para não perder muito tempo. O Apartamento ficava a ca. 500m do centro e
até lá era plano … tinha reparado que depois a estrada saía de Potes e
continuava mais ou menos plana … vou até onde der, e se começar a inclinar
volto e faço piscinas …. não foi preciso … consegui fazer 5,5km sempre a
direito, mais ou menos plano … fui e voltei e completei os 12km com mais umas
voltinhas ali junto ao apartamento. Saí com as pernas muito pesadas, voltei com
elas mais frescas.
De manhã fomos conhecer Potes com
luz do dia … e embora estivesse a chover, confirmamos a impressão com que tínhamos
ficado … lindo, gente simpática (o que foi uma constante nestes dias), preços
em conta … ficamos fãs de Potes, a Sara tb :) … acho que volto um dia destes 😊
Seguiu-se a viagem de teleférico
já com o tempo a melhorar e o sol a aparecer… compramos os bilhetes e eu estava
nervoso … sofro de vertigens, e aquelas cápsulas de vidro não sei não … mas eu
vou …e fui … um pouco a tentar disfarçar, não olhando muito para baixo lá me
safei sem desmaiar … quem adorou foi a Sara … infelizmente o tempo no cimo das
montanhas estava muito agreste, não era o frio, mas muito vento e embora
estivéssemos bem equipados não arriscamos a grandes caminhadas … ficamos por
ali nas redondezas algum tempo apenas para apreciar as paisagens de vários
ângulos e tirar algumas fotos …. mesmo assim valeu bem os 60 € gastos.
Decidimos regressar a Potes para
almoçar num tasco onde de manhã tínhamos ido tomar um café … a Dora tinha visto
lá uma tortilha com um aspecto delicioso …já não havia tortilha, mas havia
huevos rotos entre outras tapas deliciosas … e cerveja fresca … que rica dieta,
mais nada não!
A tarde foi passada na viagem até
Arenas de Cabrales, vila famosa pelo queijo de cabrales (está por todo o lado)
e por ser o centro de onde partem muitos caminheiros para explorar os trilhos
mais famosos dos Picos … como por exemplo a Ruta del Cares ou o caminho de Poncebos a Bulnes …. tb aqui tínhamos
alugado um apartamento e jantamos em casa … um belo arroz de polvo feito pela
Chefe Pikinita … a tradição de ir explorar a zona a pé à noite manteve-se … depois xixi e cama … no dia seguinte era dia de series de 1,6km … precisava de uma
extensão plana com essa distância … só poderia ser pela estrada principal a
fazer piscinas … e assim foi …
Arenas de Cabrales – Cangas de
Onis
Ainda não eram 7h e já andava na
rua a fazer 3km de aquecimento a rolar, aproveitei para fazer uns trilhos
curtos que havia por ali … depois foram 4x 1,6km bastante rápidos … já se viam
muitos caminheiros a sair de casa para apanhar transportes para as montanhas …
e eu feito maluco a correr para trás e para a frente como se tivesse roubado
alguma coisa … numa das vezes colou-se a mim um ciclista a perguntar se ainda
faltava muito para acabar o meu treino … “8km” …. “puta madre … “ … ele se
calhar achou que eu ia andar mais 8km naquele ritmo 😉
…
O dia foi passado nas redondezas
… visitamos uma queijaria, provamos e compramos um queijo de Cabrales, mesmo eu
não sendo adepto de queijos fortes gostei de um e lá trouxemos um pequeno…
… não conseguimos ir a todo o
lado onde queríamos … o tempo estava magnifico, dava vontade de colocar uma
mochila às costas e explorar aqueles trilhos todos … mas com a Sara não dava
para esticar muito … há meio ano se calhar teria dado, pois ainda não caminhava
… agora como caminha já tem vontade própria, se é que me entendem 😉
Sem dúvida, que Cabrales é uma
localização ideal para quem quer explorar os Picos da Europa a pé (ou de
bicicleta).
Seguia-se Cangas de Onis, talvez
a localidade mais conhecida dos Picos da Europa. Mais uma vez decidimos por um
Apartamento, na periferia de Cangas. Chegamos já tarde … enquanto eu
preparava a janta a Dora foi fazer um treininho … jantamos com a ideia de sair
para ir conhecer Cangas à noite … uma chuva torrencial fez-nos ficar em casa e
deitar cedo. Por um lado, ainda bem, porque isto de andar sempre roda no ar ainda
cansa …
Aproveitamos para estudar a
próxima paragem. No plano estava a ida para a costa das Astúrias … Gijon? A
partir dali poderíamos explorar a costa … mas é uma cidade grande e estávamos
numa de aldeias e vilas … já não sei como surgiu Nueva … talvez na pesquisa de
apartamentos … Nueva será!!!
Cangas de Onis – Nueva
A nível de corridas era dia de
descanso para mim, aproveitei para dormir mais um bocadinho. Pequeno almoço e
siga para o centro de Cangas para conhecer a coisa … não é nada de especial
como vila, é giro mas … comparado com tudo onde tínhamos ficado é grande, muito
comercio, já se veem lojas de marcas tradicionais, prédios de apartamentos …
modernices. No entanto sentes-te bem ali … ao mesmo tempo é tranquila … a ponte
romana em pedra é um dos pontos de referência … lá tomamos o café da praxe,
sempre com um bolinho/bolacha mais tradicional da região … rica dieta 😉
… e siga para a estação de autocarros de Cangas para ir ver os Lagos e o
Monastério de Covadonga. Na época alta (que é quase todo o ano, não consegues
ir aos Lagos de carro … apenas de autocarro ou táxi).
Pois … mas estava tudo esgotado … e agora? De Nueva até aqui são pouco mais de 30km … voltamos amanhã … e reservamos já. Como para ver o Monastério de Covadonga dá para levar o carro aproveitamos parte da tarde para arrumar com isto … muito bonito. Deixamos o carro cá em baixo e percorremos a pé alguns caminhos e trilhos, visitamos o Monastério, a Capela e depois colocamo-nos a caminho de Nueva com a ideia de ainda ir a tempo de espreitar uma ou outra praia da zona.
Antes de Nueva fomos espreitar Ribadesella
que tinha sido outra das hipóteses para ficar … fizemos uma caminhada
Ribeirinha, lanche e siga para Nueva. Ainda fomos espreitar a praia deles …
Praia muito bonita a ca. 2,5km da
localidade … o caminho até lá tb era bonito … já tenho percurso para correr
amanhã de manhã.
Enquanto a Dora cozinhou eu fui
lavar e secar a roupa suja destes dias a uma lavandaria – a Sara estava já a
ficar com pouca roupa disponível. Depois da janta e com uma garrafa de tinto no
bucho (rica dieta) fomos esticar as pernas pela aldeia … muito bonita, muitas
casas de média/alta, até um hotel pequeno, mas de 5 estrelas tem (fui espreitar
e custava 500 paus a noite) … as pessoas ali tinham bom ar, boa pinta … de
certeza que é uma aldeia onde gente com dinheiro tem as suas casinhas de
férias.
Ainda antes de dormir tentamos
encontrar o próximo poiso … certo é que no dia seguinte teríamos de começar a ir
em direção à Galiza, direcção a “casa”. Corunha esteve sempre como opção
principal quando delineamos mais ou menos o percurso … agora já não apetecia
tanto porque queríamos manter a viagem um pouco afastada das grandes cidades. Nueva
tinha sido um bom tiro no escuro … vamos arriscar outro e havia uma localidade
chamada Navia junto à Costa ainda nas Astúrias mas já relativamente perto de
Corunha. Navia será … desta vez reservamos um Hotel …
Nueva – Navia
Acordei mais uma vez cedo, com a
luz do dia a precisar ainda de ca.15minutos para chegar … o suficiente para
chegar à praia com luz natural … ainda dei umas voltinhas por uns trilhos
naquelas falésias e voltei … 7,6km a rolar apenas como dizia no plano. Cheguei ao
Apartamento e foi a vez da Dora fazer mais ou menos o mesmo percurso.
Hoje era dia de ir ver os famosos
Lagos de Covadonga … regressamos a Cangas de Onis, tomamos o cafezinho da praxe
e apanhamos o autocarro para os Lagos … percebi porque é que o transito tem que
ser controlado … estrada estreita de montanha pura … aquilo aberto aos carros
normais iria ser uma caos total … e por 9 € ida e volta vais confortavelmente
sentadinho num autocarro.
Só pela viagem de autocarro já
vale a pena … mas depois de chegar lá acima e ver os Lagos … magnifico!! Há
dois percursos oficiais para conhecer os lagos … um de ca.3km e outro de 6km …
tem alguma altimetria, mas não é nada de especial … mas com a Sara a pesar mais
de 10kg, enfiada no marsúpio e com apenas 2h para apanhar o autocarro de
regresso, decidimos pelo mais curto e ainda bem.
Depois desta bela caminhada,
almoçamos as sandes que tínhamos comprado e, entretanto, chegou o nosso
autocarro que nos viria a trazer de volta a Cangas. Agora seriam quase 200km de
viagem até Navia … carregamos a bateria do carro e as barriguinhas com uma bela
tortilha e uma Estrella Galícia a estalar.
Chegamos a Navia ao fim da tarde…
tinha ficado desconfiado porque ao espreitar os restaurantes não havia muito
por onde escolher. Fizemos check-in no Hotel e saímos para jantar e conhecer a
vila … tem rio e praia, mas não vale a pena… foi a primeira localidade de que
não gostei muito, não vimos nada de especial, nem centro histórico, a praia
nada de especial tb. Mas jantamos muito bem, num tasco simples em que fomos
muito bem servidos e mais uma vez nos decidimos por experimentar vários pratos,
todos eles muito saudáveis com certeza … rica dieta.
Durante o passeio andei atento a
uma zona onde pudesse fazer o longo do plano de treinos … tinha 20km no
cardápio… eles tem rio, eles tem mar … mas o máximo que iria conseguir fazer
mais ou menos plano seriam piscinas de 4km … é o que é …
Não marcamos nada para o dia seguinte … iriamos decidir durante o dia ….
Navia - Sanxenxo
Havia muita coisa para explorar
junto à costa … especialmente praias, mas não dava para tudo. Antes de mais
fomos carregar a bateria do carro num carregador junta a uma morgue/centro de
cremação … tinha lá um café e aproveitamos para passar o tempo. Foi aí que
decidimos que a última noite seria em Sanxenxo … já lá tinha passado, mas não
conhecia, a Dora tb não. E encontramos um Hotel por 55 euros com pequeno almoço incluído muito bem classificado.
Decidimos ir andando em estradas
secundárias, sempre o mais junto à costa possível e foi a escolha acertada.
Vimos muitas praias lindas, em algumas zonas a lembrar a costa alentejana … não
deu foi para dar mergulhos … o tempo esteve bom mas não o suficiente para
praia, talvez sem a Sara tivéssemos arriscado uns mergulhos mas ela gosta
demasiado de água para a levar para perto e não a deixar entrar … entramos na
Galiza e a Dora lembrou-se um tasquinho onde há uns anos comeu um Polvo
maravilhoso no centro de Corunha … vamos lá almoçar … acabamos por comer no Mc
Donalds … primeiro porque a Pulperia estava cheia, tinha fila e só nos
arranjavam mesa para daqui a mais de 1 hora, talvez … não seria problema se a
Sara não tivesse que comer … e tinha o carro para carregar … no Mc Donalds
consegui carregar e aquecer a sopa da Sara … comi uma saladinha … e soube bem …
podem acreditar … mas a desforra ficou para o jantar!!!
O tempo tinha mudado … céu
cinzento, vento e as primeiras chuvas. Não nos podemos queixar … desde que
partimos de casa que as previsões davam chuva todos os dias e tínhamos escapado
praticamente todos os dias.
Chegamos a Sanxenxo fim da tarde
… o Hotel era simples, mas tudo limpo e a dona super simpática. Estacionamento
gratuito e a 300m da praia. Vamos passear e jantar … quando arrancamos começa a
chuviscar … ainda bem que fui buscar os impermeáveis ao quarto … foi mais de
uma hora de chuva molha tolos … lá nos fomos abrigando debaixo dos toldos das
lojas e restaurantes e sempre que diminuía aproveitávamos para avançar mais um
pouco … e foi assim que passamos num restaurante junto à praia que nos chamou a
atenção … e foi ali que fomos parar à hora de jantar … e ainda bem …
Sanxenxo – Santa Maria da Feira
Tinha um treino de 30min para
fazer mas não fui. Deixei para o fim do dia, já em casa. O dia estava chuvoso e
não permitiu fazer o que tínhamos previsto … que era fazer uma caminhada junto
às praias de Sanxenxo … pelas nossas contas uns 7 ou 8km. Paciência … o pequeno almoço era simples mas bom … por 55 € a noite foi uma pechincha.
O regresso a casa foi junta à
Costa de Sanxenxo a Pontevedra … e íamos parando sempre que encontrávamos algo
de interesse. A chuva parou, entretanto, e aos poucos e poucos o tempo abriu … decidimos
visitar Tui junta à Fronteira com Portugal … eu não conhecia e fiquei
agradavelmente surpreendido … a gente quando vem à Galiza passa a fronteira e
logo a primeira localidade é Tui – mas até à data foi sempre a passar ao lado.
Desta vez como tínhamos tempo decidimos parar e ainda bem.
O almoço foi já do lado de Valença,
uma espécie de pic-nic junto às muralhas para não perder muito tempo. E fomos
visitar as muralhas … já lá não ia à uns anos. Impecável.
Seriam 16h e estava na hora de
voltar a casa … hora e meia depois estávamos em Santa Maria da Feira. E à
noite, depois de tudo arrumado, antes de ir dormir fui cumprir o treino
previsto …
Adorei estes dias … e consegui
cumprir grande parte do plano de treinos … tenho perfeita noção que sem a
colaboração da Dora seria impossível ….já o plano alimentar nem por isso, mas a
verdade é que perdi peso e estou mais seco 😊 …
Mas o maior desafio para a
preparação da Maratona do Porto estaria ainda por vir… a habitual ida a Itália
para a CERSAIE (maior feira de Cerâmica do mundo) que seria já daqui a poucos
dias.
Depois conto como foi …